HARRY POTTER E O ESPECTRO DA TRAIÇÃO escrita por JMFlamel


Capítulo 4
CALAFRIO


Notas iniciais do capítulo

Material comprado, vamos para Hogwarts. O reencontro com um amigo e uma situação arrepiante.



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CAPÍTULO 3

CALAFRIO









Há doze anos, no Dia das Bruxas, um poderoso e extremamente maligno bruxo das Trevas chamado Lord Voldemort estava no auge de seus poderes e a um passo de consolidar seu domínio sobre a Bruxidade. Mas havia um grande obstáculo que ele ainda não havia conseguido vencer, que era a Ordem da Fênix, formada por bruxos do bem e que já entrara em ação por outras vezes, sempre que o mal se levantava. Havia sido assim contra Sibelius, o Ardiloso, contra Adolf Gellert Grindelwald e contra vários outros. E, na Ordem da Fênix, o principal obstáculo eram os Potter. Principalmente seu filho Harry, com apenas um ano de idade.

Graças à traição do Fiel do Segredo, Voldemort descobriu o esconderijo dos Potter e foi atrás deles na pequena cidade de Godric’s Hollow, no interior da Inglaterra, morada do Clã Potter desde a Idade Média. Adentrando a casa, duelou com Tiago e Lílian Potter. Quando tentou matar o pequeno Harry, algo deu errado e sua Maldição da Morte ricocheteou e retornou para ele, que desapareceu misteriosamente. Naquele dia, toda a Bruxidade elevou suas taças em um brinde à família Potter, agora conhecida como “A-Família-Que-Sobreviveu” e, principalmente, a Harry Potter, “O-Garoto-Que-Sobreviveu”.



As coisas aconteceram mais ou menos assim:


_Bella, estou partindo nessa missão e deverei ir sozinho, para não alertá-los. Se eu não voltar...

_Por favor, Mestre, não pense nessa possibilidade. _ aproveitando-se de que estavam a sós, Bellatrix Lestrange abraçou Voldemort e os dois se beijaram.Eram amantes já há algum tempo, mesmo ela sendo casada com Rudolph Lestrange _ O senhor acha que pode acontecer alguma coisa? Eu não suportarei perdê-lo, depois de tanta felicidade que o senhor me proporcionou.

_Calma, Bella. Devemos contar com todas as possibilidades. Como eu dizia, se eu não voltar, os planos já traçados devem prosseguir. Você e meu segundo em comando assumirão as responsabilidades para com a Ordem das Trevas. Bem, está na hora. Deseje-me boa sorte, Bella. _ e Voldemort desaparatou.

_Boa sorte, Mestre. _ Bellatrix murmurou. Algo no seu coração lhe dizia que aquela seria a última vez em que veria Voldemort.


Noite fechada em Godric’s Hollow. No bosque situado na propriedade Potter, uma figura aparatou na orla, em frente à mansão. Era um homem alto, vestindo um manto negro, cujo capuz cobria o seu rosto. Avançou até a porta e abriu-a, neutralizando os Feitiços de Proteção e projetando nos céus a Marca Negra, antes de entrar. No interior da grande casa, seguiu até a sala de jantar, ouvindo as vozes dos moradores.

_Acho que ouvi alguma coisa, Lílian.

_Tem certeza, Tiago? Hoje o vento está forte.

_É, pode ter sido só o vento. Lembra-se de Hogwarts?

_Sim, se não fosse por essa maldita guerra, poderíamos estar tendo uma bela festa, todos juntos. Já morreu gente demais nisso, Tiago. E de ambos os lados.

_Com certeza, Lílian. Gente que era, supostamente, respeitável mas que depois descobriu-se que carregavam a Marca Negra. Harry está bem?

_Dormiu, há pouco. Aquele só acordará amanhã.

_Lamento muito, Tiago e Lílian, mas não haverá amanhã para o pequeno Harry Potter. _ disse Voldemort, irrompendo na sala, de varinha em punho.

_VOLDEMORT!! _ Lílian e Tiago Potter exclamaram _ Como foi que conseguiu chegar até aqui?

_Não deveriam ter confiado tanto no Fiel do Segredo, meus caros.

