A Exceção escrita por Dreamy


Capítulo 3
Regras e exceções




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Rose estava parada do lado de fora da biblioteca. Sabia que ele passaria por aquele caminho, tinha que passar.

Um dos deveres de casa, era pesquisar todas as vantagens e desvantagens do sangue de unicornio e que efeitos têm quando utilizado nas poções.

Obviamente ela já tinha feito seu trabalho semana passada, antes mesmo do professor dar como lição. Fora coincidência ele ter escolhido exatamente o assunto que ela utilizara para treinar para os NIEM's.

Às vezes tinha suas vantagens ser nerd. E essa sem dúvidas era uma delas.

A garota fingia olhar os títulos dos livros, sem perceber que ocasionalmente contorcia seu nariz. Algo que sempre fazia quando estava nervosa.

Olhou para a portão da biblioteca. Nada.

Ele teria que comparecer. No final das contas, mesmo que talvez decida fazer sua tarefa de poções para outro dia, era o ano dos NIEM's e uma hora ou outra, teria que aparecer para estudar. Uma hora ou outra, teria que vir pra fazer algum lição. Ninguém pode evitar a biblioteca para sempre.

Vinte minutos se passaram, e ele ainda não se mostrou. As sardas de Rose se contorciam com mais frequencia toda vez que movia seu nariz. Ele teria que aparecer, cedo ou tarde. Até mesmo a tal de Charlotte, a qual seu primo se sente atraido veio junto com sua amiga. Rose não se lembrava do nome dela, só sabia que era de seu ano e tinham transfiguração juntas. Um tanto desastrada, isso ela conseguia se lembrar.

- Nervosa?

Rose deixou um livro qualquer que segurava cair.

- Droga, Al! - disse assim que se recompos do susto - Não me assuste assim!

Albus revirou os olhos e recolheu o que a prima deixara cair.

- "Mil e uma receitas de como cozinhar lobisomens, gigantes e trasgos" - leu em voz alta - Sabia que você adorava comer, mas nunca soube que tinha um gosto peculiar. - comentou surpreso.

- Eca! - exclamou a ruiva olhando para a capa - Nunca comeria coisas assim! Além de parecer pratos nojentos, é totalmente desumano! Quem escreveu isso? - questionou arracando o livro das mãos dele e procurando o nome do autor. - Ha! Pessoa esperta! Escreveu isso como autor desconhecido, não é a menos.

Albus se recostou contra as estantes. Por um segundo olhou na mesa onde Charlotte estava sentada. 

Charlotte Maison... lá, escrevendo alguma coisa no pergaminho. Provavelmente algum dever, enquanto Heaven estudava para seus NIEM's. Charlotte... sendo simplesmente Charlotte. Ele olhava para ela, enquanto esta sequer olhou de esguelha para ele. 

- Bem, acredito que você não esteja aqui para estudar - comentou o garoto voltando para a realidade e procurando tirar de sua mente a imagem da loira com sua amiga.

- Poderia dizer o mesmo para você. - retrucou a ruiva calmamente enquanto colocava o livro que lhe deu asco ao seu lugar.

- O que? - o rosto de Albus ficou vermelho. 

- Por favor - comentou a prima divertidamente. Ela se virou e deu uma cutucada um tanto forte contra o peito do amigo. - Acredita mesmo que não notei que a loira, loira, mais que loira está aqui?

- Como uma loira pode ser mais que loira?

- Não mude de assunto - exigiu movendo seu braço dramaticamente. - Você - apontou para Albus - Está completamente apaixonada pela cabelos de ouro!

- Isso não é segredo - disse dando de ombros.

- Eu sei. Mas como parece que teu amor não vai a lugar algum, irei te ajudar.

Albus pareceu alarmado.

- Me ajudar? - sua voz ficou fina como a de uma menina - Você sequer consegue se ajudar!

 - Também te amo, primo adoravél! - prevendo que Albus iria recusar a ajuda, Rose sem aviso o segurou da mão e puxou com toda a sua força para perto da mesa. Pelo movimento repentino, o garoto não pode se defender. - Oi loira, loi- , digo, Charlotte! - tanto a loira como a garota de cabelos castanhos os olharam - Sabe, estive pensando... Você conhece Albus, não?

