Não consegui chamar por ele. As coisas estavam escuras e confusas. O que eu me lembro é que tudo se apagou e eu não entendia nada do que estava acontecendo.

Quando acordei estava sendo carregada por Peeta.

– Oi amor. Estamos indo para o trem – O que aconteceu comigo? Não tinha forças para perguntar. – Dorme depois te acordo.

Obedeci. Tive um sonho bonito. Meu pai falava comigo. Ele me dava os parabéns por alguma coisa. Não sabia o que era e ele não falava. Acordei.

Quando acordei, estava na cama do trem ao lado de Peeta.

–O que aconteceu? – Perguntei a Peeta.

– Você desmaiou. Sua pressão baixou, ou coisa parecida. Falei com sua mãe e ela disse que pode ser o estresse. – Estava sentada na cama, olhando para ele. O trem parou.

–Chegamos?

– Quase. Chegamos no Dois. Vou buscar alguma coisa para você comer.

Ele me beijou e saiu da cabine. Minha mãe? Será que ele ligou para ela? Depois de pouco tempo escutei passos vindo em direção da cabine, mas não era de uma pessoa, era de duas.

– Por favor – pedia uma voz.

– Ela está fraca e cansada – essa voz era de Peeta, mas com quem ele falava? - Depois você volta. – Peeta entrou na cabine e deixou a pessoa lá fora esperando. – Pão com queijo e suco de maçã.

– Obrigada – dei uma mordida no pão e tive que perguntar. – Quem era lá fora?

– Ah – ele parecia enrolado com as palavras. – Era Gale...

Oh não. Gale não. Acho que não estou preparada para falar com ele. Tentei parecer calma, mas não estava. Continuei comendo, mas sem falar nada. Estava pensando em Gale. O que será que ele queria? Quando terminei de comer Peeta pegou a bandeja.

– Kats, você quer que eu chame Gale?

– Não. Falo com ele na Capital. Não demora, quero ficar o resto da viagem com você.

Não queria falar com Gale. Queria ficar com Peeta. Estava pensando na vida quando escutei alguém correndo no corredor.

–Gale ela não quer falar com você agora. – A voz de Peeta parecia longe.

– Você está mentindo Peeta. – Gale, agora eu reconhecia sua voz. Ele parecia chateado.

– Calma Gale – escutei alguém indo de encontro com a parede e caindo no chão. Me assustei, mas antes que eu pudesse ver o que aconteceu, um Gale que eu não conhecia entrou na cabine. Ele estava diferente, não era meu melhor amigo. Meu melhor amigo entenderia minha vontade.

–Cadê o Peeta? – Foi minha primeira reação.

– Imaginava outra recepção. – Levantei da cama e fui em direção a porta.

Gale não me impediu. Logo que sai, vi Peeta caído no chão. Seu nariz sangrava mas ele estava acordado encostado na parede.

– Peeta o que houve? – Fui correndo em sua direção para ajudá-lo. – Vamos para a cabine. – Ajudei ele a levantar e fomos até o quarto.

Gale ainda estava lá. Deitei Peeta na cama e fui até o banheiro. Umideci uma toalha e entreguei-a para Peeta que colocou sobre o nariz que sangrava. Voltei ao banheiro e procurei o kit de primeiros socorros e dei para Peeta um comprimido.

– Vai diminuir a dor. Deixa eu ver como está. – Ele tirou a toalha. O nariz dele estava bem inchado, mas ia ficar bem. – Tudo bem... Acho que...

– Quebrou não é? – Peeta terminou minha frase

– Vai ficar bem – beijei ele – Mas o que aconteceu?

– Fui eu... – tinha me esquecido que Gale estava lá.

– Foi assim... – Peeta interrompeu Gale. – Quando sai para buscar seu lanche, Gale queria vir falar com você. Mas eu não deixei. – Gale fez uma cara como se ele não tivesse gostado. – depois, quando fui levar a bandeja, falei que você não queria falar com ele. Ele veio correndo, eu tentei impedir e...

– Acabei batendo em Peeta. Desculpe cara. Só queria falar com Catnip.

– Gale a gente pode conversar depois? – Ele não gostou, saiu da cabine sem falar nada. – Está doendo muito?

– Deita aqui que passa. – Deitei do seu lado.

– Eu te amo

–Eu também – ele sussurou. Estava deitada olhando para os olhos azuis mais lindos que eu já conhecia muito bem. Ele me beijou.

– Não era para a gente ter chego?

– Atrasamos no quatro.

– Quanto tempo fiquei desacordada?

– Não sei direito. Mas com o seu sono deu umas três horas e meia.

– Tudo isso! E o que aconteceu?

–Paramos no quatro e acabamos de parar no dois.

– E quem está indo para a Capital?

– Gale, Annie, o pequeno Flin, Haymitch e a sua mãe.

– Como é que é?

– isso ai Kats, sua mãe está indo para a Capital.

– Por que? – Eu estava confusa

–Não sei. No quatro as vezes ela cuido do Flin, mas acho que ela está indo por você. – Minha relação com minha mãe nunca foi das melhores e todos sabiam disso.

– ou ela está indo por nós. – sugeri. – Aquela história que ela nos achava novos de mais não era mentira!

– Você acha que ela está indo para nos vigiar?

– Mais ou menos. Ela só vai ver como estão às coisas... Como está o seu nariz?

– Não está mais sangrando, mas o remédio não fez efeito. – O trem começou a andar. – Finalmente!

– Peeta, acho melhor você ir dormir. Você ficou a noite inteira acordado...

– Tudo bem. – ele beijou minha testa e virou para o lado.

Observei ele dormir por um bom tempo e depois fui para o banheiro. Tomei meu banho, escovei meus dentes e coloquei uma roupa bem confortável. Fiz o mínimo de barulho possível e sai da cabine.

Fui procurar por Gale, ver o que ele queria. Ele estava em um vagão onde tinha uma TV e um sofá enorme, onde só estava ele.