P. O. V Sammyh

Desci do carro e me despedi do meu pai. Sophie? Simplesmente desviou de seu abraço e foi embora. Não a entendo. Mesmo tendo abandonado nossa mãe enquanto ela estava gravida, ele era nosso pai. Para ser sincera, não direito essa história. Toda vez que perguntamos sobre o assunto, minha mãe o muda e se põe a chorar, mas nunca fala o por que.

Ao cruzar os portões da escola, fiquei maravilhada com o local. Os jardins muito bem cuidados, o amplo espaço, a estrutura... Tudo naquele local me impressionava. Logo na entrada via- se uma fonte de tamanho médio. Atrás tinham quatro prédios, e espalhado por todo lado, jardins, onde tinham alguns bancos espalhados. Ao lado direito daquele jardim, um pouco longe, podia-se ver o ginásio. À esquerda, tinha um campo onde algumas torcedoras treinavam e alguns meninos jogavam futebol. À frente algumas pessoas me olhavam e cochichavam. Alguns casais se beijando debaixo de árvores.

Até que veio em minha direção um grupinho de garotas. A do meio era loiro, olho verde e mais maquiado que uma Barbie. Apesar de que com aquelas roupas realmente parecia uma. Vestia uma minissaia cor de rosa e um top, também rosa. Vinha acompanhada por duas garotas, gêmeas. Uma tinha cabelos ondulados até a cintura e a outra com eles na altura do ombro. Olhos azuis elétricos e parecia um vampiro de tão pálidas, porém eram bonitas, assim como a loira. Também usavam umas roupas parecidas, sendo que era de um rosa mais claro. As três atraiam o olhar de todos por onde passavam.

– Oi novatas! – aloira pôs se a falar. Então percebi que havia esquecido que Sophie estava ao meu lado- Bem, meu nome é Andressa. Essas são Jennete e Jennifer- disse apontada para cada uma com um sorriso falso no rosto- E vocês?

Ao ouvir esse nome, fiquei perplexa. Jennifer... Foi graças a ela que comecei com essa história patética de bulimia. Meu lábio inferior começou a tremer. Podia chorar ali a qualquer momento. Até que Sophie interrompe meus pensamentos

– Nós? Nós temos que ir- Sophie disse me arrastando pelo braço.

– Ei!- disse sussurrando- Elas foram educadas e você vem me arrastando?

– Conheço esse tipo. Primeiro são legais, depois te convidam para fazer as coisas com elas, tipo almoçar, trabalhos... Daí te faz de capacho. Você se acostuma a fazer tudo por elas e elas convertem você para o lado do mal, até que... Bum! Elas comem seu cérebro e você é oficialmente um zumbi maquiado e bem vestido.

– Tá. Você tem que para de assistir The Walking Dead.

– Eu não assisto direto. É só às vezes. Pode ir pegar a chave do seu quarto, eu vou depois- Sophie diz dando de costas.

– Vai conhecer o internato com um monte de mala na mão? Alguém pode esbarrar em você e derrubar tudo. E aposto que você não vai querer calcinha e sutiã seu voando para todo lado...

– Para de falara merda e vai logo! – Ela diz meio que rindo

Fui andando em direção a uma mulher de meia idade vestindo um blazer preto, com uma blusa cor salmão por dentro e uma saia justa de cintura alta também preta. Deveria ser coordenadora ou algo assim.

– Boa tarde!- digo sorrindo. Então olho no meu relógio. Já estava de noite?- Ahn... Aonde pego as chaves do meu quarto?

– Ah! Boa noite!- me corrigiu- Bem, eu sou a diretora do internato. Você deve ser a novata filha do Steve, certo?- Concordei com a cabeça- Me acompanhe.

Fomos em direção ao prédio do meio. Na porta de entrada tinha uma placa escrita: “P- 01”. Cruzamos a porta do prédio e a punica coisa que se via para todos os lados eram: Armários, armários e armários.

Depois de andar todo o corredor, entramos em uma porta que tinha uma placa indicando que era a secretaria. Havia alguns alunos, impacientes. Deviam também estar esperando. Dirige-me ao balcão. A diretora falou com uma mulher que estava sentada atrás dele. Estava distraída olhando para a tela de seu computador, até que ela fala comigo:

– Senhorita? Qual seu nome?

– Sammyh. Sammyh Mallete.

– Sammyh Marie Mallete?- ela pergunta confirmando- Seu quarto é 140.

Ela pede para eu assinar um papel e me entrega a chave, meu horário, e dois papéis. Ambos tinham uma tabela com algumas alternativas a marcar, porém um dizia “ESPORTE” e outro “CLUBES”.

