Yellow escrita por lovemyway


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Não sei se ficou bom, mas me deu vontade de escrever, então foi assim mesmo ^^
Boa leitura!
P.S.: A música é Yellow, do ColdPlay.



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Capítulo Único.

A primeira vez que Rachel Berry e Quinn Fabray entraram de mãos dadas no McKinley transformou-se em um marco histórico. O colégio público, em cinqüenta anos de sua existência, nunca teve um casal lésbico assumido andando pelos corredores. E, como se tudo não fosse o suficiente, ele também nunca teve um casal tão improvável. Porque não havia sequer uma pessoa que não imaginasse que as duas não fossem se matar quando estivessem sozinhas em um mesmo ambiente. Portanto, seria a dedução mais lógica imaginar que, se algum dia elas ficassem juntas, então era porque o fim do mundo tinha começado.

Noah Puckermann levou aquilo à sério demais. Quando as duas garotas entraram no refeitório –– e Quinn tinha o braço ao redor dos ombros de Rachel –– ele pegou seu garfo, que ainda tinha um pedaço de almôndega pendurado em sua ponta, e apontou na direção das garotas, dizendo-lhes que se elas se aproximassem mais, ele arrancaria suas cabeças. O garoto tentou inutilmente explicar ao diretor Figgins que sua reação não foi preconceituosa, e que obviamente aqueles eram a) Robôs que substituíram as garotas; b) Alienígenas; ou c) Zumbis. Sue Sylvester, treinadora das líderes de torcida, zombou de Noah e disse que o garoto andava vendo muito “O Exterminador do Futuro”, e o aconselhou a parar de assistir o programa estúpido “Alienígenas do Passado” que passava no History Channel. Mas, curiosa, ela perguntou o porquê de ele achar que as garotas eram zumbis.

–– Eles são irracionais –– respondeu o garoto simplesmente. –– Não têm a mínima idéia do que estão fazendo.

E mesmo achando que o garoto era um idiota, Sue Sylvester não pode deixar de concordar. Porque para uma das suas melhores líderes de torcida estar namorando com um dos sete anões, então ela provavelmente teve seu cérebro arrancado do corpo, e não tinha a menor noção do que estava fazendo. De fato, a treinadora tinha plena convicção de que Rachel passaria o resto de sua vida sozinha, cantando canções da Celine Dion, e trabalhando como garçonete em uma lanchonete –– ou atendente em um Drive-Thru do McDonalds, porque ninguém a agüentaria pessoalmente ––, completamente frustrada por não ter realizado seus sonhos de se tornar uma estrela da Broadway. No pior dos casos, pensava Sylvester, Rachel podia voltar a Lima e seguir os passos de Will Schuester, tornando-se a treinadora de um clube do coral fracassado, e se casando com alguém quase tão lerdo –– porque ninguém bateria o original –– quanto Finn Hudson. Mas, aparentemente, até mesmo Sue Sylvester poderia se enganar.

Quinn Fabray estava adorando ver as reações que seus colegas estavam tendo. Em qualquer outra situação, ela provavelmente estaria muito nervosa por assumir sua sexualidade daquela maneira, mas de alguma forma, a loira estava se sentindo tranqüila com relação ao que estava acontecendo. O que ninguém –– com exceção de Brittany Pierce –– sabia era que Quinn e Rachel já foram amigas um dia, e que as duas deixaram de se falar quando entraram no colegial por causa de um desentendimento que tiveram por conta do desejo de Quinn de se tornar popular. Contudo, por causa do clube do coral, depois de um ano sem ter uma conversa civilizada, as garotas começaram a se falar novamente e aos poucos. Depois de um tempo, tornou-se natural que Quinn procurasse Rachel para chorar em seu ombro por causa do seu amor não correspondido, e se tornou natural à Rachel procurar Quinn para lhe contar sobre o amor secreto que ela nutria por uma pessoa cujo nome ela preferia não revelar. Ironicamente, o amor secreto de Quinn era a baixinha, e o amor secreto da baixinha era a loira.

Rachel Berry pode ser cabeça dura, mas quando o álcool entra no seu sistema, então você muda da água para o vinho. Numa festa realizada por Noah Puckermann às escondidas nos terrenos do colégio, o consumo de bebidas alcoólicas fez Rachel revelar seus sentimentos à Quinn. A baixinha, tomada por uma crise de ciúmes, puxou a loira para longe de Sam Evans e a levou para trás das arquibancadas, beijando-lhe de uma forma intensa que, segundo a mesma, provocou um ataque de borboletas ao seu estômago e a fez ver fogos de artifício.

Quinn Fabray não estava tão bêbada assim, ou pelo menos era isso o que ela pensava, mas quando Rachel Berry, seu amor platônico, finalmente a beijou, Quinn jurava que estava alucinando. Aquela era a explicação mais lógica que sua mente confusa conseguiu encontrar, mas a loira mandou tudo para o espaço e retribuiu o beijo. Alucinação ou não, ela ia aproveitar o possível único momento que ela teria ao lado de Rachel. Quinn puxou a baixinha para mais perto, e o beijo se tornou mais urgente, mais quente, e ela queria, ela precisava ter a morena para si.

