Winter In London escrita por Luh Moon


Capítulo 16
Capítulo 16 – Múltiplo homicídio...


Notas iniciais do capítulo

Ah! O destino! Ele é realmente interessante! E quando tudo parecia se encaminhar para que as coisas melhorassem...
Bem, é melhor que vejam por si mesmos...



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Afastou-se do grupo para fumar. Sentou-se em uma raiz saliente e ficou esfregando o chão de terra com um pé... Que raios de onda de “cuidar da saúde” era aquela que os britânicos tinham começado? Seu cérebro não concordava com essa história de não poder fumar em quase todo canto... Ria de seus próprios pensamentos, feliz por estar finalmente conseguindo se distrair quando ouviu os gritos. O instinto fez com que sacasse o canivete prateado do bolso e ficasse em pé. Um vulto volumoso se aproximou depressa.

– Está aqui! - gritou o homem quando surgiu de trás dos arbustos.

Quis correr, mas por uma infelicidade seu pé esbarrou em uma raiz e tombou ao comprido no solo úmido. O canivete escapou da mão, foi parar longe do alcance de do campo de visão. Quis pôr as mãos no chão e levantar, mas já era tarde. Foi arrastada pelos pés e a última coisa que sentiu foi uma pancada violenta na cabeça.

John viu a manhã seguinte chegar sem muita disposição para nada. Ia passar em seu consultório apenas para avisar que não trabalharia naquele sábado... Queria ficar um tempo perto de Sherlock e certificar-se que tudo estava bem com ele. Depois de tudo que ouvira e lera, não estava certo se as coisas podiam ser consideradas boas ou normais.

Sherlock não havia conseguido dormir! Imagens do passado insistiam em assombrá-lo sempre que ele fechava os olhos, até que desistiu de fazê-lo. Releu a carta que havia escrito há tanto tempo e se assustou com o fato de que ela continuava absolutamente verdadeira. Não era algo com o que soubesse lidar. Nunca antes se preocupara com aqueles sentimentos, tão bem guardados... Mas agora ela estava de volta a Londres, era uma mulher madura e ele continua sentindo-se como um retardado mental diante dela.

Queria ter um meio que cortar aquele laço, mas nunca encontrara nenhum. Teria se apegado a Irene Adler como a uma boia de salvação se ela ao menos fosse capaz de causar um mínimo abalo aos sentimentos que tinha por Mildred. Não causava. Ninguém causava. Ninguém se comparava a ela no tocante a como ela o fazia sentir. Mataria por ela sem pestanejar e morreria sem ela... Era uma constatação fatalista, mas era a cruel verdade! Talvez se ela nunca tivesse voltado teria conseguido conviver com a ausência e os sonhos desconexos que o fazia despertar em meio a um desespero conhecido: o desejo de tê-la com ele... Mas ela estava ali e ele não sabia mais como escapar.

Quando percebeu que mais da metade do dia já tinha sido perdido com seus devaneios sobre o passado, decidiu que era hora de voltar a ser Sherlock Holmes. Mildred não desapareceria feito fumaça! E pelo menos agora John conhecia a parte mais bizarra daquela história e daquela estranha relação. Esperava que o amigo tivesse tato o suficiente para não tocar naquele assunto. Vestiu-se e decidiu que seria bom que saíssem para jantar... talvez convidasse Lestrade para saber sobre o andamento das investigações do Andarilho... Sentiu-se um pouco mais animado ao pensar nisso.

Quando saiu do quarto, porém, teve a sensação que alguém tinha ouvido seus pensamentos mais íntimos: a televisão estava ligada em algum telejornal; John estava sentado, assistindo, parecendo aturdido com as notícias; alguns segundos depois ouviu as sirenes e passos apressados na escada. Ah! Parecia que seria uma excelente noite, afinal! Um meio sorriso tinha brotado em seus lábios quando um Lestrade esbaforido invadiu a sala.

– Sherlock, preciso de você! Agora!

– O que aconteceu? - perguntou ajeitando as mangas do paletó.

– Um múltiplo homicídio... Scadbury Park... - esclareceu Lestrade.

– Isso tem algo a ver com o Andarilho? - a atenção de John tinha sido capturada. Então ele estava ouvindo?

– Não sabemos! Oh! Sherlock! É terrível! Precisa vir conosco! Era um acampamento! - a atenção de John se alertou mais uma vez.