Charlotte e Heaven olharam para as mãos entrelaçadas dos dois. A loira deu uma risadinha enquanto a amiga procurou ignorar os dois e escreveu algo em seu caderno. As bochechas de Albus adquiriram um tom escarlate e se soltou tão rapido de Rose que quase a chegou a derrubá-la. A sextanista só começou a rir mais.

- É claro que conheço - comentou tranquilamente assim que se acalmou - Quem não conhece o filho do grande Harry Potter? Não é Heav?

A outra somente concordou com a cabeça, não mantendo contato nem um nem  outro.

 A Grifinória levantou uma sobrancelha enquanto encarava Albus, sorrindo tortamente. Tendo a garota de seus sonhos a encarando assim, só fez que Potter sentisse suas bochechas ainda mais quentes. 

- Sabe, a verdade é que eu tenho planos esse fim de semana, então andei pensando se você não gostaria de ir com ele para a Hogsmeade? Não quero estragar o tempo dele só porque tenho coisas a fazer, me sentiria culpada por ele se sentir solitário. - mentiu Rose - O que acha?

Charlotte colocou a pena que usava suavemente no queixo, fazendo levemente cócegas em si mesma. Encarou Heaven que não tirava a cara de seu caderno. Pareceu pensativa por uns segundos.

- Hum... - mumurrou - Não. - disse finalmente voltando a escrever no pergaminho.

Rose torceu o nariz e fechou o punho. Que teatrinho foi aquele? Nem sequer deu motivos para não ir. Percebendo o que a ruiva queria, Charlotte adicionou, desta vez sem tirar os olhos do dever que fazia. 

- Já tenho planos.

"E não poderia ter dito desde o começo em vez de FINGIR considerar a proposta?"  - pensou Rose irritada. 

A garota olhou para o melhor amigo, não parecia irritado como ela. Mentalmente, a ruiva contou até dez até se acalmar.

- Olhe a hora! - exclamou Charlotte olhando para o relógio mágico pendurado em uma parede. - Preciso ir! A gente se vê mais tarde, Heav!

A lufana acenou com a cabeça.

- E foi bom conhecer você - disse para ruiva - Nós nos vemos outra hora, Albus.

Com pressa, a loira deixou os três.

- Charlotte! - exclamou Albus tão alto que a bibliotecária o encarou feio - Você esqueceu... - A garota já não o ouvia. Com o rosto queimando, o garoto pegou o pergaminho, a pena e o tinteiro da amada e correu atrás dela.

Sem perceber, alguém escrevia as seguintes palavras:

"Podes tentar chamar a atenção dela

Daquela que te ignora

Só cegos não vêem como é bela

Mas serás sempre invisivel, principalmente agora."

- Dá pra acreditar nela? - questionou Rose irritada. Cruzou os braços e sentou-se na mesma mesa que a lufana.

- O que? - perguntou a outra sem entender, enquanto fechava seu caderno e encarava Rose. Os olhos azuis das duas observavam uma a outra.

- Oras! O jeito que ela trata o Albus! RIDICULO.

Heaven deu de ombros. 

- A culpa é dele, de certo modo - comentou simplesmente - Não acuse alguém de um crime, quando a vitima é a culpada pelos atos.

Rose pareceu surpresa.

- Perdoe-me! - indignou-se - Você acha que é certo o modo que ela o trata?

- Nunca afirmei isso. O que eu quis dizer é que se Albus abrisse seus olhos, se ele finalmente encarasse a verdade, perceberia que Charlotte nunca gostará dele.

- Como pode ter tanta certeza?

Heaven a encarou curiosa. Depois deu um leve sorriso, seus olhos se encurvando amavelmente.

- Ele é a regra. 

Rose franziu o cenho confusa.

- O quê?

A outra deu um risinho leve e guardou suas coisas.

Colocou a mochila nas costas e levantou-se.

- Você é amiga do Scorpius, não?

Rose afirmou.

- Talvez ele devesse te esclarecer isso. A pior coisa que alguém pode fazer, é correr atrás de pessoas que nunca sentirão o mesmo por você.

