Fui procurar por Gale, ver o que ele queria. Ele estava em um vagão onde tinha uma TV e um sofá enorme, onde só estava ele.

– Gale... – Falei insegura.

– Ah! Oi... Onde está Peeta?

– Ele está dormindo.

– Ele melhorou?

– Sim, não foi nada de mais.

– Olha Catnip desculpa mesmo, é que...

–Não vamos falar sobre isso ok?! – tive que interrompe-lo. – Então antes de tudo acontecer, o que você queria conversar comigo?

– É sobre a gente... Olha Catnip eu queria que você soubesse que eu ainda gos...

– Gale, eu acho melhor não. – Ele não podia continuar falando isso. Ele era meu amigo e só isso. – Por que você quer falar sobre isso?! Já ta morto o assunto..

–Não Katniss, não está. – Ele tinha aumentado seu tom de voz. – Eu não acredito nisso.

–Você não acredita em que? Que eu amo Peeta?! – Estava tentando manter a calma mas não sei se estava conseguindo.

É isso mesmo.para mim, tudo isso é fachada – ele se aproximou de mim e pegou nos meus punhos. Ele notou que estava machucado. – Foi ele não foi?!

– Não – menti.

– Claro que foi. Você não sabe mentir Catnip. Se ele te machucou assim, o que você acha que ele vai fazer com os seus filhos? Ele vai matá-los!

– Não, não vai. Primeiro por que não iremos ter filhos e se tivéssemos Peeta iria amá-los como todo pai.

– Claro que não, olhe isso – ele mostrou meus punhos. – você sente minha falta?

– Sinto, mas COMO AMIGO. – Agora eu gritava. – EU AMO O PEETA! E você vai ter que entender isso. – sai da sala. estava chorando. Como galé poderia pensar isso? Estava indo para minha cabine quando uma mão me segurou.

–O que aconteceu? – Era a voz de minha mãe. Fui para o seu abraço. – Calma vai ficar tudo bem, vamos para sua cabine.

– Não, vamos para a sala de jantar...

–Tudo bem então. – Chegamos na sala e sentamos uma de frente para a outra. Ela estava diferente, o trabalho tinha feito muito bem a ela.– O Que aconteceu?

– Gale... – Como iria contar para ela? – Ele desconfia que eu amo Peeta – minha mãe não disse nada. Eu estava esperando uma palavra de consolo. – Você também desconfia?

– Não é isso. É que Gale acha que você não está com ele, porque você tem pena de Peeta...

– Mas não é verdade! E você o que acha?

– Acho que você deve seguir seu coração e não deixar a família morrer. Como está Peeta?

– Ele está dormindo. – respondi. – Mãe, por que você está indo para a Capital?

– Apesar de tudo, sou sua mãe, e você ainda tem dezenove anos, é muito nova para morar sozinha.

“Que desculpa mais esfarrapada” pensei. Ela estava escondendo alguma coisa de mim. Eu já morava sozinha praticamente a um ano. E para quem sobreviveu duas vezes a arena e uma guerra, não era nada de mais cuidar de uma casa.

– Eu não moro sozinha, moro com Peeta. – Ela fez uma cara de que não achava isso uma grande coisa. – Mãe, - falei carinhosamente – você ainda me acha jovem de mais para casar?

–Por que a pergunta? Ele te pediu?

– Não. Mas sabe, cada dia que passo com ele quero que dure para sempre – nunca tinha falado com ninguém sobre isso e era estranho eu estar falando justamente com a minha mãe. – Você me entende?

–Claro que sim. Você está apaixonada – era estranho usar essa expressão, mas acho que era verdade. – Por curiosidade, por que Peeta está dormindo as três horas da tarde?

– Ele não dormiu bem de noite – não queria falar sobre o que aconteceu.

– Vocês vão ficar bem perdidos com o tempo...

– Tudo bem, daqui a pouco vou acordá-lo. Quanto tempo para chegarmos?

– Acho que amanhã antes de amanhecer chegamos. Paylor não queria tumulto quando vocês chegassem..

– Ok- falei levantando. – Obrigada. – Estava saindo quando ela falou

– Não deixe a família morrer!

O que ela queria dizer com isso? Será que ela queria que eu continuasse com o nome Everdeen depois de casada? Ah não... Eu sei o que ela estava querendo dizer: “Tenha filhos.” Era tão assustadora essa idéia, e eu estava tão distraída que acabei entrando na cabine errada.

– Katniss – era a voz de Annie. – Precisa de alguma coisa?

– Ah, Annie, desculpe, me distrai e acabei entrando aqui.

– Tudo bem – ela respondeu educadamente. Flin começou a chorar e ela o pegou do berço. – Oh meu amor... Tudo bem? – Ela aninhava Flin. – Katniss, você pode cuidar dele para mim enquanto tomo banho?

Não tinha como eu dizer não. Sentei na cama com Flin em meu colo. Annie foi para o banho e deixou nós dois ali, um olhando para o outro. Ele sorriu para mim e retribui o sorriso.

– Você já está grandinho – sentia algo diferente enquanto cantava para ele dormir. EU NÃO PODIA TER FILHOS! Assim que ele dormiu, o coloquei no berço.

Eu não conseguia sair da cabine. Algo me segurava ali. Olhava para Flin como minha mãe olhava para Prim. Sentia um calor dentro de mim. Eu queria algo, mas eu não sabia o que era. Ou melhor, eu fingia que não sabia. O que me fez voltar para a realidade, foi alguém falando meu nome.

– Obrigada Katniss – era Annie – fazia tempo que eu não tomava banho com calma. – Ela viu minha expressão meio imóvel e perguntou. – Está tudo bem Katniss?

– Aham – respondi insegura.

– É ótimo não acha? Segurá-lo, ajudá-lo, amá-lo. Não me sinto mais sozinha. Agora ele precisa de mim e eu preciso dele.

– Mas sabe, quem disse que eu vou conseguir amá-lo?

– Você consegue. Quando você pegar ele em seu colo será outra coisa. Uma coisa boa, e você vai perceber que você precisa mais dele do que ele precisa de você.

– Amm... – estava confusa e resolvi sair dali. – Vou acordar Peeta, a gente se vê no jantar.

– Ok.

Sai da cabine de Annie e fui para a minha. Quando cheguei Peeta não estava deitado. Tirei meus sapatos e deitei na cama.

– Está tudo bem Kats? – Ele estava saindo do banheiro.

– Senta aqui – e ele sentou do meu lado. – Você acha que eu sou capaz de amar? Quer dizer, você acha que eu te amo?

– Eu acho que se você não me amasse a gente não estaria juntos a tanto tempo, mas o que você quer dizer com isso? – Involuntariamente minha mão foi até a parte inferior de minha barriga e ele percebeu. – Oh meu Deus Katniss, sério? – ele parecia feliz.