Eternal Dream escrita por Mel-chan


Capítulo 3
Capítulo 2 - Pequeno progresso


Notas iniciais do capítulo

Ela conhece o dono dos olhos de topázio...confiram o/



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Ao entrar em meu quarto, joguei-me na cama. Meu corpo parecia que estava começando a sentir o cansaço desse mês qual não pude dormir bem, meus olhos fecharam automaticamente assim que minha cabeça tocou o travesseiro, a ultima coisa que passou na minha mente antes dos meus sentidos sumirem por completo, foi aqueles olhos de topázio. Milagrosamente, não tive pesadelo, infelizmente, também não tive sonhos, pelo menos não me lembro se tive. Acordei com o despertador, outro milagre, eu havia dormido a noite inteira, o problema era a dor com que eu acordei, meu corpo parecia que a qualquer momento ia virar pequenos cacos, eu ainda não estava acostumada em dormir a noite inteira. Embora meu corpo doesse um pouco, eu sabia que ia passar, fiquei de certa forma alegre por finalmente dormir, realmente talvez Forks seja boa pra mim.

Me arrumei mais lentamente que o normal, quando fui arrumar a cama, quase fui vencida por ela, ao olhá-la, parecia que ela me chamava, em um tom tão aveludado e convidativo, que foi muito difícil resistir. Desci as escadas terminando de prender meu cabelo em um rabo de cavalo, deixei minha mochila no sofá antes de apontar na cozinha.

- Bom dia pai! - disse, me sentando na cadeira.

- Bom dia Su...- ele respondeu sonolento.

- O jogo de basquete demorou ontem? - presumi que fora dormir tarde por causa do jogo.

- Não, não! O jogo terminou cedo, mas, estava passando um filme muito bom, não pude resistir. - contava, dando uma mordida em seu pão com geléia, e tomando um bom gole em seu café.

- Ah! Que filme? - não estava tão interessada assim em saber, mas, como eu havia decretado que mudaria, eu tinha que estar mais interessada. Terminei de me servir, meu café com leite de todas as manhãs.

- Bater ou correr, aquele com aquele japonês...

- Chinês...- corrigi automaticamente. - Esse filme é bom!

- Sim, adoro uma comédia.

Sorri dando um passo à pia, para lavar xícara que estava usando.

- Deixa hoje comigo, eu lavo a louça, não preciso ir tão cedo hoje. - disse ele, pegando a xícara de minha mão.

- Ah..obrigada, estou indo então! - peguei minha mochila, ao abrir a porta olhei diretamente para o céu, ele parecia o mesmo que o do dia anterior, mas não chovia.

- Boa aula, Su! - fechei a porta atrás de mim, ouvindo meu pai desejar.

Andei calmamente para meu carro, liguei o ar para esquentá-lo, me aconcheguei no banco respirando fundo. Ao chegar na escola, percebi que ainda estava cedo, havia uns três carros estacionados. Um deles me chamou atenção, eu podia ter um conhecimento super limitado, quando se tratava de carros, mas até onde eu sabia, aquele carro era caro, parece um daqueles que você só vê em filmes. Me aproximei, admirando, realmente era um carro lindo, me debrucei no vidro tentando ver lá dentro, mas o vidro escuro não me permitia.

- Uau, não sabia que tinha gente tão rica em Forks...- pensei em voz alta.

Dei alguns passos para trás, abrindo meu campo de visão para olhar o carro por inteiro.

- Um carro bonito, não? - uma voz linda, penetrante e aveludada veio de trás de mim.

- Sim, realmente muito lin...- fui concordando sem pensar, me virando para encarar o dono da voz aveludada. Me deparei com aqueles olhos de topázio, minha voz não terminou a frase, senti meu corpo todo se arrepiar. Aqueles olhos pareciam que podiam ver minha alma, não conseguia desviar o olhar, parecia que aqueles olhos estavam me hipnotizando.

- É Suellem Olsen, não? - perguntou ele, fazendo com que sua voz aveludada ecoasse em minha mente.