- E ele deveria me esclarecer isso? - questionou incrédula.

Heaven se aproximou do rosto de Rose.

E sem nenhum motivo aparentemente, pegou o dedo indicador e tocou a ponta do nariz da ruiva. 

Rose pareceu ainda mais confusa quando depois disso, Heaven somente sorriu amavelmente.

- Scorpius é um bom garoto - comentou simplesmente se virando - Pena que não deu certo entre nós dois. 

Rose suspirou. Obviamente ela só poderia ser mais uma menina com quem Scorpius saiu. Aquele garoto já deve ter pegado a metade da escola.

- Você, minha cara - comentou parando de andar e encarou a ruiva por alguns segundos - Talvez devêsse ouvir mais o que ele tem a dizer. - e isso foi tudo antes de sair da biblioteca.

Eu hein!? - exclamou Rose em seus pensamentos - cada uma que me aparece...

Como se fosse coisa de destino, o qual não era, mas Rose amava pensar assim, houve um estrondo cerca de si. Muitos livros cairam das estantes.

- Droga! - escutou ela alguém gritar.

- Robert! - os olhos da ruiva brilharam quando notou a presença de seu amado. O grifinório olhou desesperado para os lados a procura de um refúgio. Não havia saidas.

- Rose! - disse como se acabara de perceber que estava ali - Oi... Ahm, desculpe, mas parece que tenho que arrumar isso aqui!

- Não tem problema! - pegou a varinha e com um balanço colocou tanto quanto a estante como os livros em seus devidos lugares. - Pronto!

- Maravilha - comentou o outro sem realmente parecer animado.

Rose encarou os pés, seu narizinho se contorcia um pouco e suas orelhas estavam avermelhadas.

- Sabe Robert... Eu esperei que você viesse, mas -

- Ah, desculpe! Estive... Ocupado, estudando. - mentiu.

- Se você quiser, eu te ajudo nos estudo! - gritou jogando seus cabelos ondulados e cheios para trás. A bibliotecária murmurrou um alto "SHHH".

O grifinório parecia extremamente desconfortável, mas manteve a calma.

- Sabe, Rose... A gente poderia ir para os Três Vassouras esse fim de semana. O que acha?

Ele a estava chamando para sair?

Sim, ele a estava chamando para sair!

- Adoraria!

x-x-x-x

Suas mãos estavam segurando uma a outra. Aproveitando o lindo dia, eles decidiram se sentar na grama levemente húmida cerca do lago.

- Onde você quer ir em Hogsmeade? - perguntou Hugo, planejando o que fazer quando o fim de semana chegasse.

- Não sei - admitiu encostando sua cabeça nos ombros do primo - Não preciso comprar nada. 

- Também, não. Poderiamos só dar um passeio, tudo bem para você?

Lily concordou. Ficar sozinha com Hugo era algo muito comum para ela. Mesmo quando visita Hogsmeade, sempre ficava somente com o primo.

Era até mesmo estranho. Os dois preferiam ficar isolados do resto das pessoas para poderem passar o tempo livre juntos. Muitas amigas de Lily já a haviam convidado para fazer compras ou tomar uma cerveja amanteigada, mas a ruiva sempre recusava pois sempre tinha planos com Hugo.

Nunca dissera isso em voz alta, mas a realidade era que tinha esperanças. Esperanças de que um dia ela ficasse sozinha com ele e de repente, sem motivo algum, Hugo se declarasse.

Afinal, não podia negar que havia algo entre eles, aquilo era óbvio. Sempre fora.

Se não houvesse, porque Hugo sempre se oferecia a carregar a suas coisas, por que recusava sair com outras meninas somente para poder ficar com Lily, por que sempre quando possivel, ficava ao seu lado? Por que ele lhe dava um beijo na testa toda vez que se despediam? por que andavam sempre abraçados ou de mãos dadas.

Havia algo entre eles.

E um dia, eles ficariam juntos. Um dia, essa brincadeira de fingirem serem um casal terminaria e eles seriam um de verdade.

x-x-x-x-x

- Como estou? - perguntou Rose alarmada para a Jamile.