_O nosso Fiel! Ele nos entregou a você?

_Posso dizer que de bandeja e com muita satisfação.

_Não dá para acreditar. _ disse Lílian.

_Talvez até dê, Lílian. _ Tiago lembrou-se de quando os Marotos fabricaram um pouco de Veritaserum e usaram-no como cobaia. Ele havia dito que não se sacrificaria por seus amigos, caso fosse preciso.

_Isso agora não vem ao caso. _ disse Voldemort _ Onde está o pequeno Harry?

_Jamais fará mal a ele, maldito! _ Tiago sacou a varinha _ Lílian, corra! Eu tentarei atrasá-lo. Pegue Harry e desaparate para um lugar seguro. Vão para o QG da Ordem da Fênix! “Expelliarmus!!

_ “Protego! Cru...

_ “Silencio! Crios”! _ Tiago evitou que Voldemort invocasse a Maldição Cruciatus e tentou congelá-lo. Mas o Lorde foi bastante rápido.

_ “Defletir! Inmobulus”! _ Voldemort imobilizou Tiago e baixou a varinha.

_E agora, Voldemort? O que pretende? _ Tiago Potter perguntou ao Lorde das Trevas.

_Pensei que tivesse ficado bem claro, Tiago. Vim para matar Harry. E, por segurança, também o outro filho que Lílian está esperando.

_Mas por que? Nenhum deles te fez nada!

_Ainda não, Tiago. Mas farão, se eu não impedi-los agora. Mas não se preocupe, tentarei poupar Lílian. Ela é jovem e poderá ter outros filhos. Só que não com você, pois terei de matá-lo também, para quebrar a profecia de Sibila Trelawney.

_Desgraçado! Se eu não estivesse imobilizado...

_...Não faria nada. Por mais poderoso que você seja, Tiago Potter, não representa sequer uma fração do poder do Lorde das Trevas. Sim, creio que pouparei Lílian. Talvez ela até me proporcione um descendente. Já pensou, Tiago, que beleza? Uma serpente de olhos verde-esmeralda.

_NUNCA!!! _ a fúria de Tiago foi tanta que o seu Ki explodiu de forma a libertá-lo do Feitiço Imobilizador. Diante dos olhos espantados de Voldemort, Tiago Potter saltou e atingiu o bruxo das Trevas com golpes ensinados a ele por Derek Mason, já que a varinha estava fora do seu alcance. Voldemort foi atingido por vários deles, antes de colocar em prática o que havia aprendido no Ryu de Kuji-Kiri, conseguindo enfim bloquear o ataque de Tiago e recuperar sua própria varinha, que havia caído quando o grifinório o atacara.

_Agora já chega, Tiago Potter. Vim para uma missão específica e vou cumpri-la. “ESTUPEFAÇA!!!” _ o raio estuporante atingiu Tiago em cheio e ele caiu desacordado, aos pés de Voldemort. Este limpou um fio de sangue que lhe escorria do canto da boca, onde havia sido atingido pelo grifinório e seguiu na direção do quarto de Harry, atrás de Lílian _ Depois eu volto para acabar com você, Tiago. Não posso deixar que sobreviva o único bruxo que foi capaz, até agora, de me atingir fisicamente.

Lá chegando, viu a linda bruxa de cabelos acaju, quase no final da gravidez, prestes a pegar no berço um bebê de cerca de um ano, com cintilantes olhos verdes iguais aos dela.

_Lílian, me entregue Harry e eu pouparei você.

_Nunca, maldito! Jamais permitirei que você faça mal ao meu filho!

_Lílian, Tiago está lá em baixo, estuporado. Acabei de atingi-lo e vou matá-lo mais tarde. Não me force a matar você.

_Não, Voldemort! Mate-me mas, por favor, poupe Harry e também o filho que estou esperando. Sei que você tem poderes para isso. _ disse Lílian, com Harry no colo.

_Realmente tenho, mas você sabe que para minha própria segurança não posso fazer isso, Lílian. Infelizmente será preciso, então, matar todos vocês. Sinto muito, Lílian Potter.

