Coming Wave escrita por Hi there Lívia, Licurgo Victorio


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oiee :)

Então, depois desse grande abandono, eu volto com a cara de pau e posto novo capítulo. Desculpas é o mínimo :(
Mas cry no more porque tem bastante capítulos prontos (que na verdade estão prontos a anos mas nunca foram postados porque eu sou esquecida e abandonadora de projetos, vergonha pra mim, pra minha família e pra minha vaca tbm) muita coisa pra acompanhar e muita coisa pra acontecer hehe

Eu não sei, mas eu gosto muito desse capítulo? Quando peguei pra reler esse eu morri! Tinha esquecido como a Cassandra fica toda simp pelo Gideon e mds como eu ri. Espero que vocês também :)



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Eu nunca havia culpado a Capital e as pessoas que viviam nele pelos Jogos e por tudo o que acontecera. O presidente e seus políticos eram os culpados e sua população era tão frívola que sequer sabia o que acontecia ao seu redor. Ou pelo menos era o que eu havia concluído assistindo programas da Capital, ou talvez essa conivência fosse tão ruim quanto. De qualquer forma, achei estar habituada. Mas quando vejo todos na estação de trem nos olhando me surpreendo. As roupas mais estranhas eram combinadas com cabelos muito coloridos e, como se faltasse cor, a maquiagem brilhante.

Depois de superar o aglomerado de cores, vejo a Capital em si e solto algo entre um suspiro e um arquejo, pois é simplesmente deslumbrante. As paredes da estação eram de vidro e pude ver os rios, prédios e montanhas ao redor, tudo enquanto Finnick e eu acenamos para todos.

A ida do trem até nossos alojamentos no Centro de Treinamento passa como um borrão para mim. Haviam tantas câmeras, pessoas e repórteres que mal noto por onde ando, mas sorrio assim mesmo.

O prédio com nossos alojamentos era, como tudo ali, estonteante. Cada andar era designado a um distrito, portanto o nosso era no quarto andar. Eu me sinto como criança ao subir no elevador de vidro, nada se comparava aquilo tudo. As mesas, cadeiras, sofás e tudo mais tinham formatos estranhos mas não deixavam de ser belos. 

— Venham comigo, crianças. Mostrar-lhes-ei seus quartos.

Dizer que meu quarto era grande seria um eufemismo incalculável. Haviam duas portas, que eu deduzo serem o vestuário e o banheiro, para onde me dirijo a procura de um banho, onde eu realmente não tive que fazer muita coisa. Eu apertava alguns botões e jatos de água quente, xampu, sabonetes, loções e o que mais quisesse saíam não sei muito bem de onde. Sequer tive que me secar ou o meu cabelo, pois algum outro botão que encontro aciona ar quente e logo meus cabelos caem como uma cascata de ondas louras e macias nas minhas costas.

Sendo uma carreirista, tenho uma reputação a manter, por isso escolho uma saia branca e uma blusa laranja clara de seda e fico um tanto surpresa ao ver meu reflexo no espelho. Parece alguém tão mais velha.

Outra coisa surpreendente foi Eda durante o jantar. Eu não fazia ideia de que um ser humano podia falar tanto e ao mesmo tempo respirar.

— Em algumas horas chegam os tributos restantes. Os tributos do 1, 2, 5 e 7 já estão aqui. Como amanhã a noite será o desfile de apresentação, vocês passarão o dia com sua equipe de preparação e estilista. Eles são incríveis e a equipe é...

Finnick e eu escutamos a procura de alguma informação útil, porém, à medida em que ela continua a falar, fica claro que estava muito mais focada em descrever destaques da moda e voltamos nossa atenção à comida.

— Escutem, você dois, – Mags interrompe o falatório de Eda. – Amanhã, com os estilistas, não os contrariem. Eu sei que poderá ser difícil, mas concordem com tudo.

