Dia 31 de Julho de 2012

Tanta coisa aconteceu nesses meses...Mas de uma coisa eu estava certa,eu mudaria minha vida,a partir de hoje.Não sentia nem um pouco de orgulho do que eu havia feito por aqui,mas eu nunca vou me arrepender,de nada que eu fiz.Bom,pelo menos essa cidade deu o que tinha que dar,um sorriso apareceu em meus lábios com esse pensamento.

–Do que você está rindo Carlie?–Minha mãe Cis indagou ,cética como sempre.

–De nada...–não sei porque,mas eu senti uma vontade enorme de gargalhar na cara dela,mas não o fiz.Somente fitei os papéis em minhas mãos,não estava a fim de conversa com ela,então voltei a encarar a enorme parede de vidro a minha frente.

Os aviões continuavam indo e vindo lá fora,e as pessoas aqui dentro me davam náuseas com tanto choro e mimimi.Pelo menos em uma hora,eu já havia escutado uns 100 "Vou sentir saudades!".E é por esse fato que eu odeio Aeroportos.Há muita falsidade,tristeza...Tudo que eu mais odeio.As pessoas choram pelas pessoas que vão partir,isso é horrivel,se ela vai embora,deixa ela ir!Um dia quem a gente ama volta,por isso despedidas são patéticas,a pessoa chora por alguém que vai voltar daqui a um ano ou meses...Pra que??

Bufei e estiquei minhas pernas em cima da cadeira vaga do meu lado,a mulher que estava na outra me encarou como quem diz:"Essa menina não tem modos não?" e eu retribui com o meu olhar de "Não estou nem aí pra você",ela então resolveu revirar sua bolsa,se eu pudesse teria dado risada agora.Não aguentava mais esperar pela droga do vôo,me revirei na cadeira impaciente,minha mãe finalmente notou.

–Vou comprar algo para você comer.-Ótimo,nada como uma boa comida antes de um vôo para você poder vomitar tudo na pessoa que estiver sentada do seu lado.

–Vai lá...–Como tudo nesse lugar,eu estava entediada.Eu fui feita para agitar o mundo,e não ficar aqui disputando pra ver quem ganha na troca de olhares maléficos com essa tia do aeroporto.

Pendurei minha enorme bolsa no ombro e me levantei,sai andando sem rumo,mas no final acabei no banheiro.Retoquei minha maquiagem,e quando voltei aos bancos que estava sentada,me deparei com a minha mãe,com uma cara nada amigável.

–Aonde você estava Carlie?–Me encarou furiosa,senti que ela teve que se segurar para não gritar.Um sorriso apareceu em meus lábios.

–Dando uns roles por aí...–Passei por ela e me joguei novamente na cadeira,colocando minhas pernas de novo ao lado.Dessa vez a mulher não ousou me repreender,minha mãe bufou irritada e se sentou ao meu lado.

–Comprei um capuccino descafeinado e um sanduiche de peito de peru.–Pelo menos ela sabia que eu odiava café,e que eu estava tentando maneirar nas besteiras.

–Valeu.-ataquei meu lanche e tomei o capuccino de vagar,odeio bebidas quentes demais.Enquanto comia minha mãe foi fazer meu check-in,ainda bem,não tenho paciencia com essas coisas.

Finalmente,ali estava eu,na fila de embarque para o vôo.Nas minhas mãos eu tinha o passaporte,minha passagem cujo destino era a tão amada Inglaterra,o comprovante de check-in e um livro sobre o estágio que eu faria lá,e fora isso a minha bolsa tamanho GG.Há-ha.

–Passaporte,comprovante de check-in e passagem.–A aeromoça não estava lá muito a fim de trabalhar,pela sua cara de desanimo,não era dificil se imaginar.Entreguei os papéis a ela,e depois me virei para olhar pela ultima vez para a minha mãe.Apesar de tudo,eu a amava,e sentiria sua falta.

–Quando chegar lá me ligue tá Carlie?E não se meta em encrencas,você já gastou todas por aqui.–Mesmo com ela estando séria,eu tive que rir.Dei um abraço nela,meio sem jeito me soltei e me virei novamente para a aeromoça.