Em seguida, voltou sua atenção para o bebê no colo da mãe, que olhava para ele, fitando-o com aqueles olhos verde-esmeralda _ Maldição, garoto, não olhe para mim desse jeito! O que faço agora, faço porque preciso e não porque matar crianças seja uma das coisas que eu mais goste de fazer.

Voldemort levantou sua varinha, apontou-a para a cabeça do garoto e preparou-se para lançar a maldição letal. Mas nada poderia prepará-lo para o que aconteceu a seguir.

_ “AVADA KEDAVRA!!!” _ no momento em que o raio verde atingiu Harry, o bebê e sua mãe grávida foram envolvidos por uma aura dourada, não morreram e a maldição retornou para Voldemort com tamanha potência que fez a mansão explodir. O último pensamento que veio à mente do Lorde das Trevas antes de mergulhar em uma dimensão de pura dor e confusão, achando que morrera, foi: “Onde terei errado”?

A Maldição da Morte havia sido defletida e retornara para ele. Jamais, em toda a História da Magia, aquilo havia acontecido. Quase morto, reduzido a pouco mais do que um espírito, ele viu um vulto enorme chegando e revirando os escombros da Mansão Potter, saindo de lá com um bebê no colo e, em seguida, uma grande motocicleta aparatando. Vagamente percebeu trechos da rápida conversa entre Rúbeo Hagrid e Sirius Black, que ficou com Harry no colo, enquanto Hagrid retornava às ruínas da Mansão Potter e voltava de lá com Tiago e Lílian, vivos, nos seus fortes ombros. A seguir, viu Sirius desaparatando com o casal, em direção ao St. Mungus e Hagrid saindo na moto voadora, com o bebê no colo, em um suspensório-canguru, certamente para o mesmo destino. A última coisa que viu foi que Harry estava vivo e que o único ferimento que apresentava era uma cicatriz na testa. Uma cicatriz em forma de raio.


No St. Mungus, Tiago e Lílian receberam cuidados intensivos, principalmente porque o bebê que Lílian esperava acabou nascendo prematuramente. Naquela noite, Algernon Norman Potter estava vindo ao mundo. Como Harry somente apresentara aquele ferimento na testa, recebeu os curativos necessários e Hagrid o levou para Little Whinging, em Surrey, onde ficou com os Dursley até que seus pais tivessem alta. Um fortíssimo feitiço de proteção foi lançado na casa dos tios de Harry, no número 4 da Rua dos Alfeneiros.


Depois daqueles eventos, a Mansão Potter foi reconstruída, a população de Godric’s Hollow pensou que a explosão ocorrera devido a um vazamento de gás, os Potter adquiriram a casa no bairro de Chelsea, bem próximo a Fulham, onde se localizava o estádio do Chelsea FC (os Potter eram torcedores daquele time), dividindo seu tempo entre ambas, principalmente depois que Harry e o irmão, Algie, iniciaram o Fundamental em uma escola trouxa do bairro, onde Duda também havia ido estudar e a Bruxidade vivera cerca de dez anos de relativa paz, somente caçando os remanescentes dos Death Eaters. Recentemente, por duas vezes, Voldemort tentara retornar e estabelecer novamente seu reinado de terror, mas fora detido em ambas, não por Aurores ou bruxos adultos, mas por um grupo de crianças, alunos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, entre os quais figuravam os irmãos Algie e... Harry Potter.



Harry acordou, escovou os dentes, tomou um banho e desceu para o salão do Caldeirão Furado, a fim de tomar seu café. Lá estavam seus pais e os Weasley, à mesa. Ele aproximou-se de Gina e os dois se beijaram, divertindo-se enquanto Rony enrubescia.

Em seguida, Algie desceu as escadas, acompanhado de Hermione. A garota sobraçava uma bola de pêlos alaranjada, que ronronava suavemente.

_Tire essa coisa de perto do Perebas, Mione. O pobre do rato já está até doente, por causa do seu novo “animalzinho de estimação”. _ disse Rony, enquanto Perebas se enfiava no bolso interno da jaqueta do ruivo, tremendo.