Nós nos entreolhamos, ambos lembrando de desfiles anteriores onde tributos tiveram que usar trajes ridículos ou até nus, mas assentimos. O mais estranho é que Finnick e eu estamos lidando muito bem com isso tudo. Conversamos como sempre e rimos um do outro. Fico triste ao me perguntar quanto tempo isso duraria.

— Os últimos a chegar serão o distrito 10 e 12, – disse, de repente, Grewer, me olhando como se quisesse que eu entendesse algo. E entendi. Haymitch estaria aqui em breve.

 

Acordo de um sono sem sonhos quando uma garota loira entra em meu quarto trazendo toalhas novas e limpas. Enquanto espreguiçava, eu digo bom dia, ao que a garota sorri, mas não responde. Como estou com fome, não dou muita importância ao assunto, coloco qualquer vestido que encontro na minha pré-seleção de roupas e me dirijo à sala de jantar. Haviam uns pãezinhos com um creme de queijo que me dão vontade de comer uns dez. Deve ainda ser bem cedo, pois eu estou sozinha à mesa quando Grewer senta-se.

— Hoje irá ficar o dia todo se arrumando, ansiosa?

Eu solto um resmungo.

— Com certeza, – ele ri com isso. – Grewer, – eu continuo, hesitante. – há alguma maneira de um tributo conhecer os mentores de um distrito que não é o seu?

— Se repetir essa pergunta na frente de todos na hora do jantar, sim. Diga que é fã de quem quer conhecer.

Assinto, grata por ele compreender meu desejo por trás da pergunta e decido fazer outra que me intrigava, agora que a fome não mais nublava meu pensamento.

— A garota que trabalha aqui é muda?

— Não, é uma Avox.

É claro, penso comigo mesma. Ser uma Avox quer dizer que ela fez algo que desagradasse a Capital e foi punida por isso, perdendo a língua e a liberdade. Eles são renegados. Mas trabalhando aqui...

— Eu não sabia que...

Nesse momento, três seres tão estranhos entram na sala que minha primeira reação é agarrar a faca mais próxima na mesa. Mas então noto que estão acompanhados por Eda e a estranheza é a normalidade da Capital. Levanto-me e sou apresentada à minha equipe de preparação.

— Os estilistas chegarão mais tarde, – acrescenta Eda.

Eu os acompanho até uma sala onde, segundo eles, serei colocada em ordem. Eles são muito agitados, como filhotes de gatos com um brinquedo. Um deles é um homem, com pele cor de rosa, outra uma mulher com uma peruca verde berrante e um vestido da mesma cor exata e a última era um tanto bonita, mas seus acessórios e peruca extravagantes demais para meu gosto. Pediram para que eu me despisse e deitasse na mesa.

Após alguns minutos, minha pele estava insensível, pois fora esfoliada, lavada e ensaboada, além de ter perdido todos os pelos do corpo ou era essa a sensação ao menos. Passaram diferentes loções e cremes, além de lavar meu cabelo de várias formas diferentes. Na verdade, a única coisa que elogiaram em mim foram os meus cabelos. Pois eles pareciam achar defeito em todo o resto. O meu dedo mínimo era menor do que deveria ser. O lábio inferior era maior do que o superior, meus joelhos eram feios e soltaram um gritinho em uníssono ao ver minhas unhas. Mas sorriam para mim o tempo todo e sempre passavam a mão em meu cabelo o que considerei como algo bom.

Enfim se dão por satisfeitos e me deixam sozinha, avisando que Gideon logo estaria comigo. Me cubro com um robe que encontro e então, espero. Esperava alguém tão exótico quanto os três gatinhos, mas me surpreendo quando um homem muito bonito de aparentes vinte e poucos anos entrou. Ele usava uma calça preta e blusa azul metálica, com apenas umas mechas azuis nos cabelos negros como que para combinar. O mais impressionante eram os olhos azuis, muito intensos e brilhantes e a escolha da cor na roupa e cabelo dava a impressão de que ele sabia muito bem o efeito que seus olhos causavam nas pessoas. Vejo-me obrigada a me colocar na lista de pessoas afetadas por eles.

