Às vezes, Nico a visitava, vinha pelas sombras. Ele era adorável. Mas era mais como um irmão menor que ela nunca teve, e ela preenchia o espaço que Bianca deixara.

Era recíproco. Ele contava sobre Hades, Perséfone, e, de vez em quando, sobre Deméter e os horríveis cereais.

Ela o reconfortava, fazendo-o rir até que a Pepsi saísse pelo nariz.

Às vezes ele trazia Mc Lanches felizes, ela sempre soltava exclamações: “Não precisava, Nico!” ria. Ele apenas dava de ombros e respondia que quando se viaja nas sombras, uma paradinha não o cansaria tanto assim.

Uma noite, Nico contou um segredo.

— Há um acampamento romano sabia?— ele disse, baixinho.

Ela arregalou os olhos violetas.

— Romano?! Mas... Não são os mesmos deuses, com nomes diferentes? — ela perguntou, meio constrangida.

— É quase isso, Cali. — só ele a chamava assim — Mas... Ei não precisa corar. É novidade pra bastante gente. Enfim, os deuses não mudaram só de nome, a personalidade de alguns mudou, também. O Hipnos grego era simplesmente o deus do sono, na Roma antiga punia os trabalhadores preguiçosos.

— Ahhhh. Compreendo.

Ele deu risada.

— O que, Nico? Não é fácil estar uns dois mil anos atrasada. — ela sorriu.

— Não é sua culpa.

— É sim. Na guerra, defendi os princípios estapafúrdios de meu pai.

— Ele é horrível, mas ainda é seu pai, Cali. Pare de se culpar. Vamos comer e...

— Nico, você conhece Percy Jackson?— ela o interrompeu.

— Cali. Você prometeu que não pensaria mais nele.

— Você o conhece, Nico? É uma pergunta simples, responda-me.

Ele continuou bebendo Pepsi de sua taça.

— Sabia. Você o conhece. E ele é seu amigo.

— Cali...

— Ele está feliz?

— Cali.

— Nico, me responda.

— Sim, Cali. Ele está feliz.

— Ele e a Annabeth estão juntos?

— Ainda não.

— Certo. Quer torta?

Ela era uma perfeita esquivadora de assunto. E Percy Jackson era o tipo de assunto sobre o qual ele não queria falar.

— Acho que eu preciso ir.—ele disse, beijando de leve a bochecha dela e indo em direção as sombras.