Ninguém viu as duas saindo de fininho, agarrando-se como se suas vidas dependessem disso. Ninguém as viu entrar no New Beatle vermelho de Quinn, e ninguém as ouviu entrar na casa de Rachel, subir as escadas, e se jogarem na cama da morena, os lábios se encaixando com perfeição, os corpos se movimentando num ritmo perfeito. E as palavras desconexas, ora sussurradas, ora gritadas, ecoando pelas paredes do quarto e criando um som harmônico que as duas esperaram tanto tempo para ouvir. Ninguém as viu dormir abraçadas, e ninguém ouviu as últimas palavras que disseram uma a outra antes de serem dominadas pela inconsciência.

Elas disseram pela primeira vez em voz alta “Eu te amo”.

E quando elas acordaram pela manhã, e a primeira coisa que viram foi o sorriso estampado no rosto uma da outra, elas sabiam que não era um sonho. Então, de mãos dadas, elas levantaram da cama, tomaram um banho juntas, arrumaram-se para o colégio e, ainda de mãos dadas, entraram pelas portas de cabeça erguida. Durante o dia inteiro, reações tão esquisitas quanto à de Noah Puckermann foram comuns, e isso fazia as duas garotas caírem na gargalhada. Mas elas sabiam que não poderiam ficar em silêncio por muito tempo.

–– E então, vocês vão contar o que está acontecendo? –– perguntou Santana Lopez, encurralando as duas antes do clube do coral.

–– O que você quer dizer? –– perguntou Quinn, arqueando a sobrancelha e escondendo o sorriso quando Rachel deitou a cabeça em seu ombro.

–– Não se faça de idiota, Fabray –– resmungou Lopez. –– Eu sei que esse cabelo loiro é falso, então não me venha se fazer de burra para o meu lado.

–– Você sabe que sua garota é loira, não sabe? –– perguntou Rachel, pronunciando-se pela primeira vez. –– E que, por tabela, você acabou de chamá-la de burra. Acho que Brittany não ia gostar nada disso.

–– Não estava falando com você, anã –– retrucou Santana. –– Por que você não vai encher a paciência da Branca de Neve?

–– Que engraçada, haha –– disse Quinn sarcasticamente, revirando os olhos. –– Seja direta. O que você quer saber?

–– Vocês estão namorando? –– perguntou Santana.

–– Em breve você vai saber.

E sem dizer mais nada, Quinn abraçou Rachel pela cintura e entrou com ela na sala do coral, que ainda fofocavam sobre o acontecimento inesperado. As duas se sentaram uma ao lado da outra, e os cochichos só pararam quando o senhor Schuester entrou na sala. Will ficou surpreso, claro, mas a verdade é que ele já estava acostumado com as loucuras que aconteciam em seu coral, então simplesmente prosseguiu como se aquela fosse a coisa mais normal do mundo.

–– Ok, pessoal, o tema dessa semana é “O que eu quero?”. O ano está apenas começando, mas para muitos de vocês, esse é o último que terão aqui no McKinley. Vocês já sabem o que querem para seus futuros? Vocês já sabem para que Universidade vão se inscrever? Então, eu quero que vocês apresentem uma música em que vocês digam o que esperam do futuro de vocês.

–– Senhor Schuester? –– disse Quinn, levantando a mão. –– Na verdade, eu já tenho uma música preparada. Será que eu poderia me apresentar?

–– Claro, Quinn, fique à vontade.

A loira deu um selinho nos lábios de Rachel, fazendo Finn Hudson se engasgar com a própria saliva e Santana mandá-lo para um lugar nada bonito, e de uma forma nada sutil. Brittany deu uma risadinha. Ela sempre soube que Quinn e Rachel ficariam juntas, algum dia, e estava genuinamente feliz que as duas finalmente estivessem juntas.

–– Como vocês perceberam –– disse Quinn, arqueando a sobrancelha na direção de Noah. –– Rachel e eu andamos de mãos dadas o dia todo. Nós conversamos bastante quando cabulamos os dois primeiros períodos, e chegamos à conclusão de uma coisa.

E então, Quinn acenou com a cabeça para a banda, e eles começaram a tocar.

Look at the stars,

Look how they shine for you,

And everything you do,

Yeah, they were all yellow

Quinn apontou para Rachel, que abriu um largo sorriso no rosto. Finn Hudson começou a ficar roxo por falta de ar, e Santana Lopez saiu da sala correndo. Kurt e Mercedes fofocavam as possibilidades, e os olhos de Sam quase se igualaram ao tamanho da sua boca.

