Quando liberaram a gente já eram 04:40. Claro que os pais da Sabrina e do Zack ligaram. Nós explicamos tudo e  eles ficaram preocupadíssimos. Depois de muitas conversas conseguimos convencer eles de que não precisavam vir. Avisamos que assim que nos liberassem íamos pra casa.

Deixamos eles na casa deles e a Dona Cláudia quase teve um treco quando viu o curativo no braço do Zack.

- EU JÁ DISSE QUE NÃO PODE REAGIR! PODIA TER SIDO MUITO PIOR!! APOSTO QUE ELES FORAM PEGAR SUA PRECIOSA CAPINHA DO IPHONE QUE PARECE UM POKEMOM E VOCÊ PARTIU PRA CIMA DELE!

Seguramos o riso. O Zack coçou a nuca e corou.

- Olha, mãe... Não foi isso... – ele tava se enrolando pra se explicar.

- Foi por uma cousa muito mais nobre. – Bia se pôs ao seu lado, segurou sua mão e sorriu pra ele.

-Não me diga que... Você protegeu ela? – Ele corou muito e de repente o chão era a coisa mais interessante do mundo pra ele. – AAWN QUE COISA MAIS LINDA!!

Ela apertou as bochechas dele e balançou-as. Foi ai que o Josh não aguentou mais e deu a gargalhada mais gostosa de todos os tempos. Com aquela risada e aquela situação, até os pais deles começaram a rir.

Nos despedimos e combinamos de nos encontrar amanhã pra curtir uns dos últimos dias de férias que tínhamos. Pois é, nossos dias de liberdade estavam acabando, apenas mais 3 e depois: trabalhos, tarefas, textos, e bitches pra aturar. Falando nisso, eu acho que todos nós seremos da mesma escola. Só Josh e Zack que provavelmente serão um ano na frente.

Peguei minhas coisas na casa da Bia e fui pro meu querido apartamento que me aguardava.

Cheguei quebrada, como é de se esperar depois de passar a tarde num parque e depois ser assaltada.

Tomei um banho e enquanto aquela água quente caia sobre meu corpo eu pensava nos milhares de coisas que aconteceram na minha vida de um dia pro outro.

Eu era aquele tipo de garota que não se relacionava com ninguém, mesmo sendo um pouco famosa por causa dos CDs. Sabe, depois de tudo o que eu passei, de tudo o que eu perdi, eu não me sentia bem em ficar perto das outras pessoas ainda mais se eu gostasse delas. Eu tinha medo de que acontecesse com elas o que aconteceu com minha família. É lógico que essas pessoas não capotariam um carro e me deixariam, mas... se acontecesse, eu não estaria lá para causá-lo como aconteceu da última vez.

Essas lembranças e essa... essa culpa sempre mexiam comigo. Mas ali, no banho, minhas lágrimas só seriam mais um pouco de água escorrendo pelo meu corpo.

Tentei ir atrás do meu passado, mesmo boa parte dele ter ido embora.

[N/A : Então pessoal, eu esqueci de postar um capitulo, lembra que eu disse? Então, vou fazer um resumo do que tinha nele agora, ok? ]

Eu fui até o orfanato Mão Estendida e a Srt. Clary me recebeu calorosamente. Ela que cuidara de mim e Bia quando éramos pequenas. Pedi pra ela o endereço da Bia, que estava correto.

Nós nos reencontramos como melhores amigas e ‘refiz’ uma amiga pra vida toda. Com ela veio Josh, um príncipe. Mas, estou pensando seriamente em me afastar... eles são pessoas boas demais para que eu me meta e acabe com tudo. Zack e Sabrina, nem me fale... Eles tem pais maravilhosos e se eu conseguir acabar com isso também, eu nunca vou me perdoar.

Falando assim até parece que eu já me perdoei pelo que fiz. Choro toda noite por ter perdido eles. Por ter perdido ELE. E me dói saber que eu fui a causadora disso tudo. Que eu sou a culpada por tudo isso.

Sinto saudades. Será que onde quer que ELE esteja, continua me amando do jeito que dizia me amar? Éramos crianças, mas o sentimento era verdadeiro...

Por que naquele dia tinha que estar chovendo tanto? Por que eles tinham que estar brigando? Por que aqueles dois não podiam parar de gritar?

Assim, o bebe não choraria, o meu irmão não teria se sentido mal e eu... eu não teria gritado.

Está vendo? Eu sempre destruo tudo... e daquela vez eu destruí as coisas mais importantes de toda a minha vida.

E agora que eu encontrei a Bia, o Josh, o Zack, a Sabrina... Eu não posso... Não posso acabar com a vida deles.

Não, eu não posso destruir a felicidades deles só porque eu estou feliz. Seria muito egoísmo!

As palavras de Josh ecoavam na minha cabeça: “Eu só vou deixar de existir quando você me deixar...”

E agora?

Eu não devia ter ido atrás do meu passado! Não devia nem ter pensado nisso!

- Eu sou uma idiota! – Gritei e bati minhas mão cerradas no box de vidro.

O vidro quebrou em pedaços por todo o banheiro, mas eu apenas terminei de me enxaguar.

Fui pisando nos vidros. Não ligava. Afinal, não doía. Não mais do que perder toda a sua família e o amor da sua vida. Na realidade eu acho que eu nem tenho mais vida. Se ainda me restou alguma... Ela é uma droga!