- Rachel?

Minha voz saiu trêmula na pergunta. Ela me olhava como se tivesse pedido um absurdo.

-Estrelinha querida você está bem? - perguntou Hiram também assustado com o silêncio de Rachel.

Naquele momento eu tive certeza que estava sendo precipitada ao pedi-la em namoro. Não estávamos juntas tempo o suficiente, mas aquele silêncio partia meu coração. Senti as lágrimas ameaçando descer, mas eu as segurei. Fechei os olhos e ia colocar o anel de volta no bolso quando senti a mão de Rachel segurar meu pulso:

- Quinn, me perdoe pelo silêncio, mas eu precisava ter certeza que não estava sonhando. A garota mais linda, mais inteligente e mais meiga que eu já conheci- dei um sorriso – vem até a minha casa, conquista meus pais e me pede em namoro? É claro que eu vou aceitar!! Sim.. sim!!

Tenho certeza que meu sorriso ocupava todo o rosto e Rachel sorria igualmente. Hiram e Leroy bateram palmas. Rachel se levantou e eu coloquei o anel no dedo dela e em seguida beijei a sua mão. Ela me pegou pelo rosto e me deu um beijo. Por um ínfimo instante senti vergonha por causa dos pais delas, mas depois nem liguei. O beijo estava tão bom. Segurava Rachel pela cintura e seus braços rodeavam meu pescoço e me empurravam para mais perto dela. Estávamos desligadas do mundo até ouvimos um pigarro grave, que veio de Leroy nos interrompeu.

-ok meninas agora se sentem quero falar com vocês.

Paramos e nos sentamos. Leroy começou a falar:

- Rachel, não é por nada, mas nós nunca gostamos do Finn. Sempre o achamos um sem futuro, gostava dele apenas porque você gostava. Que ótimo que você encontrou alguém interessante e muito mais bonita que ele- ele piscou pra mim. – mas você tem noção do que vai enfrentar assim que todo mundo descobrir? E você Quinn, sua pose de durona é o suficiente pra enfrentar preconceitos e julgamentos a respeito de vocês duas. Meus anjos, sou totalmente a favor da felicidade de vocês, mas desde que vocês saibam o que estão fazendo.

Olhei para Rachel e respondi.

-Leroy, fico agradecida pelos elogios, e sim, nós já sabemos como enfrentar preconceitos, julgamentos ou qualquer outra coisa que venha a aparecer. Antes de Rachel eu não teria essa certeza, mas com ela sei que sou mais forte.

-somos..-disse Rachel apertando minha mão por cima da mesa.

- Hum..então vamos as considerações finais. Rachel você sabe que não pode passar das 20:00h fora de casa, e se fizer isso terá que avisar a mim ou ao seu pai ok? - 20:00h? Que cedo! – Quinn tome conta da minha filha. Você é muito simpática, mas não faça nada que vá machucar Rachel. Estamos entendidos?

-Pai.. - Rachel suspirou

- estamos sim Leroy. Pode ter certeza que Rachel será tratada como uma princesa no que depender de mim.

-aah e se Quinn estiver aqui e nós também é porta aberta ouviu?

-Pai! – Rachel ficou vermelha.

- Usem camisinha – disse Hiram. eu dei risada.

- Hiram! Pai! – Leroy e Rachel gritaram ao mesmo tempo. Hiram apenas sorriu e eu dei mais risada ainda.

Eu sabia que eu ia adorar aqueles dois.

Ficamos conversando até tarde. Leroy e Hiram me contaram tudo sobre Rachel. Me contaram como ela participava de todas a competições de dança e canto desde quando era pequena. Quando era quase noite, Hiram e Leroy nos avisaram que era hora deles irem para o hospital e eu vi que era hora de eu ir também, mas fiquei com uma dó gigantesca de deixar Rachel sozinha. Olhei pra ela e vi que ela também não queria ficar só. Então utilizei toda coragem que eu tinha e pedi para Hiram e Leroy:

-Hum.. Leroy, Hiram... Eu sei que nós nos conhecemos há pouco tempo e sei que existem regras aqui nessa casa, mas eu gostaria de saber ser Rachel não poderia ir dormir comigo na mansão. Acho triste deixa-la aqui sozinha. Pode ser?

Os dois se entreolharam e Leroy virou pra mim desconfiado:

- Sua tia vai estar em casa?

- Sim, vai sim.

- então posso falar com ela e perguntar se não tem nenhum problema de Rachel dormir lá.

Pensei em dizer alguma coisa, mas aí passei o número da minha tia para Leroy e ele combinou com ela que Rachel poderia dormir lá. Fiquei feliz quando Leroy liberou Rachel. Quando procurei por ela, já estava a caminho do quarto. Eu a segui. Entrei no quarto e vi que ela arrumava uma pequena bolsa com alguns pertences de higiene e uma muda de roupa. Eu cheguei até ela e a abracei pelas costas e disse:

-Tô me sentindo quase como se tivesse pulado uma etapa...