– Disse, acampamento? - perguntou apanhando o casaco e vendo que Sherlock fazia o mesmo.

– Sim, John! Todos jovens...

Por quê sua mente se agitou ao ouvir aquilo? Naquele momento o médico não conseguiu raciocinar e apenas desceu rapidamente as escadas com os outros dois. Havia um carro de polícia parado na porta, mas John sabia que Sherlock preferia apanhar um táxi, o que ele fez no instante seguinte.

Nos minutos que se passaram até a chegada ao local do crime, John tentou de todas as maneiras se lembrar por que a palavra “acampamento” tinha ligado uma espécie de luz de alerta em sua mente, mas nada lhe ocorria. Enquanto lutava com suas lembranças, percebeu o detetive animado ao seu lado fazendo pequenas anotações em seu caderno, acessando a internet através do telefone e sorrindo, como se, em vez de um local de crime estivesse prestes a visitar um parque de diversões.

– Lembre-se: foi um múltiplo homicídio! - ressaltou John.

– Ah! Sim! Não é realmente excitante? - declarou com o primeiro sorriso animado que John via em dias!

John percebeu a testa do detetive franzir mais de uma vez enquanto mexia no telefone. Parecia estar encontrando dificuldade em encontrar alguma informação ou alguma coisa do gênero. Mas era realmente era melhor vê-lo desse modo, mesmo que o motivo fosse um homicídio... Naquele caso: vários. Lamentava ser preciso algum crime hediondo acontecer para pôr Sherlock de volta em seu estado habitual de humor.

Quando chegaram, o local parecia um verdadeiro caos!!! Havia policiais por toda a parte e alguns jornalistas oportunistas já se aglomeravam atrás da faixa de isolamento. Lestrade ergueu a fita para que John e Sherlock pudessem passar. Havia um cheiro de queimado no ar e John temeu pelo que fossem encontrar.

– Quantos corpos? - perguntou Sherlock sacando seu estojo e entregando-o ao companheiro, ao mesmo tempo em que tirava de lá a pequena lupa.

– Eram três até eu sair...

– Quatro! - ratificou Anderson. - São quatro corpos, o legista está com eles agora.

Sherlock olhou na direção em que Anderson apontara e viu os quatro corpos enfileirados em seus sacos. Olhou em redor. Viu uma pilha de coisas ainda fumegando. Andando pelo lugar. Avaliou as pegadas no terreno úmido. Circulou o lugar mais de uma vez e balançou a cabeça. Alguma coisa não se encaixava.

– Tem alguma teoria? - perguntou Lestrade que andava nas pegadas do detetive.

– Sim, mas tem alguma coisa que está me escapando... - Sherlock passou por baixo da fita de isolamento e começou a andar em torno do local.

John e Lestrade o seguiram. Viram o moreno se abaixar e inclinar, acariciar o chão e as folhas, catar bitucas de cigarro. Repetiu os mesmos gestos a cada passo, mediu pegadas e deu mais algumas voltas, ainda com uma ruga intrigada entre os olhos. Até que resolveu voltar para o lado de dentro do isolamento. Lestrade não aguentava mais aquele silêncio.

– Sherlock! Se sabe alguma coisa, diga de uma vez! - todos se concentraram no detetive.

– Eram dois, homens, grandes, pesados... - apontando as pegadas no chão. - Estavam distraído e foram alvos facéis. Três rapazes, uma jovem... Um deles foi ferido ali, o outro apanhou muito, o terceiro e a garota foram arrastados para fora. Mas não faz sentido! - resmungou. - Eles reviraram tudo, estavam procurando por algo, e encontraram!

– Procuravam pelo quê? - questionou John.

– É isso que não faz sentido! - devolveu Sherlock. - E mais uma coisa. Há duas marcas de cigarro distintas. Uma delas bastante barata. - apontou para um canto a direita deles. - Há uma porção dessas ali... Eles estavam esperando! Mas as que eu achei ali... - apontando para o lado oposto. - São da mesma marca que eu costumo fumar... - o mesmo pensamento que o perturbara quando encontrou as bitucas voltou e ele andou naquela direção. - Estão com marcas de dentes pequenas... Uma mulher, ansiosa... - de repente alguma coisa brilhou em meio ao monte de folhas e terra. Sherlock apressou-se e apanhou o objeto.

– O que é isso? - perguntou Lestrade.