Os cabelos da garota estavam mais controlados que de costume. Como se acostumara a usar roupas trouxas fora de escola, a ruiva vestia uma calça jeans com uma camiseta vermelha que realçava a cor de seus cabelos. Também possuia um pouco de maquiagem em seu rosto, mas nada exagerado.

- OI! - gritou quando percebera que a amiga não lhe dava atenção.

- Hã? - parecia confusa - Ah sim, Robert... é, é, ele parece legal, sim.

Uma sobrancelha arqueou-se no rosto da Weasley.

- Você está bem? Anda distraida demais.

- Estou... - mentiu. Obviamente parecia aborrecida. Percebendo o olhar incrédulo, Jamile admitiu - Ok, John desmanchou nosso encontro de hoje.

- Estranho. Disse por que?

- Parece que tem muito que estudar... - havia algo mais, algo que não lhe contava. Antes que Rose tivesse oportunidade de perguntar, Jamile questionou - Rose... Você anda roubando meus salgadinhos?

Aquilo foi repentino. Não que a ruiva não soubesse ao que a amiga se referia.

Jamile sempre recebia pelo correio uns salgadinhos de sua mãe. Aparentemente não podia comprar em lugares como Hogsmeade, era um alimento que se vendia somente aos redores de onde Jamile mora.

Por um momento, Rose pensou que a pergunta era uma piada, só que os olhos verdes da outra eram rígidos. Não estava de brincadeira.

- Não! - exclamou sem entender - Nem gosto daquelas coisas! Tem o sabor de seu cheiro! E olha que fedem!

Jamile suspirou. Não parecia aliviada, muito pelo contrário.

- Era o que temia. - sussurrou para si mesma.

x-x-x-x

- Olha só aquele par ali - começou Hugo acenando com a cabeça um jovem casal. Os dois pareciam não saber como tirar os lábios um do outro. - A garota provavelmente está imaginando: "Achei o homem certo!", enquanto o cara pensa: "É... Olha só que gostosa é aquela loira ali"

Lily deu um soco carinhoso no braço do primo.

- Pare de dizer tais coisas! - pediu sorrindo - Parece Scorpius.

- Ah é? - perguntou se divertindo - Olhe bem pra ele.

Observando mais cuidadosamente, a ruiva percebeu que de fato o garoto estava beijando de olhos abertos enquanto espiava uma loira que lia um cartaz colocado na parede. Ao perceber que o primo tinha razão, a ruiva começou a rir altamente. 

- "Não, não... É obvio que eu adoraria carregar as suas sacolas o dia inteiro!" - zombou Hugo ao ver um outro casal se caminhando pela trilha da cidade mágica. O namorado parecia estar carregando como uns cincos sacos de diferentes lojas para a garota.

"Ah, você é tão cavalheiro! Por favor, continue sendo minha mula de carga enquanto eu vou olhar essa vitrine para que você tenha mais coisas que carregar" - continuou a brincadeira ao ver que a namorada parecia interessada em algo que estava em exposição de uma loja.

Enquanto a garota parecia distraida, o sextanista colocou as sacolas no chão e massageava os ombros.

- Oh! - exclamou Hugo excitado aproximando-se da prima - Minha parte favorita! Pensamentos internos! Lá vai: "Que garota mais vadia! Pelo menos é gata... Como preciso aliviar minha tesão de adolescente desesperado, irei deixá-la me tratar como um velho elfo doméstico para me dar bem depois!"

"Aff! - Lily fingia ser a voz interior da garota - "Esse garoto é tão patético e perdedor! Se eu não fosse fraca como um palito de dentes, eu não precisaria de um adolescente como esse sujando minhas preciosas comprar! Mas como sou totalmente estupida, sem falar que burra demais para fazer um feitiço de levitação decente, vou deixar esse boboca aqui ser meu burro de carga."

"Oh, eu reclamando? - continuou Hugo quando a namorada se virou para o outro e este voltou rapidamente a pegar as sacolas - Que nada querida! Eu já disse que adoro carregar todas essas coisas que provavelmente você nunca usará?"