I came along,

I wrote a song for you,

And all the things you do,

And it was called Yellow

Brittany se balançava ao som da música, e batia palmas com empolgação. Artie limpava os óculos em sua blusa, completamente convencido de que precisava trocar urgentemente as lentes, porque ele não poderia estar enxergando direito. Quinn se apoiou no piano e suspirou. Rachel se derreteu por dentro, encarando a loira com um olhar apaixonado no rosto.

So then I took my turn,

Oh what a thing to've done,

And it was all Yellow

Tina começou a se tremer, e Mike tentou ajudá-la. Levou alguns segundos para perceber que ela não estava tendo nenhum ataque epilético, apenas uma crise de choro. Portanto, ele apenas pegou a toalha –– com a qual ele sempre andava –– e entrou à namorada, para que ela enxugasse seus olhos.

Your skin

Oh yeah, your skin and bones,

Turn into something beautiful,

Do you know?

You know I love you so,

You know I love you so

Artie finalmente se convenceu de que não estava cego, e começou a bater sua testa na parede, tentando acordar daquele sonho muito bizarro. Rory falava alguma coisa, mas ninguém conseguia compreender o que ele dizia, e Noah estava paralisado, olhando de Rachel para Quinn, de Quinn para Rachel, e de Rachel para suas próprias calças. Pucksauro estava desapontado com a mudança de time das garotas.

I swam across,

I jumped across for you,

Oh what a thing to do

'Cos you were all yellow,

Sugar balançou a cabeça como se estivesse escutando rock, e fez o sinal de “paz e amor” com a mão, e com a outra, dando um soco no ar, que acabou atingindo Rory sem querer. Joe Hart procurava na Internet “Como agir quando descobrir que a garota que você está apaixonado é gay”, e Rory tentava se levantar enquanto era acertado na canela por um chute de Sugar.

I drew a line,

I drew a line for you,

Oh what a thing to do,

And it was all yellow

Santana voltou à sala com um copo enorme de raspadinhas e o jogou na cara de Finn, dizendo que ele estava sufocando porque estava longe do Oceano, e que aquela era a melhor forma de não fazê-lo morrer antes que pudesse ser jogado de volta ao mar. Blaine, que até então estava calado, levantou-se da cadeira soltando um grito agudo, porque a raspadinha pegara em seu cabelo e provavelmente não seria boa com todo aquele gel que ele usava.

And your skin,

Oh yeah your skin and bones,

Turn into something beautiful,

Do you know?

For you I'd bleed myself dry,

For you I'd bleed myself dry

O senhor Schuester tentava controlar seus alunos, tarefa que se mostrava a cada segundo mais difícil. Brittany agora dançava no meio da sala, dando rodopios. Entretanto, a loira escorregou no pouco de raspadinha que caíra no chão, e quando caiu, acabou puxando consigo o senhor Schuester e Santana. A latina aproveitou o momento para se agarrar com a namorada, enquanto o senhor Schuester tentava inutilmente se levantar.

It's true, look how they shine for you,

Look how they shine for you,

Look how they shine for…

Quinn e Rachel ignoravam a bagunça ao seu redor. A líder de torcida caminhou na direção da morena e tomou suas mãos, segurando-as perto de seu coração. Algumas lágrimas caíam do rosto da baixinha, e ela ainda tinha um sorriso enorme no rosto. Ela sempre foi perdidamente apaixonada por Quinn, e não podia acreditar que aquele momento estava mesmo acontecendo.

Look how they shine for you,

Look how they shine for you,

Look how they shine...

Para Rachel, aquele momento era mais do que perfeito. Ela se levantou da cadeira e passou os braços ao redor do pescoço de Quinn. Aqueles olhos avelã a encaravam com doçura, e seu coração batia tão rápido no peito que a morena tinha certeza de que Quinn podia escutá-lo. E ela realmente podia. A loira acariciou o rosto da baixinha e, juntas, elas terminaram a música.

Look at the stars,

Look how they shine for you,

And all the things that you do

E quando elas terminaram de cantar, abraçaram-se com força e se beijaram de forma doce. Porque não importava se Santana e Brittany estavam quase transando no chão; não importava se Finn estava quase ficando cego, se Blaine não sabia distinguir o gel da raspadinha e se o Kurt estava se acabando de rir. Não importava se Mercedes estava gravando tudo, se os olhos de Sam estavam tão grandes que ele facilmente seria confundido com um elfo doméstico, se Mike ainda estivesse tentando controlar a crise de choro da namorada, e se Artie ainda batesse sua cabeça na parede. O que realmente importava é que as duas se amavam e, depois de tanto tempo, elas finalmente estavam prontas para lidar com isso.

–– Rachel Berry, você aceita ser a minha namorada? –– sussurrou Quinn.

–– Eu aceito –– murmurou Rachel em resposta.

E aquele foi apenas o começo do seu “E viveram felizes para sempre”. 

Fim


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Notas finais do capítulo

E então, reviews? :)