Mas Sherlock parecia ter sido atingido por alguma coisa invisível. Estava completamente imóvel segurando o objeto diante dos olhos. John olhou o que o amigo tinha nas mãos e em seguida para o rosto dele. Estava completamente estático, sem esboçar qualquer reação. Lestrade e John se entreolharam assustados.

– Sherlock? - chamou John, sem resposta.

– O que é isso que ele encontrou? - insistiu Lestrade.

– Parece um canivete... - explicou John tirando o artefato das mãos de Sherlock sem que o outro manifestasse qualquer reação. - Sherlock? O que há? O que há de errado com esse canivete?

– Tem... - balbuciou Sherlock numa voz quase irreconhecível. Piscou algumas vezes como se estivesse tentando voltar a realidade. - Tem uma gravação nele? - perguntou ainda com aquele fio de voz.

– Parece que sim... - devolveu o médico. - Parece um S e...

– Um H... - emendou Sherlock.

– O que isso quer dizer? - atravessou Lestrade.

– Sherlock Holmes... - concluiu Sherlock ainda sem se mover.

De repente foi como se um raio de clareza iluminasse John. Ele reviu a cena, perfeitamente, em sua mente, do dia anterior quando visitara a não-irmã de seu amigo.

“Vou acampar amanhã com alguns amigos... “

O pequeno canivete pareceu queimar em suas mão e ele acabou deixando-o cair.

–Mildred! - disparou o médico de olhos arregalados.

– Eram cinco! - disparou Sherlock, movendo-se novamente e avançando na direção de Lestrade. - Havia mais uma pessoa! - apanhando o outro pelo colarinho e sacudindo-o.

– Sherlock! - gritou John. Todos correram na direção deles.

– Só encontramos quatro... - respondeu Lestrade tentando escapar das mãos do detetive.

– Eram cinco! - repetia Sherlock. - Ela estava aqui... - soltando o inspetor. - Ela se afastou, foi fumar... - andando novamente até onde encontrara o canivete. - Ela sentou... - juntando as mãos junto ao rosto. - Acendeu um cigarro, percebeu o que estava acontecendo... - estendeu uma mão, como se estivesse vendo a cena diante de seus olhos. - Ela apanhou o canivete e tentou fugir, mas caiu e... - voltou-se. - Precisamos encontrá-la! - girando nos calcanhares.

– Sherlock! - John saiu atrás do amigo, enquanto Lestrade apanhava o canivete e o entregava aos técnicos. - E se...

– Não diga isso, John! Não pense nisso! -devolveu Sherlock apontando o indicador ameaçadoramente para o médico.

– Mas é uma probabilidade...

– Uma muito grande para ser ignorada... - aceitou relutante. - Cinco pessoas, quatro corpos...

Tremeu diante da real probabilidade: a de encontra Mildred sem vida entre os quatro cadáveres... Andou devagar até onde os corpos estavam. Não queria vê-los. Na verdade era a primeira vez desde que conseguia se lembrar que não tinha nenhuma curiosidade em ver corpos. Ela poderia estar entre eles e era algo que definitivamente não estava preparado para ver.

– Você vai vê-los. - decretou Sherlock estaqueando e deixando John passar a sua frente.

– Mas... - sem muita segurança. - Ela é sua..

– John, por favor... -a voz de Sherlock saiu trêmula e com uma comoção que John nunca ouvira antes. Acenou com a cabeça aceitando o fardo, caminhou até os corpos.

– Oh! Deus! - resmungou John assim que finalmente os viu. - É impossível, Sherlock! Os rostos...

John mal conseguia olhá-los. Todos os quatro tinham os rostos desfigurados, pareciam der tido as cabeças esmagadas. Alguém queria causar um grande dano e tornar o reconhecimento muito mais dificil. John se surpreendeu quando percebeu que Sherlock estava ao seu lado e se surpreendeu ainda mais quando percebeu que o amigo estava trêmulo.

– Homem! Muito baixo! Loira! Muito alto... - descartando uma por uma das terríveis possibilidades. - Ela não está aqui! - e aquela constatação ao mesmo tempo que pôs um sorriso torto nos lábios do detetive lhe instalou uma intensa ruga entre os olhos. - Onde ela está John? - voltando-se para o amigo. John apenas balançou a cabeça.

Mas o que John não pode deixar de notar foi como de repente Sherlock parecia aliviado, como se um enorme peso lhe tivesse sido retirado dos ombros. Ficou feliz por não terem encontrado o corpo de Mildred, mas compartilhava da preocupação do detetive: onde ela estava?