- "Ahhh, já disse que você é um fofo? Agora espera aqui como um bom cãozinho que eu vou gastar meu dinheiro até ficar sem nada e você ter que ser obrigado a me pagar uma bebida pra mim como agradecimento por ter tido a chance de ser um bom burrinho de carga, ta?" - e como se fosse para ser assim, a garota realmente entrara na loja fazendo que o namorado perdesse a compostura e jogasse as bolsas no chão, esperando do lado de fora.

Quando o supostamente namorado virou seu olharar para os dois, Hugo se virou e fingiu estar em uma conversa entretida com a prima. O garoto sem suspeitar da brincadeira um tanto cruel, sentou-se no chão a espera da amada.

Os ruivos procuravam rir sileciosamente, ocasionalmente falhando.

- Ai... - disse Hugo sorrindo. - Alguns casais são realmente patéticos.

- Não diga algo assim. - pediu a outra - Não é verdade.

- Claro que é! - comentou o outro pegando de seus bolsos vários pirulitos diferentes. Agarrou o de cor amarela, o sabor predileto de Lily, entregou-a e guardou os outros - Aquilo ali - continuou apontando para o garoto solitário com as compras - É só um exemplo de vários.

Lily revirou os olhos e abriu a embalagem do pirulito. Olhou por uns instantes a cor amarela e depois colocou o doce na boca. Dois segundos depois retirou um fio de cabelo que estava em frente do olho esquerdo.

- Digo... Para que? - continuou o ruivo a filosofar - Para que entrar em um relacionamento desse tipo? Somente por que você tem a oportunidade de fazer coisas sacanas com essa pessoa, para isso? A maioria dos relacionamentos não dão certo, sabia? E aqueles que tem a sorte de chegar a se casarem, mais de 60% deles vão acabar se separando e até divorciando. Digo, ok admito... Nós adolescentes temos nossas... digamos, urgencias... Mas sejamos sinceros, será que não supervalorizamos os relacionamentos sérios hoje em dia? - se questionou observando aquele pobre sextanista. Ele havia se levantado e já recolhia as bolsas quando a namorada chegou com mais três novas para ele carregar - Pode parecer idiota... Mas acho que uma amizade verdadeira, vale mais do que um relacionamento sério que no fim, provavelmente dará errado. Pra que ter uma namorada, quando no fim, essa pessoa poderia ser sua melhor amiga pro resto da vida sem ter as complicações que um namoro tem?

- É, é... concordo. - comentou assim que o outro finalmente calou-se.

Hugo a encarou cuidadosamente.

- Não, você não concorda - disse decepcionado, chutando uma pedrinha.

- Concordo sim! - afirmou retirando o pirulito da boca.

- Lily... você fica tão bonitinha quando acha que me engana - admitiu rindo. - Você não pode mentir pra mim.

- E como pode ter certeza de que estou mentindo? - desafiou.

- Você mexe as sobrancelhas quando não concorda com algo que outra pessoa diz mas tem medo de contrariar - respondeu imediatamente. - E poucas coisas fazem você retirar um pirulito da boca quando começa a chupar. Uma dessas coisas é fingir afirmar uma mentira.

Lily revirou os olhos e colocou uma mecha que estava em seu rosto atrás da orelha.

- E quando não sabe o que dizer, você mexe no cabelo! - continuou o outro ao ver o movimento da prima. O rosto de Lily ficou vermelho. - Bem... Eu sei que você não entende meu ponto de vista - disse abraçando a ruiva pela cintura - Mas quem sabe um dia, você talvez compreenda um pouquinho.

- Um dia, quem sabe - disse a outra roubando discretamente mais pirulitos do bolso do primo.

x-x-x-x

Rose brincava distraidamente com o porta copos que o garçom esquecera de retirar da mesa ao lado. Fazia um tempo que estava sentada esperando por Robert.

- Ele não vai aparecer.

Rose revirou os olhos para o amigo loira que apareceu para lhe fazer companhia. Irritada, cruzou os braços.

- Fique quieto.

- Posso ficar, mas isso não muda o fato que ele não vai vir. - Scorpius comentou notando como Rose contorcia o nariz. Procurava não rir daquela mania que ela tinha. - A quanto tempo você está aqui mesmo?

- A... uns dez minutos?

