As Duas Faces De Johanna 2 - A Nova Era. escrita por Lina Pond


Capítulo 10
É tudo sobre decisões.




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Nós estávamos no elevador, Gale segurando minha mão enquanto Plutarch nos encarava.

- O que foi Plutarch? – perguntei

- Me desculpem a indelicadeza. É que eu achei que você gostava da outra. A Katniss.

- Eu também – eu disse rindo.

- Bom, isso não é da minha conta. – ele disse sem graça - Vou ficar por aqui. Boa noite. Se preparem porque amanhã nosso dia será difícil.

- Como sempre – Gale e eu dissemos em sintonia.

A porta do elevador se abriu e eu e Gale entramos no meu andar.

- Eu podia ficar ai com você.

- Ou você podia ir pro seu quarto dormir – disse enquanto ria.

- Você está me chutando pra fora assim? – Gale acariciava meu cabelo e ria.

- Sim, eu estou – o empurrei em direção ao elevador – Boa noite.

Apertei o botão e Gale me puxou pra perto e me deu um beijo de boa noite.

- O que vamos fazer amanhã? – ele perguntou.

- Nós somos amigos. Pelo menos na frente dos outros. Você pode fazer isso por mim?

O elevador havia chegado e ele colocou uma mão entre as portas pra que ele ficasse parado.

- Eu posso – ele sorriu – mas não para sempre.

- Não vai ser, prometo.

Consegui dormir uma noite inteira. Sem nenhum pensamento. Sem Finnick. Tomei o café da manhã sozinha, coloquei algumas roupas feitas para o treinamento, fiz um rabo de cavalo e desci até o último andar. Era dia de treinar os tributos.

- Olá Johanna – Marco estava logo atrás de mim com uma rosa – trouxe pra você.

- Péssima escolha – disse com uma careta - me lembra Snow.

- Só estava tentando ser simpático, fera.

Gale nos observava de longe e abriu seu sorriso para mim. Acenei e sorri de volta.

- Então – Marco ainda ecoava em minha cabeça – você escolheu.

- Não é da sua conta.

- Estou apostando quanto tempo vai demorar pra que você deseje que eu morra na arena – ele disse zombando. Olhei para ele e coloquei a mão em seu braço.

- Eu não desejaria que nem meu maior inimigo fosse para a arena. Nem Snow. A Arena é o pior lugar que existe. Você muda. Você tira a vida de pessoas que vão te perturbar em seus sonhos. Pessoas que só queriam voltar para casa. E se você acha que tem chances de ganhar, esqueça. Toda a fama e fortuna que você deseja serão substituídas por alguém vindo em sua direção com uma faca e com vontade de sobreviver. E então você vai ver que não tem nada de glamouroso nisso.

Marco engoliu seco, não por medo, mas porque minha mão estava em seu pescoço. Lisa me olhava abismada, com medo do que via. Aquela era a Johanna da Capital. Não a vadia e irônica. A assassina. E ela estava voltando.

- Você quer que eu te ajude a sobreviver? – disse a Marco enquanto escorregava minha mão até seu peito – Colabore. Se eu tiver que jogar vocês lá dentro, se eu não der um jeito nisso e vocês morrerem, você serão mais uma dupla a me assombrar – me virei para Lisa e continuei a falar – E eu não quero isso.

- Você nem nos conhece – Marco disse com a voz ríspida.

- Ótimo Marco. Se vire sozinho. Cansei de você. – peguei o braço de Lisa e a levei até o outro lado do galpão enquanto Marco ficava sozinho no outro canto da sala.

- Ele só está meio perdido – Lisa falava enquanto nós tentávamos fazer fogo com dois pedaços de madeira inúteis.

- Me perdoe Lisa. Eu sou terrível em sobrevivência. Eu só sei matar as pessoas. Eu sou nojenta.

Lisa se levantou, sentou ao meu lado e me abraçou.

- Não pense assim Johanna. Você é corajosa e teve que fazer algo ruim pra poder fazer algo bom. É tudo sobre decisões. Você fez as certas.

- Falavam sobre nós na sua escola?

- Sim. Alguns professores gostavam dos Jogos. Outros achavam a ideia ultrajante.

- E o que você achava Lisa? – disse enquanto afagava seu cabelo. Os pedaços de madeiras (ainda inúteis e estúpidos) estavam jogados no chão.

 - Não era uma fã. Meus pais não me deixavam assistir.

- Me conte sobre seus pais.

- Eles morreram na revolução. Escolheram o lado errado. Não gosto de falar sobre isso.

- Me desculpe. Vem – a levantei do chão e entrelacei seus dedos aos meus – vamos aprender algo divertido. Vamos para o setor de facas.

Eu e Lisa treinamos a tarde toda. Lisa era incrivelmente boa. Algumas vezes ela dava alguns deslizes que eu sentia que eram de propósito. Como se ela não quisesse que soubessem tudo o que ela podia fazer. Ela não queria que eu soubesse. Tudo estava bem, estávamos quase acabando o treinando quando as luzes se apagaram e toda a sala levou um susto. Silêncio. Silêncio. Silêncio. E um grito. Dois. Puxei Lisa pelo braço e peguei uma faca. Ouvi Gale balbuciar algo e o chamei. Senti seus braços sobre os meus e sobre Lisa. Chamei por Erick, mas ele não respondeu. Nós estávamos no escuro, numa sala cheia de armas e cheia de assassinos.

- Gale, o que está acontecendo?

- Calma Jo, não está acontecendo nada. Quem está ai? – Gale gritou.

Ouvimos cochichos, mas ninguém entendia o que estava acontecendo. Gale encostou sua cabeça em meus ombros enquanto eu abraçava Lisa. E então a luz voltou. Nossos olhos demoraram a se acostumar com a claridade. Olhamos ao redor da sala e então nos deparamos com o que, de alguma forma, já esperávamos achar. Um corpo. Um garoto, um dos tributos, ensanguentado no chão. Alguém naquela sala tinha começado a matar antes da hora.


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Notas finais do capítulo

Chegou a parte legal. Quer dizer não que eu goste de escrever as cenas de assassinatos mas gosto das cenas de ação. Então me digam o que acharam e me dêem idéias para os novos capítulos. Lembrem que eu respiro as reviews de vocês e que elas me fazem muito feliz. Beijos