Estava em cima da montanha, com minha perna ainda sangrando, e ele estava quasa chegando. Eu podia sentir. De repente a terra começou a tremer e ele apareceu. Traynsk, o dragão vermelho. Era enorme, do tamanho de um castelo, e eu podia ver o ódio em seus olhos.

Desembaiei minha espada, estava pronta para atacar...

- O que?! - Acordei assustada.

- Você durmiu de novo! Sério Alice, que horas você foi dormir?

- Sei lá, umas 4 eu acho... Mas qual é o problema? Me deixa dormir, eu já entendi isso ai que ela tá falando...

- O problema é que ela já viu que “alguém” está cochilando, e pode muito bem resolver te chama na frente de todo mundo, ou te dar uma advertência. Então é melhor você...

- Está tudo bem ai atrás? - Perguntou a professora. - Se não se importam, eu estou tentando dar aula. Mas se vocês duas já sabem o que é um logaritimo, podem continuar. Vocês sabem?

-Não. - dissemos, e a professora voltou a dar aula.

- Bem, eu sei, mas...

- Mas vai ficar quieta porque eu não sei - respondeu Carol. - Já que você sabe, vai me ensinar hoje depois da aula, ok?

- Tranquilo.

Quando chegamos na casa dela almoçamos e eu agradeci internamente, pois assim estava adiando minha discussão com meu pai. Apesar de eu querer falar umas coisas para ele, ainda não estou certa de que seja uma boa ideia. Então me concentrei em explicar a matéria para Carol.

Depois de mais ou menos uma hora nós terminamos os exercícios e ela já entendia tudo que precisava. Então disse:

- Você nem perguntou porque nós estamos estudando na sala e não no meu quarto.

- Achei que não tivesse diferença.

- Bom, é porque eu tenho uma coisa no quarto para te mostrar, vem! - Se levantou e eu segui.

Quando abriu a porta eu me espantei. Tinha uma aquário enorme em sua comoda, e dentro dele tinha... uma cobra! Uma cobra de verdade, e VIVA!

- Que isso Carol?!

- É meu novo “bichinho” - respondeu rindo.

- Bichinho?! Isso é um bichão! E se ela te morder?! Você tem o antidoto do veneno dela? - Ela riu mais ainda.

- Que antidoto Alice? Tá louca? Você acha mesmo que eu teria um bicho venenoso? Essa é a Mila, ela é masinha, e chega no maximo a um metro de comprimento. Fica calma. E, tá vendo essa caixa? - apontou uma caixinha com uns furos.- É aqui que eu vou criar os ratinhos pra ela comer. Quer ver?

- Não! Não obrigada, guarda a caixa, guarda...

- Nossa alice, não achei que você fosse ser tão fresca em relação a ela.

- Não é frescura, - me defendi - é que me surpreendeu, e eu tenho um pouco de medo de cobras. Mas posso fazer uma pergunta? Não tinha um nome melhor do que Mila?

- Sério? - Ignorou minha pergunta - Que pena. Eu ia oferecer ela pra você pegar, mas acho melhor não então. - O pior é que ela pareceu realmente despontada.

- Eu posso até tentar um dia, quando eu estiver me sentindo corajosa, - provavelmente nunca - mas por enquanto eu to bem.

- Ok então, mas eu vou pega-la pra você ver.

Antes que eu pudesse dizer algo ela já tinha as mãos dentro do aquário. Carol chegou perto de mim segurando Mila e perguntou se eu não queria encostar nela.

- N-Não, valeu. - Respondi.

- Encosta, não fica com medo ela não é pegajosa, só parece, é que as escamas brilham.

- Sério? Mas não é de sujar as mãos que eu estou com medo.

- Vamos! Só um dedinho, por favor!

- Merda, tá bom...

Com muito medo, e muito devagar, aproximei meu dedo e encostei nas escamas amarelas de Mila. Realmente ela não era pegajosa, na verdade, suas escamas eram lisinhas. Nesse momente meu celular tocou, eu dei um pulo de susto, e atendi enquanto Carol ria da minha cara.

- Alô?

- Alô Alice?  Você pode vim para casa agora, por favor, por que eu tenho uma coisa para falar com você.

Ótimo, agora que eu gastei toda a cota de coragem por dia é que meu pai me chama para discutir.