Fairy Tales escrita por Veh


Capítulo 18
Capítulo XVIII - O fim


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo. Mas, não desanimem, ainda tem o epígolo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/25469/chapter/18

       Acordei, me arrumei tomei café e fui para a escola. Fui me arrastando devagar, sem a  mínima vontade de ir. Mesmo depois do afogamento, meus pais não queriam deixar eu ficar em casa, “Se você aguenta ir ao shopping, pode ir a aula.”. Então, tomei o cuidado de chegar mais tarde o possível.


 


- Magali! - Mônica me chamava, já no fim da aula.


 


- Sim?


- Olha para a Denise.


 


        Olhei. No canto da sala, Denise estava se agarrando com o Xaveco. Confesso, achei meio nojento. Sei lá, muito brusco. E, isso me lembrou do Cascão, o que me fez lacrimejar. Felizmente o sino bateu, e, na mesma hora, peguei minha mochila e saí da sala, afinal, eu já havia guardado meus materiais.


 


- Magali!


 


        O que eu mais temia aconteceu. Cascão me chamou, e eu não estava preparada para isso. Meio que num reflexo, virei para trás, encontrando seus olhos a me encarar.


 


- O que é?


- Você está chorando?


 


        Por que eu sempre choro quando não devo? Rapidamente, enxuguei minhas lágrimas, antes que eu não pudesse mais contê-las.


 


- Não, foi só uma poeirainha, nada demais.


- Por que você está me ignorando?


- Eu não estou te ignorando. Só não estou falando com você.


- Que é o mesmo que ignorar. Eu sinceramente não te entendo. Um dia você me beija, no outro me ignora. O que você quer dizer com isso?


- Claro, você ignora você ter reatado com a Cascuda.


 


        Nessa hora, eu não me importava mais com as lágrimas, deixava-as correrem livremente. Os outros alunos passavam olhando para nós, alguns riam, outros simplesmente continuavam a andar.


 


- Do quê você está falando?


- Como assim? Você voltou com a Cascuda, não foi?


- Quem te contou isso?


- A Denise.


- E você acreditou nela? Ela é a maior fofoqueira da escola, todos sabem disso!


- Ei, ela é minha amiga! Mas, você não está com a Cascuda?


- Claro que não!


 


        Assim que ele disse essa frase, uma enorme alegria me invadiu, e, eu não sei por que, pulei nele, abraçando-o.


 


- Todo mundo deve estar pensando que nós somos malucos. – Ele disse, ainda me abraçando. – Completamente malucos.


- E desde quando nós ligamos para o que os outros pensam?


 


        Era tão bom abraçá-lo, tão bom falar “nós”. Porque, agora, era nós. Eu e ele.


 


- Nunca ligamos.


- Vai lá em casa hoje?


- Estamos namorando?


 


        Beijei-o, assim, dando sua resposta. Aliás, resposta qual qele gostou muito.


 


- Claro que vou, depois dessa sua resposta. – Ele falou sorrindo.


 


        Puxei ele pela mão, e fomos caminhando até minha casa de mãos dadas, entre risadas e beijos. Ao chegarmos em casa, meus pais não estavam. Me lembrei que hoje eles iriam almoçar na empresa do meu pai, que comemoravam alguma coisa.


 


- Não posso demorar muito. Se não, minha mãe vai ficar preocupada, Magali.


- Ah, claro! É melhor você ir para casa, depois você volta.


 


        E ele foi embora. Eu fiz um miojo, estava com muita preguiça de cozinhar. Enquanto ele não chegava, esperei no meu quarto, folheando uma “Carrapicho” do mês passado. Eu já estava impaciente, e ele chegou. Abri a porta para ele, dando um sorriso enorme.


 


- Isso é para você. – Ele disse, me estendendo um buquê de margaridas.


- Obrigada. Hum... eu tenho que mostrar uma coisa para você.


 


        Eu coloquei as flores em um vaso e fui para o meu quarto, fazendo sinal para que ele me seguisse. Enquanto eu ajeitava as flores na minha escrivaninha, ele observava o quarto, que, graças à Deus estava arrumado.


 


- O que é isso? – Ele falou, apontando para minha frase, que estava colada em cima da mesa de cabeceira.


- Ah, isso? “A vida não é só conto de fadas.”. Era minha frase de vida.


- Hum...


- E, qual é a sua frase de vida?


- A minha? “Viva cada dia da sua vida como se fosse o último, um dia você acerta.”


- Gostei. Bem a sua cara.


 


        Lá fora, chovia. Não o suficiente para encharcar alguém, mas, logo seria isso.


 


- A Zucreide!


- O quê? – Desde quando meu namorado se importava com uma tal de Zucreide? Aliás, o quê, ou quem era Zucreide?


- Minha bike!


- Ah! – Eu ri.- Eu tiro ela da chuva para você. E, feche a janela daqui, a do resto da casa já está fechada.


 


        Corri para fora, antes que ele me respondesse. Achei a bicicleta preta na frente da porta, e ela já estava um pouco molhada. Coloquei-a na garagem, e já estava entrando em casa quando ouvi alguém me chamando.


 


- Magali!


 


        Olhei para a calçada molhada, e lá estava Quinzo me encarando.


 


- Desde quando você namora o sujão? – O grosso me perguntava.


- Desde quando eu te devo explicações?


- Não fuja da pergunta. Você estava me traindo?


- Nós terminamos á um mês!


 


        Eu não acredito que estava discutindo isso, debaixo da chuva, com meu ex. Aliás, não é nada confortável.


 


- Magali? – Cascão me chamou – Esse idiota está te incomodando?


- Não é na...- Eu começei.


- Quem é idiota aqui?


- Você.


 


        Ah, não, de novo não. Eles brigando novamente não.


 


- Não teme a morte? – Joaquim parecia agressivo.


- Claro que não. Apenas não quero estar lá quando a minha acontecer.


- Muito engraçado. – Ele disse, dando um soco em Cascão.


 


- Parem vocês, agora! – Eu interferi. – Cas, para dentro, e, Joaquim, vá para casa. – Claro que eu gostaria mesmo de tê-lo mandado para o inferno, mas, não o fiz. Não iria jogar mai lenha na fogueira. – E, me esqueça.


- Nunca.


 


        E, eu entrei em casa, encontrando Cas no sofá.


 


- Já volto.


 


        Subi no meu quarto e troquei de roupa, afinal, não gostaria de pegar um resfriado. Depois que fui para a sala, reparei que Cascão estava com um corte na testa, por causa do soco.


 


- Está doendo? – Eu falei, limpando o corte com um pedaço de algodão.


- Não. Se você não tivesse me parado, eu ia ter matado ele.


- Eu sei. – Eu disse beijando-o.


 


        E assim, passamos a tarde assistindo um filme, entre carinhos e beijos. Seria esse meu final feliz? Sinceramente, eu não me importaria.


 


 


 


 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!