How Things Began... escrita por RitalinLove


Capítulo 9
Waking up next to you


Notas iniciais do capítulo

Aê! Finalmente hein? Pois é, gente, mil desculpas pela demora, mas eu estava em época de prova e não tive tempo... Mas uma boa notícia é que minha última prova foi hoje, então postarei com mais frequência! :D Espero que gostem ♥



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– Pudim.


– Sábado de tarde.


– É sério? Pudim te lembra sábado de tarde? - David riu enquanto brincávamos um com a mão do outro entre carícias e dedilhadas, e sussurrávamos um passatempo infantil ainda deitados na minha cama enquanto o dia amanhecia.


– Sim, pudim me lembra sábado de tarde. Quando éramos mais crianças minha avó sempre vinha visitar a gente no sábado e depois do almoço preparava o seu delicioso pudim para que a gente comesse no fim de tarde enquanto ela contava uma de suas infinitas aventuras. - Falei com um sorriso bobo de nostalgia no rosto. Era tão bom partilhar as coisas com David... - Mas pode parar, mocinho! Você não pode parar o jogo para pedir explicações! Esse não é o espírito da coisa! - Disse com falso aborrecimento. Até parece que a curiosidade genuína dele poderia me deixar bravo.


– Tá bom, tá bom. - David riu - Hmmm… "Sábado de tarde" me lembra telefone.


– Telefone? Porque "sábado de tarde te lembraria "telefone"? - Questionei enquanto acariciava seu pulso.


– Qual é, Pie! "Esse não é o espírito da coisa"! - Ele disse em deboche e eu mostrei minha língua.


– Acontece que depois de você estragar a brincadeira 3 vezes, eu ganhei um crédito. Tenho direito de perguntar uma vez!


– Haha, como você é trapaceiro, cruzes! - Ele ainda ria fofamente - "Sábado de tarde" me lembra "telefone" porque foi em um sábado de tarde que você me ligou e a gente se falou pela primeira vez… - Ele falou envergonhado e mordendo os lábios.


– Que amor! - Eu disse. Eu realmente achava isso um amor da parte dele, mas eu disse isso com o intuito -muito bem sucedido- de fazê-lo corar ainda mais. Há.


– Sua vez.


– Telefone… Telefone me lembra "baixista gostoso". - Falei cheio de malícia.


– Heeeeey, não vale ter o mesmo motivo, poxa! - Ele disse, rindo da minha resposta.


– Como você se acha hein, Desrosiers? É CLARO que eu estou falando de MIM mesmo. - Disse rindo da cara de ofendido que ele fez.


– Ahhh tá, Bouvier! Se você é 'baixista', eu sou o que? - Ele falou realmente inconformado com a brincadeira. Puxei seu corpo mais junto do meu.


– Você é o 'gostoso'. - Disse e ele sorriu vermelho, me beijando.


– Hmmm… - Eu simplesmente adorava como ele suspirava depois de me beijar. Eu ia da Terra à Lua. - Agora eu não sei em que palavra a gente parou…


– "Pierre Bouvier". Não sei se você conhece e tudo mais… - Falei rindo e ele riu junto.


– Hum… Acho que eu não posso falar… - Ele disse rindo e me olhando de uma maneira sexy. Ok, ele TINHA que falar, agora.


– Nada disso, pode ir falando! - Disse morto de curiosidade.


– Naaah… Na verdade "Pierre Bouvier" me lembra muitas coisas, tipo… - O interrompi.


– Mas eu quero que você fale a primeira.


– E eu quero ter uma Zebra de verdade. Não se pode ter tudo.


– Certo, eu te dou uma Zebra. Agora me conta! - Ele começou a rir. Ele adorava me ver desesperadamente curioso.


– Não, Pie.


– Era alguma coisa pervertida?


Ele fez que sim com a cabeça, sendo incapaz de falar pela gargalhada.


– Era uma coisa que você… Uh… Quer fazer? - Perguntei enquanto milhões de coisas passavam pela minha cabeça. Porra, aquela conversa estava tomando um rumo muito inadequado - divertido! -, mas inadequado.


