You Make Me Crazier escrita por Anne D


Capítulo 26
Capítulo 26 - But you come back to what you need


Notas iniciais do capítulo

O nome do capítulo significa "Mas você volta para aquilo que você precisa" e é um trecho da música This Love da Taylor Swift. Não preciso nem dizer que amo essa mulher, já que o título da fic é de uma música dela também.
O que vocês acharam da capa nova? Decidi inovar, já que voltei com tudo! Este capítulo é para a linda da Brie, do Perfect Design, que fez a capa! Ficou maravilhosa



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O psicólogo não é o melhor lugar do mundo, mas também não é o pior. A consulta foi melhor do que eu esperava, minha mãe até balbuciou algumas palavras e prestou atenção em quase tudo o que a doutora disse.

O nome dela era Paylor, uma negra muito bonita com cabelos cacheados. Pareceu bem compreensiva e tentava falar comigo todas as vezes, perguntando como estou lidando com isso. Comecei a achar estranho a partir do momento em que ela focou tanto em mim que minha mãe deitou na cadeira.

Depois disso, Paylor redobrou a atenção nela e conversou como ela se sentia em relação ao meu pai. Tive vontade de chorar várias vezes e Prim tinha os olhos vermelhos. Ela perguntou se estávamos indo visitá-lo com frequência. Me senti envergonhada e não respondi, e Prim disse que sim e que ele estava começando a progredir.

Paylor alertou-nos para não ter as melhores expectativas com tudo isso, mas continuar colocando fé. Disse que visitá-lo era uma ótima idéia, e que seria bom tanto para ele quanto para nós. Eu não falei mais nada depois disso.

Quando fomos embora, levamos mamãe em uma cadeira de rodas, porque ela ainda estava meio inconsciente e Prim ficou conversando mais um tempinho com a doutora e depois com a recepcionista.

Entramos no carro e fizemos a viagem até nossa casa em silêncio.

Quando chegamos, Greasy disse que prepararia uma de suas famosas sopas para a minha mãe, já que ela não estava mastigando mais a comida que dávamos a ela. Os empregados colocaram-na na cama de novo e, depois de jantar, foi cada uma para o seu quarto.

Tomei outro banho e vesti o pijama, pegando meu celular pela primeira vez naquela tarde. Tinham duas mensagens de Clove, passando lição de casa e me perguntando como tinha ido. Respondi de primeira, e depois respondi sete mensagens de Madge. O grupo que nós tínhamos estava enlouquecido e eu nem me dei ao trabalho de ler, apenas silenciando-o. Tinha uma mensagem de Peeta, me perguntando se eu estava bem, mas não havia nenhum pedido de desculpas. Ignorei e guardei o celular, porque queria dormir.

Agora estou indo para a escola, enfrentar o que quer que seja necessário e pensando em como eu não estou pronta para lidar com Glimmer ou Cashmere e Enobaria, porque estou sensível demais. Penso que talvez elas tenham ganhado a mini guerra que nós criamos, mas afasto o pensamento. Eu nunca vou perder.

O tempo está tão frio que eu não duvido nada que comece a nevar a qualquer momento. A mudança foi brusca, mas já esperada, já que é época de Natal. Vejo algumas sacadas com luzinhas penduradas e jardins enfeitados com tantos Papais Noéis que desejo ter pensado em enfeitar a nossa casa.

Natal. Época de família e felicidade. Era a minha data preferida, apesar dos apesares. Era a época onde tudo acabava ficando em paz, porque a escola havia acabado e não havia tantas festas para ir. A época em que eu e meu pai pegávamos o violão e abrimos o piano, para tocar e cantar nossas canções preferidas. Sentar e trançar o cabelo de Prim, enquanto ela lia um livro e eu ouvia música. Ajudar minha mãe a preparar a ceia de Natal, ou fingir que ajudava no meu caso, e ganhar presentes lindos.

Montar a árvore de Natal e brigar com Prim para ver quem coloca a estrela. Me enrolar nas luzinhas e acabar caindo, e ser atacada pelo meu pai e suas cócegas.

Meus olhos marejam ao pensar que não mais haverá nada disso, e que esse ano o Natal vai ser o mais frio e triste de todos. Eu não queria que fosse assim. O Natal é a época em que todo o quebra cabeças se encaixa. Em que nós conseguimos agir como uma família, e mamãe e papai não precisam trabalhar tanto.

Quando saio de meus devaneios, que se tornaram tão comuns quanto Madge levantando a mão para responder perguntas na aula de álgebra, estou perto da escola e encontro Finnick, amigo de Peeta.

– Oi Katniss – ele abre um sorriso caloroso

– Bom dia Finnick.

– Eu soube do que aconteceu, e sinto muito – ele diz sincero

– Obrigada. – respondo com a mesma sinceridade e percebo que, apesar de nós não falarmos muito um com o outro, gosto bastante dele

– Nós vamos jogar boliche hoje – ele diz – Não sei se você viu o grupo...