_Que exagero, Rony. _ disse Hermione, beijando Rony (que novamente ficou escarlate) e por via das dúvidas segurando firmemente o peludo animal, que todos viram ser um gato _ Pelo que me contaram, ele já estava meio mal desde que vocês retornaram do Egito.

_É, acho que terei de ir à botica, para comprar um tônico e ver se o coitado se fortalece.

_Foi boa a viagem, Rony? _ perguntou Harry.

_Fantástica, Harry. _ respondeu Rony _ O Egito é uma terra fascinante, tanto para trouxas quanto para bruxos. Visitamos muitas tumbas, desconhecidas dos trouxas, bem como o Museu do Cairo. Imagine, no início da História conhecida, os egípcios já dominavam técnicas de irrigação, Arquitetura, Cirurgia, mumificação, etc.

_Além de que um dos Pontos Chakra do mundo fica exatamente no Cairo, pelo que sabemos. _ disse Hermione.

_Ah, sim. _ disse Algie _ Outro dia estávamos conversando sobre as Linhas de Ley. Mas que gato diferente esse que você comprou, Mione.

_O que acharam do Bichento? _ perguntou Hermione.

_Ele não é feio, só tem uma cara meio mal-humorada e a cor alaranjada do pêlo não é comum. _ disse Harry _ Não sabia que você gostava de gatos.

_É a digna discípula de Minerva McGonnagall. _ disse Gina, abraçada a Harry _ Ela também adora gatos.

_Assim como aquela megera balofa que é subsecretária sênior do Ministro Fudge, Dolores Umbridge. _ comentou Arthur Weasley, que estivera conversando com Tiago e se aproximara dos jovens _ Harry, posso ter uma palavrinha com você, a sós?

_Claro, Sr. Weasley. _ disse Harry _ O que aconteceu?

_Todos sabem da fuga de Sirius Black. A Bruxidade acredita que ele pode ser um bruxo das Trevas, que sempre esteve infiltrado entre os bruxos do bem e que, com o desaparecimento de Você-Sabe-Quem...

_... Voldemort.

_Não diga o nome dele, Harry.

_Nunca tive medo, Sr. Weasley.

_Quem dera o restante da Bruxidade pudesse dizer o mesmo. Bem, como eu dizia, o pensamento corrente é o de que Sirius perdeu toda a possibilidade de ascenção na Ordem das Trevas, depois do atentado e que permaneceu disfarçado. Agora, com essas novas provas, veio à tona o fato de que Sirius era o traidor e por isso foi preso.

_E o senhor, Sr. Weasley? O que acha? _ perguntou Harry.

_Sirius é um primo distante. A gente sempre quer acreditar que a família não deve nada. Eu, pessoalmente, não acredito. Molly tem lá suas dúvidas. Mas sua recente fuga de Azkaban não ajuda em nada a provar sua inocência. O que quero dizer, Harry, é que mesmo que Sirius não seja culpado de nada, é bom tomar cuidado. Sempre pode haver um trevoso para querer pregar a cabeça de um Potter na parede.

_Sinto muito, mas terei de frustrar as Trevas uma vez mais.

_É, sei que você sabe se defender, inclusive já provou isso por duas vezes. Mas fique de olhos abertos, pois não quero perder meu futuro genro. _ brincou Arthur Weasley, enquanto Harry ficava vermelho _ Vamos nos juntar aos outros, tomar o café da manhã e ir às compras. Temos de adquirir o material para toda essa galerinha e não é pouca coisa.

_Com certeza, Sr. Weasley. Creio que teremos um dia bastante cheio.


Depois do café, passaram para o Beco Diagonal, onde a primeira parada foi na Floreios & Borrões. Lá eles adquiriram os livros necessários para mais um ano letivo e depois dirigiram-se à loja de Madame Malkin, para pegarem as vestes novas. Naquele ano, graças ao prêmio da Loteria Bruxa, todos os alunos Weasley tinham materiais e trajes novos. Harry crescera bastante, já necessitando de vestes novas e deixando as antigas na seção de usadas, para que outros pudessem utilizá-las em Hogwarts. Com seus pacotes, dirigiram-se de volta ao Caldeirão Furado, passando em frente à loja “Artigos de Qualidade para Quadribol”.