- Si...sim...- gaguejei em um sussurro, não conseguia entender como minha voz saía daquela forma, percebi que em seus lábios apareceu um sorriso, foi então que consegui desviar meus olhos dos dele, mas apenas para observar seu rosto, realmente era lindo, digno daqueles olhos, ele possuía curtos cabelos negros, arrepiados em um bagunçado, que até era harmonioso, seu rosto pálido, fazia com que seus olhos ressaltassem, sua beleza não podia ser comparada à nada que eu já tinha visto em todos os meus dezesseis anos, me arrepiei diante aquele, que podia ser comparado com um Deus grego, minha mente gravava cada pedaçinhos de sua linda imagem.

- Sou Mike Cullen, prazer...- ele se adiantou. Percebendo que eu não falaria nada, não porque eu não queria, mas porque eu não conseguia, ele continuou. - Gosta de carros?

- Sim...- concordei, posso não amar carros, mas até acho legal, começei a gostar depois que escrevi uma história sobre rachas, romance, claro! Mas tinha rachas, corridas, foi a única vez que pesquisei sobre carros, mas isso fazia mais de três anos, eu não me lembrava muita coisa, lembrar da história me fez relaxar um pouco, não que eu ficasse tensa... ok, eu admito, eu ficava tensa na presença daquele anjo.

- Hmmm. - ele pareceu me analisar, andou com passos calmos, em minha direção, ele parecia flutuar no ar, dei um passo para trás instintivamente, ele soltou um leve riso de seus lábios, parecia achar graça do meu comportamento, passou por mim abrindo a porta.

- O...carro é seu? - perguntei espantada, lindo, muito lindo, extremamente lindo, e nas mesmas proporções de rico? Isso realmente me impressionou.

- Sim. Você não estava querendo ver lá dentro? Fique a vontade. - sua voz era tão convidativa, que não consegui recusar por educação, caminhei ainda com uma cara surpresa, observei dentro do carro, os bancos eram de couro em um tom off-white, o painel todo digital, no banco do carona, haviam várias folhas, misturadas com diversos cds.

- Uau...- soltei sem pensar, ouvi seu riso abafado atrás de mim. - Err...bem legal...- não sabia como dizer que havia gostado, nunca tinha visto esse tipo de carro assim de tão perto.- Nem parece real...-comentei sem pensar.

- Não? - ele perguntou confuso.

- Não, esse tipo de carro é daqueles que você só vê em filmes, ou em fotos no google, nunca imaginei ver um aqui em Forks. - criei coragem para olha-lo, ele mantinha um sorriso lindo em seus lábios.

- Hmmm, em Nova York não tem muito desses por lá?

- Hã?! - como ele sabia de onde eu vim? Forks é realmente pequena mesmo, todos sabem que eu vim de Nova York, essa cidade não é o lugar mais propício para alguém que guarde um valioso segredo.

- Algo errado? - perguntou, percebendo minha estranha reação.

- Ah...não, é que, como sabe que eu vim de Nova York? - deixei a curiosidade falar mais alto.

- Todos sabem...- confirmou minha teoria, Forks era a cidade que ninguém podia possuir segredos. - Você, não queria que ninguém soubesse?

- Não, err, eu não me importo... - olhei para o lado, desviando daqueles olhos que olhavam-me curiosos, e devoradores. Notei que já haviam alguns carros mais, no estacionamento, e os estudantes iam chegando pouco à pouco.

- Mike? - uma voz suave, veio de trás de mim.

- Estou indo! - ele respondeu, virei meu rosto para ver quem o chamava, era uma jovem, de perfeitos cachos castanhos, rosto angelical, ela era linda, perfeita. Me olhou de relance, e sorriu. - Até mais, Su! - disse ele, acenando para mim, enquanto ia ao encontro da garota, que havia descido de um conversível vermelho, e dirigia-se para entrar na escola, seu caminhar era perfeito, parecia que dançava e flutuava ao mesmo tempo. Fiquei ali por um tempo, olhando boba o casal que já tinha sumido do meu campo de visão. Eles eram perfeitos juntos, lindos, ricos. Será que ele que deu o conversível pra ela? Se ele deu o carro à ela, ela deve ser mais que namorada...noiva? Minha cabeça começou a se encher de perguntas sobre os dois, não sabia o porque do interesse todo, mas, por um lado até que gostei, fazia um tempo que esse interesse não surgia em mim, dava até um pouco de nostalgia. Libertei-me dos meus pensamentos, quando ouvi meu nome ser chamado, ao me virar vi a figura de Max e Thi sorrindo animados.

