How Things Began... escrita por RitalinLove


Capítulo 6
First day of the rest of our lives


Notas iniciais do capítulo

Desculpa gente, ainda estou muito doente, mas tá aí o capítulo. Espero que gostem :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/253592/chapter/6

Eu até poderia dizer que "já" estávamos fazendo pequenas apresentações nos sete cantos de Montreal, mas… Acontece que o processo não teve nada de "já". Foi lento e demorado: 6 meses. Seis looooongos meses se passaram enquanto nos ralávamos nossos traseiros intensamente. Foi trabalhoso até conseguirmos um pequeno reconhecimento… Sério, não teve nada de simples nesse nosso plano!

Enfim, sofrimentos a parte, eu estava muito orgulhoso de nós. Quer dizer… Não éramos os caras mais famosos do mundo - não éramos nem os mais famosos de Quebec-, mas já estávamos criando nossa legião (ok, legião é meio forte demais…) de fãs espalhados por Montreal. De uns tempos pra cá, as coisas até que estavam fluindo melhor e algumas vezes não era nem a gente que ficava implorando pra se apresentar numa sexta a noite no bar do Seu Sei-lá-quem. Sério, ás vezes eram os próprios propietários que ligavam querendo a gente! E cara… Era uma loucura o que a gente fazia pra chamar a atenção do povo. A gente ia se apresentar em algum canto qualquer e Pat, nosso fiel escudeiro, saia pelas ruas de Montreal, perturbando as pessoas com um disc-man e uma demo nosso. Depois de fazer a pessoa perder tempo nos ouvindo ele dizia: "Gostou? Passa em tal lugar para vê-los pessoalmente!".

O fato é que já havíamos feito dezenas - ou melhor: centenas - de apresentações em bares, parques de diversões, escolas, quando o Pat - aquele lindjo!- nos deu a melhor notícia do mundo: Finalmente teríamos nosso primeiro show oficial!

Ok ok, era um festival de Quebec, o que quer dizer que apresentaríamos rapidamente - no máximo em uns 40 minutos -, e com outras bandas, ou seja não era exatamente "nosso", por assim dizer, mas mesmo assim era grande. Era reconhecimento… Era uma mistura de nervosismo e felicidade… Era um bom começo ( o lado bom do "começo" que já estamos vivendo a um boooooom tempo).

Uma coisa ótima de tanto tempo ter passado, é que já fazia uns bons meses desde que eu havia escrito a música para o David e todo o episódio do Seb surtado, também. Eu até que estava me saindo bem: David brincava comigo - O TEMPO TODO - nos ensaios, fazendo provocações e zoando como uma criança e eu me controlava estupidamente bem, cara! Acho que merecia um prêmio por ter que aturar tanto sofrimento… E Seb. Ok, tudo bem, ele não tocava no assunto - como tinha prometido - mas ás vezes eu o pegava nos observando com os olhos azuis brilhando e um baita sorriso sacana. Quando me percebia, ele tentava disfarçar e eu fingia que acreditava pra não ter que lidar com isso.


Depois de algumas semanas - ensaiando todo santo dia, é claro - o grande dia chegou. Lá estávamos nós, nos bastidores, ouvindo alguma banda tocar - uma bada que o nervosismo não me deixava saber a droga do nome -, enquanto esperávamos nossa hora de arrasar no palco. A verdade é que era o palco que estava arrasando com a gente… Tinha como parar de tremer?


– Cara, olha aquela multidão! Eu nunca vi tanta gente junta! - Disse Jeff que espiava aquela platéia pulando e cantando.


– É… E daqui a pouco vamos ver de muito mais perto… - Suspirei.


– Nervoso? - Seb se direcionava a mim, mas todo mundo respondeu em coro:


– Claro!


– Você não? - Encarei Seb.


– Tá doido? Claro que sim! - Ele esbugalhou os olhos de uma forma mega engraçada.


– Relaxa Pierre… Tenta ficar tranqüilo, sabe? Nervoso do jeito que está, você pode acabar embolando as músicas, esquecendo as letras… Você, sabe, passar um vexame daqueles! - Pat falava com o claro intuito de me provocar, só pra me fazer pensar mais nisso e ficar mais nervoso.


– Vira essa boca pra lá, Langlois! - Chuck virou um soco no braço de Pat com raiva.


Eles continuavam a discutir e comparar pra ver quem estava tremendo mais, ou algo do tipo, e eu perdi minha atenção… Aliás, prendi minha atenção em algo muito mais interessante: David. Ele estava encostado num canto, quieto, apenas bebendo sua água e fitando o nada. Ele provavelmente estava morrendo de medo… Quer dizer, David já é bastante acatado, tímido, um show daquela magnitude então… Devia estar o deixando doido. Do mesmo jeito, fiquei preocupado com ele. Não gostava de vê-lo assim… David era o amigo que transbordava alegria e fazia todos rirem… Não suportava vê-lo triste. Era como se meu coração fosse quebrado em um zilhão de pedacinhos e eu não conseguisse colar… Ok, isso foi muito gay. É, foi mesmo, mas fazer o que? Eu era assim quando se tratava do estúpido Desrosiers.