- Ah, jura? - questionou fingindo surpresa - Estranho... Estou aqui a mais de duas horas e quando cheguei, já estava sentada nesse mesmo lugar com essa cara de tacho.

- Ué... Foi como eu disse... Duas horas e dez minutos - corrigiu-se. Scorpius deu uma risada fazendo que Rose lhe desse um soco forte no braço, o que fez calar-se.

- E porque ainda continua aqui? - o loiro acariciava o lugar onde a outra lhe bateu - Até Jamile deu o fora faz quase uma hora! 

- Ele ainda pode aparecer - justificou Rose. Scorpius gemeu irritado com a ingenuidade da amiga. - Digo... Ele pode estar de castigo por ter feito algo na aula... ou encontrou um gatinho preso na árvore ou... ou... ou sua avó morreu!

- Ou... ele... não... - explicava lentamente para que Rose compreendesse uma vez por todas - veio... PORQUE não QUIS!

Rose amarrou a cara e estava prestes a tampar os ouvidos quando Scorpius a agarrou os dois braços e disse seriamente.

- Quer me escutar? UMA VEZ NA VIDA ME ESCUTE? - pediu irritado - Se continuar assim, você só vai se machucar constantemente! Rose, uma garota inteligente como você não merece ficar levando foras de um bando de caras que não dão a minima para você! Já te vi levando um fora atrás do outro nesses o que? Três anos? E por isso, eu imploro, PARE DE FAZER OS MESMOS ERROS E ME ESCUTE!

Normalmente Rose teria se levantado. Normalmente ela teria revirado os olhos e ido embora. Normalmente ela teria o ignorada, como sempre o fazia.

Mas, quantas vezes ela fugiria? Quantas vezes mais ela faria o mesmo erro? Quantas vezes mais ela sairia com alguém que no fim não pretendia ter nada sério com ela?

Talvez seja por ter sido a primeira vez que Scorpius fala com ela no momento que levou o fora e não dias depois. Talvez fosse pelo que a tal de Heaven lhe falara mais cedo, mas por algum motivo, a garota abaixou os braços lentamente, acenou com a cabeça e disse:

- Ta, pode falar.

- Hã? - perguntou estupefado. Rose Weasley, iria ouvir o que tinha a dizer?

- Diga logo antes que mude de ideia, Malfoy.

Alerta vermelho. Sempre que Rose diz o sobrenome de um amigo, é porque está irritada.

- Ta, certo. Bem... Esse Rubert.

- Robert - corrigiu.

- Tanto faz! Esse "cara", ele nunca vai ir por espontânea vontade conversar com você!

- Ah, é mesmo? - os olhos azuis brilharam em desafio - Como você pode saber?

- Porque sou um garoto! É assim que nossa mente funciona... Digo, vocês sairam, depois disso, passaram-se dias ele sequer lhe disse oi pelo corredor! Depois você vai atrás dele, grande erro se quer saber, e ele diz que vai "manter contato" e OH! GRANDE SURPRESA! Ele não manteve! E o que você fez? Aposto que foi atrás dele, DE NOVO, e ele te convida para sair... Um encontro no Três Vassouras, que é a coisa mais clichê do planeta, mas que seja. E adivinha? Ele não veio? Me corrija se algum detalhe estiver errado... mas estou cem porcento certo, não?

Rose piscou uma, duas, três vezes até que finalmente disse em uma voz quase inaudivel.

- Talvez.

- E sabe porque ele te convidou pra cá, mesmo não tendo a intenção de te ver? Para que no fim, você se sinta decepcionada e não vá mais conversar com ele por achá-lo irresponsável e fazer você pensar que está dispensando ele ao  ignorar-lo, quando na realidade é completamente o contrário.

- Não acha que está, sabe, exagerando?

- Oh não! Muitas garotas afirmam que nunca levaram o fora, mas sim que elas que terminaram com os supostamente namorados... É engraçado como a maioria é só manipulável. Sabe, muitos de nós, simplesmente quando se cansam acabam metendo ideias na cabeça das meninas pra que no fim, elas sejam aquelas que terminem com ele. É um trabalho bem sutil, na realidade... Tipo, eles vão implantando mentiras sorrateiramente até que a garota decida terminar, por exemplo... Você já deve ter ouvido pelas suas amigas ou até mesmo por experiencia própria às seguinte frases: - Scorpius colocou a mão no peito e engrossou um pouco mais a voz - "Só penso em seu melhor, docinho", "Não quero ficar no meio do seu caminho", "Você é perfeita, mas preciso trabalhar em mim mesmo", "Estou somente pensando na sua felicidade!" ou, a minha favorita "Eu não te mereço"...

