Pov Candice.

Tá legal, o que foi aquilo? Eu mal cheguei em Londres e já me surpreendi com essa cidade.

Entrei no meu apartamento e fui logo tomar um bom banho, esse dia foi cheio de acontecimentos estranhos. Senti a água quente escorrer pelo meu corpo, e algumas cenas foram passando-se pela minha cabeça. Primeiro era Liam me encarando quando estávamos naquele bar, e depois ele salvando minha vida, afinal, aquilo havia sido uma grande coincidência. Será que ele estava... me seguindo? Não... lógico que não.

Apesar do pouco tempo em que estive perto de Liam, ele passava confiança. E por mais que pareça estranho, eu me sentia segura ao seu lado. Alias, eu sou muito grata a ele por ter salvo minha vida, tenho certeza que não é qualquer um que faria o que ele fez. Ele é corajoso, e isso é uma coisa que eu admiro.

Liam aparentava ter mais ou menos a minha idade, 19 anos. Tinha os dentes tão brancos que quando ele sorria, parecia iluminar o local. Seu cabelo castanho escuro era levemente bagunçado em um corte estiloso. Sua pele era totalmente branca e fria. E seus olhos... Aqueles olhos castanhos claros penetrantes eram fascinantes. Eu adorava a forma desajeitada que ele andava, com as mãos no bolso. Adorava mais ainda a forma que ele me olhava, não tinha malicia, havia algo especial em seu olhar. Liam era diferente, eu pude perceber isso.

Não tinha certeza se ele me ligaria, afinal, o que ele veria em mim? Não que eu quisesse que ele visse, mais mesmo se eu quisesse, ele jamais veria. Ele fez tudo isso por gentiliza, ou talvez por que ele era um bom garoto. Me veio em mente a hora que Giselle deu um tapa em seu rosto, mais eu não podia culpa-lo, ela é realmente muito oferecida e aquilo irritava.

Quando percebi que já havia ficado muito tempo tomando banho, me enrolei numa toalha e sai do banheiro. Coloquei uma roupa de dormir qualquer e me joguei na cama. Eu estava tão exausta que apaguei na hora.

Era um lugar horripilante. Parecia uma floresta com árvores secas, nada tinha vida. A lua estava cheia, só havia o barulho do vento. Eu podia sentir o medo me dominando cada vez mais. Eu queria sair dali, mais eu simplesmente não via uma saída. Eu caminhava perdida por aquele lugar escuro, até que ouço passos rápidos e vejo vultos, o que me assusta muito mais.

- Tem alguém ai? – eu pergunto, cada vez mais apavorada.

Eu estava rodando, olhando para cada canto, até que vejo alguém parado de costas para mim. Não era uma pessoa qualquer, eu o conhecia... era Liam.

- Liam? É você? – eu perguntei alto.

Ele não me respondia, continuava parado de costas. Me aproximei correndo dele, e encostei de leve minha mão em seu ombro. Foi quando ele virou. Meu espanto aumentou ainda mais, seu rosto era algo assustador. Seus olhos eram totalmente negros, as veias do seu rosto estavam alteradas, e seus dentes caninos estavam enormes. Eu não conseguia me mover, meus pés pareciam estar plantados no chão. Liam se aproximou mais, e logo eu senti algo morder meu pescoço.

Foi quando acordei. Praticamente dei um salto na cama, meu coração estava acelerado, minhas mãos suavam e minha respiração era ofegante. Suspirei de alivio ao perceber que foi apenas um pesadelo.

Me sentei na cama e fiquei alguns minutos pensando sobre meu sonho. Liam Payne um... vampiro? Que loucura, meu subconsciente consegue me impressionar cada vez mais. Balancei a cabeça negativamente e sorri de tudo aquilo.

[...]

A tarde passou num piscar de olhos. E adivinha o que eu fiquei fazendo o dia inteiro? NADA. Resolvi não sair, afinal, eu não conheço Londres para isso. Nenhuma de minhas amigas haviam me ligado como prometido, e quando eu ligava apenas caia na caixa postal, que ótimo. Em plena sexta-feira vou ficar em casa assistindo TV e me entupindo de comida.

De vez em quando eu teimava em pensar nele, no Liam. E não, ele não havia me ligado como previsto. Nem eu sei por que estou agindo assim. Nunca fui assim com homem nenhum, muito menos quando mal o conheço. Mais Liam tinha algo tão especial, que era impossível deixar de pensar nele. Era como se ele fosse um imã. E uma parte de mim deseja muito poder vê-lo novamente. Pra falar a verdade, eu não sei o que está acontecendo comigo.

Eu estava entediada, trocava de canal e nenhum deles me agradava. A fome bateu, pensei em ligar mais uma vez pras garotas, para irmos comer alguma coisa, mais elas continuavam sem atender. Lembrei que havia um Nando’s aqui perto de casa, e tive a ideia de ir sozinha, apesar de ainda não ter superado muito bem a noite passada. Mais agora eu não precisaria passar por nenhuma rua sombria e deserta.