Uma pequena multidão aglomerava-se em frente à vitrine, onde uma vassoura diferente de tudo estava exposta. Os comentários eram os mais variados.

_É a novíssima vassoura “Firebolt Mk I”, o lançamento que estava sendo esperado para este ano. _ disse Seamus Finnigan.

_Já ouvi falar. _ disse Ernest McMillan _ Dizem que é a vassoura de corrida mais rápida já desenvolvida.

_Nunca vi nada igual. _ disse Dean Thomas _ Parece que vai ser a vassoura oficial da Seleção Irlandesa. E a Seleção da Inglaterra também vai padronizá-la, pelo que eu soube. Oh, olá, Harry.

_Oi, Dean. Que vassourão, hein?

_É, mas eles nem anunciam o preço. Veja o cartaz: “Cotação a pedido”. Deve ser para quem possui uma fortuna tipo... Malfoy.

_Nem para nós, Thomas. _ ouviu-se a voz arrastada de Draco Malfoy, atrás deles _ Eu e meu pai entramos na loja e perguntamos o preço. Ele chegou a suar frio.

_Se Lucius Malfoy suou frio, a vassoura deve ser uma fortuna. E olha que ele não se impressiona com qualquer coisa. _ disse Rony.


Draco sussurrou ao ouvido de Rony o valor da vassoura. O ruivo quase caiu de costas.

_Tudo isso, Malfoy? _ admirou-se Rony _ Não admira o seu pai ter se assustado.

_Confesso que a quantidade de zeros naquele preço me deixou arrepiado, Sr. Weasley. _ disse Lucius Malfoy, atrás deles _ A Nimbus 2001 de Draco tem um excelente desempenho, um gasto com uma vassoura dessas não tem lógica.

_Da mesma forma eu não preciso de outra vassoura, minha Nimbus 2000 está excelente. Só se eu fosse um jogador profissional.

_Se você resolver seguir carreira no Quadribol, aí até daria para pensar em uma dessas. _ disse Tiago _ Mas você tem razão. Por enquanto, sua Nimbus 2000 dá conta do recado. E aí, Lucius, até você chegou a se assustar?

_O preço não é apenas salgado, mas também extremamente apimentado, Tiago. _ disse Lucius Malfoy _ Nossos filhos continuarão a voar com a série Nimbus.

_Mas mesmo que a vassoura seja boa, o bruxo que a pilota faz toda a diferença. _ ouviu-se uma voz, cuja dona puxou de leve o rabo-de-cavalo de Lucius.

_Narcisa, já de volta do salão? Não que você precise de mais nada para ficar linda. _ disse Lucius, beijando a esposa.


Narcisa Malfoy, nascida Narcisa Black, era a filha caçula de Druella e Cygnus Black. Suas outras irmãs eram Bellatrix, a mais velha, que estava encarcerada em Azkaban desde o desaparecimento de Voldemort e Andrômeda, que havia sido detonada da árvore familiar por ter se casado com o bruxo nascido trouxa Ted Tonks. Alta, bonita e loira, com um olhar altivo, porém não antipático, havia começado a namorar Lucius Malfoy quando estudavam em Hogwarts, embora tivesse tido um breve “rolo” com Tiago, antes dele começar a namorar Lílian. Era prima de Sirius, embora não tivessem muito contato.


_Obrigada pelo elogio. _ disse ela, abraçando o esposo e, em seguida, dando um beijo em Draco _ Lílian, você está muito bem. Aliás, obrigada por consertar o nariz de Lucius, no ano passado (*Ler “Harry Potter e a Ameaça das Profundezas*). Quem sabe ele aprende a não se meter com gente que sabe bater forte.


Lembrando-se do estrago que Arthur Weasley fizera no rosto de Lucius Malfoy, no ano anterior, todos os outros riram-se por dentro, enquanto Lucius corava, meio sem jeito.


_Alguma notícia do paradeiro de Sirius, Tiago? _ perguntou Lucius.

_Nada, Lucius. É como se ele tivesse se evaporado.

_Isso não é bom. Talvez ele venha atrás de vocês. _ disse Lucius.