– Que diabos está pensando aí? Eu não vou te falar o que é, Pie! - Ele falou com dificuldade, ainda ria sem parar.


– Que diabos VOCÊ está pensando, né? Pervertido. - Disse num resmungo brincalhão e levei um soco no ombro.


– Não sou pervertido! - Já comecei a rir por aí: David era lindo, fofo, meigo, doce, infantil, delicado e curioso… Mas era pervertido. Ah se era! - E a culpa não é minha de pensar nessa tal coisa! - Ele completou emburrado.


– A culpa é de quem então?


– Sua.


– Minha? Haha, qual é Desrosiers, não tenho controle sobre a sua mente.


– Mas tem sobre outras coisas… - Ele falou praticamente em um sopro. Eu corei MUITO depois dessa. Puta que pariu, não dava pra ter certeza o que ele queria dizer com isso, mas um zilhão de interpretações… érr… Você sabe, poderiam ter sido feitas. - Eu.


– O quê?


– "Pierre" me lembra d'eu mesmo. - Ele riu. - Mas essa não é a tal coisa, antes que você me bata por fazer tanto drama!


– Haha, certo, David, certo… A gente fala dessa outra coisa depois, sim? - Ele concordou com a cabeça e eu pude sentir o cheiro do seu cabelo. - Hmmmm… "Você" me lembra vicio.


– Vicio me lembra… 'Aquela' música.


– Escrever.


– Tocar.


– Você.


– O quê?


– Tocar me lembra você. - Disse percorrendo minhas mãos pelo seu corpo.


– Mas eu já fui! - Ele riu.


– Pena.


– Galinha.


– Você.


– Ha-ha, estúpido.


– Eu.


– Beijo.


– Você.


– Para com isso, Pie! Aí não tem graça! - Ele falou rindo, mas fingindo estar sério.


– Certo… Boca.


– Rádio.


– Rádio?


– É… "Kiss" FM… - Ele riu e eu revirei os olhos, brincando.


– Casaco.


– Esquecê-lo.


– Melhor dia da minha vida.


– Selinho… - Ele murmurou aproximando-se de mim.


– "Melhor dia da minha vida" te lembra selinho?


– Não… Eu qué selinho… - Ele falava com a voz de bebê, morto de sono.


– Seu desejo é uma ordem. - Falei selando nossos lábios de maneira prolongada, e ele logo adormeceu em meus braços.


Dava uma dor no coração, porque David era um verdadeiro anjo. Dormindo então… Ele era perfeitamente angelical, lindo. Mas faltava pouco tempo para minha mãe acordar e vir me tirar da cama - acordar cedo fazia parte do meu mais novo castigo -. Ou seja… David precisava estar escondido.


Deixei que meu anjinho dormisse por mais meia hora, enquanto eu apenas o observava sorrindo.


"Cara…" Suspirei enquanto pensava no tanto que eu era sortudo. Quer dizer… Normalmente eu não sou… Sou um verdadeiro desastre na maior parte do tempo. Mas porra, eu estava abraçado com a pessoa que eu gostava e tinha plena certeza de que ela gostava de mim de volta - ao menos um pouco ele gostava -, tinha uma banda - que passou por uns bons bocados, mas alcançou sucesso, realizando nossos sonhos - com meus melhores amigos e…


Tive que cortar meu raciocínio pela metade assim que olhei para o relógio: 6:57h! Não queria - e nem ia - acordar meu pequeno no susto, por isso fui beijando seu rosto, pescoço e orelha na maior calma possível para não assustá-lo. Ele abriu os olhinho docemente, sorrindo no meio de um bocejo.


– Bom dia… - Sorri para ele, depositando um beijo na ponta do seu nariz.


– 'Dia… - Ele disse ainda sonolento, ameaçando fechar os olhos de novo.


– Não, anjo, não…- Falei, fazendo-o ficar acordado - Hora de levantar e se esconder no banheiro do Pie! - Disse alegre.


– Porque? Seu namorado chegou mais cedo de viagem? - Ele riu.