- Então, vai no cinema com a gente? - perguntou Max, ansioso.

- Claro! - respondi animada.

- Que bom Su! - Thifany pegou meu braço e foi me puxando. - Então, a gente faz assim, vamos com Max, assim que acabar a aula hoje, a gente vai até sua casa, você deixa o carro lá e nos vamos para Port Angeles. - contava o plano que ela devia ter arquitetado durante a noite.

- Pode ser, Thi! - concordei sorrindo.

- Ela vai! - anunciou Max, quando chegamos ao grupo de meninos encostado em um carro, eram os mesmos do dia anterior.

- Que bom, Su! Já foi a Port Angeles? - falava All, sorrindo amigavelmente.

- Não, só passei por lá quando vinha pra Forks...- comentei.

- Ah! Temos que chegar meio cedo, vai estar lotado. - ouvi Robe falar pela primeira vez, ele parecia muito empolgado com o filme.

Ficaram comentando o filme, quase o tempo todo, eles falavam e falavam, meu cérebro não captava metade das informações que ele era submetido, mas as que eu conseguia dar algum sentido, eu ficava curiosa para ver o filme. Estava me sentindo bem, era meu segundo dia de vida social, até que estava me saindo bem, já tinha até cinema envolvido, talvez eu não fosse a lástima que pensei que eu seria, vindo para Forks. Ainda estava longe de ser feliz, mas alegre, eu não podia negar que estava.

No almoço, não foi diferente, eu e Thi encontramos Max com Robe no corredor, não demorou meio minuto e lá estavam eles falando sobre o filme, como se mais nada existisse em volta, diferente do começo da manhã em que eu tentava prestar atenção no que falavam, agora eu nem me dava o trabalho, meus pensamentos estavam em outro lugar, estavam naquele perfeito casal, Mike e a misteriosa garota, o que antes era nostalgia, por estar interessada em algo, agora já estava ficando chato, algo me incomodava. Ao entrar no refeitório, meus olhos percorreram o salão, lá estavam eles, sentados em uma mesa no canto, conversando algo que parecia ser importante, pois os dois estavam com um semblante sério no rosto.

Fomos até a fila do almoço, desviei os olhos deles, quando tive que escolher algo para comer, peguei maçã novamente, quando voltei a olhá-los, ele estava me olhando, fixamente, abaixei a cabeça automaticamente, corando. Será que ele percebeu que eu estava olhando antes, me sentei de costas para ele na mesa, mas, ainda podia sentir que ele me olhava, e não demorou muito para que eu tivesse certeza.

- Thi! - chamou Aly. - Mike Cullen está olhando aqui, pra nós! - com certeza aquele nós, eu não estava incluída.

- Mike...Cullen? - olhei para Thi, vendo que ela corou, não era só pra mim que ele parecia um Deus, acho que todas as meninas compartilhavam da mesma opinião, ela olhou-o com o canto dos olhos, o mais discreta possível, confirmando o que Aly havia dito.

- Olha aquela Nessie...- falou a princesinha com desdém na voz, não precisava ser um gênio para saber que ela, é quem queria estar no lugar de Nessie.

- O que tem ela? - perguntei, deixando a curiosidade falar mais alto.

- Ah...ela se acha a irmãzinha, sempre na cola do Mike, ela não o deixa respirar...- falou ela, dando uma mordida em seu sanduíche natural.

- Ela é irmã dele? - novamente, a curiosidade me fez perguntar.

- É sim...- respondeu Thi. - Eles são filhos adotivos do Dr. Cullen, mas acho que não são irmãos de verdade. Dr. Cullen tem três casais de filhos, fora o Mike e a Nessie, estão todos na faculdade, mas vivem visitando o Dr..- explicava ela.