-Hã? Como assim? – ela falou ainda virada para a bolsa.

Eu cheguei mais perto e sussurrei no ouvido dela:

- saímos do namoro direto pra lua-de-mel...

Ela se arrepiou e virou pra mim. E falou bem baixinho.

- não podemos fazer nada com sua tia lá e você sabe disso! – respondeu ela sorrindo.

- e que hora é a certa Rachel?- perguntei bufando. Às vezes eu não entendia Rachel de jeito nenhum. Puxei ela pra perto de mim e ela respondeu.

-vai me dizer que você é uma ninfomaníaca? Respira garota! Você acabou de me pedir em namoro. Vamos curtir essa fase inicial e quem sabe depois nós partiremos para o finalmente?

Eu dei risada e abaixei meu rosto em direção ao pescoço dela e foi fazendo uma trilha de beijos até subir para os lábios e começar a provoca-la. Mordia seu lábio inferior e sorria. Eu olhava pra Rachel e via que a cada mordida ela ficava mais nervosa então senti a mão dela passando pelas minhas costas por cima da minha camiseta e me marcando com as unhas. Ela se afastou um pouco de mim e me olhou de um jeito que eu não sabia ser era malícia ou raiva e falou:

-Fabray... Toma cuidado comigo..você sabe muito bem como eu sou persistente quando quero alguma coisa e não faça com que eu queira isso – me deu um selinho – o tempo inteiro.

Eu dei risada e respondi.

-Berry.. já reparou que eu não me importo com as suas ameaças? É porque eu ainda acredito que você seja do tipo que só fala. – respondi a provocação dela a altura. Ela me olhou e acenou com a cabeça.

- nós duas parecemos duas leoas disputando espaço, uma provocando a outra. Isso é muito besta, Quinn - disse Rachel sorrindo e me abraçando. - larga de ser boba e vamos descer. Meus pais já devem ter até descido. Vamos! – ela se soltou dos meus braços e me puxou pela mão. Eu a puxei de volta.

- qual é! Nós não podemos ter 5 minutos sozinhas?

- Quinn... nós teremos a noite inteira.. A não ser é claro que sua tia resolva nos interromper... Vem vamos. - eu bufei, mas ela tinha razão. Teríamos a noite inteira.

Nos despedimos de Leroy e de Hiram e fomos para a mansão no carro de Rachel e quando chegamos lá encontramos minha tia dando os últimos retoques na maquiagem e ela estava colocando o sapato. Quando nos viu, suspirou profundamente.

-Droga. Prometi para o seu pai que ficaria de olho em vocês duas, mas esqueci de que tinha um compromisso...

- compromisso com quem? – cruzei os braços e parei perto do sofá da sala. Rachel se sentou.

- Cooper Anderson.

-Cooper Anderson? O Cooper Anderson? O Irmão mais velho do Blaine e ator de comerciais? – Rachel falou antes que eu perguntasse quem ele era.

-Quem é esse? – perguntei.

- Cooper trabalha comigo. Ele é modelo publicitário de uma agência aqui em Lima. Eu sou agente. E nessa semana ele havia me convidado para ir ao breadstix na sexta, e hoje é sexta. Esqueci disso quando falei com Leroy. Pelo visto seu pai é alguém muito amigável Rachel.

-hum..-sentei no sofá me sentindo esquisita. Rachel olhou para o meu rosto e deu risada.

-Daphne. Acho que alguém aqui não está gostando da ideia de você sair... hahahaha isso é ciúmes Fabray? – Rachel rolava no sofá de tanto rir. Não eram ciúmes, é que eu nem lembrava qual tinha sido a última vez que minha tia tivesse saído com alguém. Ela já estava há tanto tempo sozinha que um namorado pra ela era uma ideia estranha pra mim. Tia Daphne ficou me encarando e respondeu pra Rachel.

-Não é ciúme Rachel. É que faz tanto tempo que eu não saio com ninguém que isso é estranho pra Quinn. – minha tia lê pensamentos? – enfim tô saindo. – disse ela indo em direção a porta – escutem. Não quero saber de festas, bagunças ou qualquer coisa do tipo. Rachel não abuse de Quinn e, Quinn não faça nada que eu não faria. Qualquer coisa fora do normal meu celular vai estar ligado entenderam?

Meu Deus... Minha tia me deixou vermelha com aviso? Olhei para o lado e Rachel também estava encabulada. Nós assentimos e minha tia deu um sorriso.

-Tchau meninas. – e saiu.

