Chorei descontroladamente por um tempo indeterminado mas já escurecia quando eu fui surpreendida pelo chamado de minha mãe:

- O Dr. Júlio pede presença da Senhorita Jenn na sala imediatamente. - Falou irônica. Ela ainda tinha cíumes do meu pai.

Me arrumei e arrumei minha malas correndo. Seria mais um fim de semana na praia com meu pai. Antes eu curtia muito esses passeios, meu pai é muito legal. Mas dessa vez seria diferente, meu estado não melhoraria muito fácil. Lotei o rosto de corretivo para tentar esconder as olheiras e me esforcei para sorri quando encontrei ele me observando. Seu s olhos azuis me fitavam, tinha um pequeno sorriso no canto da boca e parecia orgulhoso. Eh, lá estava meu pai de quem eu tanto sentia falta.

Corri para abraçá-lo ignorando o olhar furioso de Joyce. Ela vai superar! E sem nem dizer tchau direito puxei meu pai até o carro para seguirmos viagem. Seriam 5 horas até a sua cidade, chegaríamos de madrugada e depois de uma noite de sono aproveitaríamos a praia e o Sol na maior paz. Pelo menos esse era o plano, na maioria das vezes ele acabava encurtando a viagem por causa de problemas com a empresa, mas o que valia era a intenção.

Me sentei no novo carro de luxo do meu pai e já me apossei do controle do ar condicionado e do rádio, como estava acostumada. Coloquei o cinto, tirei os tênis e coloquei os pés no painel. A vontade, finalmente. Meu pai olhou para mim e riu:

- Quinze anos e não mudou nada. Você aproveita ficar longe de sua mãe né?

Eu não respondi e nem precisava, era verdade. Com meu pai eu fazia tudo e ele sempre estava feliz, nunca amei ninguém tanto quanto amava ele. Eu já tinha começado a esquecer de todos os problemas que giravam ao meu redor, levando aquela tradicional conversa com meu pai, que me deixava tão bem. Mas o cansaço foi me vencendo e meu último pensamento foi: "Amanhã acordarei no apartamento de meu pai, ele estará ao meu lado sorrindo e me analisando com seus óculos e tudo estará bem..."

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Foi uma cena rápida e nem sei direito o que aconteceu. Eu ouvi barulhos muito altos, a buzina de meu pai e o barulho do motor de uma grande caminhão. Uma luz vinha em nossa direção, eu não tinha noção de tempo e espaço, só senti uma mão grande e quente sobre mim como se tentasse me preteger. Depois veio um grande estrondo e tudo escureceu.