Crush escrita por slytherina


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Renée descobre o segredo de Cissa.



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Renée ficou transtornada. Não gostava daquilo que estava sentindo. Principalmente, não gostava que Cissa estivesse namorando no colégio. Ela devia estar burlando alguma regra ao trazer o namorado para ali. Achou que tinha o direito de dizer estas coisas para Cissa. Uma coisa era partir o coração dela, outra era passar por cima das regras da escola.

 

No fundo ela sabia que tudo aquilo era despeito e ciúmes. Sentiu-se humilhada por estar com ciúmes da amiga. Pior, percebera que estava apaixonada. Isso era lastimável, Cissa nem era um rapaz e nem Renée era homem. Então aquele tipo de sentimento era uma aberração da natureza.

 

Ela permaneceu remoendo a própria angústia até na hora da aula. A professora fez diversas perguntas referentes ao assunto estudado e Renée, aluna exemplar, errou todas. Ela nem ficou muito humilhada pela expressão irônica da professora, ou pela mangoça dos colegas com sua súbita regressão. Ela só conseguia pensar em Cissa.

 

Após o término da aula, Renée voltou para casa perdida em seus pensamentos. Antes de dobrar a esquina que dava para a rua de sua casa, foi abordada por alguém.

 

_Renée, Tu não me ouviste te chamando?

_Cissa!

_Faz um tempão que eu te chamo. Tu pareces que está com a cabeça nas nuvens. Renée olhou para Cissa sem acreditar que a amiga não soubesse o que lhe ia na alma.

_Já sei. Estás perturbada porque me viste com o Haroldo. Tu te melindras a toa Renée.

_Espere aí. Você não disse que o nome dele era César?

_O que? Não. O César é outro, é meu namorado. O Haroldo é meu ficante.

_Você tem dois? - Renée não conseguia imaginar uma garota com dois namorados. Aquilo era ilógico.

_Não, eu não tenho dois. E não faças essa cara de retardada, todo mundo faz isso hoje em dia.

_Você... Ama menos o Haroldo do que o César? - Renée procurava alguma coisa que fizesse sentido naquela história toda.

_Não. Eu não preciso amar um mais do que o outro.

_Cissa, o César é o rapaz da padaria?

_Ah, Ah, Ah, por que tu pensaste isso?

_Porque você pega o pão sem pagar.

_Aquele é o Douglas. Ele é só meu amigo.

 

Renée olhou para a Cissa como se a visse pela primeira vez.

 

_Cissa, você ama o Douglas menos que os outros?

 

Cissa ficou em silêncio, como se analisasse a pergunta de Renée. Então percebeu que demorara tempo demais para responder e que isso em si era uma resposta. Desviou os olhos de Renée e olhou para o outro lado. Não sorria mais.

 

_Cissa, quantos namorados você tem?

_Não vou te responder mais nada. Vamos falar de ti agora. Por que tu te atrapalhaste na aula de hoje?

_Por quê? Eu estava em dúvida se deveria brigar com você por estar namorando na escola. E eu nem sabia que aquele nem era seu namorado. Você não está agindo legal, Cissa.

_Ah, Ah, Ah, já acabaste o sermão? Ótimo, porque eu não tolero sermão nem da minha mãe. Muito menos de uma menininha que nunca... Deixa pra lá. Acho que vou pra minha casa.

 

Cissa virou-se com o rosto sério e seguiu na direção oposta de Renée. Esta ficou observando-a enquanto se afastava. Então, quando já estava bem distante, um carro parou próximo a Cissa. Ela parou para conversar com o motorista e a seguir entrou no carro dele, que seguiu velozmente para fora do bairro.

 

Renée estava estupefata. Tinha vontade de chorar. Sentia-se mal por descobrir que Cissa agia errado. Renée ficou deprimida. Passou o resto da tarde deitada. Às vezes chorava um pouco. Tentou dormir diversas vezes, mas era só fechar os olhos e a imagem de Cissa entrando no carro desconhecido enchia-lhe a mente.

 

Sua mãe colocou um termômetro na axila, obrigou-a a abrir a boca para olhar a garganta, perguntou se estava com algum problema na escola, etc. A tudo isso Renée respondia não. Até que a mãe desistiu e foi ver novela, mas ameaçou-a de levá-la ao médico se não melhorasse o humor. Renée achou melhor levantar-se e fazer qualquer coisa para que sua mãe largasse do seu pé.