- Como assim...são todos adotados? - eu não havia entendido direito, casais, queria dizer homens e mulheres, ou não?

- Sim, todos, parece que a Sra. Cullen, não pode ter filhos, e eles são super jovens...

- É e bons cupidos...Mike e Nessie devem ser os próximos a se casarem...- comentou Aly, parecendo irritada com o fato.

- Como assim? Quando você disse casais não se referia que eram homens e mulheres? Quer dizer...eram casais mesmo? - me virei para olhar Mike, não me importei se ele nos olhava, eu estava perplexa, eles iriam se casar? Irmãos se casando? Isso é estranho demais, sendo adotivos ou não.

- É, são todos casados, os últimos que se casaram foram Edward e Bella. Talvez Aly esteja certa, eles não se desgrudam...

Sei que ele notou meu olhar, pois seu olhar neutro e calmo, transformou-se em profundo e inquieto. Voltei a olhar as meninas, que deram uma ultima olhada em Mike, antes de mudarem de assunto. Era estranho, realmente muito estranho, eles não eram parentes, mas, viviam na mesma casa, tinham o mesmo sobrenome. Podia não ser um pecado, já que não são irmãos de verdade, mas, ainda assim, era estranho.

Até que consegui prestar um pouco de atenção nas aulas seguintes. Assim que tocou o sinal da ultima aula, me espreguicei na carteira, procurei as chaves do carro que havia jogado na mochila, coloquei-as no bolso, e rumei para o estacionamento em passos calmos. Meus novos amigos estavam lá, em frente ao meu carro, quando apareci na porta, saindo do colégio, All acenou, abri um leve sorriso envergonhado em resposta, e olhei para onde devia estar estacionado o carro de Mike, que não estava mais lá, será que eu demorei muito pra sair, ou ele estava com muita pressa? Presumi que foi pressa, lembrei de seu semblante sério na hora do almoço.

- Vamos Su? - a voz e Thifany invadiu minha mente, fazendo meus pensamentos dissiparem.

- Ah! Vamos! - sorri, entrando no carro.

Thifany e Aly foram com Max, enquanto Robe deu carona para All. Seguimos todos para minha casa, onde estacionei e corri para dentro, tirei minha carteira da mochila, peguei uma bolsa preta, que não usava à um mês, joguei minha carteira, e minhas chaves nela, fui soltando o cabelo enquanto descia as escadas, tranquei a porta assim que saí. Ir para Port Angeles, não foi tão agradável quanto imaginei ser, Aly sentou ao meu lado e fez questão de me ignorar, me encostei na janela, enquanto ouvia ela e Thi tagarelarem. Depois de uma hora, a voz da princesinha já tinha se tornado irritante, dei graças quando Max parou o carro, as duas haviam parado de falar. Desci do carro o mais rápido que pude, Max pareceu perceber meu alívio.

- Na volta eu coloco o som alto...- disse ele, lançando-me um sorriso maroto, realmente percebeu meu alívio, e o porque eu estava tão aliviada.

- Conto com isso! - sorri da mesma forma.

- Vou pegar os ingressos. - disse Max, caminhando em direção à bilheteria.

- Vou junto, tenho que comprar o meu! - corri até ele. - Vocês já compraram os ingressos?

- A gente reservou faz umas duas semanas.

- Ixi, será que não tem mais então? - perguntei alarmada, se não tivesse eu teria que esperar eles saírem do cinema para ir embora.

- Reservamos um a mais...- contou ele. - Está no nome de Maxwell Gomez, por favor. - falou chegando no guichê de ingressos, impedindo-me de lhe perguntar o porque reservaram um a mais.

- Aqui está! - a atendente estendeu-lhe todos os ingressos, enquanto ele lhe passava o dinheiro. - Muito obrigada e bom filme!

- Obrigado! - ele destacou um dos ingressos e me estendeu.- Aqui o seu!

- Hã?! Obrigada, quanto é? - peguei o ingresso, abrindo a bolsa visando pegar minha carteira e pagar-lhe.

