Porque Nada é tão Fácil escrita por CuteMari


Capítulo 32
Diagnóstico de Filipe




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      Acordei sentindo um leve acariciar em meus cabelos. Antes de abrir os olhos, minh cabeça já especulava que me fazia carinho. Seria ainda a Senhora que me segurava? Meu anjo estaria do meu lado no céu? Foi um pensamento que me assustou, me fazendo acordar com o coração disparado e me fazer eprceber que quem me segurava era minha mãe. Olhei para ela com admiração. Ela não deixava de ser um de meus anjos. Percebi então que seu rosto estava preocupado, e sorri tentando acalmá-la.

      -  Aaaah, Jenn!  -  Exclamou-me ela, partindo para mim num apertado abraço que parecia até poderia quebrar minhas costelas. Eu gemi, embora não achasse ruim sentir aquela dor. Eu tinha minha mãe ao meu lado novamente. Senti uma lágrima quente dela escorrer pelas minhas costas enquanto ela se separava de mim, Esperava que aquela realmente fosse a última lágrima que eu a fizesse derramar.

      -  Essa cena é familiar não? – Perguntei tentando  parecer animada, mas com a voz ainda fraca e rouca.

- Dá próxima vez que você me fizer passar por um nervoso desses eu juro que eu mesma te mato! – Me repreendeu ela, mas com o coração sorrindo por me ver bem.

      - E a culpa é minha que eu levei um tiro de um doido bêbado? – Perguntei com falsa cara de ofendida. Mas ela não me respondeu, apenas me olhou séria e triste. – Mãe? O que aconteceu com ele?

      - Seus pais se separaram essa manhã, dessa vez por definitivo. Ele esteve aflito no hospital durante a noiste inteira esperando você acordar. Quando os médicos passavam pela sala ele era o primeiro a levantar e pedir informações. Ele estava chorando Jenn!

      Aquelas palavras doíam em mim tanto quanto o tiro. Provavelmente sua situação era bem pior do que a minha. Eu o perdoaria sim, sem hesitar. Mas do que nunca, agora ele precisa é de amigos verdadeiros.

      - Ele ainda está aí? – Indaguei para minha mãe. Eu queria poder falar com ele, dizer que ele sempre teria meu apoio, que eu o entendia como ninguém e que eu sempre estaria ao seu lado, mas tinha medo de sua reação. Será que ele ainda confiaria em mim?

      E então, pensando em Luís é que lembrei de Lipe. Me levantei ligeiramente na cama e tentei enxergar o corredor. Elw não estava lá, nem Lih e nem Johnny. Estaria tudo bem? Minha mãe devia ter deduzido o que eu imaginei, pois foi logo se levantando e me dizendo compreensiva:

      - Vou chamar a Líliam, acho que ela foi ligar para o Lipe, que aliás estava quase desmaiando de nervoso.

      Eu ri imaginando a cena dele chorando como uma bebê por causa de mim, logo Lipe que gostava de posar como o machão que não é sentimental, o que é claro, é pura mentira. Eu lembraria se encher o saco dele mais tarde. "Assim que eu sair dessa prisão esterelizada", pensei com pesar.

      Senti tristeza quando via a expressão ligeiramente magoada e contrariada de minha mãe ao sair do quarto cedendo lugar aos meus amigos, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, sua boca se contraiu em um sorriso novamente. Talvez ela soubesse tanto quanto eu o quão bem eu ficava quando os tinha ao meu lado.

 

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      Depois da ligação de Lih eu cheguei ao hospital em menos de 10 minutos, fui correndo mesmo! Agora eu estava na porta esperando que a mãe de jenn saísse do quarto para que eu pudesse constatar com meus próprios olhos que ela estava bem e só assim me acalmar.

      Meus dedos tremiam e meus músculos estavam todos rígidos e eu praticamente suava de nervoso:

      - Ela é toda sua, Lipe. - Me disse Joyce, saindo da sala com um sorriso calmo mas não tão feliz.

      "Ela supera mais essa", pensei, entrando sem mais hesitar.

      E lá estava ela. Eu pudia sentir que meus olhos brilhavam enquanto eu a encarava. Linda como sempre. Pálida mais ainda assim com a pele macia e perfeita. Com olhos cansados, mas ainda assim os mais belos e misteriosos. Cabelos embaraçados e não mais cuidados, mas ainda com maravilhosos cachos enquadrando seu rosto. E sua boca, sempre sua parte mais bonita, agora me abria um sorriso radiante e sincero.

      - Jenn! - Suspirei, ainda parado na porta. Ela fez sinal para que eu entrasse, praticamente corri até a cadeira que há pouco a mãe dela ocupava.

      - E aí? Tudo bem? - Perguntou-me ela feliz e espontânea, como se nada tivesse acontecido. Balancei a cabeça abobalhado. "Louca", afirmei em minha mente, "mas minha". Sorri para ela e apertei uma de suas mãos nas minhas, queria ter certeza de que aquilo não era um sonho. Me abaixei sobre ela e, com ternura, beijei sua testa. Doía saber que era por mim que ela estava ali, mas é claro que ela não concordaria.

      - Nunca mais me faça passar por isso! Eu te juro que nunca mais vou te deixar vulnerável e... e...

      Ela me interrompeu com o dedo.

      - Não foi sua culpa amor! - Repreendeu-me.

      Não, na verdade não era minha culpa e muito menos dela, e, por capricho do destino, nesse exato momento o verdadeiro culpado da história fez-se ouvir na porta.

      Instintivamente ronei, mas Jenn colocou sua mão delicadamente em meu ombro.

      - Me deixe falar com Luís. 

      Disse ela, me acalmando e roçando levemente seus lábios nos meus, num beijo que eu recusei.

      - Te amo. - Foi a última coisa que eu sussurrei em seu ouvido antes de sair rapidamente para não cometer nenhuma besteira.


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