Rock Of Ages escrita por AniinhaBorges


Capítulo 23
Capítulo 22




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A sexta estava apenas começando em Los Angeles. Como sempre as ruas, becos e avenidas estavam lotados de pessoas andando e procurando um lugar que fosse capaz de lhes proporcionar um pouco de diversão e fazer-lhes esquecer da semana que tiveram, como se eles não tivessem passado a semana toda fazendo a mesma coisa. E no meio de toda essa agitação, estava eu, andando sem saber direito o que fazer ou para onde ir.

Sim, era oficial: eu e Aaron havíamos terminado. Não havia nada nem ninguém que pudesse dizer o contrário. Depois de tudo aquilo que falamos um para o outro, eu o deixei plantado no camarim sem dizer mais nada e assimilando tudo aquilo que fora dito. Não havia necessidade de nenhum de nós dizermos oficialmente que estávamos terminando. Quando deixei claro que não havia esquecido Chip e subentendido que não o amava mais, ele deve ter entendido.

Continuei andando por aquelas ruas que já estavam ficando familiares para mim sem saber o que fazer ou o que pensar. Quando vim para Los Angeles jamais pude imaginar que tudo aquilo me aconteceria. Digo, quando acelerei meu carro naquela manhã alguns meses atrás, não esperava que tudo aquilo fosse acontecer. Se soubesse que teria dois relacionamentos com dois meninos completamente distintos e apaixonantes e que terminaria duas vezes com um coração partido e sem saber o que fazer, não teria pegado esse caminho que me trouxe aqui. De repente, me peguei lembrando o dia que Chip me deu um fora. Eu estava praticamente na mesma situação, sem rumo e sem direção, talvez apenas um pouco mais triste do que naquela noite. Mas eu estava triste.

Sem olhar para onde estava indo, continuei em frente, sendo quase derrubada algumas vezes e esbarrando com quase todos que passavam por mim. Eu queria ir para casa, mas tinha medo de chegar ao apartamento e ver meus pais sentados com Bonnie, prontos para uma reunião familiar. Eu já havia terminado um namoro, não precisava ouvir um sermão dos meus pais na mesma noite. Foi então que quando me dei conta meus pés me guiaram para o único lugar que eu poderia pensar em ir. E também, o que parecia mais óbvio.

Encontrei o Poison vazio, mas com as luzes acessas. Já havia passado da hora de ele estar fechado e era bem provável que não tivesse nenhum cliente lá dentro. Atravessei a calçada e andei rapidamente até a porta de vidro, empurrando a barra para abri-la. O sininho na porta e anunciou minha chegada, mas ele parecia realmente estar vazio. Fui até o escritório da Ramona para ver se ela estava lá, mas ele também estava vazio. Sendo assim, voltei para o salão, sentei-me num dos bancos do balcão e fiquei lá presa com meus pensamentos até que eles foram interrompidos pelo mesmo sininho, anunciando a chegada de outro alguém. “Desculpe, estamos fechados.”- disse ele, olhando para o chão sem perceber que era eu que estava lá. “Eu sei.”- eu respondi. Ele levantou a cabeça e olhou na minha direção com um olhar surpreso. “Eve? O que faz aqui?”- ele perguntou. “Quero dizer, você não estava de folga hoje? Não que isso importasse, já que já fechamos, mas mesmo assim.”- ele continuou se aproximando. “É que eu não sabia pra onde ir.”- eu disse sincera. Ele olhou para mim tentando decifrar minha expressão, como se fosse um pesquisador olhando seu objeto de pesquisa  num laboratório. “Tá tudo bem? Você parece triste. Aconteceu alguma coisa entre você e Bonnie?”- ele perguntou passando para o outro lado do balcão. “Não, antes fosse.”-eu disse encarando minhas unhas. Chip não disse mais nada, só ficou me olhando por um tempo e depois começou a limpar o balcão, como ele estava fazendo no dia em que nos conhecemos.