Mesmo com preguiça, botei uma roupa descente e saí do meu apartamento. Peguei o elevador e fui para o primeiro andar. Cumprimentei o porteiro e saí, dando graças a Deus por Londres estar bem movimentada. As pessoas andavam apressadas pela calçada, me juntei a elas indo a caminho do Nando’s. Eu estava distraída observando tudo ao redor, até que sinto alguém bater em mim com força. Eu estava prestes a cair, quando sinto algo me segurar firmemente pela cintura. Abri os olhos, e meu coração foi a Mil, minha respiração começou a ficar fora do ritmo. Era ele.

- Candice? – ele perguntou, parecendo surpreso ao me ver.

- Liam! – sorri, me desgrudando de seus braços.

- Nossa, que coincidência – ele disse passando a mão na nuca.

- Pois é – respondi. Por que eu ficava tão idiota ao lado dele?

- Então, você está indo para algum lugar? – ele perguntou me pegando de surpresa.

- Ah, eu estou indo no Nando’s. Você quer ir também? Quer dizer, você não precisa ir se não quiser – as palavras saíram um pouco emboladas, afinal, eu ficava nervosa quando estava ao seu lado.

- Eu adoraria acompanhar você... de novo – ele respondeu, e eu sorri em resposta.

Fomos caminhando até o Nando’s trocando umas palavrinhas. A cada palavra que ele falava, meu coração acelerava numa velocidade surpreendente, mas nem eu sei o motivo. Chegamos no Nando’s que estava um pouco cheio, e resolvi escolher uma mesa mais escondida, afinal, não gosto muito de barulho.

Caminhei até o final do Nando’s e me sentei em uma mesa qualquer. Meu corpo estremeceu quando ele se sentou a minha frente. A proximidade dele me deixava mais nervosa que o normal. O cheiro de seu perfume masculino bem forte, invadia meus pulmões me deixando um pouco tonta. E seu olhar... me deixava completamente hipnotizada.

- Então Candice, por você está aqui em Londres? – ele puxava assunto animadamente.

- Bom, desde pequena, meu sonho era poder morar sozinha. E agora que estou com 19 anos, pude finalmente realizar esse sonho – expliquei.

- E você está gostando daqui? – ele perguntou fixando o olhar em mim.

- Pra falar a verdade, eu não fui em muitos lugares aqui. Eu estou apenas dependendo das minhas amigas para saírem comigo, o que não da muito certo – fiz uma careta e ele riu.

- Se você quiser, eu posso te levar para ver os lugares aqui – a resposta dele pareceu sair involuntária – mais... Tem que ser a noite.

- Por que só a noite?

- Por que... Eu estou livre só a noite, faço faculdade – ele parecia nervoso ao dar a resposta. Era como se não soubesse o que responder. Ignorei esse fato, pra que ele mentiria?

- Ah, que legal... Você faz faculdade de que? – eu estava sendo curiosa demais em perguntar isso?

- É... de direito – ele respondeu.

- Sempre gostei de direito, eu admiro muito – eu disse. Eu pensava em fazer faculdade de direito, mais depois desisti.

Fomos interrompidos por uma mulher, que veio anotar nossos pedidos. Pude notar que ela estava dando em cima de Liam. Nossa, que ridícula! Nem ao menos respeitou o fato de que eu estou do lado dele. Liam apenas ignorava a forma manhosa e nojenta que ela se referia a ele, o que me deu vontade de rir.

Quando ela finalmente nos deixou sozinhos de novo, voltamos a conversar. Era incrível como o assunto surgia entre nós. Descobri algumas coisas sobre ele, assim como ele descobriu algumas coisas sobre mim. As vezes era difícil não me distrair observando sua beleza, ele era perfeito.

Não demorou muito e nossos pedidos haviam chegado. Começamos a comer em silêncio. Estendi a mão para pegar o guardanapo e senti uma picada no meu dedo.

- Ai! – exclamei, e depois um pouquinho de sangue começou a se manisfestar. O porta guardanapo era um enfeite, porém havia uma ponta fina. E eu como sou a rainha em me machucar, não percebi e enfiei o dedo ali.

- O que fo... – ele se interrompeu parecendo um pouco assustado, ao ver o sangue.

Voltei a observar meu dedo, era uma picadinha de nada. Só havia um pouquinho de sangue, nada com o que se preocupar.

- Não se preocupe, não é nada dema... – voltei a olhar para frente, e ele havia sumido. Olhei para trás e nada dele. Presumi que ele tivesse ido ao banheiro, mais não. Ele não voltou.

Como assim ele me deixou aqui sozinha? Eu estava muito confusa, ele poderia até não ter gostado de mim, mais precisava disso? Ou vai ver ele era aquelas pessoa que desmaiam vendo sangue, e preferiu se afastar. Minha mente era dominada pelas perguntas, enquanto eu caminhava de volta para casa.

Acho que criei expectativas demais em relação a ele. E esse talvez seja meu maior defeito. Eu sentia algo no fundo, acho que era uma mistura de decepção com ódio.  Eu só queria saber o por que dele ter feito isso comigo.