Madeline’s POV

— Oi. — Disse Jason com um sorriso de lado.

— Ah, você é o McCann. — Ben disse se levantando do sofá. — Nossa, quando eu contar para a minha mãe que conheci a filha dos McPherson e o Filho dos McCann, sério, ela vai dizer que estou mentindo.

— Você é Benjamin Patrick, certo? — Perguntou Jason.

— Isso, e é um prazer conhecer você cara. — Ben apertou a mão do Jason sorrindo.

— Bom, eu vou tomar um banho agora. — Jason passou pela sala e entrou no quarto fechando a porta.

— Pensei que se odiassem. — Lucas disse se apoiando no balcão.

— Bom, temos que confiar um no outro. Então, meio que somos amigos.

— É, eu entendi o meio. — Disse Lucas irônico.

— Você está com ciúmes. — Falou Ben rindo. — Certo, você e o McCann estão tipo, namorando?

— Namorando? — Disse surpresa. — Não, não estamos namorando.

— Mas tem alguma coisa entre vocês. — Disse Lucas.

— Olha — Me apoiei no balcão de frente para os dois. — Nenhum de vocês tem que meter o dedo na minha vida amorosa.

— Não esquece que vocês são parceiros e que você sabe o que pode ou não fazer.

— Lucas, eu sei disso. Lemos juntos o Manual das Mil Famílias. — Disse.

— Certo, eu vou ficar no sofá e tentar dar um pouco de privacidade para vocês discutirem a vontade. — Ben disse se jogando novamente no sofá e ligando a tevê.

Olhei para o Lucas e ele me fitava.

— Não tivemos nada muito sério. — Disse ele.

— Claro que sim — Falei. — Até planejamos nos casar.

— Mas nem sabíamos na época o que casamento significava.

— Você arranjou outra garota? — Perguntei.

— Não. Só não quero prender você. Não quero te impedir de viver. Se quiser ficar com o McCann, fique, mas não se culpe.

Eu não estava me culpando até agora.

— Você tem certeza disso?

— Você gosta mesmo dele?

— Eu e o Jason, bom, não somos um casal. Você sabe, nos odiamos. Acho que só somos amigos mesmo.

Eu não iria contar para ele. Não podia admitir que estava mesmo ficando com o Jason, pois não era uma coisa séria, apenas divertimento. Ainda tinha algumas esperanças de que no futuro eu e o Lucas fossemos ficar juntos, pois ele é um garoto sério, não transa com qualquer uma, ele me entende e sabe tudo sobre mim. Ele é o garoto perfeito, é bonito, inteligente e romântico.

— Então, você aceita dar um tempo?

— Dar um tempo? — Ri. — Parece que somos namorados.

— É quase isso. — Lucas disse sorrindo. — Então, podemos dar um tempo. Sabe, enquanto você estiver em missão, não se preocupe comigo e eu não preocuparei com você. Quando estivermos em nossas casas, se quisermos continuar um com o outro, continuaremos. E se tudo der certo, se nos amarmos de verdade poderemos até desistir disso tudo. Você sabe, construir uma família. Mas não quero fazer algo precipitado e nem quero que você faça isso, então vamos esperar quatro anos e ver o que dá.

— Certo, quatro anos. — Disse. — Mas podemos fazer como os meus pais, podemos tentar ser uma dupla.

E eu sei exatamente qual argumento usar para mudar a cabeça dos funcionários do FBI para conceder o meu pedido.

— Então vamos esperar quatro anos e ver no que dá. — Lucas concluiu e eu sorri.

Sério, ele é perfeito. Ele consegue ser tão passivo tão gentil e legal.

Peguei o macarrão na dispensa e gritei para o Ben.

— Ben, pode ser com molho branco? — Perguntei.

— Tanto faz.

Vou fazer molho de tomate que é bem mais fácil.

Enquanto preparava o macarrão. Vi Jason sair do quarto, ele se sentou ao lado dos meninos e eles começaram a conversar animadamente. Lucas e Jason estavam se dando bem, e isso me fez ficar aliviada. Acho que estou cheia de drama para cuidar. E se rolasse mais outra agressão física por minha causa, acho que ficaria louca.

Então, quando estava preparando a travessa de macarrão, só faltava colocar o molho por cima, o interfone começou a tocar. Jason ia se levantar do sofá para atender, mas eu fiz sinal de que eu mesma atendia.

— Daniel e Christina querem subir. — Disse o velho da portaria.

Que merda, parece que todos agora deram para vir visitar o apartamento.

— Pode deixar eles subir. — Falei e então rapidamente corri em direção ao sofá. — É o seguinte. Daniel é meu namorado e Jason está tendo um caso com Christina. Vocês são nossos primos que acabaram de chegar de Nova York para apenas dar uma passada aqui, entenderam?