– Aquele que quase estourou meu celular com tantas mensagens? – eu digo e ele ri – Não vi, não estava com paciência.

– Qual a última mensagem de que se lembra?

– Não sei dizer – penso um pouco – Da última vez o título era Farofada, o que quer que isso signifique. Acho que Cato tinha mudado.

Nós dois rimos da criatividade daquele ser completamente maluco.

– Então faz tempo, já que o título agora é Ai se eu te Cato.

– Isso está ficando ridículo – rio do nome

– Nem me fale – ele sorri de canto – Então, você vem?

– Não me leve a mal, Finn – eu digo olhando para meus pés enquanto ando – Mas não estou no clima. Acho melhor não estragar nada.

– Você não estragaria.

– E eu preciso estudar também – eu digo olhando para ele – Sabe como é, deixei tudo para agora.

– Entendo – ele diz olhando para o outro lado – Nós podemos marcar outro dia, e ter você conosco só deixaria tudo mais legal.

Sorrio agradecida e continuamos a pequena caminhada em silêncio. Finnick encontra Annie na entrada, e ela me dá um abraço e diz que entende pelo que eu estou passando. Annie também me diz que se eu precisar de um ombro amigo, posso contar com ela.

Entendo o porque de Peeta gostar tanto dos dois.

Delly me cumprimenta sem seu habitual sorriso no rosto, me dizendo que sente muito e que se eu precisar sorrir, para chamá-la. Nem preciso dizer que isso já me arrancou um pequeno sorriso, né?

Madge me abraça assim que me vê, e todos os meus amigos tem a mesma idéia. Logo estamos todos abraçados no meio do pátio, comigo no meio quase morrendo de asfixia e pensando que eu tenho os melhores amigos do mundo.

***

Assim que o vi, eu mudei de idéia. Sobre tudo o que eu tinha pensado que ia ou que poderia acontecer. Eu apenas corri até ele, e ele até mim. E nós ficamos um pouquinho abraçados daquele jeito, eu sussurrando que havia ficado preocupada e ele me ameaçando de morte por não ter avisado que eu dormira na casa da Clove.

Pensei que ele gritaria comigo ou que me ignoraria. Pensei que eu fosse fazer isso com ele. Sei que temos que conversar, mas decido adiar isso para outro momento, em que eu esteja mais estabilizada com as minhas emoções e com a situação.

Está todo mundo com pena. Pena de mim, e isso é a pior coisa do mundo. Muita gente que eu não conheço e que não ligo e nem nunca falei veio conversar comigo, mas a maioria só olha de longe. Glimmer está incluída nessa. Pelo menos uma coisa estava melhor.

Ela não usa mais aquelas roupas escandalosas de verão e sandálias douradas, mas sim suéteres caros e calças de veludo. A bota dela tem um pequeno salto alto, e eu admiro a vontade dela para vir com uma coisa dessas para a escola.

O modo de agir dela também mudou um pouco, pelo que pude perceber. Estava concentrada na mesa dela, conversando com os amigos. Mais discreta. Dava algumas poucas olhadelas para mim ou para Peeta. Penso que isso pode ter a tornado até um pouquinho mais perigosa, porque agora ela age sem chamar muita atenção.

Marvel veio conversar comigo e dar apoio. Valorizo a amizade dele, apesar de Peeta não gostar muito de nos ver juntos.

Ao contrario do que eu faria no começo do ano, decido prestar atenção em tudo o que os professores estão revisando, e me sento ao lado de Madge na segunda cadeira. Ela me explica coisas que eu não fazia idéia de como eram feitas, e faz tudo parecer mais simples. Madge é uma professora incrível.

Decido não me sentar perto de Peeta, porque preciso me concentrar e, bem... Ficar perto dele me tira a vontade de qualquer outra coisa.

Nós fazemos as tarefas e entregamos as minhas lições atrasadas para o professor, que me olha surpreso. Já ouviram falar daqueles alunos que são o inferno em forma de pessoa o ano inteiro e no fim do ano, quando é hora de passar, viram anjos? Esta sou eu. E sou cara de pau ainda.

O dia rendeu bastante, e eu combino de ir estudar com Madge antes de ela sair para o boliche. Convidamos Clove também, que é ótima nas matérias de humanas e eu sorrio agradecida para todos.

Vamos embora com Gale, e percebo que sinto falta de meu melhor amigo e de suas palhaçadas. Vamos conversando o caminho todo, e ele diz que no fim de semana vai para um pequeno acampamento treinar esgrima e arco e flecha. Eu me lembro de que nós dois fazíamos isso juntos e sinto falta de tudo.

Credo, como eu estou melancólica.

