Living Dead - EM HIATUS escrita por lolita


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Em Bridgeport, uma cidade coberta por uma grossa camada de névoa, uma bela mulher de longos cabelos vermelhos e olhos verdes, repousava em sua cama. Elizabeth acabara de dar à luz uma linda menina que herdara os cabelos loiros do pai e os olhos verdes profundos da mãe.

– Annabeth. – Elizabeth sussurrou. – Seu nome será Annabeth. – Era um nome sábio, misterioso e muito bonito.

– É uma escolha excelente senhorita. – Dora, a velha parteira sorriu em aprovação. Dora era a melhor e mais conhecida parteira de Bridgeport. Ela fizera o parto das outras duas filhas de Elizabeth, e tinha total confiança por parte da família.

De repente, as pesadas portas de madeira foram abertas com um estrondo e uma forte rajada de vento atingiu o quarto. Frederick, o esposo de Elizabeth, entrou com passos largos e rapidamente se dirigiu à cama onde Elizabeth se encontrava.

– Frederick, meu senhor. – Elizabeth sorriu, ela não conseguia esconder a felicidade por ver seu amado esposo, ainda mais agora que eles tinham ganhado uma menina tão linda. Elizabeth entregou-a a Frederick. – Veja como ela é linda! Seu nome será Annabeth.

Frederick segurou o bebê pequenino. Seu cérebro processou as palavras de sua esposa, e então ficou completamente imóvel fitando os grandes olhos verdes de Annabeth, iguais o da mãe.

– Uma... Menina? – Frederick perguntou, embora já soubesse a triste resposta.

– Sim! – Elizabeth respondeu com um grande sorriso, mas então percebeu a expressão no rosto do marido, e seu sorriso se desfez. – Ah! Frederick, meu senhor...

– UMA MENINA! ISSO SÓ PODE SER CASTIGO DAS PROFUNDEZAS DO TÁRTARO! – Esbravejou Frederick. As criadas que ali estavam arregalaram os olhos e ficaram imóveis.

– Não! – Gritou Elizabeth, seus olhos já cheios de lágrimas. – Meu senhor, por favor... – Elizabeth balbuciou.

– Sr. Frederick, por favor, é apenas uma criança. – Dora tentou acalmá-lo.

Frederick quis gritar: “Eu não ligo!”. Mas então se lembrou de seu plano, e olhou para Annabeth, fingindo compaixão. Respirou fundo e disse: - Tem toda a razão, Dora. É apenas uma criança. – Então olhou para sua esposa, seus olhos ainda assustados. – Querida, peço humildemente que eu possa... – Frederick tentou pensar rapidamente em uma desculpa para sair do quarto com Annabeth. – Dar um passeio com nossa filha.

– Um... Passeio? – Perguntou Elizabeth, desconfiada.

Frederick assentiu e deu seu melhor olhar de “confie em mim”. Elizabeth suspirou e sorriu, acreditando que seu marido realmente estava arrependido por culpar uma criança tão linda e inocente e que ele queria apenas ficar um tempo a sós para contemplar sua mais nova filha.

Frederick saiu do quarto, enquanto as criadas deixavam Elizabeth confortável para poder descansar do parto. Frederick andou rapidamente para a torre sul, onde se encontravam os quartos de hóspedes.

Há uma semana, Frederick convidara para hospedar-se em seu castelo por tempo indeterminado, Thalia Grace. Ninguém sabia que Frederick que a convidara. Quando Thalia chegou, ninguém sabia de seus motivos, e a jovem feiticeira afirmou que recebera um aviso dos deuses de que seria necessária pra família em breve.

Thalia era conhecida por ser uma feiticeira, e despertava medo em muitos, mas todos foram hospitaleiros quando a receberam, e Frederick mandou colocarem-na no melhor quarto de hóspedes do castelo.

A verdade era que Frederick conhecia a família de Thalia havia muito tempo, e tinha intenções sombrias, mas para conseguir o que queria ele precisava da ajuda de uma feiticeira, e não havia ninguém melhor do que Thalia para isso.

Frederick bateu a porta dos aposentos de Thalia, tomando cuidado para não ser visto. Não demorou em a jovem feiticeira abrisse. Ela era muito magra, e tinha cabelos na altura do queixo e totalmente negros, que fazia contraste com sua pele muito branca. Thalia tinha olhos azuis elétricos que podia fazer até os dos mais valentes guerreiros sair correndo gritando pela mamãe. Ela nunca usava vestidos de cores claras, estava sempre vestida de negro.

Quando ela viu quem era, não foi preciso palavras, ela apenas baixou os olhos para o bebê recém-nascido no colo de Frederick.

Thalia olhou a volta dele e rapidamente o puxou para dentro de seu quarto, fechando a porta logo em seguida. Frederick largou a pequena Annabeth na cama.

– Tem certeza de que quer fazer isso? – Perguntou Thalia.

– Você sabe que sim. Eu não quero criar mais uma garota em minha família. Daqui a pouco virarei uma piada. “Frederick Chase não consegue gerar um menino para herdar seu trono”.

– Frederick! É apenas um bebê, ela não tem culpa... – Thalia tentou argumentar.

– Argh! – Frederick interrompeu. - Você também? Não estás lembrada de nosso acordo Thalia? Ou você quer continuar sendo odiada e excluída por todo o povo de Bridgeport?

Um vestígio de tristeza passou pelo rosto de Thalia, mas ela manteve sua expressão dura. Então ela suspirou e falou: - Tudo bem, só um segundo.