– Sim, e ele vai me matar se descobrir que estou o traindo com o cara mais lindo do mundo. - Era realmente bom fazer um sorriso tímido e grato nascer naquele rosto perfeito. David amava elogios e eu podia passar dias apenas cobrindo-o disso. - Por isso é melhor que seja rápido. - Olhei no relógio e já era 7h… Minha mãe entraria a qualquer segundo.


– Olhando no relógio? Puxa… Eu achei que estava brincando, apenas! - Ele falou levantando-se da cama. Louvemos que a porta do meu banheiro era bem próxima da minha cama, porque no mesmo segundo que David se trancou lá, minha mãe abriu a porta do quarto a fim de me acordar.


– Bom dia, filho! - Ela disse abrindo as cortinas enquanto eu fingia estar dormindo.


– Amnn… - Resmunguei e ela me deu um beijo na testa.


– Levante-se. Tem café na mesa.


– Hã? Não vamos comer juntos? - Perguntei torcendo pra ouvir um "não". Não me entenda mal, amo minha família, mas eu realmente queira poder lanchar junto de David, e não ter de trazer bolachinhas, escondido, pra ele ele no banheiro.


– Não, tenho que correr pro trabalho. Seu pai já saiu. Vai fazer o que hoje? Ensaiar? - Vibrei em silêncio.


– Hã… Não, não tem ensaio hoje… Acho que vou fazer… Nada. Quer dizer, apenas as tarefas domésticas, claro! - Disse com postura de responsável.


– Certo. - Minha mãe me beijou de novo na testa - Bom dia, "superstar"! - Érr… É, pois é… Mãe é mãe.


Me despedi dela, levando-a até a porta de casa, com o intuito de fazê-la perceber que eu não voltaria pra cama e ficaria por lá até o dia acabar.


Voltei para o quarto, batendo na porta do banheiro.


– Não tem nenhum amante aqui. - Disse David com a voz engraçada.


– É bom mesmo, porque se tivesse, ele seria PÉSSIMO em disfarçar isso! - Falei grosso, como se fosse outra pessoa.


– Mas mesmo se tivesse, você não tem com o que se preocupar, eu nem chego a ser um amante ou algo do tipo. Não fiz nada com Pierre. - Ele falava praticamente colado a porta e eu fazia o mesmo do outro lado.


– Nada? Tem certeza? - Falei mais alto e mais grave.


– Ah, tenho. Quer dizer, beijar não conta né? Pelo menos não nesse caso. Pierre beija tão mal que eu não sabia definir se estava beijando uma parede ou minha própria irmã. Broxante. - Ele falou em tom de brincadeira. Desgraçado…


– Abre essa porta agora, David! - Falei irritado já com a voz normal.


– Nossa, você até pareceu o Pierre agora!


– Abre a porta! - Disse batendo na mesma.


– Não.


– Abre!


– Não.


– Abre!!


– Não.


– Abre a droga da porta, Desrosiers! - Dei um último soco na porta.


– Ou você vai urrar e soprar e soprar… ? - Ele ria descontroladamente.


– E se eu fizer isso? - Falei entrando no seu joguinho.


– Daí eu não abro.


– Certo… Não vou fazer. Abre? - Fiz a voz mais fofa que consegui, implorando.


– Hmmm… Não.


Caramba, aquele garoto sabia como tirar alguém do sério. Principalmente eu. me joguei na cama derrotado e não demorou muito para ouvir o "clic" da tranca. Levantei num pulo ficando de frente para a porta de novo.


– Oi! - Ele disse bobamente.


– Ah, oi! - Respondi com um falso sorriso no rosto.


– Tudo bem? - Ele continuava o cinismo.


– Não. - Sorri mostrando todos os meus dentes.


– Oh… Por que não? - Falou com falsa cara de tristeza.


– Infelizmente, alguém vai morrer.


– Jura? Quem?