Madge lança alguns olhares furtivos para nós dois, e Clove só da risadas. Reprimo algumas também, e percebo que Gale está bem mais tranquilo em relação a Madge. Fico me perguntando o que aconteceu.

Nos separamos e vai cada um para o seu canto.

– Alguém pode me dizer o que houve entre vocês dois? – eu digo

– Não aconteceu nada – ela suspira – Eu acho que ele voltou atrás.

– Eu posso descobrir para você. – ela olha para mim – Se você quiser.

Madge parece analisar a proposta por uns momentos.

– Não – ela diz firme – Não é certo fazer essas coisas. A vida é dele.

Assentimos e continuamos seguindo em frente, em silêncio. Acho que Madge está sendo forte e que essa é realmente a coisa certa a fazer, já que eu não teria tanta compostura quanto ela e eu admiro o que...

– Quem eu quero enganar?! – ela grita depois de um tempo – Você faz isso pra mim mesmo, amiga? – os olhinhos piscam repetidamente, fazendo-a parecer um anjo. Só parece.

Clove ri alto e eu dou um sorrisinho.

***

Depois de uma tarde toda, e quando digo toda quero dizer inteirinha e sem pausas nem para um lanchinho (ok, talvez tenha tido uma pausa para um lanchinho), de estudos eu vou para casa com o meu motorista. Ele me pergunta sobre Peeta e eu sorrio. Todos gostam dele, não há como não gostar.

Entro em casa, e percebo que não tenho mais nada para fazer. Já coloquei todos os deveres em ordem e até adiantei alguns. As minhas anotações estão todas atualizadas e eu sei, por incrível que pareça, todas as matérias. Sorrio para mim mesma. Clove estava certa, as coisas não vão vir voando em minha direção. Eu tenho que alcançá-las.

Prim chega um pouco depois, ela foi no hospital ver papai. Ela me diz para eu ficar pronta, porque temos horário no psicólogo.

Só preciso calçar as botas e logo estamos eu, mamãe e ela no carro de novo. Em direção a única chance de ter nossa mãe de volta.

Prim arrumou o cabelo dela numa trança e prendeu num coque muito bonito. Ela está usando duas trancinhas, que a deixam ainda mais jovem, e eu um só, que cai sobre as minhas costas. Parecemos um trio sertanejo. Que horror.

Apesar de me divertir com o pensamento, me sinto acolhida por tê-las assim, perto de mim.

***

Mais um dia indo a um lugar para gente louca, e eu ainda não tive vontade de me matar. Acho que é um progresso. Prim teve uma sessão separada, só para ela, e quando sai parece bem mais leve e feliz.

A Dr. Paylor nos receita alguns remédios homeopatas, e nós os pegamos na recepção. O consultório é todo muito bem decorado, feito para pessoas de alto nível, mas Paylor parece ser muito humilde e educada, e nos disse que trabalha numa instituição pela manhã, ajudando as pessoas mais carentes com seus problemas. Gosto dela, ela é muito boa.

Chegando em casa, Prim faz a mamãe comer a sopa de Greasy e nós duas jantamos cozido de carneiro. Eu amo cozido de carneiro!

Depois de jantarmos, Prim pega os remédios e toma os dela de uma vez só. Ela faz uma careta, porque nunca conseguiu engolir comprimidos direito, mas com um pouco de água, tem sucesso.

Eu a ajudo com os de mamãe, que são três vezes em maior quantidade do que os nossos, e conseguimos que ela engula tudo direitinho.

– Vou subir com ela – ela diz – Tem certeza de que consegue sozinha?

– Claro que tenho – eu digo revirando os olhos – Chame o Brian para te ajudar.

Ela sorri e sai com a cadeira de mamãe.

Eu retiro os três pequenos comprimidos que preciso tomar e os encaro. Se eu tomar esse remédio as coisas vão melhorar? Olho-me no espelho do banheiro.

Paylor disse que isso serve para nos ajudar a controlar as emoções e os impactos. Isso será muito valioso para o meu psicológico, que anda muito fraco.

Eu sou forte, não acredito que precise disso.

Jogo-os no vaso sanitário e dou descarga, vendo-os desaparecer.


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Notas finais do capítulo

E aí, aprovaram o que a Katniss fez? Ninguém é tão forte assim né...
Apesar dos meus apelos constantes sobre o tema reviews, vocês não pareceram se incomodar. As visualizações estão altíssimas, o que me deixa imensamente feliz, mas os comentários estão quase vazios.
Não estou reclamando de quem deixa comentários, aliás são vocês que me incentivam a continuar, continuem assim por favor!
Então vamos combinar o seguinte: Se eu tiver em média 10 comentários nesse capítulo até sábado, eu posto o próximo neste dia. Se não, vocês vão ter que esperar até semana que vem. Os interessados são vocês, eu já sei o final da história.
Mellarkisses