Thalia vasculhou em suas coisas até encontrar tudo que seria preciso: um grosso livro velho com a capa de couro marrom, uma vela negra, um frasco com um óleo dentro e um punhal.

– Vinde comigo. – Thalia falou.

Frederick seguiu Thalia até fora do castelo e adentraram a floresta. Poucas pessoas ousavam se aventurar dentro da floresta, mas Thalia nem mesmo hesitou ao adentrar entre as árvores. Ela andava com passos rápidos e firmes como se conhecesse a floresta como a palma de sua mão. Às vezes, Frederick se perguntava se ela não conhecia mesmo.

Eles andaram bastante por algum tempo, até que de repente adentraram em uma clareira. Havia um enorme poço no meio e Thalia parou em frente a ele, colocou os objetos que carregava ali e virou-se para Frederick.

– Dê-me ela. – Thalia pediu. Frederick a entregou sem reclamar.

Thalia pousou Annabeth em cima do tampa do poço. Mas antes de fazer qualquer coisa, olhou para Frederick e perguntou novamente:

– Estás convicto disso?

Frederick apenas deu um olhar para ela que dizia que ela já sabia da resposta.

Thalia suspirou, mas voltou sua atenção para o feitiço. Abriu seu enorme livro e folheou algumas páginas velhas cheias de anotações e desenhos até encontrar o que queria. Leu por uns minutos e então pegou a vela negra em sua mão.

– Como você vai acender isso? – Frederick perguntou. Não haviam pegado nada para acender a vela, mas Thalia deu um olhar para ele indicando que sabia o que fazer. Ela colocou as mãos em concha envolta do pavio, e quando as tirou, a vela estava acesa. Frederick ficou surpreso, mas não comentou nada.

Ela colocou a vela atrás da pequena cabeça de Annabeth. Então abriu o frasco que havia trazido e molhou os dedos com um pouco de óleo, depois os esfregou na testa da Annabeth. Thalia desembainhou sua adaga, e sem falar nada, puxou o braço esquerdo de Frederick e fez um talho na palma da mão dele.

– Ei! – Ele reclamou. Mas ela continuou calada e virou a palma da mão dele para baixo, de forma que o sangue pudesse pingar na testa de Annabeth. Thalia fechou os olhos e tombou a cabeça para trás. Quando Thalia os abriu, seus olhos estavam totalmente brancos, e vários raios começaram a cortar o céu. Um vento forte começou a soprar em volta dos dois e Thalia começou a recitar:

Jovem alma, que acabas de vir ao mundo;

Pelo ódio do pai, condenada estás;

Teu espírito eu prendo neste lugar sem rumo;

E quando aos 15 chegar, para cá ele voltará;

Mas lembro aos deuses, em segredo profundo:

Pelo sangue do pai esta alma amaldiçoada está;

E somente pelo sangue do pai, libertada ela será.

Quando Thalia falou a última palavra, um trovão alto soou, mas logo tudo se acalmou. O vento parou e as folhas ao redor deles se aquietaram, a vela apagou e o livro de Thalia havia mudado várias páginas. Tudo estava escuro e silencioso, menos Annabeth que alto chorava.

Frederick olhou para sua filha e assustado, notou que os olhos dela estavam cinza.

– O que... os olhos dela... o que tu fizeste? – Frederick perguntou, se desesperando. O que Elizabeth ia pensar se ele voltasse com Annabeth com olhos cinza?

– Em alguns minutos vai voltar ao normal, mas provavelmente vão mudar para essa cor conforme ela crescer. – Thalia o acalmou.

Frederick suspirou aliviado.

– Tudo bem, é melhor do que ela voltar com os olhos dessa cor de repente...

Thalia o olhou com raiva, seus olhos já haviam voltado ao normal, mas ainda davam medo, naturalmente.

– Vamos voltar, antes que alguém note nossa ausência. – Thalia disse, mas ao invés de pegar suas coisas, ela pegou Annabeth no colo, que parou de chorar imediatamente, deu meia volta e começou a andar.

Frederick suspirou, mas juntou as coisas dela e as carregou sem reclamar, então a seguiu de volta para o castelo.

Quando chegaram ao quarto dela, ele colocou as coisas de Thalia em cima de sua cama, e ela devolveu Annabeth para ele. Ela o acompanhou até a porta, mas antes que ele fosse embora, ele se virou e perguntou:

– E agora? O que eu faço?

– Agora? Agora você cumpre sua parte do trato, porque a minha já está feita. – Então, sem nem ao menos lhe dar boa noite, Thalia bateu a porta na sua cara.

Frederick ficou com a impressão de que ela não gostara de fazer o feitiço, mas ela sabia que, ou ela fazia isso, ou continuaria exilada pelo resto de sua vida.

Quando voltou para seus aposentos, Elizabeth já dormia. Ele entregou Annabeth para a Ama de Leite, que a levaria para o quarto dela.

Annabeth dormiu tranquilamente naquela noite, como se nada tivesse acontecido. E dormiu assim todas as noites durante 15 anos. Todos a acharam uma bebê adorável. Isso até ela crescer, e seus olhos antes verdes, se tornarem cinzas, revelando a perturbação na qual ela fora condenada.

Tão jovem, tão quieta, tão linda... Tão perturbada.



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Notas finais do capítulo

E aí? Devo continuar? Me digam nos reviews. Até o próximo capítulo! Xoxo :*