- Nada! - disse sorrindo, olhei-o confusa.

- Como assim nada?

- Presente de boas vindas!

- O..obrigada...-me desconcertei, fiquei sem graça.

Seguimos para a fila de espera, não havia muita gente, só umas cinco pessoas na nossa frente, com toda certeza iríamos pegar um bom lugar. Max entregou os ingressos à cada um. Demorou um pouco para entrarmos, All, Robe e Max compraram as pipocas e os refrigerantes, enquanto eu, Thi e Aly, escolhemos um bom lugar. Sentamos na ultima fileira, bem no centro, onde tinha um visão boa de todo o cinema. Me lembrei da ultima vez que estive em um. Nem lembro o nome do filme, mas lembro que me diverti muito com as meninas, foi uma noite só das meninas, começamos indo no cinema, depois dançar em uma boate que só tocava música eletrônica, dançamos até de madrugada, mas, pra entrar que foi divertido, entramos pelo fundo, onde Milly seduziu um vigia e nos deixou entrar, Milly era a mais pirada de todas nós, ao chegarmos em casa, minha mãe tava tendo um treco, só não chamou a polícia porque minha avó sabia aonde tínhamos ido, afinal foi ela que tinha deixado. Aquela foi uma das minhas ultimas noites mais felizes em Nova York, e a mais louca. Despertei das lembranças quando as luzes se apagaram, percebi que a sala havia lotado, que bom que tínhamos chegado cedo, senão, não teríamos pegado um bom lugar.

Bem no começo, o filme foi bem engraçado, era meu segundo dia em Forks e já consegui rir, no começo foi para acompanhar os outros, para não dar uma de chata, depois começou a ser natural, não estava mais forçando. A trajetória do garoto era divertida, ele ganhara os poderes de viajar no tempo ainda criança, demorou um tempo para que ele dominasse, lembrou muito Efeito Borboleta. Até a metade do filme estava tudo bem, eu comia pipoca, tomava refrigerante, ria e me divertia, foi então que comecei a me arrepender de vir, me arrepender de ser tão descuidada e não ter prestado devida atenção aos comentários que meus novos amigos faziam sobre o filme.

O garoto havia feito uma viagem no tempo, para conseguir ir em um acampamento com os pais. Eles estavam indo, felizes, cantando canções de viagens, a cena cortou, dois carros em alta velocidade corriam pela pista, estavam fazendo um racha, era óbvio o que ia acontecer, ouvi as pessoas dizendo em sussurros "não", "não pode ser", mas foi quando eu ouvi o comentário mais crucial, "pobre garoto", que congelei, senti um calafrio percorrer meu corpo, fazendo-o tremer. Deixei cair a pipoca que segurava, meus olhos não conseguiam mais focar a tela à minha frente, havia só uma imagem diante à meus olhos, era a de minha mãe, tentei balançar a cabeça para me livrar da visão, mas ela era muito forte. Me levantei o mais rápido que pude, não pensei em mais nada, saí correndo tentando não tropeçar em meus pés, estava preste a sair da sala quando ouvi o estrondo. Meu corpo cambaleou para o lado, eu parecia que tinha sido baleada, escorreguei o corpo pela parede fofa do cinema, meus olhos marejaram. Eu posso não ter visto como o acidente ocorreu, mas minha imaginação era ativa, passei um mês inteiro tentando apagar as possibilidades da batida, e agora, tinha mais uma possibilidade em que minha mente era sugestionada.

Meu corpo fez-se pesado, coloquei as mãos em meus ouvidos para me proteger de qualquer coisa que poderia ser dita e me fizesse ficar pior do que já estava, fechei os olhos deixando as lágrimas caírem teimosas, encolhi meu corpo trêmulo. As visões que tinha em minha mente, eram daquele dia, ficavam girando e girando, eu já estava tonta, meus olhos ardiam por causa do choro.

- Está tudo bem? - em meio as minhas visões, veio uma voz, suave e familiar, ecoou na minha cabeça de uma forma que parecia uma música. - Está se sentindo bem? - a voz insistiu.

