A Marca - Vingança escrita por Sweet Nightmares


Capítulo 10
O Hexagrama (Miguel)


Notas iniciais do capítulo

NOTA SUPER IMPORTANTE, SE VOCÊ NUNCA LÊ NOTAS POR FAVOR LEIA ESSA!
meu computador morreu - estou postando no do meu irmão pq ele vai passar o fim de semana fora - então eu posso demorar para postar o próximo, mas do que eu demorei para este. Eu posso dizer que, quando eu entrar de férias, eu vou usar o computador do meu irmão enquanto ele trabalha, então vou voltar postar regularmente, antes disso não garanto nada.
Aproveitem o que pode ser seu último capítulo até novembro.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/251381/chapter/10

–Hoje é um grande dia! – exclamei, pulando na cama. Acidentalmente pisei e James que, em resposta, me empurrou. Cai de bunda no chão. – Ai, seu filho da puta!

–Vai dormir, Miguel. – resmungou.

Rachel abriu a porta de maneira estrondosa – Feliz aniversário! – cantarolou.

–Cala a boca! – gritou ele cobrindo a cabeça com o travesseiro.

–E todo aniversário vem com boas notícias! Sabe aquela garota irritante que estava te ligando psicoticamente? – disse Phill surgindo só Deus sabe de onde – Parece que ela está tendo um rolo com um guri aí. Diga “olá” à liberdade!

–O quê?! – foi a vez de James cair da cama. Bom, na verdade, eu chutei ele de lá, mas isso é um mero detalhe.

–Como você sabe disso? – perguntei.

–Ué, facebook existe por uma razão, certo?

–Você tem o facebook dela? – perguntou Rachel.

–Não, não. O Miguel que tem. – ele sorriu diabolicamente.

–Você invadiu minha conta? Seu filho da puta! – voei em cima dele, mas caí na Rachel.

–Ah! Tira esse rato de cima de mim! Tira! Tira! – gritou a escandalosa.

–Merda! – gritou James. Parei de agarrar Rachel e me levantei. Phillip ajudou-a a se levantar. Todos os dias nessa casa são meio caóticos, como você pode ver.

–Que foi, Jamie? – perguntou Rach.

–Não acredito que aquela garota tá tendo um rolo!

–Tá chateadinho por que a Becky tá namorando, tá? – ironizei.

–Não, porra! Tô chateadinho porque você me humilhou na faculdade por uma garota que nem se importa mais comigo! Nossa, Miguel, você é o único lutando por essa relação, percebeu?

Não... Se... Importa?

Dei um soco na cara de James e saí de lá. Idiota.

Ele abandonou a garota! Fui eu quem atendeu as ligações esperançosas dela, fui eu quem ouviu do melhor amigo dela o quanto ela estava sofrendo – e o quão irritante esse sofrimento estava sendo, mas isso é detalhe. Se agora ela está com outro não é porque ela não se importa! É porque ela deixou de ser idiota em sofrer por um narcisista imbecil.

Passei o dia andando pela cidade. Já era quase noite quando resolvi descansar. Parei em uma pracinha. Comprei uma água, sentei em um dos bancos e respirei fundo, lembrando-me daquela manhã. Que raiva do James! Não que eu me importasse com a Rebeca tanto assim. Quero dizer, eu nem conhecia a garota direito! Também não era pelo Lucas, que acabou se tornando um bom amigo meu nesses dois anos que passaram. Era só que... Era pelo James. Eu estava preocupado, só isso. Ele mudou tanto e tão de repente.

Antes ele era aquele mulherengo, que apesar de safado ainda conseguia ser mais educado e mais respeitoso que hoje, afinal, o que conseguia as garotas não era a beleza dele, muito menos o dinheiro – poucas delas sabiam do dinheiro. Era o charme. Melhor dizendo, ele tinha algo de... Encantador. No seu jeito, nas suas palavras. Seu olhar penetrante. Era quase hipnotizante... Era assim que ele conseguia as garotas. Em toda minha vida desde que conheci James, nunca ouvi-o dizer um eu te amo que não fosse sincero. Apesar de ser o maior filho da puta que eu já vi, ele ainda tinha mais respeito que eu.

E então, de repente, ele diz que ama essa garota. E por um momento eu acredito que ele está sendo sincero. Eu acredito que ele encontrou, não qualquer garota, mas a garota. Aquela que seria capaz de fazê-lo feliz de verdade. Aquela capaz de mantê-lo do lado de dentro da cerca também, né, por quê... Enfim. Mas aí do nada ele para de falar com ela e se torna um filho da puta mais nojento que antes. Ele se tornou tão repulsivo que até Rachel tem nojo das atitudes dele. E olha que a Rachel é a Rachel! Todo mundo sabe que a Rachel vai pagar pau pro James até a morte, e se a Rachel te olhar nos olhos e disser que o James não presta é porque ele precisa de ajuda. Sério.

Talvez – não, com certeza – essa seja a razão de eu estar tão irritado. Esse novo James me dá raiva, muita raiva. Sinto falta do antigo James, do meu James...