– Você. - No mesmo instante o levantei pelas pernas o fazendo ficar de cabeça pra baixo apoiado no meu ombro. Ele se debatia e me estapeava me mandando o por no chão enquanto eu descia pela escada sem dar a mínima. - Como você é leve… Por que nunca te seqüestrei antes?


– Me coloque no chão agora, Pierre! - Ele disse esbravejando.


– Qual é David? Pode sair. Afinal, você deve ser mais forte que a sua irmã, certo? Ao menos dela, opa, de mim, você deve ser. Sem falar que paredes não podem te levantar, então está bem fácil de dar o fora!


– Haha, opa! Você ouviu isso? Achei que estava conversando com o seu namorado…


– É, talvez eu devesse continuar com ele. Ele tinha consciência de que eu sou um ótimo beijador.


– No país dos loucos, talvez.


– Opa, esqueceu que ainda está sendo carregado de cabeça pra baixo? Eu posso muito bem te jogar no chão… - Falei o virando com força, fazendo-o dar uma cambalhota e cair direto no sofá. Ele se assustou e eu pulei por cima dele, segurando seus pulsos não o deixando sair ou me empurrar.


– Achei que fosse me jogar no chão de verdade! - Ele disse com os batimentos acelerados.


– Eu não faria isso. - Sorri o fazendo sorrir de volta.


Ficamos parados ali nos olhando simplesmente. David levantou a cabeça com o intuito de me beijar mas eu levantei o rosto o fazendo beijar meu queixo. Ele tentou de novo e dessa vez joguei minha cara para o lado o fazendo acertar o nada.


– Qual é, Pie! - Choramingou. - Não vai mais me beijar?


– Não. Eu beijo mal. - Falei rindo e mostrando a língua.


– Haha, para com isso! Era brincadeira! - Já estava fazendo birra.


– Jura? - Levantei a sobrancelha encarando-o.


– Juro!


– Então… Eu beijo bem? - Ri desafiador.


– Sim! Você beija bem! - Falou no meio do bico que se formara ali.


– Só bem?


– Maravilhosamente bem! Muito bem! Você é incrível!


– Hmmm. Obrigado. - Pisquei com o ego inflado.


– Pode me beijar agora, por favor? - David disse nervoso.


– Hmmm… Não. - Sai de cima dele indo até a cozinha.


– Como assim "não"? E tudo que acabei de falar? - Senti a voz impaciente me seguindo até parar na frente da geladeira, onde eu estava.


– Nada que eu já não soubesse.


– Como você é convencido!


– Haha, bom, estão implorando um beijo meu, então… - Falei colocando o cereal em duas tigelas - Posso concluir que tenho motivos.


– Pois fique sabendo que eu posso muito bem sair por aí beijando qualquer um! - Ele disse de braços cruzados revirando os olhos pra mim.


– Sei disso… - Virei-me pra ele passando bem perto de sua boca e depois me afastando - Mas você não quer fazer isso.


– Quem disse?


– Bom, então sinta-se a vontade… - Apontei pra porta, sorrindo - Vá beijar outras pessoas.


Ele olhou pra mim e olhou pra porta sucessivamente.


– Arghhh! Que droga, Bouvier! - Ele bufou sentando-se do meu lado e pegando uma colher para comer o cereal. Tudo que eu podia fazer era rir da cena. Ri baixinho, claro. Se eu gargalhasse, David pegaria a faca de pão e me mataria.


Comemos em silêncio e Eu podia ouvi-lo descarregar sua raiva no pobre do cereal. Levantei-me e coloquei a tigela na pia, ficando atrás de David.


– Só saiba - Dei-lhe um curto beijo na testa - que aprendi a ser assim tão chato e peste com você, ok? - Ele se virou pra mim com a boca aberta, ofendido - Tudo bem se sua irmã beijar sua testa, né? Irmãos fazem isso? - O provoquei rindo e ele fez um bico raivoso.


– Você não é minha irmã, Pierre… - Ele se levantou, colocando as mãos em meus ombros e falando, entre suspiros, no meu ouvido. DROGA, DROGA, DROGA! Ele era bom nisso.