— Quem é Daniel e Christina? — Perguntou Ben.

— Vocês vão ver. — Disse já ouvindo um barulho na porta e corri para atender.

Olhei para os meninos e eles me olharam de volta como se dissessem “Não vai atender?”. Então abri a porta.

Daniel sorriu para mim e veio em minha direção, me abraçando e distribuindo beijos pelo meu rosto até encontrar meus lábios onde deu-me um selinho. Christina entrou e ficou parada na porta fitando o sofá. Daniel levantou seu olhar sobre meu ombro e fitou o sofá também.

— Ah... Conheçam nossos primos. — Falei me aproximando do sofá. — E esse é o Lucas e esse é o Benjamin.

— Mas pode me chamar de Ben. — Disse ele estendendo a mão para a Christina e piscando em seguida com o seu jeito galanteador.

— Ei, se afaste. — Jason disse o empurrando pelo braço e indo abraçar a Christina.

— Hum... Parece que chegamos numa boa hora. — Daniel disse olhando para a travessa de macarronada.

Fui em direção ao balcão e terminei de colocar o molho por cima do macarrão.

— Bom, não temos bancos o suficiente para todo mundo. — Disse.

— O sofá é todo meu. — Disse Ben.

— Eu e o Ben ficamos com sofá. Podem ficar com os bancos. — Lucas disse sorrindo e eu retribui.

Percebi que Daniel nos fitava e então voltei minha atenção para a macarronada.

Ótimo, maravilhoso. Nunca pensei que ficaria no mesmo lugar com os três garotos que estou ficando. E tipo, se fossem pelo menos casos passados, de anos atrás, até ia. Mas não, são tudo recentes. Fiquei com o Lucas na minha formatura, que nem fez um mês ainda. Fiquei com o Jason ontem e ainda transei com ele. E estou “namorando” o Daniel.

Acho que tenho tendência a ficar em situações delicadas. Como a de ontem com os meus pais e a de hoje com o Jason, Lucas e Daniel.

–

N. 3ª Pessoa

O Dom’s Bar estava lotado essa noite. Gente de todas as idades, na verdade, homens de todas as idades. Cada um se voltou para a mulher que tinha acabado de entrar. Ela estava usando um vestido preto bem colado ao seu corpo, marcando cada curva perfeita. Sem contar seus cabelos que realçava seu rosto e destacava seus lábios carnudos. Havia stripers no local, mas nenhuma delas chamava mais atenção que a mulher do vestido preto, mesmo estando a ponto de tirarem seus sutiãs, nenhuma superava essa mulher.

— E ai boneca, gostaria de dar uma volta? — Perguntou um homem bêbado quase cuspindo.

A mulher deu um sorriso debochado e então num gesto rápido levantou o punho e acertou o homem o fazendo cair no chão desmaiado.

A música parou. As stripers ficaram intactas. E os homens pararam de jogar e beber. Todos estavam surpresos. A mulher ignorou toda a atenção para cima dela e seguiu até o barman que limpava um copo com um pano sobre seu ombro.

— Uma Balkan pura. — Disse a mulher e o barman a olhou surpreso.

— Vamos, eu pago por essa. — Falou um homem se sobretudo se aproximando da mulher com um sorriso cauteloso.

A mulher retribuiu o sorriso e se virou para todos que a fitavam.

— O que foi? Vão cuidar de suas vidas.

Todos desviaram os olhares, a música voltou e as dançarinas voltaram a se despir. O homem de sobretudo se virou para a mulher.

— Então, soube que conseguiu enganar o FBI. — Comentou ele próximo ao seu ouvido.

— Não foi difícil. Clark Higgins é um idiota, não sei como contrataram ele para dirigir uma das afiliais.

— É, ele é um idiota.

— Sabe, estão falando com o garoto McCann e menina McPherson vão render muito ao FBI.

— Saiba que é puro boato. Os dois são tão novatos nisso tudo. Eles nem desconfiam do que está por vir.

— Esperto da sua parte usar pessoas próximas a eles.

— Bom, só vim agradecer pela troca que fez na Seleção. — O Barman entregou bebida a mulher e o homem de sobretudo continuou: — Você ajudou muito. Logo receberá sua recompensa, por enquanto — Ele tirou um bolo do bolso de notas de cem dólares. — Não deixem ficar com o troco da bebida. — Ele sorriu e então saiu do lugar.

A mulher recolheu o bolo rapidamente e virou seu copo tomando tudo em grandes goles. Isso foi o suficiente para lhe fazer escolher um dos caras mais atraentes do lugar e o levar para o seu carro.