 

Decidiu sair e ir atrás de Cissa. Disse à mãe que iria dar uma volta. Como já havia ido uma vez à casa de Cissa, Renée aprendera o caminho. Chegou lá e decidiu apertar a campainha, embora achasse que Cissa deveria ainda estar com o cara do carro. Uma criada veio atender. Renée perguntou por Cissa e identificou-se como colega da escola.

 

A criada a deixou entrar e levou-a até a sala. O pai de Cissa estava lá. Ele estava lendo um livro. Interrompeu a leitura um pouco para olhar para Renée e perguntar: "Amiga de Cissa?" ao que Renée fez que sim com a cabeça. Então o homem continuou sua leitura como se não houvesse ninguém na sala com ele.

 

Cissa apareceu na sala e chamou Renée com a mão. Estava séria. Levou-a para seu quarto. Renée a seguiu e questionou-se se agira certo em procurar Cissa para tomar-lhe satisfações.

 

_Sente aqui Renée. Então o que houve de tão importante para tu me procurares?

_Eu... Eu... Não achei certo você entrar no carro daquele homem.

_Tu agora deste para me espionar? - Cissa sorria divertida.

_Eu não estava espionando. Você não tem o direito de fazer estas coisas. Isso é errado. Você nem conhecia aquele homem.

_Eu nem vou perguntar quem te nomeou minha mãe, só quero saber uma coisa. O que tu achas que eu estava fazendo? - Cissa perguntou com um sorriso.

_Você estava... Se posti... Se prosti... - Renée não conseguia falar aquela palavra.

 

Ela já não olhava para Cissa. Esperava que a outra ficasse tão ofendida que a agredisse com tapas e a expulsasse de casa. Ficou toda encolhida esperando pela fúria de Cissa.

 

_Tu achas que eu sou uma puta?

_Eu não quero que você seja Cissa. Você é minha amiga, é uma moça bondosa, muito carinhosa e que tem pais maravilhosos e um namorado que se preocupa com você. Eu me preocupo muito com você Cissa. Eu não quero que você seja essa coisa feia.

_Como tu és tola Renée, e hipócrita. Poderia pelo menos admitir que estás apaixonada por mim. - Cissa a olhava séria.

 

Renée sentiu como se tivesse levado uma bofetada. Encolheu-se mais ainda. Tinha vergonha de olhar Cissa. Por que ela vivia se metendo em encrencas? Poderia estar em sua casa assistindo televisão e comendo sorvete com os maninhos. Por que ela tinha que estar no quarto de uma garota problemática, que atirava na sua cara que ela tinha um sentimento anormal por ela?

 

_Não vais me responder Renée? Tens coragem de me chamar de prostituta, mas não tens coragem de dizer que me ama? - Cissa a desafiava.

_Eu até posso ter esse sentimento feio por você, mas eu luto contra isso. Eu não sou uma aberração e não quero ser uma aberração. - Renée agora encarava Cissa nos olhos.

_Tudo bem senhorita aberração, para o teu governo eu não sou puta. Eu não me vendo. Eu conhecia o rapaz do carro. O nome dele é Fred.

_Tá bom. Se você diz que não é, então não é. Acho melhor eu ir pra minha casa agora.

 

Renée tentou levantar-se, mas Cissa agarrou sua mão e a segurou com força. Renée tornou a sentar-se e não tentou puxar a mão, olhou para Cissa com uma expressão de ternura e pena. Na mesma hora Cissa soltou sua mão e fechou a cara. Então Renée foi embora.

 

Durante o trajeto ficou lembrando-se de toda conversa que teve com Cissa. Subitamente se deu conta que Cissa sabia que a amava e não a desprezava por isso, mas sim por sua falta de coragem. E aquele aperto na sua mão? O que aquilo quereria dizer? Será que... Seria possível que Cissa sentisse alguma coisa por ela?

 

Fim do Capítulo

 

 


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Notas finais do capítulo

Decidi não forçar a situação nem escrever seqüências orange sem pé, nem cabeça. Talvez a história toda não passe de insinuações. Verei no que vai dar.



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