– Tem razão, sou a parede, né? - Falei tentando controlar meus impulsos de agarrá-lo. Não podia deixar ele ganhar, droga.


– Não, Pie… Você não é a parede… - Ele olhou dentro dos meus olhos enquanto passava sua mão no meu tórax, me deixando completamente arrepiado.


Eu já estava cedendo quando o -santo- telefone começou a tocar e me desvinculei de seu toque.


– Alô? - Atendi ainda meio tonto.


– Pierre, Oi! - Ouvi a voz alegre de Seb.


– E aí Seb! Diga! - agradecia mentalmente Sébastien por ter me ligado.


– Então… Tem como você dar uma passadinha aqui em casa? Os guys estão chegando e tudo mais… Pat precisa conversar conosco!


– Hã… É sobre a banda? - Perguntei me lembrando que agora sou apenas um detento.


– Hã… É sim… Por que?


– Nada. Então eu já estou indo. - Falei prestes a desligar.


– Espera! Será que você podia tentar falar com David? Jeff disse que ele não estava em casa quando acordou, e não consigo falar com ele no celular… - Ri abafado, olhando para David, que não entendeu nada.


– Ah claro… Eu procuro ele. Não acho que ele iria tão longe… - Ri para ele e logo entendeu tudo, rindo também.


– Certo. Até lá! - Seb apenas desligou, sem fazer nenhum comentário maroto ou sugestivo, e pensei que ele poderia mesmo ter deixado toda a besteira de "David e eu" de lado.


Coloquei o telefone no gancho e fui andando devagar até ele.


– Temos que ir até a casa de Lefebvre… - Sussurrei em seu ouvido - Ps.: Você está desaparecido.


– Fiquei sabendo… - Ele sussurrou de volta. - Será que vão me encontrar?


– Hmm, acho que posso cuidar disso.


– Talvez não… Fiquei sabendo que vão ter que pagar o meu resgate… - Sorri. Eu já imaginava o que ele ia dizer.


– E quanto eu vou ter que pagar? - Apertei-o contra meu corpo.


– Não acho que você queira ou possa fazer isso…


– Faço qualquer coisa.


– Qualquer coisa? Interessante… - Ele mordeu o lábio inferior… Cara, aquilo me deixava doido. Completamente doido por David.


– O que é?


– Um beijo. - Ele sorriu vitorioso.


É, e ele era mesmo. Dane-se "ganhar" dele ou não. Eu preferia mil vezes beijá-lo do que vencer uma discussão. No mesmo instante, lambi minha boca e me aproximei da sua, dando início a um beijo quente e interminável. Segurei seu queixo, logo alisando sua nuca, enquanto colocava a sua cintura o mais próximo de mim que eu conseguia. Estava tudo perfeito, exatamente como sempre era com David, até que…


– Bem, vamos. - Ele disse se soltando de mim simplesmente, bem no meio do beijo.


– Q-q-quê? Hã… Como assim? - Estava super confuso e atordoado.


– Pro Seb, ué.


– Sim, eu sei. - Disse meio nervoso.


– Então. "Como assim" o quê? - Ele falou se dirigindo a porta da frente.


– Você não queria um beijo? - Cruzei meus braços e franzi minha testa.


– Ué, e já não consegui? - Ele riu.


– Ah, é assim, é? Simplesmente me corta quando já está satisfeito?


– Haha, qual é Pie… - Ele andou até mim, passando a mão no meu queixo para que eu levantasse o rosto - Qual o problema?


– Acontece, David, - Fui falando me retirando de sua frente e indo para a porta - que não é só você quem importa. - Grunhi - Vamos.


David me olhou assustado mas preferiu ficar calado, saindo pela porta e indo até o carro. Mais uma vez fizemos uma viagem silenciosa…


Chegamos na casa do Seb e assim que estacionei o carro, inconscientemente, me posicionei na frente do lado do passageiro, onde estava David, abrindo a porta para ele. Só me dei conta depois, quando ele soltou um risinho agradecido e envergonhado. Corei de leve, mas não perdi a postura, saindo de sua frente… Quer dizer, quase: David segurou meu braço, me impedindo de deixá-lo ali.