-Hum..bem...isso é muito estranho...- falei.

- estranho por quê?

-minha tia evita me deixar. Principalmente assim, acompanhada de alguém que pode simplesmente me abusar sexualmente..- eu dei risada com esse último comentário. Rachel virou pra mim e disse.

- primeiro: você não está sozinha e segundo : não vai acontecer nenhum abuso, assim espero porque tudo vai ser consensual. – ela colocou a mão sobe o meu peito, me empurrou pra cima do sofá e ficou por cima de mim. Puxei seu rosto mais pra baixo e nos beijamos. O beijo foi tão bom que nós nem notamos que minha tia havia voltado.

- Ahhhh não.. não tem como vocês irem para o quarto??? - disse ela com a mão na cintura. O susto foi tão grande que eu quase joguei Rachel no chão.

- tia??

- esqueci meu casaco... - ela foi até o armário e pegou um casaco preto.- agora escutem aqui vão para o quarto!

Nem esperamos ela fechar a porta e já tínhamos subido.

Rachel estava rindo e deitada na minha cama.

-aaah que vergonha! Parece que toda vez que nós nos beijamos aparece alguém pra interromper!

E que estava sentada na poltrona ri também e disse:

-se você quiser ir para o banheiro trocar de roupa pode ir. Acho que vou pedir uma pizza – Rachel me olhou – vegan.

- tudo bem então. – ela se levantou, pegou a bolsa e entrou no banheiro. Fiquei pensando em arrumar o quarto da minha tia pra dormir lá, já que dormir com Rachel no mesmo quarto que eu não ia dar muito certo.

Desci até a cozinha e liguei para a pizzaria. Uns 5 minutos depois a campainha tocou. Achei rápido demais aquela pizza. Fui atender. Era Finn Hudson.

- Fabray nós precisamos conversar.

- O que você quer Hudson?

- Eu quero Rachel de volta e vai ser você quem vai me ajudar, ou seu pai vai ficar sabendo que a filhinha dele está aos beijos com garotas no parque?

Congelei. Então tinha sido ele que estava no parque naquele dia. Não entendi o porquê ele colocou meu pai no meio.

- o que isso tem a ver com você? E porque é que você contaria alguma coisa para o meu pai? Eu nem moro com ele.

- eu sei o que ele fez com você quando soube que você era gay. Eu sei que ele veio pra cidade, minha mãe trabalhava em Chicago naquela época. Ele veio pra lima pra levar você embora.

-ele não pode fazer isso.

- pode. Tem uma ordem judicial. E eu sei que você morre de medo que ele faça alguma coisa, Fabray. Dá pra ver nos seus olhos. - ele estava blefando. Era impossível que ele soubesse tanto assim de mim. Impossível.

- Não venha com ameaças idiotas Hudson.

- Você acha que eu sou idiota Fabray? A Lopez já tá fazendo a sua cabeça assim como você fez a da Rachel pra que ela te beijasse?

Eu levantei a sobrancelha.

- eu nunca fiz a cabeça da Rachel Finn.

- fez sim ou ela jamais te beijaria. A minha Rach gosta de homens. Fortes e que possam proteger ela.

Por um instante eu quis rir. E muito. Mas aí eu me lembrei do porque dele estar ali.

- Hudson, vou te explicar 3 coisas: 1º Rachel nunca foi, não é e nunca vai ser sua. Ela não é um objeto para que você tome posses. 2º você é idiota, pois não vê o óbvio. 3º não se meta na minha vida. Sua mãe pode ter trabalhado com Russell, mas ela não me conhece e muito menos você. Então não vou te ajudar a ficar com Rachel já que nesse momento quem esta com ela sou eu.

Eu estava nervosa. Minha mão tremia. E Finn parecia não querer ir embora dali.

- Fabray, você vai se arrepender de ter tentado me desafiar.

- o que você vai fazer Finn? Vai me empurrar dentro do lixo da escola? Ou vai me enfiar em um banheiro químico? Vá à merda Hudson, eu não tenho medo de você! – eu praticamente gritei em cima dele. Ouvi um barulho vindo de cima e Finn levantou os olhos pra escada. Eu me virei e Rachel estava parada no alto, olhando para nós dois. O olhar do Finn mudou. Ficou quase que doloroso. Rachel olhou e subiu. Ele olhou pra mim com uma raiva enorme, colocou o dedo no meu rosto e saiu. Na mesma hora o motoboy chegava.

Subi com a pizza para o meu quarto com a pizza e encontrei Rachel sentada na poltrona e abraçando os joelhos. Deixei a pizza na cômoda e me sentei do lado dela.

- nunca vi o Finn me olhar daquele jeito. Ele parecia tão mau.