A cabeça dela doía e os ouvidos zuniam como se houvessem sinos no lugar dos tímpanos. Abriu os olhos devagar, enquanto aspirava os odores do lugar. Cheirava a álcool, suor e sujeira. Sentiu o gosto metálico na boca. Sangue. A boa notícia é que estava viva! A má notícia é que estava encrencada! Sentiu os braços e ombros doloridos e quando tentou se mover, percebeu que seus pés não tocavam o chão. Quando finalmente abriu os olhos, descobriu-se em um armazém velho e mofado, presa a correntes nos pulsos e nos tornozelos a pelo menos um metro do chão.

– A bela adormecida acordou! - gritou um homem atarracada, com uma voz de bêbado, sentado em um caixote de madeira.

Mildred reconheceu imediatamente o biltre que entrou no lugar. Gregor Smith vestia um ridículo terno branco que destoava medonhamente do lugar e da situação. Quis manter a cabeça erguida, como seu orgulho de uma quase Holmes lhe impunha, mas seu pescoço e coluna doíam demais para manter aquela posição.

– Mildred Arnet, também conhecida como Mildred Holmes... - disse Gregor sorrindo. - Eu teria enviado um bilhete de resgate, não fosse seu irmão famoso por descobrir o que ninguém mais pode... - fazendo uma careta. - Diga-me, Mildred, acha que ele a encontrará antes que pare de respirar?

Ela não disse palavra, mas desejou de todo o coração que sim. Havia pelo menos uma coisa que nunca dissera a Sherlock e que não poderia morrer sem dizer...

– Temos mais um! - gritou o policial com um cão.

Sherlock estremeceu mais uma vez. Não haviam mais probabilidades! Eram cinco corpos. Sentiu um arrepio gelado percorrer sua espinha enquanto caminhava a passos largos na direção do policial e do inevitável. Mildred era esperta! Repetia a si mesmo! Ela era praticamente seu duplo feminino! Não morreria de forma tão... Os pensamentos formavam um redomoinho nesse ponto. Simplesmente não conseguia sequer cogitar a hipótese de que ela pudesse estar morta!

Lá estava o corpo, com o rosto tão danificado quanto os demais. Sentiu que as forças escapavam quando constatou que se tratava de uma mulher, com aproximadamente 1, 65 de altura, cabelos curtos e escuros... O que, até aí conferia perfeitamente com a descrição dela. Precisava ser esperto! Precisava procurar por marcas únicas, características que só ela tinha... Mas como? Assim como os outros o corpo estava coberto de sangue e lama... Seria impossível identificá-la até que fosse processada pelo legista.

– Precisam levá-la... - murmurou Sherlock.

– O quê? - John não havia ouvido o apelo.

– Não posso reconhecê-la assim, se for... se ela... - não conseguiu terminar.

John entendeu e foi falar com Lestrade. A polícia técnica fez seu trabalho rapidamente e em menos de 10 minutos os corpos estavam sendo embarcados no rabecão e levados para o necrotério onde seriam finalmente limpos e logo em seguida necropsiados. Entre uma coisa e outra Sherlock esperava ver de novo o corpo da jovem e certificar-se que ela não era Mildred Arnet.

Sherlock não resistiu quando Lestrade ofereceu um carro de polícia para levá-lo até o necrotério. John estava em pânico! Não sabia como agir diante do que estava acontecendo! A possibilidade de Mildred estar morta e a reação totalmente inesperada do amigo... Todo o cenário era o mais insólito possível.

O detetive permaneceu mudo e imóvel durante todo o trajeto. Seus olhos claros tinham perdido completamente o brilho e John sentia ganas de bater no rosto dele. Mas ao tentar imaginar o tipo de dor que estava experimentando reconsiderou. Sabia que Sherlock não era bom com sentimentos e imaginava que tipo de dilema o outro estava vivendo internamente.

“Isso tem que parar de acontecer...”

Eram os lábios dele pronunciando aquela frase naquela dolorosa lembrança. A última vez que Mildred visitara Londres antes de reencontrá-la na estação de trem. Eram os lábios dele pronunciando aquelas palavras entre os fios dos cabelos dela. Ele sentiu a mão dela se mover sobre seu peito carinhosamente. Era a forma silenciosa de apelo que Mildred costumava fazer... Nunca com palavras desesperadas ou lágrimas... Ela evitava as lágrimas até que fossem impossíveis de reter.