– Onde é o dormitório?

– É só olhar no papel com os horários. Atrás tem um mapa do campus. – agradeci e saí dali.

Olhei atrás do papel e tinha uma planta de todo internato. Havia um quadradinho que tinha escrito “P-01”. Era o local onde eu estava. Alguns quadradinhos do lado tinham escrito: “P 02”, “P 03- DORMITÓRIO MASCULINO” e “P 04- DORMITÓRIO FEMININO”. Tinha que ir para o “P 04” para encontrar meu quarto. Aliás, por que “P...”? Que criatividade desse povo! Atravessei o campus em direção ao prédio onde estava meu quarto.

Entrei no “P 04” onde encontrei várias meninas, o triplo do que tinha nos jardins. Não! Sério Sammyh? Pensei que dormitório feminino fosse para garotos. Continuei andando e rindo com esse meu pensamento. Já estava com os braços cansados de tanto carregar mala. Fui olhando os números na porta de cada quarto. 01... 30... 50... Mas nada de 140. Os quartos naquele corredor acabaram e eu tive de subir as escadas. Subi oito lances de escada, até que vi uma placa com uma seta apontando para o corredor. Nela tinha escrito “120- 160”. Fui na direção que a seta apontava. Até que encontrei meu quarto. Na porta tinha uma placa com os nomes:

“Anne Harbout”

“Sammyh Marie Mallete”

Entrei. Nele tinha uma menina desfazendo as malas. Pigarreei para chamar sua atenção.

– Oi!- a menina diz vinda me abraçar- Você deve ser a Sammyh. Eu sou a...

–Anne?- digo e nós rimos- Oi!

Começamos a conversar enquanto arrumávamos nossas coisas. Comecei a colar meus pôsters do meu lado do quarto.

– Vocês é directioner?!- Anne pergunta animada

– Sim!- digo rindo com sua animação

–Então vamos! Quero lhe mostrar uma coisa.

P. O. V Sophie

Passeei um pouco pelo campus, que era realmente grande. Não sabia onde pegar as chaves do meu quarto, então pedi ajuda a uma garota, que me guiou até a secretaria. Peguei apenas as chaves e meus módulos. Deixei o horário para pegar depois.

Atravessei o campus com os fones no meu ouvido, mas sem ouvir nada. Até que alguém esbarra em mim e me derruba. Olho para ela, ou melhor, ele. Era um garoto alto, de cabelos cacheados e olhos bem verdes:

–Tá cego, garoto?! Olha por onde anda- pergunto me levanto, ele faz o mesmo e simplesmente sai correndo. Bufei de raiva. Recolhi minhas coisas e continuei seguindo para o meu dormitório. Incrível a capacidade daquele garoto de não pedir nem desculpas. Acho que o conheço de algum lugar. Ou é só coisa da minha cabeça mesmo.

P.O. V Melissa

Desci do carro e fui pegar as minhas malas. Quando havia pegado todas fui seguindo em direção aos portões. Quando ele abriu, revelou um lugar lindo. E eu continuei entrando, vendo várias pessoas olhando para mim.

Quando estava prestes a atravessar o pátio, veio em minha direção uma menina com duas atrás dela. Seus cabelos eram longos, loiros e ondulados e ela estava enrolando uma mecha e seu cabelo sedoso, mascando um chiclete. Ela estava toda maquiada, com uma saia minúscula e um top, não sei como ela não estava com frio. E me dei um sorriso encantador.

– Oi, Melissa! – Sim, ela me conhece. Sou veterana nesse inferno.

– Oi, Andressa. – Disse sem emoção.

– Tá triste? – Ela disse fazendo um biquinho ridículo.

– Para falar a verdade, tô sim. – Falei, torcendo para ela não vir atrás de mim.

Fui à sala da secretaria, peguei meu horário e as chaves do meu quarto, que seria 200, o último de todo o prédio do dormitório feminino. Fui até o quarto, e sabia que aquele era o maior. Nunca havia ficado nesse quarto e nunca tinha vindo nele.

O abri e vi uma plaquinha pregada à porta:

“Melissa Linn Parker.”

“Sophie Anne Mallete.”

Agradeci mentalmente de só duas morarem aqui. Porque já tive problemas com trios. Elas se odiavam e viviam brigando, e sobrava pra mim. Então pedi para me tirarem de lá. Comecei a arrumar minhas coisas num dos guarda-roupas que tinha lá. Tinha arrumado quase tudo, e já havia esvaziado as minhas malas, quando uma garota entrou no quarto, com algumas malas e uma bolsa, e sorriu abertamente para mim. Sorri de volta, e ela disse:

– Prazer, sou Sophie.