Sobre a Vida, a Morte e Tudo o Mais escrita por Shizuru


Capítulo 2
O Doce Sabor da Liberdade


Notas iniciais do capítulo

Não façam isso em casa! - ou em qualquer outro lugar que seja. - Lembre-se, sua vida é uma jóia sem preço para aqueles que lhe querem bem, e acredite você ou não, sempre existem tais pessoas.



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Ela estava na janela... O vento frio batia em seu rosto e seu cabelo e sua roupa esvoaçavam. A Rua lá em baixo estava movimentada, e as luzes brilhavam cintilantes. Um casal de namorados; um grupo de amigos, talvez indo para uma festa ou show... Ela já havia passado por isso um dia, mas agora apenas via tudo isso da janela de seu quarto. Agora ela não passava de uma espectadora da vida alheia. Ela respirou fundo, olhou novamente para seu quarto, suas fotos espalhadas no chão, suas revistas, livros CD’s e outras coisas que ela gostava muito... O computador ligado tocava uma musica qualquer, e a tela exibia as imagens que ela colecionava. Havia também um documento recém salvo, que mais tarde certamente seria encontrado por alguém... Não que ela ligasse... Agora já não importava mais. Ela havia decidido. Não voltaria atrás. Mas ela não viu motivos para desistir... não sentiu medo, nem remorso... Ela queria voar... Queria lembrar como era a sensação de ser livre.

Então ela pulou! O barulho dos carros e das pessoas nas ruas ficava cada vez mais longe, apesar dela se aproximar cada vez mais deles. Sua pele estava gélida, mas ela não sentia frio. Naquela hora, ela teve certeza de que poderia voar como os pássaros. Um sorriso se abriu em seu rosto e seu coração ficou em paz. Não seria possível, nem mesmo para ela, explicar o que se passou naquele momento mágico e único. A morte!

O doce sabor da liberdade, combinado com a apreensão que todos os seres humanos sentem perante a morte – quer eles assumam isso ou não – é quase tão extenuante como alcançar a nirvana!  Talvez, seja exatamente isso que tenha acontecido... Talvez ela tenha alcançado a seu nirvana! Ela se via caindo, caindo, caindo... Pensou que jamais chegaria ao chão... E de fato, ela jamais chegou... um poço sem fundo, com tudo aquilo que ela mais temeu sentir saudades... Estava tudo ali, mais não era como na janela de seu quarto... agora todos falavam com ela... Todos sorriam pra ela, todos notavam ela! Ela estava feliz, em seu poço sem fundo, ela estava finalmente livre e feliz... Caindo eternamente... Numa paz eterna...

Um barulho! Gritos de horror! Sangue! Mais gritos de horror! O choro de uma criança... e um corpo jazido no meio de uma movimentada avenida! Apesar de sua essência estar vagando eternamente em suas próprias lembranças felizes, seu corpo havia caído. Despencado dos céus, na frente de uma garotinha...

 


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