–Aqui está,a senhorita já pode embarcar e tenha uma boa viajem.–Ela me entregou os papéis,os enfiei na bolsa e segui para o avião.

Procurei meu assento,me senti uma tapada por ter demorado para achar,mas pelo menos a pessoa que se sentaria do meu lado ainda não havia chegado.Ainda bem,assim eu poderia me sentar na janela,uma coisa boa nesse avião:poder olhar a paisagem.Logo em seguida um garoto lindo entrou no avião,depois de procurar por um tempo seu assento,eu percebi que não sou tão lesada assim,ele se sentou bem ao meu lado.Maravilha!Agora eu teria duas paisagens para admirar:a de fora,e essa aqui do meu lado.

Peguei meu celular e coloquei meus fones de ouvidos,apesar de a aeromoça ter pedido para desligarmos os celulares,afinal,eu nunca obedeço mesmo.O garoto me olhou dando um risinho,quando a aeromoça me encarou brava.

–Já vi que você não é de respeitar muito as regras.–Mas porque ele estava falando comigo?Mas resolvi responder.

–Não fui feita pra seguir regras,a unica regra da minha vida é que eu não sigo regras,e ás vezes nem essa eu sigo.–Encarei ele com as sombrancelhas erguida,eu usei a frase mais clichê existente,porque eu sabia que não adiantava dar trela para esse babaca.Ele caiu na gargalhada,e eu só o encarei.

–Sério isso?–Seus olhos eram tão bonitos,mas não me deixo enganar por caras assim.

–Claro,mas agora chega de bla bla bla e me deixa com minhas musicas.–A aeromoça finalmente perdeu a paciencia quando percebeu que eu não iria mesmo desligar meu celular,sorri só esperando o espetáculo.

–A senhorita poderia desligar seu aparelho celular?–Arqueei a sobrancelha em desdem.Mas é claro que eu não desligaria.

–Ah sim,meu celular?Não estou a fim.–Tenho certeza de que ela gostaria de ter a visão de calor do Super-Man.Ela parecia estar perdendo a paciência, e isso era maravilhoso,ela se abaixou até a altura que eu estava,pude ver seu nome,era Thaina.

–Olha,eu sei como é ser adolescente,e também sei como é bom quebrar regras.Mas se você quer ouvir musica,use o tablet.–Como eu não tinha reparado nesse tablet acoplado na cadeira a minha frente?Ergui as sobrancelhas,até que essa Thaina era legal,então resolvi ser boazinha,só dessa vez.

–Hum...Está bem,mas é só porque você é legal.–Ela deu uma risadinha e me entregou o tablet junto com um par de fones de ouvido que ela havia tirado de seu carrinho,eram novos.

–Que ótimo!–Afirmou sorridente,até que não foi tão mal ser boazinha.-Esses fones são novos,eu sei o quanto são nojentos estes usados.-Ela colocou a lingua para fora,como essas personagens de animes fazem,adorei essa moça.

–Obrigada.–Sorri para ela de volta,ela dada por satisfeita voltou a andar pelo corredor,a procura de algum passageiro que estivesse precisando de ajuda.O garoto do meu lado me olhou surpreso.

–O que aconteceu aqui?–Perguntou arregalando os olhos.Idiota,pensei comigo mesma,o que aquele idiota queria comigo?

–O que é agora?Cara me deixa em paz!–Tive que me segurar para não gritar,ele só revirou os olhos e resolveu mexer em sua mochila

Me afundei no banco,e depois liguei o tablet,coloquei os novos fones,e liguei a musica na seção "adolescentes-pop".Imediatamente me arrependi.Quase joguei longe aquele treco,estava tocando a musica que eu não suportava:One Thing,daquela bandinha inglesa.Mas como eu estava com preguiça de mudar a musica,simplesmente esperei aquela coisa acabar.

Olhei para lá fora,imaginando como seria a minha liberdade,que eu alcançaria dali a algumas horas,quando o avião pousasse na Inglaterra,Londres.Aproveitaria ao máximo essa liberdade,mas dessa vez eu iria ter juizo,não quero que se repita os fatos ocorridos em São Paulo.Mais algumas horas,pensei,mais algumas horas...