“Quer desistir de mim?”

Perguntaria a ela como alguém pode desistir de sua própria alma e ficaria muito satisfeito se ela tivesse uma resposta para isso. Mas não admitiria o nível de dependência que tinha por ela. Não podia admitir sequer para si mesmo a explosão de sentimentos contraditórios que sentia naquele exato momento. Apenas afastou-a e sentou-se

“Sabe que não é correto!”

“Oh! Pelo sagrado! E quando se importou com o que é correto?”

Agora ela estava irritada! Como boa pagã não citaria o “sagrado” se não estivesse. Ele teve vontade de rir, envolvê-la em um abraço e dizer que era tudo mentira! Que ela era sua melhor amiga, sua melhor parceira para resolver crimes e sua melhor amante, a combinação perfeita em uma única pessoa! O que mais ele poderia desejar?

Oh! A frieza e clareza de pensamentos que ele tanto apreciado ficavam de tal forma ameaçados diante da presença dela! E ele desprezava sentimentos, especialmente o amor. Era falso, fantasioso, enganador! Como então explicava a vontade de colocar tudo de lado e apenas deixá-la ficar? Sentia-se tão confortável quando ela estava por perto...

“Mildred! Não pode continuar atravessando o oceano apenas para...”

O que é que ia dizer? Mal conseguia organizar aquilo na própria mente... Mal compreendia como se deixava envolver ao ponto de...

“Fazer amor com você... Vamos! Diga! Não é assim tão difícil! E você não era nenhum virgem, se bem me lembro! Ao contrário de mim! Ou devo lembrá-lo que eu tinha quinze anos!”

Agora ela estava em pé. E andava de um lado para o outro e levantava o tom de voz perigosamente.

“Não quero discutir isso com você!”

“Quer discutir isso com quem, Sherlock? Com o papai e a mamãe? Imagine a surpresa deles!!!”

Ela podia ser tão amarga quanto Mycroft quando queria. E precisava mesmo enrugar a testa daquela maneira? Exatamente como ele costumava fazer?

“Ou podíamos chamar Mycroft! Ah! Ele adoraria confirmar as suspeitas sobre quem abusou da sua menina de ouro!”f

“Ninguém abusou de você! Isso é absurdo!”

“Não existe sexo consentido com menores de idade, Sherlock Holmes! Ao menos não no Reino Unido!”

“E pare de falar nisso!”

“Isso? Agora é isso? Você fica melhor com seu chicote nas mãos, meu caro! Isso é humano! Sexo! Transa! Foda! Cópula! Coito! Intercurso! Chame como quiser! Mas não aja como se não fizesse isso! Por que faz! E muito bem por sinal...”

“Mildred! Eu apenas sugeri que isso não podia continuar acontecendo e...” Agora ela estava apanhando as roupas, furiosa. “Aonde vai?”

“Voltar para os Estados Unidos, não foi o que acabou de sugerir?”

“No meio da madrugada?”

“Exatamente!”

Ela saiu batendo a porta e ele não teve notícias por longos cinco anos... Exceto por suas conexões nos Estados Unidos que o deixavam a par dos passos dela. Fez isso quando ela ficou mais de seis meses sem entrar em contato. Assim mesmo levou mais uns quatro meses para obter algum retorno e saber que ela estava bem.

Agora estava ali naquele corredor frio e vazio, sentado naquele banco de madeira sob o olhar aterrorizado de John. O que ia dizer a ele? Fazia quanto tempo que estava ali esperando? Há quanto tempo ele estava imóvel fitando o vazio? Suspirou longamente atraindo a atenção de John.

– Esta mesmo pronto para isso? - questionou o médico preocupado. Sherlock apenas acenou com a cabeça.

– Tem certeza, irmão? - Mycroft pareceu brotar do chão, ao lado do banco onde Sherlock estava. - Sabemos como vocês eram... ligados... - Sherlock ia dar uma resposta desaforada, mas foi desencorajado pelo olhar apreensivo de Lestrade logo ao lado do irmão mais velho.

– Podem vê-la agora! - disse o legista abrindo a porta de metal e todos os olhares se voltaram para Sherlock.


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Notas finais do capítulo

Será que nosso detetive está pronto para essa perda?
Será que é realmente Mildred?



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