Nossa! Por que sempre que eu penso no James eu pareço tão gay?

–Quanto tempo, hein? – disse alguém.

Falando em gay... Ian e sua gangue se aproximaram, ele com um sorriso sugestivo nos lábios e os outros com a mesma cara de assassinos de sempre. Aquele olhar me deixava desconfortável. Às vezes, quando Ian olhava para mim, eu me sentia como se ele estivesse me estuprando com os olhos. Tipo agora. Tive vontade de gritar e sair correndo.

–Ah, oi, Ian.

–O que foi? – perguntou sentando-se ao meu lado.

–Nada demais... Então, como vão as coisas?

–Ah, a polícia achou um dos nossos esconderijos, mas acabaram incriminando Jay King. Bem feito, eu avisei para aquele filho da puta ficar longe do meu território.

Jay King era outro traficante, como você pôde perceber.

Ele tirou um cigarro de maconha do bolso e acendeu-o com o isqueiro. Tossi.

–Se importa? – balancei a cabeça negativamente em resposta.

Fechei as mãos em punho com força. Aquele cheiro estava me matando. Nossa, me manter limpo era mais difícil do que eu pensava. Ele soprou a fumaça em minha direção.

Dois anos, Miguel, dois anos, eu repetia para mim mesmo.

Tragou mais uma vez. Observei-o sorrir quando a droga começou a surtir efeito. Senti minha mão começar a tremer. Ian estalou os dedos e, como um bando de cães adestrados, sua gangue se dispersou, deixando-nos sozinhos.

Respirei fundo.

–Tem certeza que você não quer, Miguel?

Mordi os lábios em busca de autocontrole.

–Eu... – respirei fundo mais uma vez. Senti a fumaça que ele expirou entrando por minhas vias respiratórias. A sensação era bem vinda. Bom, só uma tragada não faria mal, certo?

Errado.

–Tenho, mas obrigado. Aliás, conseguiu o que pedi?

Ele sorriu e me entregou um envelope.

–Aqui está.

–Obrigado, Ian. Agora com licença, tenho que voltar para a casa.

Levantei e fui andando lentamente de volta para o apartamento...

Até perceber que estava perdido.

Parei em uma cabine telefônica e disquei o número de casa.

Hey, oh! – com certeza era Phill, ele era a única pessoa que eu conhecia que atendia o telefone assim.

–Phill? - ao fundo eu ouvia música e vozes, provavelmente estava havendo uma festa.

Quem fala?

–Phillip, é o Miguel.

Miguel? Onde você está, cara?

–Então... – ri nervosamente. De repente estar perdido parecia constrangedor.

Você está perdendo a festa.

–É, eu sei...

Sorte sua. Isso aqui está um saco.

–Que merda, hein?

Pois é... – houve um momento de silêncio prolongado – Ainda está aí?

–Sim.

Silêncio.

Ah, por que você ligou? – perguntou.

–Ah, é! Bom, eu... – suspirei – eu me perdi.

Ele riu.

Onde você está?

–Não sei. Mas tem uma pracinha e uma barraca de cachorro quente. E uma livraria do outro lado da rua. Hugh’s bookstore.

Certo, fique por aí que eu já te acho.

–Ok.

Lembrei que ainda não tinha comprado um presente para o James – observe o grande amigo que sou. É o dia do aniversário dele, é noite e eu não comprei nada – então decidi passar na tal Hugh’s bookstore para ver se tinha alguma coisa.

Logo na vitrine, um livro me chamou a atenção. “O Hexagrama”, escrito por um tal Elliot Han. A capa tinha uma imagem em preto e branco, na qual uma pessoa cobria o rosto com a mão, com a palma para fora e, na palma, havia um desenho de um hexagrama. Achei que seria engraçado dar aquele livro para ele, então comprei-o.

Voltei para a praça, para descansar um pouco mais enquanto esperava Phillip, e comprei para mim um cachorro-quente. Ian ainda estava lá.

–Não resistiu? – perguntou risonho.

–Não sei voltar para casa.

Ele riu alto. Revirei os olhos.

–Que isso? – ele apontou para a sacola em minha mão.

–O presente do James.

–Ele faz aniversário hoje?

–É.

–Legal, diz para ele que o tio Ian desejou um feliz aniversário. – ele riu de si mesmo enquanto dava mais uma tragada em seu cigarro. Ri também.

–Eu direi.

Estava começando a ficar incomodado com o cheiro do cigarro do Ian, então resolvi sair dali. Quando me levantei, Ian me chamou:

–Miguel! Por que você me pediu para comprar isso? – ele se referia ao envelope que me havia entregado. Lembrei-me de uns dias atrás, quando encontrei um envelope similar a este em meio às coisas de James.

–James vai viajar.

–Ah, então a passagem é para ele?

–Não. É que eu vou junto. Ele só não sabe disso ainda.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

bom, por hoje é só.
Até novembro! - ou antes se possível
bjsss