Rose pareceu pensativa por uns segundos, processando cada palavra do amigo. Ainda não convencida atacou:

- Ta, pode ser... Mas Lassy, a garota que graduou ano passado, ela tinha essa queda por um garoto desde o segundo ano! Ele a ignorava e quase nunca conversava com ela... Quatro anos passam e um certo dia -

- É, essa Lassy é uma idiota - cortou Scorpius antes que Rose terminasse sua grande historia de amor - E ela também é a exceção.

- A exceção? - perguntou Rose sem realmente entender.

- É bem simples - explicou - A regra é a seguinte...Se um garoto te trata como se não ligasse pra você, é porque genuinamente ele não liga! Se ele não aparece em um encontro, é porque ele não quis aparecer! Se ele não fala com você no corredor, é porque ele não quer falar! Viu? Fácil de entender, não?

- Ok... Mas e se eu for a exceção?

- Não, Rose! Nem comece! - implorou apontando para a amiga - O maior erro que uma garota pode fazer é acreditar que é a exceção! As exceções são muuuito raras! Se você acreditar que pode ser a exceção, vai acabar se magoando pelo mesmo idiota! Vai continuar a correr atrás desse... Robert, era o nome? Bem, desse cara! Vai ficar fazendo o mesmo erro. Você, Rose... É a regra! Assim como todas as outras 999.999.999 de 1.000.000.000!

Rose refletiu um pouco. Seu nariz começou a se contorcer mais ainda.

- Olha... Eu sei como é dispensar garotas, ta? - disse sinceramente - Eu mesmo já fiz por anos! E na verdade, eu nem mesmo deveria estar compartilhando tais segredos com uma menina, mas vou ser sincero... você é a minha melhor amiga e eu realmente me importo com você. Estou cansado de te ver frequentemente pra baixo somente porque um cara agiu como... um cara!

- Hum... Interessante. - admitiu a garota. - Na verdade... Você me deu muito no que pensar.

- Mesmo? - questionou surpreso consigo mesmo.

- É! Na verdade sim! Heaven estava certa! - disse saltando para fora da cadeira - Eu deveria escutar mais o que você tem a dizer! - Rose desmanchou os cabelos do amigo com a mão - Obrigada Scorpius!

Rose não percebeu que Scorpius parecia perplexo por ouvir o nome de Heaven, mas o garoto decidiu não se pronunciar quanto a isso.

A garota roubou  um copo das mãos de um desconhecido e bebeu a cerveja amanteigada de dentro.

Depois da conversa com seu melhor amigo, ela havia se transformado.

Sentia-se como uma nova Rose!

- Hey! - exclamou o garoto irritado quando a garota devolveu o copo e se fui - Minha bebida - comentou olhando com repugnâcia a cerveja de suas mãos. Perdera a vontade de beber aquilo agora que provavelmente continha a saliva de outra pessoa.

Scorpius recostou contra a cadeira. Seu rosto continha um meio sorriso.

Pela primeira vez Rose Weasley aceitou seus conselhos.

E sem que os dois soubessem, naquele momento em diante, as coisas mudariam. Não somente na vida de sua amiga, mas como também na vida de outras pessoas ao redor.

Tudo que uma garota precisava saber, Rose agora sabia. Afinal, só precisava se lembrar de um simples detalhe: Ela era a regra e não a exceção.


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Notas finais do capítulo

Aparentemente tenho 9 leitores. Se isso é verdade, eu estou implorando para que cada pessoa que acompanha, ou até mesmo aquela que somente está lendo mas nao acompanhando, COMENTE!
POR FAVOR!
Mesmo que seja uma critica ruim, nao importa, mas deixe um review. Isso incentiva os autores.
De qualquer modo, espero que esteja gostando *-*
Beeeijos