– Pierre, porque você gosta de mim? - Ele falou a última coisa que eu poderia esperar que falasse naquela hora.


– Que? Olha, David… - Comecei, irritado, mas fui cortado quando ele colocou o dedo em meus lábios.


– Não, Pie, é sério, esquece que está chateado comigo por um instante, e me responde isso. - David me olhou nos olhos, amolecendo meu coração.


– Ah… Por muita coisa… - Eu sabia que já estava parecendo um pimentão. Tinha como começar aquela conversa? - Gosto de tudo em você… - Falei olhando para o céu.


– Então… Você gosto de mim… Do jeito que eu sou? - Droga, ele ia continuar com isso?


– Sim, David… Gosto de você do jeito que é.


– E você ao menos me conhece, Pierre? - Aquilo me fez tremer. Aonde isso ia nos levar?


– Conheço David… É claro que conheço. - Previ ele me interrompendo com uma nova pergunta, mas fui mais rápido - Sei como é um verdadeiro brincalhão e gosta de manter todos ao seu redor divertidos. Sei como é tímido também e não sabe lidar muito bem com quem não conhece direito. Sei que tem quedas por Zebras e tem uma infantilidade doce dentro de você. Sei que fica triste em ambientes sérios e como fica nervoso antes de fazer algo importante. Sei como é espontâneo e gosta de surpreender. Sei que é doce e frágil e precisa de proteção. Aliás, gosta de se sentir protegido. Sei como teve que lidar com muitas dificuldades na vida e por isso gosta de estar sempre bem-humorado para não ter que chorar, sei como não esquece das coisas e como é meigo com seus amigos. Sei até mesmo do seu TDAH e como não é uma boa ideia tomar café depois de Ritalina… Eu te conheço David. Poderia passar o resto do dia apenas descrevendo como eu realmente te conheço, mas nós temos que entrar.


Pude perceber os olhos de David molhados, mas ele logo disfarçou e sorriu docemente pra mim.


– Então, Pierre… Se me conhece tão bem, deveria saber que eu sou uma palhaço. Eu brinco Pierre, é isso que eu faço: Brinco. Eu não quero ter que ser censurado por brincar com você. Porque é assim que eu sou, é isso que gosto de fazer. Pierre, quero que saiba que de todas as pessoas que eu conheço, é com você que me sinto mais a vontade. Desde a primeira vez que nos falamos por telefone, eu senti que podia ser muito mais eu mesmo com você. Não quero perder isso, entende? Me desculpe se fiz parecer que não me importo com você, mas isso não é a verdade. É com você que eu me importo mais. Então por favor, não me censure, não me faça sentir culpado por ser uma criança.


Eu fiquei sem palavras depois daquilo. Como pude ser tão esquentado? Eu conheço ele, deveria imaginar que não passava de mais uma de suas brincadeiras infantis que eu tanto amo. E sabe o que é pior? Briguei com ele por que… Tudo que eu mais quero é beijá-lo. Haha, sente como isso soa ridículo? Ficar com raiva por gostar tanto?


– Você está certo, David… Me desculpe. Não deveria ter perdido a paciência com você…


– Não tem que pedir desculpas, Pie… Só não se esqueça como eu sou. Eu infelizmente não posso mudar isso…


– Não tem nada de infeliz nisso, David! E eu não quero que você mude. Eu gosto de você por tudo, pelo pacote completo, ok? - Sorri abraçando-o.


– Também gosto de tudo em você. Tudo mesmo… Obrigado por abrir a porta pra mim… - Ele sussurrou escondendo o rosto na volta do meu pescoço. - Ainda quer terminar aquele beijo?


Ri pra ele como quem diz que "sim, claro! Sempre!" e nos beijamos intensamente e sem interrupções - o que é melhor -.


Entramos na casa de Seb e vimos toda a trupe reunida nos esperando e um Pat com o maior sorriso de empolgação que se podia imaginar. Certo, qual era a grande novidade?



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Notas finais do capítulo

Thanks ♥



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