Um Novo Caminho Para O Pequeno Amon escrita por AnyBnight


Capítulo 7
Capítulo 7 - Retribução


Notas iniciais do capítulo

Yaaay, último capítulo e se você chegou até aqui, considere-se muito foda por ler essa história toda de uma vez.
No final, acabou mesmo sendo uma fic com ship e essa nunca foi minha intenção.
Falando sério, nunca pensei que chegaria a escrever uma fic tão longa que não tivesse yaoi no meio.
Obrigada a todos que leram.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/256059/chapter/7

Continuavam diante do canteiro recém revitalizado, Ryan e Amon Negro. Ambos tinham as mãos estendidas sobre a terra. As linhas do corpo do pequeno piscavam num brilho fraco. Os dois mantiveram-se imóveis e em silêncio. Era uma tarefa árdua para o pequeno Amon, ele ameaçava ceder para os lados e batia as asas para que mantivesse o equilíbrio. Negava toda vez que Ryan lhe dizia para parar.


Algum tempo depois, Arme apareceu vinda dos fundos. Ela não percebeu o quão os dois estavam concentrados e chegou falando animadamente.


– Ah, a terra está viva!

– A-arme? – Ryan virou o rosto para a garota que vinha em sua direção.

– O que estão fazendo agora? – Olhava por cima dos ombros do companheiro.

– F-flores....

– Concentre-se, Nephirim Branco.


Ryan não conseguia manter a calma com Arme tão próxima. Lembrava-se de um acontecimento recente, uma conversa que tiveram no meio tempo em que Amon tratava do canteiro sozinho.


Nhaaa, isso é tão bom...” – se alongava sentada nos degraus da varandinha, sentindo a leve brisa – “Faz tempo que não me sinto em paz assim”.

E ontem você estava reclamando” – Recolhia as ferramentas espalhadas pelo gramado.

É, mas sabe, acho que a chegada do Amon tornou as coisas mais divertidas. Tirando o ataque dos goblins, claro.

É verdade. Parecemos até uma fami...” – Não terminou a frase, foi tomado por um intenso rubor em seu rosto e preferiu manter-se de costas para Arme.

“Ei Ryan, como você acha que vai ser a sua familia? Você sabe, quando se casar e tal” – Com o rosto apoiado nas mãos, cotovelos apoiados nos joelhos, perguntou inocentemente.

M-m-mas que tipo de perguntar é essa?!”

“Quando eu tiver uma família, vou querer uma casinha que nem essa. Talvez um pouco maior porque não pretendo largar a alquimia e tenho muitos livros... Esse ambiente é realmente aconchegante, né? Hihihi”

“E-eu não consigo pensar nesse seu futuro, Arme. Acho que não combina com você...”

“Claro né, eu sou praticamente uma criança ainda.”

“Uma criança boba e desajeitada que precisa de atenção e cuidados constantes” – Riu

É – pos-se de pé num pulo – então, quando eu crescer vou me casar com alguém que me proteja não reclame das minhas bagunças – Andou até Ryan e o encarou meio de lado – que nem você.” – Ela sorriu.


Completamente envergonhado, Ryan se virou e saiu andando, deixando-a para trás. Foi assim que ele chegou ao Amon.


Voltando a cena atual, o canteiro continuava da mesma forma. Não seria difícil para Ryan fazer as tais flores brotarem, mas era uma tarefa que Amon desejava realizar. Fora que a presença de Arme deixava o jovem druida desconcentrado. A pedido do Amon, ela se afastou para que ele podesse conversar com Ryan à sós.


– Você – Amon sussurrou – não vai conseguir nada perturbado desse jeito.

– O que?

– Eu percebi que o que quero criar está muito além de minhas habilidades atuais. Então, vou usar essa oportunidade, essas últimas forças, para agradecê-lo.

– Está falando como se fosse morrer.

– É provável que eu desmaie depois dessa, ainda assim, vou fazer isso por você.

– Não entendo.

– Como se chama a garota?

– A-arme.


As marcas no corpo do Amon brilharam intensamente. Tal brilho fez com que Ryan recuasse protegendo os olhos com um dos braços. Atrás dele, Arme fazia o mesmo. Usando de algo parecido com um ”impacto das almas”, uma esfera de luz dourada foi criada ao redor do Amon e se expandiu até cercar todo o canteiro. Bastaram alguns instantes para que a luz passasse e o pequeno deixasse se levar pela exaustão. Diante do Amon desmaiado, restava agora o canteiro completamente florido com pequenas flores lilás.


Surpresa, a dupla de guerreiros correu até o canteiro e ajoelhando na frente dele. Ryan foi logo pegando o Amon desmaiado em seus braços enquanto Arme parou maravilhada com as flores.