_Você também acredita nessas bobagens? Não creio que Sirius tenha nada a ver com a Ordem das Trevas.

_Gostaria de compartilhar da sua confiança, afinal ele é primo de Narcisa, mesmo que tenha sido execrado pela família. Bem, acho que vamos indo.

_A gente se vê no Expresso de Hogwarts, Harry. _ disse Draco.

_OK, até lá. _ respondeu Harry.


Depois que os Malfoy se afastaram, Arthur aproximou-se de Tiago.

_Acreditou nele? _ perguntou Arthur.

_Quero ser um monte de estrume de hipogrifo se Lucius Malfoy estava sendo sincero, Arthur. Aquele lá não me engana, quanto mais ele tenta ser agradável, mais eu fico com o pé atrás.

_Em todo caso, só nos resta esperar os acontecimentos. Pelo que me lembro dos Dias Negros, Sirius era um especialista em operações sigilosas, o que significa que ninguém o encontrará, a não ser que ele permita.

_Vamos torcer para que Fudge não resolva meter os pés pelas mãos, como quase sempre faz. _ disse Tiago.

_Tem razão, Tiago. Já está ruim, não precisa piorar mais.

_Já estamos com todas as compras feitas. Vamos voltar ao Caldeirão Furado, pois amanhã teremos de acompanhar essas ferinhas à Plataforma 9 ½.


De volta ao Caldeirão Furado, o clima era alegre, apesar das incertezas quanto a Sirius. O jantar estava ótimo e os jovens estavam ansiosos pelo início de mais um ano letivo. Só tiveram um pouco de dificuldade para dormir por causa dos exemplares do “Livro Monstruoso dos Monstros”, que descobriram ser o adotado para a disciplina de Trato das Criaturas Mágicas. Os livros também dormiam, só que roncavam bastante, obrigando-os a colocá-los dentro do guarda-roupas, envoltos em cobertores.


Manhã seguinte, Plataforma 9 ½ lotada de estudantes que, com suas famílias, despachavam as bagagens e embarcavam. Os Inseparáveis despediram-se de seus pais e dirigiram-se à cabine, magicamente ampliada para que houvesseespaço para todos. Harry, Gina, Hermione, Rony, Algie, Neville, Luna, Nereida e Soraya conversavam alegremente no corredor e entraram na cabine, surpreendendo-se ao vê-la já ocupada por uma pessoa, que dormia sentada próximo à janela, com o chapéu caído sobre o rosto.

_Ué, alguém na nossa cabine? _ perguntou Nereida.

_Ela não havia sido reservada por seu pai, Harry? _ perguntou Gina.

_Sim. Quem será ele? Geralmente os adultos que viajam para Hogsmeade utilizam outros vagões, por causa da bagunça dos alunos.

_Não está reconhecendo, mano? _ perguntou Algie.

_É mesmo. _ disse Soraya _ Preste atenção, Harry.

_Ora, mas é Remus. _ disse Harry, surpreso _ O que será que ele vai fazer em Hogsmeade?

_Quem é, Harry? _ perguntou Hermione.

_Remus John Lupin, amigo do meu pai. Foram colegas em Hogwarts.

_Mais do que isso. _ disse Soraya _ Ele era um dos Marotos.

_A famosa turma de Criadores de Confusão de Hogwarts? _ Luna estava curiosa.

_Sim. E depois fizeram parte da Ordem da Fênix, combatendo contra Voldemort e os Death Eaters, nos Dias Negros. _ disse Neville _ Minha avó me contou que eram amigos de meus pais.

_Vamos deixá-lo dormir. _ disse Rony _ Está com uma aparência cansada. Aliás, Harry, me conte essa história de você ter feito sua tia virar um balão.

_Foi uma emissão mágica involuntária. Mas, se você conhecesse Tia Guida, veria que ela é tão desagradável que até que foi merecido.

_Credo, Harry. _ disse Hermione _ Ninguém pode ser assim tão insuportável.

_Você diz isso porque não a conhece, Mione. _ disse Algie.

_É verdade, Mione. _ disse Soraya _ Eu já a vi algumas vezes e papai teve de se segurar para não enfeitiçá-la.