“Eu briguei com o Aaron.”- eu soltei, esquecendo minhas unhas e fazendo com que ele esquecesse o balcão já limpo. “Brigou? Mas e o show?”- ele perguntou tentando parecer indiferente. “Foi bom, só que nós terminamos depois.”- eu disse. Ele esqueceu um pouco do balcão e me encarou de novo. “Sinto muito.”- ele disse tentando esconder sua satisfação. “Não, não sente.”- eu sussurrei para mim mesma, desejando no fundo que ele ouvisse. “O que você disse?”- ele perguntou soltando um sorriso malicioso e irônico. “Nada, eu não disse nada.”- eu respondi retribuindo o sorriso. “Obrigada, só isso.”- eu disse me encolhendo na cadeira. “De nada, se quiser conversar, estamos aqui.”- ele finalmente largou a flanela suja e concentrou-se somente em mim, o que me fez encolher ainda mais no banquinho giratório. “Não, na verdade não quero.”- eu disse sendo sincera. Eu realmente não queria me abrir com ninguém naquela noite, especialmente com Chip.

Depois de um tempo apenas me olhando e me deixando desconfortável, ele se virou e abriu a porta dos fundos, permanecendo lá por um tempo. Chip tinha essa mania irritante de conseguir me deixar completamente constrangida e desconfortável.  E sinto que eu conseguia causar o mesmo efeito nele. Ele voltou dos fundos trazendo consigo duas vassouras, sorrindo e olhando para mim. “Olha, já que está aqui e não quer falar sobre o seu trágico fim de namoro, você podia me ajudar a varrer o salão. Só falta isso e quem sabe depois, não sei, podíamos sair, dar uma volta.”- ele disse passando pelo balcão e me entregando uma vassoura. “Primeiramente, quem disse que meu rompimento foi trágico? E segundo, só porque eu não quero falar sobre Aaron isso significa que eu queira varrer um chão?”- eu perguntei um pouco indignada empurrando a vassoura. “Bem, eu acho que todos os rompimentos são de certa forma trágicos, não é?”- ele perguntou a seco, deixando transparecer que estava fazendo referência a nós mesmos. “E não importa se você não quer varrer, sou seu chefe.”- ele disse me entregando de novo o objeto. “Mas eu estou de folga hoje. Você mesmo disse.”- eu retruquei. “Sim, mas já passa de meia noite, então, já é sábado.”- ele mais uma vez usou aquele sorriso irritante. “Dá isso aqui.”- eu disse revoltada levantando. Chip riu e começou a andar para o lado direto do salão. Eu tirei minha jaqueta e prendi meu cabelo num coque e agarrei a vassoura, me arrastando para o lado oposto ao dele.

Comecei a varrer o chão da maneira que eu achava que era pra ser varrido. A verdade é que mesmo morando num apartamento sem empregadas e trabalhando de garçonete por meses, eu não havia ainda varrido o chão. Bonnie sempre fez questão de deixar a faxina por conta dela e de uma senhora que morava no andar de baixo. E no Poison, quem era responsável pela faxina geralmente era Chip e os garçons que pegavam o último turno, o que não era meu caso. Mesmo assim continuei varrendo de um lado pro outro, achando que estava fazendo a coisa certa, até que ouvi ao fundo, risinhos presos ecoando. “O que foi?”- eu perguntei me virando para Chip que estava bem mais perto do que eu imaginava parado apoiado em sua vassoura e rindo. “Sabe que não é assim que se varre, né?”- ele perguntou irônico. “Ah, não? Então como é?”- eu retruquei imitando sua pose e observando ele me mostrando como se varre. “E eu estava fazendo o que?”- eu exclamei cruzando os braços. “Qualquer coisa menos isso.”- ele disse relativamente próximo a mim. “Eu acho melhor terminar isso aqui. Pra gente poder ir embora.”- eu disse fugindo dele. Ele me olhou rindo e concordou, voltando para seu lado. “Você ainda tem muito que aprender, princesa.”


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