- Rach, Finn veio aqui me ameaçar. Disse que se eu não o ajudasse a ficar com você, ele ajudaria meu pai a me levar embora daqui.

Rachel se virou pra mim e disse.

- ele pode fazer isso? Quero dizer, Seu pai, ele pode te levar embora?

- talvez. Alegando instabilidade mental minha e irresponsabilidade por parte da minha tia. Eu não sei. Meu pai é insano e Finn está louco de raiva. Eu não tenho a menor noção do que pode acontecer.

- Não Quinn eu vou falar com o Finn ele não pode fazer nenhuma besteira!

Me levantei e olhei pra ela:

-Rach, eu prefiro resolver isso sozinha. Não quero você perto do Finn. Ele é instável.

-Quinn, o Finn já foi meu namorado eu sei que ele não seria capaz de.. – não deixe terminar a frase.

- Rachel! Eu já disse. Você não vai falar com o Finn!

Rachel arregalou os olhos para mim e respirou profundamente:

-Já entendi Quinn. Não precisa gritar comigo. Esquece isso tá bem? Acho melhor nós comermos a pizza antes que esfrie.

Eu soltei todo o are que nem notei que havia segurado. Rachel havia ficado magoada comigo. Sentei no chão com a caixa de pizza e ela sentou de frente pra mim. Ela pegou a caixa e eu peguei a mão dela e beijei.

- Rachel, me desculpe fiquei nervosa, não foi minha intenção gritar com você..

- Eu sei Quinn, eu sei, mas eu quero te ajudar. Você muda cada vez que alguma coisa te aflige. Você guarda isso pra si. Não deixa que ninguém se aproxime e fica que nem um animal ferido, cada vez que alguém tenta se aproximar você ataca.

Rachel sabia me ler. Por incrível que pareça aquela baixinha detonou todas as defesas que eu tinha ao redor de mim. Cheguei peto dela e dei um beijo nos seus lábios.

- você é demais sabia? – eu disse.

- é eu sei.. - e deu um sorrisinho – agora vamos comer.

Comemos quase metade da pizza. Não sabia que Rachel tinha tanta fome. Me levantei pra arrumar tudo e ela perguntou:

- onde é que eu vou dormir

- aqui - respondi indo em direção à porta do meu quarto.

-tudo bem. – respondeu ela indo em direção à cama.

Desci e coloquei o resto da pizza na geladeira e subi de novo. Rachel estava sentada na cama e aí eu fui até o meu closet e peguei uma blusa e um short pra dormir. Não tinha um pijama fixo. Não era como Rachel que estava vestida com um conjunto rosa-claro com estrelas na gola. Fui até o banheiro e me troquei. Quando saí do banheiro reparei que Rachel passou tempo demais olhando pra minhas pernas. Eu dei risada e cheguei perto dela.

- Wow..isso é o que você esconde nessas calças jeans surradas? Você poderia andar mais assim, ou melhor, não. Quero essa visão só pra mim!- disse ela ajoelhando em cima da cama e colocando as mãos na minha cintura.

- Calminha aí, pervertida. Vai deitar amanhã a gente conversa. - me abaixei e dei um selinho nela. Ela fez um bico.

- como assim?? Amanhã a gente conversa?!Você não vai dormir aqui?!

- não vou dormir no quarto da minha tia..

- não vai mesmo! Você vai dormir aqui. Por favor.. Dorme comigo?

Quem resiste a ela pedindo daquele jeito?

- tá bom..tudo bem eu deito aqui com você. – dei um sorriso e ela bateu palmas e me abraçou. Me puxou pra cima da cama e eu fiquei por cima dela.

- nós vamos dormir, Rachel. – disse.

- Quinn, alguém já te disse que você é uma grande estraga prazeres?? - ela respondeu e mais uma vez fazendo bico. Dei um beijo e puxei ela para que nós ficássemos de frente uma pra outra na cama.

- Quinn? - disse Rachel me olhando. Aqueles olhos. Se eu passasse muito tempo daquele jeito eu poderia me perder neles.

- hum.

- você é a garota mais linda que eu já conheci. –senti meu rosto ruborizar. Olhei pra ela e disse.

-isso é porque você deve se olhar pouco no espelho. – dei uma risada e dei um beijo nela. Ela chegou mais perto e colocou seu braço na minha cintura e eu fiz o mesmo na cintura dela. Ela chegou mais perto e colocou seu rosto na curva no meu pescoço e deu um beijo lá. O cheiro doce era o que eu sentia com ela tão perto de mim.

-Hum...boa noite Quinn.

- boa noite meu amor – eu tinha dito aquilo? Mas acho que Rachel nem ouviu. Já que eu sentia sua respiração já ritmada no meu pescoço. Fechei os olhos e dormi com Rachel em meus braços.