Ele se aproxima de mim, pega minha mão e a aperta, olhando fixamente em meus olhos, diz sorrindo:

— Prazer, Srta. Cassandra. Eu sou Gideon, seu estilista.

Em seguida, me olha de cima abaixo e tento não enrubescer, olhando para qualquer lugar menos para ele.

— Me acompanhe, por favor, – diz, se afastando em direção a porta, como que para me dar privacidade.

Ele me leva até outra sala onde sentamos em um sofá de frente a uma pequena e baixa mesa sobre a qual havia um lanche para nós.

— Você não disse uma única palavra desde que a vi, é sempre assim?

Recupero-me a tempo e uso o sarcasmo que Grewer sugerira.

— Na verdade, sou o oposto, mas acho que ainda estou me recuperando de ter sido colocada em ordem. 

Ele ri e o som é bom e me pego pensando no formato de seus lábios quando ri. Eu me sacudo mentalmente. Preciso manter o foco. Tenho 16 anos, estou prestes a entrar nos jogos, era de se esperar que houvesse mais clareza na minha mente. Mas talvez fosse isso, eu tenho apenas 16 anos, afinal de contas.

— Desculpe por isso, mas é o procedimento padrão. Tenho certeza de que irá se recuperar. – ele me lança um sorriso de canto de lábio que fez meu coração pular uma batida. Nova sacudida mental. – Acredito que você já tenha assistido a alguns desfiles, certo?

— Certo, – respondo. – Tecnicamente é obrigação dos cidadãos assistir a tudo. Perdão, continue.

Acho que desta vez eu tinha ido longe demais, mas Gideon apenas ri.

— Tudo bem, Srta. Sarcasmo, então sabe que as roupas dos tributos são baseadas nas atividades de cada distrito. No seu caso, a pesca.

— Isso significa que vamos ser um peixe ou algo assim?

— Olhando para você e seu amigo tributo, Finnick, considero um desperdício vesti-los de peixe. Mas tem algo no seu distrito que é tão belo quanto vocês dois: o mar.



Meu vestido é lindo. Gideon havia me dito que a equipe queria aumentar o decote, mas ele não permitira, disse não gostar de exageros e tenho que admitir que o gesto me deixa grata.

O tecido é da cor do mar, mas não apenas azul. A cor é igual a um mar raso e cristalino onde se pode até ver a areia sob seus pés. Há algum tecido transparente por cima que o faz parecer ondular como pequenas ondas do mar. É um vestido sem alças e longo. Já meu cabelo é deixado solto e mais ondulado do que nunca e mechas azuis foram pintadas nele. Ao menos foi o que eu os vi fazer, mas quando me olho no espelho, me acho irreconhecível. Não costumava me achar bonita, mas não posso deixar de achar estar. Meu rosto parece tão natural, como se fosse bonito daquele jeito sem fazer esforço, meus cabelos nunca pareceram tão sedosos e o vestido deixa à mostra a pele bronzeada dos meus braços e ombros. Haviam desenhos azuis com pequenas pedras preciosas por todo meu braço que reluziam de acordo com a luz. Eu pareço uma parte do próprio mar.

Achei que não podia ficar mais deslumbrada quando Gideon se abaixa e aperta algo na barra do meu vestido. Imediatamente, água começa a escorrer por meu vestido e levanto a mão para tocá-lo, certa de que ficaria molhada, mas a sensação não vem. Meu vestido está completamente seco, embora meus olhos digam o contrário.

— O que... como você...? – gaguejo, fazendo-o rir.

— É apenas ilusão, mas não vou te contar como. – Ele torna a rir ao ver minha expressão, mas a ignora. – Bom, não vamos gastar, não é?.

Ao dizer isso desliga o que quer que fosse na barra e me leva pela mão até a sala onde Finnick e sua estilista já estão. Eu já estava acostumada com a beleza de Finnick e com as garotas que sempre estavam atrás dele, mas de alguma forma ele está ainda mais bonito. Ele usa uma calça, uma blusa aberta que deixava à mostra boa parte de seu peito e uma espécie de capa até os joelhos da mesma cor do meu vestido e eu sei que tinham o mesmo efeito. Ele também tem os desenhos azuis nos braços que parecem destacar mais nele, uma vez que sua pele é mais bronzeada que a minha.

