– E então, - Leo disse enquanto me mostrava os estábulos. – o que quer saber primeiro?

Pensei um pouco.

– O que é você?

– Um semideus.

– Certo. E você é filho de quem?

– Acho que você sabe a resposta dessa. – Ele sorriu.

– Sei? – Perguntei.

– Sabe.

– Ah! Você é o filho de Hefesto, aquele em que eu devo confiar.

Ele gargalhou.

– Exatamente. O que mais quer saber?

– A Rachel... Você estava dizendo que ela é mortal, mas ela não parece ser... Tãããão mortal assim.

– Bem, digamos que a Rachel era mortal, mas então ela se transformou no oráculo, o que faz com que ela não seja mais tão mortal assim.

– Ok. E como alguém se transforma no oráculo?

– Eu não tenho certeza... Não sei como aconteceu. Acho que isso você deveria perguntar para ela. Mais alguma pergunta?

– Pode acreditar... – Resmunguei. – O que é néctar e ambrosia e por que Quíron, Rachel e Grover disseram que eu deveria ter morrido ao comê-los?

– O néctar e a ambrosia são as comidas dos Deuses. Ela ajuda um meio-sangue a se recuperar de ferimentos, mas mesmo nós, se comermos em excesso, literalmente viramos cinzas. Para um ser humano normal... Se ele comer a ambrosia ou beber o néctar, deve simplesmente se desfazer em cinzas.

– Então por que vocês me deram isso? – Perguntei, abismada.

Ele hesitou, e quando voltou a falar sua voz não saiu mais alta que um sussurro.

– Você ia morrer de qualquer jeito. – Eu não disse nada e ele continuou. – Os seus ferimentos eram tão... Graves, que você estava morrendo aos poucos. E você parecia sentir tanta dor! Então eu tive a ideia de te dar néctar e ambrosia. Alguma coisa dentro de mim dizia que você não ia queimar, e mesmo que queimasse... Seria tão rápido que você não iria sentir dor, seria menos doloroso que morrer pelo que você já estava morrendo. Nós te demos um pedaço pequeno de ambrosia e algumas gotas de néctar, e assim que você os engoliu, a cor começou a voltar para o seu rosto. E então, nos dois últimos dias você se alimentou com isso. Claro que em pequenas porções, afinal não podíamos arriscar tanto.

– Ah. – Foi tudo que eu consegui dizer.

– Desculpa. – Ele disse.

– Pelo que?

– Por ter te metido nisso. Você podia ter morrido, e eu teria te matado.

– Não, Leo! Você não iria me matar, por que está falando isso?

– Você entrou na minha frente para me salvar... Você morreria por minha causa.

– E eu tinha escolhido fazer isso, Leo. A culpa não teria sido sua.

– Mas eu te levei para aquele baile, mesmo sabendo do perigo.

– Leo, eu não te culpo por isso. Eu escolhi entrar na sua frente. Agora chega, por favor! Eu poderia estar morta, sim, mas foi você que me salvou também, tendo a ideia do néctar e da ambrosia.

Ele se aproximou de mim e apoiou a mão no meu ombro.

– Por que você me salvou?

– Tecnicamente Leo, eu não te salvei. Você é imune ao fogo, lembra?

Ele nem perguntou como eu sabia.

– Mas você não sabia disso. Por que me salvou?

– Porque eu sou sua amiga, Leo, e faria isso de novo.

Ele deu um pequeno sorriso.

– Mais alguma pergunta, Jessie?

– Sim... O que exatamente é essa missão?

– Essa é uma pergunta que ninguém aqui no acampamento pode te responder, nem mesmo Rachel.

Eu o olhei, assustada.

– Eu estou com medo.

– E eu ia te julgar louca se não estivesse. – Ele então sorriu. – Vem, vou te mostrar o resto do acampamento.

Ele me mostrou a escalada, os campos de morango e os chalés. Estávamos indo para o refeitório jantar quando me lembrei de Nyssa.

– Leo?

– Sim?

– Quem é Nyssa?

– Uma amiga. – Ele deu um sorriso diferente de todos que eu já havia visto. Esse parecia quase carinhoso. – Vem, vou te levar até ela.