As Duas Faces De Johanna 2 - A Nova Era. escrita por Lina Pond


Capítulo 17
Você acha mesmo que eu não sei contar?




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Eu estava sozinha em meu apartamento. Apavorada, claro. Eu disse a Gale que tinha que pensar se queria colocar ele em risco. Aceitar namorar com ele o tornaria o principal alvo. Acho que ele acreditou na desculpa. Eu não acreditaria. Puxei o telefone para perto e disquei um número que nunca havia discado. Do outro lado da linha uma voz séria, mas não tão seca quanto da última vez atendeu:

- Você consegue adivinhar quem é? – eu sussurrei.

- Ouvi sua voz tempo suficiente pra gravar. Seus roncos também.

- Idiota. Como você está Tordo?

- Não me chama assim Johanna – Katniss continuava a mesma de sempre. Se eu pedisse ajuda ela provavelmente viria correndo, pegaria seu arco e daria uma de salvadora de Panem, mas eu não podia fazer isso com ela.

- Desculpa. Seu amor está por ai?

- Mexendo no jardim. Espera. Não é amor.

- Imagina se fosse – disse rindo. – Você não me respondeu como está.

- Bem e você?

- Estou na Capital né?

- Sinto muito por você.

- Katniss, você recebeu algum telefonema estranho?

- Eu deveria? – a voz de Katniss já havia ficado séria e eu percebi que aquele não era um assunto para tratar com ela.

- Não, claro que não. É só que estou estranhando toda essa paz que estamos tendo.

- Eu também – ouvi um riso, mais parecido com uma tosse quando a porta se abriu.

- Vou desligar. Mande um beijo pro garoto do pão. Sinto falta de vocês. Não esquece que você precisa me enviar algo que prove que você retira seu voto. E Haymitch também.

- Peeta deve ir pra Capital essa semana. Ele leva as coisas. Não conseguiria respirar nesse lugar. Até mais Jo.

Eu sei como você se sente. Minha mente repetiu isso a noite inteira. Eu queria correr dali. Queria poder contar pra alguém como eu me sentia. Não consegui dormir. Resolvi ir até o térreo procurar algo pra comer. O prédio parecia assustador demais. Johanna pare com isso. Você nunca foi de ter medo. Meus passos pareciam marteladas no piso caríssimo do hall. Isso porque eu não queria chamar atenção.  Continuei andando na escuridão até encontrar a maçaneta do que eu torcia pra ser a despensa. Abri a porta e comecei a apalpar as sacolas procurando por qualquer fruta que pudesse enganar meu estomago. Comecei a escutar goteiras. Gotas longas que davam encontrões no chão. No escuro meu pânico aumentou. Quanto mais eu andava, mais alto o barulho das gotas ficava. Trombei na parede e cai no chão. A luz acendeu rápido demais. Me levantei e olhei em direção a porta da saída. As gotas ainda não haviam cessado. Respirei fundo e virei de relance para trás. Uma garotinha estava com um dos pés amarrado a uma corda, presa no teto. Uma faca cravada em seu peito. No chão, um machado. E na parede, o que eu mais temia. Escrito com uma caneta vermelha, a frase que fez todo o meu ser tremer. “Então você acha mesmo que eu não sei contar?”


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Notas finais do capítulo

Desculpinha por não ter postado ontem. Feriado é complicado mesmo. Sobre esse capítulo, algumas pessoas talvez não entendam. Essa frase é da minha primeira fic (http://fanfiction.com.br/historia/243581/As_Duas_Faces_De_Johanna/) e se você não leu ela, recomendo ler (é pequenininha e nem é tão ruim ok?) pra entender os próximos capítulos que tem bastante em comum com a primeira fic. Esse capítulo não teve Jorick nem Johale e vai demorar um pouquinho pro romance voltar. Me digam se estão gostando, certo? Beijos.