Assim que entrei no salão, tive certeza de uma coisa: Aquele era o baile mais estranho do mundo! Para cada canto que eu olhava via uma coisa mais estranha que a outra. Vi homens com chifres e pernas peludas, mulheres verdes – Isso mesmo, VERDE. – e até mesmo um menino grandalhão de um olho só. Mas tampouco vi algo normal, como um garçom servindo comes e bebes. Só achei uma mesa cheia de copos vazios, e não vi nada que pudesse ser relacionado à comida.

Poucos segundos depois um daqueles caras com chifres e pernas peludas se aproximou de nós.

– Leo! Como você está? Quanto tempo!

– Olá Grover! Estou muito bem, e você? Esta é minha amiga, Jessie.

– Muito prazer, Jessie. Eu sou Grover. – Ele riu. Não tenho certeza se essa é a palavra certa, porque aquilo saiu muito mais como um “béééé” do que como uma risada.

Olhei para as pernas dele, vendo que além de ser peluda, no lugar dos pés ele tinha cascos. Ele me olhou com interesse e então perguntou para o Leo:

– Ela é uma mortal, não é?

Leo ficou encabulado.

– Sim. Por quê?

– Ela pode ver através da névoa, ela está vendo tudo aqui. Eu estou sentindo como ela está assustada.

Arregalei os olhos.

– Espera, você está sentindo que eu estou assustada? E por que vocês ficam me chamando de mortal? Parece até que vocês não são. Ah, olha, eu curti pra caramba essa sua fantasia, é muita bem feita, sabe, contando com... Os cascos, os chifres e tudo o mais.

Ele baliu novamente e se afastou.

– Olha, Leo, não sei o que está acontecendo aqui, mas pode ter certeza que você vai me contar tudinho!

– E eu vou contar, Jessie, mas agora vamos dançar. Não é sempre que posso me dar ao luxo te ter um dia normal.

Ele me conduziu até o meio do salão e esticou a mão. Eu suspirei e coloquei minhas duas mãos em seu ombro, enquanto ele colocava as suas em minha cintura. Passei uns bons cinco minutos dançando com ele, e aquele momento, infestada pelo cheiro dele, foi tão bom que até me esqueci que estava cercada de homens chifrudos com pernas peludas e mulheres verdes.

Fomos interrompidos pelo grandalhão-de-um-olho-só correndo e gritando:

– Corram, corram! Monstro mau, monstro muito mau!

– Tyson! – Leo gritou, parando-o – Monstro? Que monstro?

– Aquele feio com um monte de cabeças que cospe fogo!

Leo resmungou alguma coisa que imaginei ser grego e começou a pegar algo do bolso, quando pareceu se lembrar de mim.

– Jessie! Ai meus deus, Jessie! O que vou fazer com você?

Piper apareceu ao nosso lado.

– Ela precisa sair daqui, Leo! É muito perigoso para ela!

– E onde é que eu vou enfiá-la? Debaixo da mesa?

– Não é uma má ideia. Pelo menos ela estará segura.

Leo começou a me empurrar embaixo da mesa com os copos vazios.

– Ei, ei, ei! Calma ai, eu NÃO VOU entrar aqui! E o que é que está acontecendo, afinal?

– Eu juro que te conto tudo quando sairmos daqui, mas agora você precisa confiar em mim! – Ele me segurou pelos ombros e começou a me forçar para baixo. – Por favor, pequena, por favor!

Suspirei

– Tudo bem, eu vou.

Enfiei-me embaixo da mesa e fiquei espiando por um furo na toalha Leo se afastar correndo, com Piper e o grandalhão-de-um-olho-só correndo aos seus pés. Eles não precisaram ir até o suposto monstro, já que o monstro veio até eles. Quando ele entrou no salão, quase desmaiei. Eu nem sabia que aquilo existia! Era um bicho enorme, com corpo de dragão e várias cabeças. Sete ao todo, eu acho. Assisti enquanto várias pessoas, incluindo os pernas-peludas e as mulheres verdes, atacavam o monstro. Algumas o distraíam e outras queimavam cabeça por cabeça dele.

No final, só restou uma cabeça: A do meio, que na minha opinião era a mais feia e, pelo visto, também a mais poderosa, já que podia cuspir fogo. Não sei o por que, mas assim que viram que a única cabeça que sobrara era aquela, todos se afastaram, deixando somente Jason, Piper e Leo para acabar de vez com o monstro.

Jason cortou fora sua pata traseira, enquanto Piper conversava com o bicho. Isso mesmo, Piper estava conversando com o bicho! O que diabos ela estava falando? Perguntando como estava a vida dele? Eu já estava começando a ficar com raiva de Piper quando vi que Leo ficara com a parte mais difícil: Queimar a cabeça de um monstro que cospe fogo.

E então tudo aconteceu em câmera lenta. O monstro encarava Piper um pouco confuso, como se estivesse esperando que ela permitisse que ele atacasse Jason e Leo. Jason enfiou sua espada em outra pata do monstro, mas ele levantou a pata e o jogou para trás, nem se importando em desviar o olhar de Piper, e então, quando Leo saltou na direção do monstro, a voz de Piper fraquejou, e seja lá o que ela estivesse falando com o monstro, pareceu parar de fazer efeito, pois ele começou a virar para o Leo.

Ele então se preparou para cuspir o fogo e eu fiz a única coisa que me veio na cabeça: Sai do meu esconderijo, empurrando Leo com toda a força que eu tinha e recebendo o fogo ao invés dele.

Senti uma dor alucinante e a última coisa que percebi antes de desmaiar foi Leo gritando meu nome e entrando na minha frente.