Chegou nossa hora. Nos abraçamos e fomos para o palco. Assim que entramos gritei um "olá galera!" e fomos recebidos com gritos eufóricos e contagiantes. Depois disso, não teve como né? O nervosismo foi por água a baixo e - louvemos a isso - o "David cabisbaixo" também. Estávamos cheios de energia, especialmente David que não parava de pular - até pensei que pudesse ser uma marca registrada para todos os nossos shows - e, é claro, brincar comigo. Tocamos algumas músicas nossas e um cover de "American Jesus" do Bad Religion, considerando que essa música teve muito impacto em nossas vidas.


É… Foi tudo simplesmente e encantadoramente perfeito. Fomos os penúltimos a se apresentar e ficamos ali, no backstage mesmo, comemorando e brindando até o festival realmente acabar e todos irem embora. Os meninos começaram a ir também, já era umas 2h da manhã afinal, e eu fui dar uma olhada naquele palco que mudou nossas vidas.


– Hmmm… É, o primeiro de muitos. - disse para mim mesmo, enquanto observava aquele ambiente que a algumas horas atrás estava lotado e exalando felicidade.


Encontrei David sentado na beira do palco - ué, ele não tinha ido embora? - com um pequeno caderno de músicas… Meu?


– Hey, Ritalin, o que está fazendo aqui? - Perguntei me sentando do seu lado. David estava muito concentrado e se assustou quando falei com ele. Pela cara de espanto que fez, me pareceu muito uma criança sendo pega com a boca na botija.


– Nossa, que susto, Pie! Quer me matar do coração? Ele disse franzindo a testa numa falsa cara zangada.


– Hmmm… Talvez…- Soltei entre dentes, como se eu fosse um psicopata e David começou a gargalhar (lindamente, como sempre) - Então… Isso aí é meu? - apontei pro caderno em seu colo.


– Ah, desculpa Pie… - Ele abaixou os olhos, envergonhado.


– Não, tudo bem, pode ler. - Disse e ele voltou a sorrir.


– Você escreve muito bem… - Ele disse num sorriso de lado super sexy, e eu me contive para não mordê-lo.


– Você só descobriu isso hoje? - Fiz cara de metido e ele revirou os olhos.


– Não! Eu já sabia disso, seu bobo - ele me deu um empurrão (o "ão" é modo de falar, tadinho, ele é muito fraquinho) -. Só acho que é legal comentar, tá?


– Haha, tô brincando Dave, relaxa! - Levantei os braços me "rendendo" - Muito obrigado. - Disse sincero, e Davd sorriu.


– Mas agora me conta, Pie… Por quem você está "viciado", hein, hein? - Ele fez uma cara sacana, batendo o cotovelo no meu braço.


– Do que você tá falando? - comecei a rir, mas estava confuso.


– Do que 'cê acha? Da música, né? Duuuuh! - Me debochou apontando para a letra de… AI MEU BOM DEUS! "Addicted"?!! Ok… Eu comecei a suar desesperado… E agora? Que desculpa eu vou dar?


– Érr… O que te faz pensar que tem alguma relação comigo? - Ok, Pierre, você está ganhando tempo, mas o que vai inventar agora?


– E não é? - David me olhava confuso.


Na verdade… Não. - Ok, eu acho que "na verdade" é sim, né? Mas David não precisa saber disso.


– É relacionado a quem, então? - Ele me fitava desconfiado.


– É sobre… Sobre um amigo meu. - Eu já suava.


– Sobre um amigo seu? - Ele parecia estar começando a engolir aquela baboseira.


– É… - resolvi que deveria contar a verdade a ele - Ele descobriu que estava se apaixonando por um amigo… Pelo melhor amigo dele. Ele percebeu que estava viciado e já não podia viver sem ele. Mesmo que não pudesse tê-lo, não conseguia esquecê-lo. - Ok, eu contei a verdade, apenas não disse que esse tal "amigo" era eu mesmo.


– Então… Ele descobriu que é… Gay? - David me olhava super curioso, e me controlei para não rir do seu comentário.


– Não, David. O ponto não é esse. Ele descobriu que estava apaixonado! De que importa o gênero? Amor é amor. E a música é sobre isso: Estar apaixonado.


– Nossa Pie… Isso foi tão… Gay! - David brincou e eu revirei os olhos - Brincadeira, isso é muito lindo, de verdade. - Ele disse com admiração no olhar.


– Puxa… Você parece muito surpreso… O que foi?


– Ah, nada… É só que, bom, você realmente me surpreendeu! Desculpa Pie, eu penso igualzinho a você: amor é amor. É só que… Eu não achei que você pensasse assim.


– Ora… Mas por quê? - Eu questionei.


– Ah, sei lá… Te julguei diferente… Você é meio… "Macho" demais, sabe? Haha, me desculpa! - Ele disse mega envergonhado.


– Caramba! Eu não estava esperando por essa! - Ri.


– Haha, desculpa! Mas não é uma combinação ruim, eu gosto… - Ele disse, ainda super envergonhado, tentando melhorar a situação.


– Do quê?


– Ah… Você sabe, masculinidade com sensibilidade. - David colocou as mãos no rosto de vergonha e eu comecei a rir.


– Gostei da minha definição. - Falei, provocando David que estava super constrangido e ele me deu um tapa no braço, rindo logo em seguida.


Ficamos conversando sobre tudo e qualquer coisa o resto da noite - ou madrugada - ali mesmo, naquele nosso primeiro palco.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "How Things Began..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.