As Três Passagens de Switterland escrita por Sophiie
- Amor, já fez os deveres? - perguntou a minha mãe, abrindo a porta do meu quarto. - Estou fazendo.. - falei, enquanto tentava ao máximo me concentrar no dever de matemática. - Eu estava vendo você se esforçando esses dias... - começou ela, nem se importando pelo fato de eu estar me concentrando no dever de matemática - e .. eu sei que você quer ir muito para esse show do tal Jason Mraz. - Ai meu deus ! - gritei, pulando da cama, jogando os deveres no chão. - Acredite se quiser, eu vou comprá-los hoje ! - disse ela, sorrindo. - Ah mãe ! Você é o máximo ! - gritei, abraçando ela, e começei a rodopiar. - Que bom que gostou, querida. Estou feliz por estar feliz. - Tenha certeza que está fazendo uma menina feliz. - Vou comprar então agora. - eu sorri para ela. - Volto daqui a uma hora, mais ou menos - disse ela, enquanto pegava o seu casaco, e saia do meu quarto. - Pode preparar o jantar? - Claro. - disse animada, enquanto a seguia. Quando passamos pela porta, ela parou e olhou para mim. Eu apenas fiquei fitando-a. Ela era linda para uma mulher ao auje dos 37 anos de idade. Os cabelos ruivos, e as sardas que eram espalhadas pelas bochechas e nariz, a faziam parecer ainda mais jovem. O corpo magro, o sorriso encantador... ela já fora convidado para ser modelo, mas ela se considera muito velha para isso, porém, eu não acho isso. - Eu amo você - falei, falando tudo o que eu sentia. Abracei-a e dei um beijo em sua bochecha. - Também te amo, amor. - falou ela, me abraçando fortemente. - E o que quer que aconteca, nunca esqueça que eu sempre vou estar do seu lado, aonde quer que esteja. - Ela então respirou - Você é a melhor coisa que já aconteceu em minha vida, minha tchuquinha - esse apelido é velho ! - falei, rindo. Ela me chamava assim quando eu era mais nova. Ela sorriu, entrou no carro e saiu. Essas foram as últimas coisas que eu me lembro, antes de ter recebido mais tarde, uma visita de policiais. - Com licença, você é a senhorita Milly ? - perguntou um policial. - Sim, sou eu - falei, estranhando policiais estarem presentes na minha casa. - Bem, senhorita Milly, houve um acontecimento terrível... - começou um policial, e eu então pisquei, o que poderia haver de errado? - a sua mãe teve um acidente de carro, perto daqui.. - Hã? - perguntei, não prestando atenção no que ele me falara anteriormente. Tudo aquilo era um choque para mim. - Sua mãe sofreu um acidente de carro - repetiu o policial. - Ela... ela... ela... está bem? - começei a gaguejar. - Desculpa te falar de cara, será um choque para você. - falou um outro policial, ao lado do primeiro. - A sua mãe não aguentou os ferimentos.. - Com-o ? - lágrimas apareciam nos meu olhos. - ela-a... mor-reu? - Sim - respondeu simplesmente o primeiro policial. As minhas pernas começaram a tremer, e eu comecei a ver tudo meio torto. - Você está bem? - perguntou o policial, pegando o meu braço. - Eu.. eu... eu.. - gaguejei novamente. - Cadê minha família? - Estão a caminho. - disse ele calmamente. Minhas pernas então começaram a tremer mais e eu então cai no chão, começando a chorar feito um bebê. Eu não sabia o que fazer naquele momento, e nem havia percebido que a minha mãe tinha morrido ! Assim.. ela nunca mais voltaria ! Nunca mais receberia um abraço dela, conselhos, beijos de manhã... De repente eu recebi um abraço apertado, era da minha avó. Ela não falara nada, apenas me abraçava e chorava comigo. Por que estava acontecendo isso comigo? No próximo dia, minha avó ficou dormindo comigo, tentando me fazer dormir, porém, eu não consegui, e nem ela. Quando acordei,o dia estava monótono, nada mais fazia sentido.. a casa estava praticamente vazia sem a presença da minha mãe. A energia que ela soltava de manhã, não existia mais na casa.. tudo estava diferente.. triste.. monótono. - Quer um pedaço de bolo, querida? - perguntou a minha avó, chamando a minha atenção enquanto estávamos sentadas na mesa. Eu então olhei para o bolo,era de chocolate, o preferido da minha mãe. - Era o preferido da minha mãe.. - falei, respirando fundo enquanto falava. Seguirei as lágrimas que queriam descer - Sim, querida.. eu me recordo. - falou ela, enquanto pegava a minha mão. - Milly, precisamos ser fortes nesse momento. - Eu não sei se vou aguentar, vovó.. - falei, percebendo que a minha voz falhara, e as lágrimas que antes queriam sair, se 'soltaram'. - Você vai precisar ser forte, porquê você está apenas no começo desse caminho.. - falou ela, enquanto olhava para o lado, com um olhar triste. - Tem algo que quer me contar, vovó? - perguntei, confusa. - Tem - disse ela simplesmente. - O que? - Não sei se é o momento certo.. - falou ela, mordendo o lábio inferior. - Vovó, o meu dia já está uma disgraça, pode soltar a bomba que eu aguento. Não tem bomba maior do que a notícia que eu recebi que a minha mãe morre... - eu começei então a chorar. Era uma bomba tudo isso que estava acontendo comigo, fato. - Nem eu e nem os seus tios conseguimos a sua guarda, querida - ela falou, começando a chorar. Eu raramente via a minha avó chorando. - Você está querendo dizer que eu vou ter que... - comecei a falar. - Você terá que morar com o seu pai. - disse ela, concluindo. - O QUE? - gritei enquanto chorava. Era uma bomba aquilo... um fato. - O seu pai disse que você poderia ficar uma semana aqui, até viajar para miame. Ele explicou que quer estar do seu lado, nesse momento dificil.. - Para ele pouco importa que ela esteja morta.. - falei, bufando de raiva, e lágrimas de raiva saiam dos meus olhos. - ele nem a amava.. - Mas ele se preocupa com você. - Ele pode estar querendo se preocupar comigo. Talvez nem está sofrendo com nada disso que esteja acontecendo. - Milly, você não vê o seu pai desde os seus 10 anos. Ele pode ter mudado nesse tempo.. - falou ela, tentando pensar no lado positivo. - Pessoa não mudam, vovó. Só podemos mudar as pessoas quando ainda são bebês - falei.A minha mãe sempre me falava isso como explicação que mesmo eu pensando, nenhum namorado meu iria mudar. - Nem todo caso é assim, milly. Não seja tão cabeça-dura como a sua mãe. Seu pai pode estar se esforçando para mudar. - E como você sabe? Tem algo que comprove isso? - perguntei, encarando-a. - Não pensa só negativamente, querida. - Eu sou realista. - falei, colocando um pedaço de bolo na minha boca. - Isso não é realismo. - disse ela,me encarando. - Olha, eu vou falar com você de um jeito mais rude. Você pode odiá-lo quanto quiser, pensar que ele não vai mudar.. porém, tem que se conformar que vai morar ele, e ponto final. Eu apenas pisquei, e não falei nada. Eu não sabia o que falar. - Desculpe por ter dito isso assim, querida, mas como você mesma diz. eu apenas quero ser realista. - engoli em seco após da frase.
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