– Uau...

– O que quis dizer com “por você”? – Sussurrou para o Amon inconsciente.

– Disse alguma coisa?

– N-nada – disfarçou – Ele está muito cansado.


Arme estendeu as mãos sobre o Amon adormecido no colo de Ryan. Com as mãos brilhantes, ela tentava curá-lo. Ficaram em silêncio durante o ato, até Arme começar a rir baixinho.


– O que foi agora?

– Desse jeito, realmente parecemos uma família. Essas armerias que ele criou são lindas, né? – Disse sem tirar os olhos do que fazia.

– Arme...rias?

– Acho que é daí que vem meu nome – ela riu, terminando de curar o Amon, virou o rosto para as flores – mas eu nunca vi dessa cor antes. Armerias costumam ser rosa-pink. Essas aqui são raridades...


Vendo como Arme estava encantada com aquelas flores, Ryan percebeu a intenção do Amon. Engoliu seco algumas vezes antes de falar. Tentava inutilmente conter seu rubor deixando a cabeça meio abaixada para que a franja escondesse parte do rosto.


– E-eu gosto...

– “Gosto”? Ah, Ryan, seu rosto tá todo vermelho.

– Eu gosto de arme – não conseguiu parar ali. Abaixou a cabeça e completou a frase - rias. São minhas flores favoritas.

– Mesmo? –Voltou a olhar as flores - Por quê?

– Eu gosto de coisas... Pequenas e roxas.

– O que é isso? – Ela riu outra vez – Parece até que está falando de mim.

– E se for?


Ele disse num tom sério, o que fez Arme voltar a olhar pra ele. Ryan a encarava seriamente, deixando-a confusa. Ele soltou uma das mãos que segurava o Amon e pos sobre a mão dela que estava no chão ao seu lado.


– Arme...


Ele foi aproximando o rosto devagar. Sem saber o que fazer, Arme se levantou à centímetros de se encontrarem. De costas para ele, ela pos a mão diante da boca.


– O proprietário deve estar chegando, vou dar uma ultima checada em tudo.


Ela partiu. Ryan levou a mão, agora livre, à testa, apertando bastante a área.


– Idiota, idiota, idiota, idiota.

– Quieto, estou tentando dormir.

– Você estava acordado?!

– Não, seus “idiota” me acordaram agora. – Continuava deitado no colo de Ryan - O que aconteceu com a garota?

– Acho que – abaixou a cabeça - ela nunca mais vai querer olhar pra minha cara.

– Você se confessou?

– Sim, e como previ, foi uma péssima idéia.

– Levou um fora?

– Posso considerar a maneira como ela reagiu como um fora.

– Hum. – Se levantou meio cambaleante – espere aqui.

– O que vai...


Mesmo sem equilíbrio, Amon levantou vôo baixo e seguiu para o outro lado da casa. Sozinho, Ryan ficou a admirar as flores, perguntando-se o que o Amon tinha em mente.


Agachada próxima a horta de tomates, Arme dava atenção para uma dupla de cogumelos Pepe que brincava ali. A garota suspirava repetidas vezes e parecia pensativa.


– Maga. – Chegou sem ser recebido como esperava. – Ei, eu estou falando com você!

– Ah, desculpe Amonzinho. – Virou-se, seguindo-o com o rosto até ele estar ao seu lado, daí voltou a olhar os cogumelos – Foi incrível o que você fez lá.

– Você não parece a mesma garota boba de antes, é estranho te ver pensativa.

– Amonzinho está preocupado comigo? Que gracinha – riu.


Ele preferiu não responder, fez como ele e ficou apenas a observar os cogumelos brincando. Passaram algum tempo em silêncio, até que depois de um longo suspiro, Arme disse alguma coisa.


– Estou confusa.

– Sobre o elfo?

– Sim. Eu gosto dele por ser um grande amigo, mas... – parou.

– Continue.

– Sei lá, não me faltam motivos pra gostar dele, mas acho que eu sou imatura demais, não consigo ir além dessa amizade. E agora que eu sei como ele se sente – escondeu o rosto entre os joelhos, abraçando-os firme – eu não sei como agir daqui pra frente.

– Aja como sempre, ora.

– Não consigo ser tão fria assim e ignorar os sentimentos dele. Mas também não dá pra voltar como era antes...

– Huh, erga o rosto.


Arme moveu a cabeça o suficiente para enxergar a horta a sua frente. O cogumelo um pouco mais alto entregava uma rama para o outro, que retribuiu com um beijinho no chapéu.