Ao abrir os olhos, tentei enxergar, mais foi difícil, estava tudo borrado, percebi que minhas mãos não estavam mais em meus ouvidos, o vulto à minha frente que segurava gentilmente elas.

- Ela parece estar recobrando os sentidos, ela abriu os olhos. - uma voz masculina invadiu minha cabeça acabando com a música da outra voz.

- Me ajuda a levar ela no banheiro. - a música havia voltado.

Senti meu corpo ser suspendido no ar, tentei piscar para definir imagens mas a ardência fez com que fechasse meus olhos tão rápido quanto abri.

- Não posso entrar no banheiro feminino Nessie...- a voz masculina alertou, enquanto me colocava delicadamente no chão.

- Deixa que eu a ajudo daqui, eu já volto Jake, obrigada.

Nessie? Eu ouvi certo? Nessie não era a menina que andava com o Mike, sua irmã, namorada, noiva ou sei lá o que. O que ela estava fazendo aqui? Senti ser puxada levemente para frente, sabia que tínhamos entrado no banheiro pelo aroma de eucalipto com lavanda que tinha no ar, ela me guiou até a pia, ouvi a torneira sendo aberta.

- Seus olhos vão parar de arder, lave o rosto. - disse sabiamente, me debrucei na pia e molhei meu rosto, senti meu cabelo ser segurado para que não grudasse por causa da água, pouco à pouco abri os olhos. - aqui... - ela me estendeu um lenço, sequei meu rosto e meus olhos com cuidado, não queria deixar mais doído do que já estava, olhei pelo espelho, já conseguia enxergar melhor.

Era ela, Nessie, a irmã, namorada, noiva ou sei lá o que de Mike que estava alí, me ajudando, ela percebeu minha surpresa e se adiantou.

- Sou Nessie, estudamos na mesma escola. - apresentou-se. - Você é Su, não?

- Hã? Sim, obrigada... - estiquei o lenço para ela um tanto envergonhada.

- Se sente melhor? - ela me olhava de uma forma gentil, soltou meu cabelo cuidadosamente.

- Sim, obrigada... - eu estava pronta, agora vinha a pergunta, "porque você estava chorando?". - Eu não...- tentei me adiantar e dar alguma desculpa.

- Acho que o filme já deve ter acabado, você veio com seus amigos, não? - ela me interrompeu, olhei-a duvidosamente, ela não iria me perguntar o porque eu estava chorando? Ela me ajudou assim sem mais nem menos? Forks era um lugar diferente.

- Como...como sabe que vim com eles? - perguntei curiosa, mesmo não sendo a pergunta que eu gostaria de ter feito.

- Eu vi você com eles na entrada.

- Ah...sim...- tinha entendido agora, sem ao menos esperar veio a mente o que Aly disse sobre Nessie "Ah...ela se acha a irmãzinha, sempre na cola do Mike, ela não o deixa respirar", então, ele estava ali também? E se ele me viu daquele jeito? Ai que vergonha, senti meu rosto corar.

- Su? - ela chamou-me, colocando a mão na minha testa. - Está com febre?

- Hã? - dei um passo a frente sorrindo envergonhada. - Ah! Estou bem, obrigada...- ela me analisou, olhou-me por inteira.

- Então vamos..- falou desconfiada.

A segui para fora do banheiro, Nessie andou em direção a um jovem alto, de pele acobreada, parei à alguns passos deles, olhei a volta, ela estava errada, o filme ainda não tinha acabado, mas não parecia que ia demorar muito para isso, algumas pessoas vestidas com a camiseta do cinema, começavam a se posicionar nas portas das salas. Voltei os olhos para os dois à minha frente, o jovem abriu um sorriso em minha direção, de certa forma ele me pareceu aliviado. Percebi que não notei o tempo passar, será que eu e Nessie passamos tanto tempo no banheiro e ele estava aliviado por não termos nos afogado na pia? Pensamento ridículo, eu sabia, mas minha cabeça não estava boa para pensar em qualquer coisa, e se percebi o alivio do rapaz, foi por mera conhecidencia, fazia tempo que eu não percebia atitudes das pessoas, aquelas "atitudes entrelinhas" como eu chamava.

