Já se passaram 10 meses com a ida de Leonardo, mas ainda doía. Ele sumiu de tudo, nem sabia se estava vivo e isso me deixava mal.

– Ontem completou 10 meses que ele se foi. - sussurrei para Brittany, a aula de biologia era tão chata que eu queria sair da sala gritando.

– Por que não esquece ele? Odeio te ver triste, e já faz 10 meses que estou suportando você assim. - ela colocou as mãos em meu rosto e olhou bem no fundo de meus olhos.

– Não tem como esquece-lo, sabe o quanto é difícil ter que conviver com esse buraco no peito?

– E você sabe o quanto é ruim ter que conviver com minha melhor amiga triste? Você sabe o quanto é doloroso?

– Sei!

– Não sabe nada, Katherine. Se soubesse não estaria assim. - ela parecia frustada e nervosa.

– Tá bom, não quero discutir com você. - o sinal tocou , guardei meu material na bolsa e levantei. - To indo para a casa, se quiser algo me manda mensagem ou me liga, se cuida. - ela não deu nem um pio, então eu sai.

Pela primeira vez eu decidi mudar o caminho de casa e encarar a casa do primo de Léo, eu nunca falei com ele pois os dois não se davam bem. Eu parei em frente a casa e fiquei observando, ela era enorme e linda. Eu fiquei um bom tempo parada ali, tipo 30 minutos. A saudade apertou e eu chorei.

– Oi! - uma voz de homem apareceu do nada e eu me assustei. - Você tá chorando?

– Eu? Claro que não. - limpei rápido meus olhos e sequei logo meu rosto.

– Por que as garotas daqui adoram me enganar? - ele sorriu debochado.

– Não to te enganando, alias quem é você? - ele era alto, branquinho, cabelo castanho claro, magro e seus olhos também eram castanhos.

– Está sim, eu já entendi o jogo de vocês. - ele riu. - meu nome é Rodrigo e to morando aqui faz uma semana, eu era do Texas.

– Por que veio morar em Sidney?

– Porque meus pais foram transferidos, e qual é o seu nome?

– Ah é, meu nome... - sorri sem graça. - Então, é Katherine... mas Rodrigo não é um nome comum.

– Não aqui em Sidney. - ele sorriu. - Porém no Brasil é super comum.

– No Brasil? Você é brasileiro?

– Quer ir tomar um café? Assim eu te conto a história e até nos conhecemos melhor.

– Até poderia ser, mas to sem dinheiro e eu já estava indo para casa.

– Pode ficar de boa, minha linda! Eu te convidei e eu pago.

– Então eu aceito. - Soltei uma risada para quebrar um pouco a minha seriedade e para não cair na tristeza, novamente.

Rodrigo e eu fomos andando até a "Sid's coffe", era bem perto da minha casa e da escola. Assim que entramos, eu sentei em uma mesa bem no final do corredor, gosto de privacidade. Depois de mais ou menos 6 minutos, Rodrigo apareceu com o café e sentou na minha frente.

– Então, respondendo sua pergunta... Eu não sou brasileiro, nasci no Texas mesmo, mas o primo do meu pai é brasileiro e mostrou esse nome para ele, assim que minha mãe descobriu que estava grávida de mim, os dois gostaram e por isso saiu Rodrigo.

– Nossa, que legal! - tomei um gole do meu café. - Você já foi ao Brasil?

– Não, ainda não, mas pretendo ir. - Rodrigo detonou seu café em segundos, tentei acompanhar eles.

– Gostei do seu nome, é bem legal.

– Eu gosto de Katherine, acho que já podemos nos beijar. - ele riu com tom de ironia.

– Piadista você, hein? Não achei engraçado. - fiz uma careta.

– Pois fique sabendo que algumas de minhas piadas não são para ser engraçadas.

– Não? - fiz questão de terminar com o pouco de café que restava na caneca.

– Não, mas gosto de torna-los realidade. - ele sorriu maliciosamente.

– Palhaço! Então já podemos ir. - forcei um sorriso.

– Claro, mas quando eu quero seu telefone.

– Para?

– Para conversar, tomar outro café e essas coisas... aliás, você é uma das primeiras garotas de Sidney à vir falar comigo. - Rodrigo me entregou um papel e uma caneta, por um instante eu fiquei encarando-o, mas depois peguei e anotei, até que ele foi legal comigo. - Enfim, até algum dia qualquer. - dei um beijo nele de cumprimento.

Por uma ironia, ele foi para um lado e eu para o outro, minha casa ficava uma rua antes da do café. Cheguei no portão de casa, abri minha bolsa e peguei a chave de casa. Marge deixou a comida pronta, mas subi logo para o quarto, tranquei a porta, joguei a mochila no chão e me joguei na cama. O silêncio me dominava e do nada o Leonardo invadiu minha mente, rodei na cama e abri uma gaveta e lá estava uma foto nossa. Meu coração apertou e as lágrimas desceram, eu precisava dele, a imagem da chuva sempre aparecia na minha cabeça, eu chorava tanto que soluçava, as horas passaram e eu não percebi, já eram 14:30, não dei importancia, permaneci deitada, eu, a foto e os pedaços que se foram junto com Leonardo.

Eu todos os dias voltava para casa pelo caminho que eu passava sempre em frente a antiga casa de Léo, mas só hoje eu quis passar em frente a casa de seu primo, e mesmo nunca tendo trocado uma palavra com ele, Léo sempre me contava das brigas que eles tinham, seu primo tinha fama de conquistador e safado, não valia a pena andar com ele. Mas desse vez eu queria mesmo encontra-lo, saber para onde Léo foi, se ele tá bem, se ainda pensa em mim.

– Ah, droga! Eu sou uma idiota. - joguei a foto na gaveta e fechei, me bateu uma revolta, liguei o computador e fui tomar banho.

Por que esse garoto não sai da minha cabeça? Já foram tantas lágrimas perdidas que de vez em sempre já não tinha como chorar. Assim que acabei o banho, coloquei uma roupa e fui colocar uma roupa e fui olhar a caixa de e-mail, tinha uma mensagem da Brittnay.

"Oi Kath, me desculpe por hoje, é que realmente dói, então podemos esquecer isso? Tenho uma festa hoje á noite, me liga. Te amo!"