_Mas agora ela teve a memória apagada e o cartão de acesso foi recolhido. _ disse Algie.

_Com tudo isso ela ainda tinha cartão de acesso? _ perguntou Luna, admirada.

_Nível 1, mas tinha. _ disse Harry _ Bem, melhor para ela e, principalmente, para a Bruxidade.

_Algum rumor do paradeiro de Sirius? _ perguntou Nereida.

_Nada, nada. _ disse Soraya _ papai parece ter virado fumaça. Mas acho que ele está investigando por conta própria, tentando encontrar meios para provar sua inocência.

_Espero que consiga logo. _ disse Rony _ papai comentou que o Ministro Fudge está a ponto de tomar medidas bem radicais.

_Tipo? _ perguntou Luna.

_Acionar os Dementadores.

_Brrr! Só a menção daquelas criaturas já é o bastante para me dar calafrios e acho que não é só comigo. _ Neville tremeu, no lugar onde estava sentado e todos concordaram com ele.


Com a passagem do carrinho de lanches, os Inseparáveis fizeram suas compras. Remus continuava dormindo, profundamente.

_Não deveríamos acordá-lo? _ perguntou Soraya _ Ele deve estar com fome.

_Deixem-no dormir. _ disse a bruxa do carrinho _ Depois que ele acordar, me chamem. Conheço Remus Lupin desde os Dias Negros. Quando ele dorme, dificilmente algo ou alguém o acorda.

_De qualquer forma, vou deixar um pastelão e umagarrafa de suco de abóbora para ele. _ disse Harry, comprando um lanche para Remus e deixando-o na mesinha da cabine.


Lá pelo meio da tarde, o tempo fechou e começou a chover torrencialmente. Estava tão escuro que parecia já haver anoitecido. De repente, o trem parou.

_Já chegamos? _ perguntou Rony, que havia adormecido.

_Não, ainda estamos no meio da viagem. _ disse Gina _ Está escuro assim porque parece que o céu está desabando lá fora.

_Caraca, que pé-dágua! _ admirou-se Neville _ Nunca vi...


Ele não terminou a frase, porque as luzes do trem, que estavam acesas, se apagaram e a temperatura começou a cair, como se já fosse inverno.


_O que houve? _ perguntou Hermione.

_Por que foi que o trem parou? _ perguntou Luna.

_E por que está tão frio? _ perguntou Harry.

_Será que...

_Quietos. Apenas escutem. _ ouviu-se uma voz cansada, porém decidida, que descobriram pertencer a Remus Lupin.


A porta da cabine pareceu cobrir-se de uma camada de gelo e deslizou para o lado, deixando entrever uma figura alta e encapuzada que entrou, olhando para todos os lados. À passagem da criatura, que deslizava suavemente, todos sentiram um desagradável calafrio e uma horrível sensação de depressão, que piorou quando ele inspirou e pareceu sugar as energias de todos, junto com o ar.

Mas a pior reação foi a de Harry. Quando a criatura parou à sua frente, os olhos do bruxinho ficaram vidrados e seu corpo pareceu entrar em convulsões, tal como em uma crise epiléptica de “Grand Mal”. Todos ficaram assustados.

_Harry! Fale comigo! _ exclamou Gina.

_Mano! O que houve? _ perguntou Algie.

_Ele está convulsionando, gente! _ exclamou Hermione.

_Pare com isso, seja você quem for! _ exclamou Soraya.

_Suma daqui, criatura! “EXPECTO PATRONUM”!!! Você já percebeu que Sirius Black não está aqui. _ exclamou Lupin, apontando a varinha para a figura e disparando um feitiço luminoso, que a fez recuar e sair dali, bem depressa.


Pouco depois, as luzes se reacenderam e o trem novamente se pôs em movimento, rumo a Hogsmeade. Harry continuava deitado no banco, até que começou a se mover e sentou-se.

_O que houve? Estou me sentindo como se tivesse passado por um moedor de carne. _ perguntou o bruxinho.

_Você teve uma convulsão, como se fosse um ataque epiléptico. Isso nunca lhe aconteceu antes? _ perguntou Hermione.