- Su! - chamou ela sorrindo para mim.

- Hum? - me aproximei meio incerta de como me comportar, estava envergonhada por ter sido pega naquela situação.

- Esse é o Jacob...- ela o apresentou.

- Jake...- ele acrescentou.

- Olá...- falei timidamente. - Hm...

Antes que eu formulasse algo para falar, as portas das salas do cinema se abriram, as pessoas saíam comentando sobre o filme.

- Te vejo na escola...- acenou ela, junto com o rapaz.

- Até...- acenei também, olhando-os caminhar.

Foi então que reparei, eles estavam de mãos dadas. Fui pega de surpresa, ela não estava com Mike? Ela o estava traindo? Minha cabeça começou a rodar perguntas sobre o triângulo amoroso que se fazia à minha frente.

- Su? Você saiu rápida, nem a vi sair... - ouvi a voz de Thi vindo de trás, virei-me para olhá-la, eles nem perceberam que eu havia saído na metade do filme, ainda bem, isso me poupava de dar respostas.

- Ah...sim...- falei sem graça.

Max lançou-me um olhar confuso, provavelmente ele havia percebido que eu tinha saído na metade do filme, mas não falou nada. Caminhamos até os carros, todos estavam animados, conversando sobre o filme que acabaram de ver, dava para notar que haviam se divertido muito, talvez um dia eu assista, sei que no momento não estou apta pra isso. Entrei no carro de Max, me encostei na janela da mesma forma em que vim, ele cumpriu o que havia me prometido, colocou música alta, mas o que eu não esperava é que Aly tivesse decorado todas as músicas daquele cd, ela cantava quase gritando ao meu lado para que sua voz pudesse ser escutada. Lancei um olhar mortal pelo retrovisor para Max, ele apenas sorriu sem graça, e sibilou "desculpa". Thifany tentava acompanhar a amiga, mais estava evidente que ela estava dublando, apenas Aly tinha aquelas músicas na ponta da língua. Longo a música e nem a voz da princesa ao meu lado faziam eco na minha cabeça, minha mente já estava longe dali. Não entendia o porque eu havia deixado Nessie me ajudar, em um momento eu estava em desespero e em outro, eu estava com ela, não sei o que aconteceu comigo mesma, mas tinha muito o que agradecer à ela.

Senti o carro parar, percebi que o som também havia parado, olhei pela janela e estávamos em frente à minha casa.

- Muito obrigada! Me diverti bastante. - sorri enquanto descia do carro, mentindo descaradamente, não que não tenha gostado de sair com eles, mas o que aconteceu, me deixou meio confusa, e chateada comigo mesma.

- Que bom Su! Você estava quieta agora, pensei que não havia gostado do filme. - Thi suspirou aliviada.

- Eu gostei sim...boa noite! - outra mentira, eu não podia simplesmente dizer "não gostei do filme, boa noite", iria magoá-los, eles foram tão legais me convidando, que eu ao menos devia sorrir e dizer que gostei, isso me pouparia de um turbilhão de perguntas do porque eu não havia gostado.

- Boa noite Su! - ouvi Thi desejar.

Max e Thiffy acenaram, enquanto Aly fingiu dormir. Acenei para eles e observei o carro virar a esquina, caminhei lentamente para dentro de casa, olhei a lua que passeava por entre as nuvens que encobriam o céu todo, não deixando as estrelas aparecerem. Abri a porta sentindo o cheiro de queimado.

- Pai! - gritei alarmada.

- Su...você chegou! - ele apontou na porta da lavanderia da casa, olhei-o confusa.

- Que cheiro é esse? - perguntei curiosa.

- Um experimento errado... - ele explicava envergonhado.

- Hã? - caminhei rapidamente até a lavanderia, haviam três camisas no chão, peguei-as delicadamente, haviam buracos e marca de ferro nas três. - Nossa pai como...?

- Tentei lavar e passar roupa em casa... - olhei automaticamente para o lado, a tampa da máquina de lavar estava aberta e cheia de espuma.