–

Jason’s POV

Ficamos na sala assistindo um filme de terror que Ben fez questão de alugar. Apenas eu e Christina estávamos sentados no sofá, enquanto o resto do pessoal estavam no chão. De relance, vi a mão do Daniel descer da cintura da Madeline para a coxa dela. Não gostei daquilo, mas ela sorriu para ele lhe deu um beijo rápido. Christina acabou de cair no sono deitada com a cabeça no meu colo. Tentei ao máximo prestar a atenção no filme no qual nem sabia o nome (Ben disse que estragaria o clima se todos soubessem o nome), só que não conseguia tirar os olhos das mãos do Daniel, que mais pareciam mãos de polvo que toda hora estavam em um lugar diferente do corpo de Madeline.

Se concentra Jason. Ela é só sua parceira, e vocês só transaram. Isso é normal, você sempre transa com uma garota diferente quase todos os dias. — Disse mentalmente para mim mesmo.

— Não entra ai sua burra. — Disse Ben. — Não entra... Pronto, toma sua trouxa. Você parece surda, não me escuta.

— Ben, é óbvio que ela não te escuta, isso é um filme. — Disse.

Sério, nem parece que o Ben tem capacidade de passar numa prova para ir à Harvard. Fico me perguntando como os amigos do colegial agiram quando souberam que ele “ia para Harvard”.

— Se bem que poderia colocar um roteiro melhor. Por que em todo filme de terror os atores são tão burros a ponto de ir de encontro ao monstro? Porra, se tem medo de morrer, fica na tua, já sabe que a coisa está na casa, e ainda vai atrás dele. Eu não entendendo isso.

— Ben, cala a boca e presta atenção no filme. — Disse Lucas.

Quando o filme terminou. Daniel se preparou para ir embora, já que estava tarde. Tive que acordar Christina que ia acompanhá-lo. Os dois se despediram e foram embora.

— Cara, aquela garota é super gostosa. Queria eu, ser o andorinha dessa missão. — Disse Ben.

— Então, o que trouxeram vocês aqui? — Perguntei. Não havia feito essa pergunta antes, talvez por achar um pouco inconveniente.

— Nossa ultima missão foi aqui. Sabe, tivemos que achar um chefão do tráfico de cocaína. — Disse Lucas.

— Bom, hoje nós vamos dormir aqui. Eu fico com a sua cama Jason e você dorme no sofá. — Ben disse indo em direção ao quarto.

— Não! — Madeline correu até a porta. — Primeiro vou arrumar o quarto e então quando estiver pronto eu chamo vocês para dormir.

— Ok. — Ben disse estranhando o comportamento da Madeline.

Na verdade, nossas camas ainda estavam juntas. E ela não quer que eles percebam o quão próximos estamos. Percebi isso quando ela respondia com cautela as perguntas do Lucas e do Ben.

Ela entrou no quarto e fechou a porta.

— Bom, você deveria arrumar o sofá. — Disse Ben.

— O quê? — Perguntei indignado. — Eu meio que moro aqui, então eu vou dormir na minha cama.

— Cara, eu sou visita. Sua mãe não te ensinou a tratar visitas com amor e carinho?

— Amor e carinho? — Falei levantando as sobrancelha.

— Tá, isso sou gay demais Ben. — Disse Lucas dando umas palmadas nas costas dele.

— Não importa. Eu vou dormir na cama e o Lucas dorme na cama da Mad.

— E onde eu vou dormir? — Perguntou Madeline saindo do quarto.

— No sofá com o Jason. Isso é mais do que justo. — Concluiu Ben.

— Eu trabalho amanhã, não posso ficar com dor nas costas.

— Então dorme comigo amore mio. — Ben disse abraçando Madeline de lado.

— Ok, amore mio. — Madeline falou rindo enquanto era puxado para o quarto.

— Agora a sua cama é minha. — Lucas disse correndo para o quarto antes que eu pudesse dizer algo.

Pronto. Fiquei com o sofá no final das contas.

–

Madeline POV

Acordei de manhã com um peso enorme em cima de mim. No começo até pensei que fosse o Jason, mas ai eu percebi pela pele mais bronzeada e com os braços bem mais musculosos, que não se tratava do Jason e sim do Ben.

— Ben se gordo, acorda. — Disse .

Ele resmungou e virou seu rosto colocando sua cara bem no decote da minha blusa entre os meus seios.

— Ben seu tarado. — Falei erguendo seu rosto e ele acordou.

— O quê? — Perguntou num salto, ficando em pé na cama numa posição de ninja. — Cadê o perigo?

— O perigo é você que fica colocando a cara nos meus seios. — Disse.

— Ah, eu sou o perigo. — Ele desceu da cama e então tomou um susto quando ouviu o barulho do meu celular.

— É só o despertador. — Disse rindo e pegando o celular. — Sério, você está com medo do filme de ontem?

— Não. Eu sempre acordo pronto para a ação. Sabe como é, né? — Disse piscando para mim e sorrindo.