_Não, Mione. Nunca... Ei, Gina, pare de chorar. _ disse Harry, abraçando a namorada _ Já estou melhor.

_E vai melhorar ainda mais depois disso aqui. _ disse Remus, pegando uma barra de chocolate, dividindo-a entre todos e oferecendo a Harry um pedaço avantajado _ E aí, há quanto tempo, hein, Harry?

_Obrigado, Sr. Lupin. _ disse Harry, começando a comer o chocolate e, realmente, sentindo-se bem melhor _ Por onde o senhor tem andado? Já não aparece lá em casa há um bom tempo.

_Viajando, fazendo algumas investigações para a Ordem, mas já estou de volta. E pode me chamar de “Remus”, exceto na sala de aula.

_???

_Dumbledore me convidou para substituir Derek, durante este ano. Parece que ele foi convocado para uma missão pela Corporação dos Aurores e abandonou temporariamente a licença. Então, terão de agüentar Remus Lupin como professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, por este ano. _ e Remus sorriu, conquistando a simpatia daqueles que ainda não o conheciam. Os outros já sabiam que era um bruxo bastante inteligente, que pertencia à Ordem da Fênix e era leal a Dumbledore.

_Que bom. _ disse Soraya _ Ainda bem que é o senhor a substituir o Prof. Mason e não alguém tipo...

_Gilderoy Lockhart? _ perguntou Remus, divertido _ Eu soube de suas aventuras, no ano passado. Está melhor, Harry?

_Sim, estou. Aquela coisa horrível era um Dementador, não era? Jamais havia visto um, frente a frente, embora já tivesse ouvido falar deles e do efeito de sua presença. _ disse Harry, terminando o pedaço de chocolate.

_Era. Aqueles asquerosos são os guardas da prisão de Azkaban. Ninguém resiste ao seu poder de sugar a energia vital das pessoas e deixá-las deprimidas. Embora não se saiba com certeza como se reproduzem, notou-se que seu número aumenta quando ocorre a formação daquelas nuvens de tempestade, em dias sombrios, nos quais a gente tem uma tendência a ficar meio deprimido. Segundo alguns pesquisadores do Departamento de Mistérios, nessas ocasiões pode ocorrer o surgimento de Dementadores, a partir de espíritos que se encontram no Umbral e não conseguem evoluir.

_Verdadeiros casos perdidos. _ comentou Hermione.

_Eles ficam tão apegados às coisas deste mundo, que não conseguem encontrar paz suficiente para progredirem, mesmo com a ajuda de espíritos mais evoluídos. Então eles retornam ao plano físico, seja como espíritos obsessores ou pior, como Dementadores.

_Por que a reação de Harry foi tão intensa? _ perguntou Algie.

_Quanto maiores são os horrores vividos pela pessoa, mais precioso é o alimento do Dementador. E vocês tiveram grandes horrores, há tempos.

_Eu nem tanto, pois ainda não havia nascido. Já Harry deve ter proporcionado um banquete para aquela coisa.

_O atentado. _ disse Harry _ Eu revivi o atentado à nossa família. Meu pai gritando para que minha mãe fugisse e depois minha mãe dizendo para que Voldemort a matasse, mas poupasse a mim e a Algie.

_Mas a sensação é horrível. _ disse Nereida _ É como se você...

_... Jamais fosse voltar a ser feliz. _ disse Soraya, pegando um lenço e secando o suor da testa _ Minha preocupação com papai também acabou fornecendo um bom lanche para ele.

_O senhor invocou um Patrono, não foi? _ perguntou Neville.

_Sim, é a melhor maneira de espantar um Dementador. Os Patronos são constituídos de energias positivas, originadas de boas lembranças, em uma concentração maior do que os Dementadores podem suportar. Bem, já estamos chegando. Temos de tomar os coches e subir para o castelo. A gente se vê na Cerimônia de Seleção.

_Até mais, Prof. Lupin. _ disseram os Inseparáveis.


Harry tinha a sensação de que aquele seria um ano com mais mistérios a serem resolvidos e que não seria isento de grandes riscos para os Inseparáveis, principalmente para ele próprio.


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