- Ai pai...vai tomar um banho deixa que eu cuido disso... - empurrei-o para fora.

Ele assentiu com a cabeça e seguiu para o andar de cima, encarei o ferro e a máquina. Tirei o casaco que estava e arregacei as mangas da camiseta de manga longa. Tirei toda a espuma da máquina de lavar, enxagüei as roupas, e coloquei-as de volta na máquina, deixei lavando da forma certa, joguei as três camisas no lixo, não havia mais concerto para elas. Enquanto a máquina fazia todo o trabalho, fui para o quarto deixar minha blusa e minha bolsa lá. Entrei no banho querendo ser rápida, pois a máquina de lavar estava ligada ainda, a água caía sobre meu corpo fazendo-o pesar, fechei os olhos por alguns segundos, lembrei-me do ocorrido no cinema.

- Suellem Olsen! - falei meu próprio nome me repreendendo. - Você não pode ser tão fraca assim, ficar daquela forma, nunca mais! - falei brava comigo mesma, estava tentando me convencer que era forte.

Eu vim pra Forks, por mais que fosse idéia dos meus avós, quem decidiu vir fui eu, mesmo no começo duvidando que novos ares iria me fazer bem, era o que eu mais queria. Ainda era muito difícil para mim, não estava pronta para tudo, afinal, fazia só um mês que minha mãe faleceu, aquela sensação de chegar em casa e ela estar me esperando, ou fazendo meu café com leite pela manhã, ainda era muito forte lá em Nova York, passei o mês inteiro com ela, vindo aqui pra Forks, essa ânsia diminuiu, mas mesmo assim se faz presente em lembranças. Meus pensamentos são como bombas relógio, uma vez que começam, chega a hora que estoura, como foi no cinema. Eu me sentia completamente envergonhada por aquilo, mas estava ainda tentando me convencer, não irá acontecer de novo.

Desliguei o chuveiro, sequei-me rapidamente e coloquei um moletom confortável. Desci as escadas rapidamente, já não ouvia mais o som da máquina, fui até a lavanderia, a roupa já estava lavada, coloquei-a na secadora. Rumei para a cozinha preparar algo para comer, depois que senti o aroma de queijo derretido pela casa.

- Ah! Su, como foi o cinema? - meu pai estava sorrindo para mim, preparando queijo quente.

- Foi bom... - falei sem muita animação, percebi que ele me lançou um olhar duvidoso, me toquei que deveria ter falado mais animada. - O filme é bem interessante, não vejo a hora de sair em dvd para comprá-lo.. - menti descaradamente, me senti um pouco mal por estar mentindo desta forma, eu não queria que ele se preocupasse.

- Quer queijo quente? - ofereceu sorridente.

- Claro, obrigada! - peguei um, retribuindo o sorriso, sentei-me na mesa enquanto ele rumava para sala assistir o jogo de basquete que estava passando.

Olhei pela janela, não sei o que foi aquela vontade de sair e ver a lua, fazia muito tempo que não tinha essa vontade. Levantei-me deixando o queijo quente com algumas mordidas, em um pequeno prato que estava posto na mesa. Caminhei até a porta que dava para o quintal atrás da casa.

Não era muito grande, o quintal terminava em um muro de madeira, havia um pequeno bosque atrás de casa, lembrei de quando era pequena e meu pai contava-me sobre os bichos que constantemente invadiam seu quintal quando não havia muro, sorri ao ter o flash de minha infância. Observei o pequeno quintal, tinha uma churrasqueira, uma mesinha de madeira linda, típica de praia com guarda sol fechado, era um jardim lindo, com certeza meu pai devia ter contratado um paisagista, era tudo impecável, havia um caminho de pedra que levava à um banco branco daqueles de praça. Caminhei até ele, sentando-me, olhei para cima. A lua estava realmente linda, soltei um pesado suspiro. Deitei-me no banco, fechando os olhos por um instante.


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Notas finais do capítulo

N/A: Oi gente! Espero que estejam gostando! Gostaria muito de saber o que estão achando da fic! Deixem comentários por favor!!!!! Desculpem os erros!!!!