— Olha só o que fizeram com você! – Exclamo com tom de desgosto forçado, rindo em seguida. Ele se vira e ergue uma sobrancelha ao me ver, mas não passa despercebido a mim o leve e disfarçado arregalar de olhos antes disso. 

— Não sei o que disseram a você, mas não está muito melhor. – Responde e nós rimos. – Então, gostou do seu estilista?

Penso por um minuto. Não decidira o que pensava sobre Gideon ainda, nem como me comportar perto dele. Não consigo me livrar da estranha sensação de me importar com a opinião dele sobre mim.

— Acho que sim. E você?

— Ela é legal, – diz, indiferente. – Ela até me deu isso, – ele estende as mãos para mim e dentro dela há pequenos cubos brancos.

— O que são?

— Cubos de açúcar. Pegue um.

Ergo uma sobrancelha o que o faz rir, mas acabo por aceitar um quadradinho.



Nós estamos em uma carruagem azul escura, guiada por cavalos também azuis, que devem ser treinados pois a carruagem não possui rédeas. Nossa equipe de preparação nos rodeia, arrumando os últimos detalhes antes do desfile. Gideon e Noelli, estilista de Finnick, se aproximam de nós.

— Nada de mandar beijos, apenas acene. Eu quero um sorriso de canto nesse rosto, – disse Noelli, se dirigindo a mim e é esse sorriso que involuntariamente veio ao meu rosto. – E você seja encantador, mande beijos, agarre flores, o que for. Enquanto ela for do tipo que abraça crianças, seja o que conquista a mãe delas.

Nós assentimos, receosos, e a carruagem começa a andar.

A multidão já está gritando e aplaudindo e vi o motivo. A imagem dos tributos do distrito 3 preenchem as telas. Eles vestem algo que parecia emitir pequenos raios de eletricidade como teslas. Todos os adoram.

Mas então a beleza de Finnick faz efeito.

A multidão grita nosso nome e jogam flores, que Finnick ocasionalmente pega no ar, beijava e mandava de volta. Eu sorrio e aceno, esperando ser tão boa quanto ele. A música vai abaixando e as carruagens são alinhadas em uma meia lua. O presidente Snow se levanta de sua grande e impetuosa cadeira.

— Tributos, sejam todos bem-vindos ao 65º Jogos Vorazes. Que a sorte esteja sempre a seu favor.

Ele continua seu discurso e o som da sua voz me enche de ódio, nojo e irritação, mais do que em toda a minha vida. Minha expressão encantadora vacila por um minuto e Finnick percebe. Sua mão estende para a minha e a aperta discretamente, soltando-a em seguida. Aquilo faz eu me sentir pior.

Quando Snow termina, meu rosto e o de Finnick voltam para as telas imediatamente, seguidos pelos tributos do três e intercalados com outros. As carruagens voltam a andar e, mais alguns acenos e sorrisos depois, estávamos fora da vista de todos. Finnick e eu soltamos algo entre um suspiro e um resmungo ao mesmo tempo.

Nossos estilistas nos recebem entusiasmados e nossa equipe de preparação nos ajuda a descer da carruagem enquanto falam sobre nosso desempenho, os comentários que as pessoas fizeram, as roupas de outros tributos... sinto minha cabeça próxima de explodir.

Então Mags aparece e nos socorre, levando-nos de volta ao nosso andar. Antes de entrar no elevador, dou uma última olhada para trás e vejo as expressões hostis que outros tributos me lançavam.

Ótimo, é muito bom fazer amigos.


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Notas finais do capítulo

Prontinhoo!
O que acharam do Gideon? Ele vai ser legal, juro, ou talvez eu mude de ideia. Como afirmei antes, eu sou doida.
Espero que tenham gostado e já vou colocar mais um capítulo pra me redimir.



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