O silêncio foi cortado por Plutarch.

– Alguém se esqueceu de pagar a luz. – todos riram, menos eu.

Fui andando em direção ao meio do hall e gritei:

– Acenda a luz. Eu vou adorar te conhecer.

As luzes acenderam. Lisa me encarava, com seus belos olhos loucos. A blusa ensanguentada, o cabelo preso como o meu.

Minha reação devia ser de surpresa. Mas as habilidades dela com facas tinham me deixado em alerta.

– Por quê? – eu disse enquanto fazia movimentos para todos irem para o fundo da sala.

– Johanna Mason – a voz de Lisa não era a de Lisa. Era a de Snow – Eu realmente consegui te deixar em pânico, certo?

– Eu diria que você fez um bom trabalho – coloquei a mão no bolso e alcancei um laço. Prendi meu cabelo enquanto via Lisa tirar algo da camisa. Um microfone.

– Muito útil – ela disse enquanto o levantava para seu “público” – faz imitações sonoras perfeitas. Sabe Johanna, minha vingança podia ser para qualquer sobrevivente das Arenas. Mas eu escolhi você. Você nem imagina porque, certo? - Lisa plugou o aparelho em um fio e fez uma imitação perfeita da minha voz. – “Por que não? Parece bastante justo para mim. O Snow tem até uma neta. Eu voto sim”.

Puta merda.

– O mais engraçado Johanna – ela continuou, sem a voz falsa – É que você se esqueceu completamente desse detalhe. Todo mundo esqueceu. Vocês iam colocar na arena uma garota sem registros, sem família, sem documento. Vocês sequer procuraram saber que o nome da neta de Snow, era Lisa.

Dei alguns passos para trás em busca de qualquer coisa que eu pudesse jogar na cabeça dela.

– Não se preocupe, eu não sou injusta. Eu trouxe um machado pra você.

– Eu não vou lutar com você.

– Por quê? Medo?

– Eu não vou matar mais ninguém Lisa. Nem você.

– Ótimo – ela disse enquanto andava em minha direção – Então eu mato a Annie.

Corri em sua direção e a empurrei para o chão.

– Não ouse.

Minhas mãos estavam em seu pescoço quando o resto dos tributos começou a entrar na sala.

– Vamos fazer nossos próprios jogos – disse Lisa enquanto me jogava para o lado.

Nós tinhamos 20 adolescentes revoltados naquela sala. Ouvi o tintilar do elevador. Gale e Enobaria entraram no salão e levaram um susto. Lisa acabou se confundindo sobre quem matava primeiro, me dando tempo pra correr a procura de algo que pudesse machucá-la.

Trombei em alguém e cai no chão. Apertei os olhos e encontrei Marco, com a mão no meu rosto. Ele segurou minha mão e me puxou pra frente.

– Se concentre – ele disse – ela está louca. É fácil vence-la.

– Mas...

Ele puxou um machado e colocou em minha mão. Me deu algumas facas. um arco e uma aljava de flechas.

Beijei sua bochecha e voltei minha atenção a Lisa.

– Gale – gritei enquanto jogava o arco para ele – Erick.

Uma das facas voou para as mãos de Erick. Deslizei e dei uma faca para Annie. Plutarch e Connor estavam com suas armas de choque, já que não queriam machucar ninguém. Já nós, não pensavamos assim. Corri até Enobaria e entreguei uma das melhores facas para ela.

– Se divirta – disse estralando os dedos, nervosa demais pra sorrir.

– Senti falta disso – ela disse, sorrindo.

Lisa liderava seu mini exército falando o quão terríveis nós eramos. Um dos jovens jogou seu machado na direção de Annie, mas eu colei em seu corpo e a joguei no chão. Quando me levantei, Lisa veio como um touro em minha direção.

– Você não precisa fazer isso – disse enquanto colocava meus joelhos em seus braços frageis, a deixando imóvel. Bati minha cabeça na sua e a deixei zonza – Você sabe que eu sou mais forte que você.

Eu realmente não queria matar Lisa. Eu não queria matar mais ninguém.

Ela reuniu suas forças e inverteu nossas posições. Eu estava presa a ela. Enfiei meu machado em seu braço, fazendo com que ela soltasse um ruído que fez que todos os seus seguidores parassem a luta. Ela estava gemendo de dor enquanto tentava me estrangular. Meus pés levantaram seu corpo para o alto enquanto dei uma mordida em seu braço, a fazendo sangrar e soltar meu pescoço. Lisa estava ajoelhada sobre mim, pressionando com toda força o meu peito. Estavam todos ocupados demais para me salvar.

– Eu só quero que você veja Johanna – ela virou meu rosto – Que mais alguém morreu por você.

Marco estava estirado no chão, paralisado e coberto de sangue. Seus olhos fechados eram pesados demais para o garoto que eu conheci. Comecei a soluçar, em lágrimas, deixando até Lisa chocada. Chutei sua barriga e fiz com que ela se afastasse um pouco mais de mim. Bum. Bum. Bum

O estrondo era ensudercedor. Minha cabeça dava voltas pela sala enquanto Lisa caia ao meu lado, com três furinhos. Me sentei e olhei para trás. Marco se segurava nos cotovelos, segurando uma arma e sorrindo.

– Eu disse que era bom – ele sussurrou.

E então adormeceu. Para sempre.