– “Se não há para onde voltar, encontre um novo caminho e siga em frente”, certo?


Ainda na mesma posição, Arme olhou para o Amon, que continuava focado na horta. Ela sorriu quando ele se virou para ela, mas logo voltou a olhar a horta.


– É, ficar parada ou tentar voltar não adiantaria nada, né? – Se levantou. – Vamos lá ver o Ryan.

– Já tem sua resposta?

– Sim.


Ela parecia a mesma de antes. O Amon sorriu aliviado antes de seguí-la pela propriedade.


Já do outro lado, a dupla encontrou com Ryan conversando com o casal de meia idade. Foram direto ao elfo.


– Ah, bem vindos de volta – Arme disse.

– Agradecemos muito por cuidarem de nossas terras. – Disse o homem, olhando em volta – tudo parece tão mais vivo...

– E você dizendo que era uma má idéia – A mulher brincou, dando uma cotovelada no marido.

– Só estava inseguro. Quem imaginaria que os guerreiros que salvaram Vermécia prestariam esse tipo de serviço com tamanha perfeição.

– Hehe, ficaria surpreso com nossas habilidades – Arme.

– Mas o que mais nos surpreendeu foi este lindo canteiro na entrada. Desde que viemos morar aqui, aquilo era só um pedaço de terra morta e nenhum tratamento surtia efeito.

– Obrigada, Grande Chase.

– Deixamos o pagamento na sede da guilda antes de voltar.

– Tudo bem. Só tomem cuidado com os goblins. Deixei alguns totens nos limites da propriedade, eles vão protegê-lo por um tempo, e se tiverem problemas, podem nos chamar.

– Claro, sempre que precisarmos de ajuda contataremos esse casal formidável.


Os dois foram pego de surpresa pelas últimas palavras do cliente. Ryan virou o rosto um pouco, tentando não expressar certa tristeza. Arme apenas engoliu seco.


– N-não somos bem um casal, mas agradecemos a preferência.


Pouco depois, partiram levando com eles o Amon. A lenta caminhada de volta para a guilda, pela trilha da floresta, seguia-se em silêncio. Em certo ponto, Amon se cansou e agora viajava nos ombros de Ryan.

Demorou para se aproximarem de seu destino, já entardecia quando avistaram o topo da torre da guilda.


– Arme. – Disse, sem trocar olhares.

– Hm?

– Me perdoe por àquela hora. Aquilo foi por impulso e o que eu menos quero é que as coisas fiquem estranhas entre nós.

– Eu sou mesmo uma boba né? – Pos as mãos para trás e andava olhando para o céu entre a folhagem das árvores. – Não percebi mesmo sendo tão óbvio, aposto que todos os outros já sabiam.

– Como assim?

– Ryan é... Meu melhor amigo, e também é quem mais fica do meu lado em missões difíceis, que para tudo pra ir me ajudar, que cede toda vez que eu preciso de uma cobaia para os meus experimentos. Eu realmente tenho motivos de sobra pra gostar de você do mesmo jeito.

– Mas não gosta.

– Talvez... Exista algum tipo de medidor que indique quando uma amizade chega a esse ponto. Sinto que o meu está bem cheio, mas faltando só um pouco pra alcançar esse nível. Bem pouquinho mesmo.

– Arme...?

– Então, espera um pouquinho mais, até esse pedaço que falta se enxer. Pode fazer isso, Ryan?

– U-un, claro.

– Obrigada – olhou pra ele e sorriu – adoro você.

– E-eu també...


Ele não olhava pra ela. Inocentemente, Arme se aproximou do amigo desavisado, lhe deu um beijo leve na bochecha e correu, virando de volta pouco depois.


– Estou indo na frente! – gritou e seguiu em frente.


Ryan ficou paralisado, olhando a garota se afastar. Amon levantou a cabeça, vendo o rosto vermelho do que o segurava.


– Ainda arrependido?

– Não... Só muito, como dizer, surpreso.

– Huh, vai ser interessante ver como isso vai se desenrolar daqui para frente.

– Espera, você pretende mesmo ficar conosco?

– Por que não? Você é o principal culpado por eu estar nesta forma e eu ainda quero derrotá-lo.

– Pensei que tinha esquecido isso de vingança.

– Não quero derrotá-lo como lutador.

– Ah, não?

– Vou derrotá-lo como Nephirim.

– Claro. – Riu voltando a caminhada.


Ainda que minhas asas tenham caído, eu irei voar. Ainda que minha luz tenha se apagado, eu irei brilhar. Ainda que meu caminho tenha se fechado, eu irei seguir em frente.”



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Novo Caminho Para O Pequeno Amon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.