— Bom, pode voltar a dormir se quiser. Vou trabalhar agora e espero que o apartamento esteja inteiro quando eu voltar. — Falei me levantando da cama.

— Você me acorda e agora pede para eu dormir?

— Você que sabe. — Falei pegando meu uniforme no guarda-roupa e seguindo para o banheiro.

Depois de tomar um banho e colocado meu uniforme, sai do banheiro. Vi Ben jogado na cama de bruscos quase roncando. E ainda reclama que eu o acordei, aposto que nem fez diferença alguma.

Sai do quarto na ponta dos pés para não acordar Ben e nem o Lucas. Assim que olhei para o sofá, não vi o Jason.

— Bom dia.

Olhei para o balcão e ele estava com uma frigideira na mão e com a espátula tirando panquecas fresquinhas e colocando-as num prato.

— Nossa, você preparando alguma coisa? — Perguntei sorrindo.

— Estou tentando. — Disse.

Me aproximei dele e o abracei.

— Acho que mereço um beijo.

— Mas...

— Eles estão dormindo. — Jason disse

Sorri para ele e me aproximei rapidamente dando apenas um selinho.

— Pronto. Agora vou comer panquecas. — Disse rindo da cara de triste do Jason.

— Ah, nunca mais faço panquecas se for assim.

— Posso recompensar depois? — Perguntei já pegando um pedaço de uma das panquecas no prato.

— Do melhor jeito. — Disse ele sorrindo maliciosamente.

— Vou pensar. — Falei de boca cheia. — Certo, só posso comer isso porque já estou um pouco atrasada.

— Tenha um bom dia. — Jason disse antes que eu saísse do apartamento as pressas com a chave do Corsa nas mãos.

Fui dirigindo pelas ruas cantando One More Night do Marron 5. Estacionei o carro na minha vaga do restaurante e então atravessei a avenida até o Starbucks.

— Bom dia. — Disse animada para o Armando e a Samantha.

— Bom dia. — Respondeu os dois.

— Mi corazón, qual o motivo de tanta alegria? — Perguntou Armando me chamando com o seu mais novo apelido para mim.

— Não estou tão alegre assim. Só estou feliz por ter visto o meu irmão cozinhar algo pela primeira vez. Acredita que ele fez panquecas deliciosas?

— Está no sangue querida, sei que você cozinha super bem. Seu irmão deve ter preguiça de cozinhar, mas aposto que se esforçasse seria como você, já que os dois são hermanos.

— É. — Concordei um pouco sem graça.

Depois de arrumarmos tudo, Samantha virou a placa de Close para Open. E assim os clientes começaram a chegar. Christina e Daniel chegaram no mesmo horário de sempre, e Daniel sempre tenta me beijar durante o horário de serviço, mas eu desvio. Não quero abusar da bondade de Armando.

— Nada de beijos no trabalho. — Falei.

— Ok, ok. — Disse fazendo sinal de rendição com as mãos.

Christina riu e eu já deixei seus pedidos sobre a mesa.

Depois de meia hora, Christina e Daniel saíram do Starbucks, mas ele fez questão de jogar um beijo no ar para mim e eu retribui sorrindo. Vi Armando ri e Samantha revirar os olhos. Já disse que ela deve estar passando pela menopausa?

Faltava apenas três horas para fechar o expediente. Estava servindo a mesa de uma mulher com uma garotinha do seu lado. Até que a porta foi aberta com certa brutalidade e cinco homens com toucas pretas entraram com armas apontadas para todo mundo.

— Isso é um assalto. — Disse um dos homens indo em direção ao caixa.

Oh não, sério mesmo? — Pensei irônica.

Então, uma sensação estranha de déjà vu me veio a cabeça.

Samantha estava esvaziando o caixa enquanto todos os clientes apavorados estavam de cabeças baixas enquanto os outros homens recolhiam seus bens materiais. Pensei em chamar a policia, mas não sabia como, estava sem o meu celular, ele estava na minha bolsa que está no caixa e os bandidos estão retirando todos os aparelhos dos clientes. Certo, eu tenho que agir. Só não sei como, não posso lutar com todos eles e depois explicar para todo mundo que faço aulas de boxe. Ninguém vai acreditar. Mas eu também não posso deixar o meu local de trabalho ser assaltado e não fazer nada.

— Olha só o que temos aqui. — Disse um dos homens olhando para mim. Os outros também olharam quando terminaram de recolher todas as coisas de valores das pessoas.

Fiquei surpresa ao descobri o que era a minha sensação de déjá vu. A voz daquele homem... Na verdade, garoto.

Dei um passo para trás trêmula. Era ele. Eu sabia mesmo estando usando uma toca preta para cobrir o rosto. O garoto do beco.