Fairy Tales escrita por Veh


Capítulo 1
Capítulo I- Nem tudo é o que parece


Notas iniciais do capítulo

Trilha sonora: Fairytale- Sara Bareilles



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A vida não é só conto de fadas.” Era o que dizia a frase pregada com durex na cabeceira da minha cama. Era no que eu acreditava.

Enquanto a água quente escorrendo pelo pelo meu corpo, eu pensava no passado. Meu quarto não mudara muito desde quando eu tinha 7 anos. Eu havia colocado uma escrivaninha branca, onde estava meu notebook, perto da janela e pintado as paredes de rosa-choque. Também tirei os brinquedos, que coloquei num baú. No lugar, agora há uma estante de livros.

 

Tomei um banho rápido, e vesti minha blusa amarela, lisa, sem estampas, minha calça jeans  favorita e um par de tênis pretos. Meu cabelo está péssimo, amassado. Prendi num rabo-de-cavalo baixo. Escovei os dentes rapidamente, meu hálito estava terrível. Estou razoável.

           

Desci para tomar meu café da manhã. A essa hora meu pai já tinha ido para trabalhar, e minha mãe...cadê minha mãe?

-Manhê!- chamei. Minha voz estava ruim, grogue- Cadê você?

           

De repente, olhei para a porta da geladeira, lá estava um bilhete, escrito na delicada caligrafia de minha mãe: “ Magali, eu volto logo. Fui até a padaria comprar pão. Mamãe”. Ótimo. Sem pão. Engoli um cereal e peguei uma barra de granola. Na pressa, coloquei a tigela de cereal em cima da pia, e acabei derramando leite na minha calça. Joguei um pouco de água e sequei com o pano de prato. Espero que não reparem. Acho que o Mingau, meu lindo gato branco, deve ter sentido o cheiro, pois, chegou do nada. Acariciei sua pelagem sedosa e coloquei um pouco de leite num pires. Mingau tomou feliz, enchendo seus bigodes de leite, fazendo-me rir.

 

Peguei minha mochila, que estava meio pesada, tranquei a porta e guardei a chave em baixo do tapete. Ah, não, está chovendo! Não, muito, mas, o suficiente para me ensopar. Ainda bem que a escola fica somente a alguns quarteirões daqui.

Chego, e vejo meu namorado, Joaquim, no fundo da sala. Dou um sorriso amarelo, que ele mal retribui, dizendo “oi” sem sequer olhar para mim. Sento emburrada, me jogando na cadeira. Acho que não fiz a coisa certa, mas, eu estava olhando para ele. Olhando não. Encarando-o. Acho que a Mônica tentou me falar alguma coisa, mas, não a ouvi, absorta em meus pensamentos. Ela tentou de novo.

 

-Magali?

- Uh? Ah, oi Mô.

-O que ouve com você?

- Não é nada. Pelo menos eu espero.

           

As aulas iam se arrastando. Passei meu recreio praticamente calada. Ainda bem que a Mônica entendeu que eu precisava ficar só. Na última aula, aconteceram várias coisas simultaneamente. Primeiro, um guardanapo escrito caiu na minha mesa. Estava amassado, e quando o li, fiquei pasma. Era uma conversa entre uma “talzinha” e o Joaquim. Eles estavam se encontrando á uma semana! Desde aquela semana, ele não falava mais comigo. Quase nem me ligava. Troglodita! Depois, não sei como criei coragem e falei, ou melhor gritei com ele.

- Era por isso- berrei, sacudindo o papel em minas mãos, ignorando os olhares  curiosos que me encaravam- que você não falava mais comigo?- senti as lágrimas raivosas escorrerem pelo meu rosto- e porquê você não falou comigo?- falei, jogando o guardanapo amassado em seu rosto.

 

Ele ficou atordoado sem reposta, sem saber o que falar. Tentando enxugar minhas lágrimas, que não paravam de jorrar de meus olhos, eu não via nada. Ia socando minhas coisas na mochila, ignorando o professor. Graças a Deus, bateu o sino. Nem esperei nada, corri para fora, com as lágrimas escorrendo e fazendo com que meu cabelo grudasse na minha cara.


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