More Than... escrita por Ane Viz


Capítulo 2
Capítulo um: A viagem


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:
- Tudo bem. - Respondeu erguendo os braços. - Eu levo.
Com uma das mãos me abraçou pela cintura e com a outra carregou minhas duas malas. Aguentei a máximo que pude mais quando paramos em frente ao posto para fazer o check-in perguntei com a voz zombeteira:
- Desde quando ficou forte?
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/250625/chapter/2

Capítulo um: A viagem


“I'll spread my wings and I'll learn how to fly

I'll do what it takes, till I touch the sky

Make a wish, take a chance

Make a change and breakaway” (Kelly Clarkson)


Ele abriu a boca pronto para me retrucar, mas na mesma hora escutamos a voz pelo alto-falante para avisar que o voo seria adiantado. E claro, seria o meu. Dei um abraço apertado nele, um beijo na bochecha. Em seguida corri com minhas malas, fazendo um grande esforço para não cair, parei antes de passar pela porta dando uma olhada para trás. Diego estava com as mãos nos bolsos da bermuda jeans com os olhos presos em mim. Dei um aceno enquanto falava alto.


–Se cuida, grandão! Te amo.


Girei o corpo, porém pode escutar a sua resposta quando ia alcançar a passagem que não deixava os acompanhantes verem nada perto da área de embarque.


–Também, pequena, também.


Sorri, sentindo uma lágrima escorrer por meu rosto. Apesar de todas as implicâncias Di é uma das pessoas mais importantes na minha vida. É duro deixar quem amamos. Uma brisa passou pela janela fazendo com que olhasse por ela. Podia ver várias pessoas caminhando em direção a um avião, e algumas passarelas ligando aviões ao aeroporto. Peguei a bagagem de mão indo para perto dos bancos de espera. Sentei por ali, pegando meu ipod e colocando para tocar.


–Atenção, passageiros para o voo 2300 com destino a Londres, embarque imediato pelo portão 2.


Levantei da cadeira parando em frente à porta de vidro. Uns segundos depois ela abriu e um rapaz apontou o avião. Segui para lá sentindo meu coração saltar. Se acalme Lorena ou vai ter um enfarte. Disse a mim mesma. Demorei quase nada para entrar no avião, logo estava sentada em minha poltrona 2A. Vendo o número do bilhete, o do portão e o do voo, não pude me controlar ri sozinha, baixinho. A1lguém sentou ao meu lado e senti que ficou prestando atenção em mim.


–Desculpe. – Pedi sem jeito.


–Nada. – Sorriu de lado um garoto loiro muito bonito. – Garotas bonitas com sorriso lindo não precisam pedir desculpas.


Senti o rosto corar e desviar a atenção para a janela. Respirei fundo, algumas vezes, nervosa. Era a primeira vez que viajava de avião e isso me deixa inquieta. A voz de uma mulher deu umas informações enquanto outra demonstrava os gestos na parte da frente do avião. Com tudo pronto e esclarecido, apertei o encosto do braço. Mordi o lábio direito sem saber o que fazer quando a mão do garoto tocou meu ombro. Dessa vez seu sorriso era sincero sem parecer ter segundas intenções.


–Primeira vez. – Sussurrei.


–Dizem que a primeira nunca se esquece. – Piscou um olho me fazendo rolar os meus. – Pega uma aqui. – Me passou um pacote de balinhas.


–Para quê?


–Ajuda na hora em que o avião decola.


–Obrigada. – Agradeci pegando uma.


Coloquei na boca e começamos a nos mover. Cada vez mais rápido me fazendo apertar os olhos. Um aperto de leve na minha mão me fez ver o garoto ao meu lado.


–Daqui a pouco melhora.


–Sério?


–Sim. – Apoio a cabeça no encosto. – Pronto. – Sorriu.


Voltei para perto da janela e pude ver o céu e umas nuvens brancas. Tentei forçar a vista, mas nada era possível de descobrir lá embaixo. Relaxei o corpo e aos poucos fui perdendo a consciência até adormecer. Umas duas horas depois avisaram que receberíamos o jantar. Tratei de comer sem analisar muito. Era um macarrão com carne. Quando acabei deixei o copo de refrigerante e a quentinha no canto da mesa para ser retirado. Outra vez, o sono chegou.

As pálpebras pesaram e adormeci. A próxima coisa que senti foi um raio de sol bater contra meu rosto. Abri os olhos devagar e notei ter amanhecido. Levantei com cuidado indo até o banheiro. Mal cheguei e estavam servindo o café da manhã. Tomei um suco de laranja com um biscoito diferente. Puxei o ipod e fiquei escutando música até finalmente pousarmos em terra firme. Umas duas horas depois, estávamos sobrevoando Londres, esperando a neblina diminuir.

O piloto agradeceu por termos escolhido aquela empresa, comentou sobre o tempo e nos advertiu de ter um casaco à mão. Minutos mais tarde, finalmente, o avião andava no solo parando para descermos. Um frio no estômago me fez ficar ainda mais nervosa. Não sabia se era por conta do voo ou se era por estar totalmente sozinha em um país estranho. Peguei a mala de mão e sai junto com o rapaz que viajou ao meu lado. Nos despedimos na hora de pegar as outras bagagens.

Uma garota ruiva segurava uma plaquinha escrita Lorena – Brasil. Ri da mensagem e me aproximei apressada. No instante em que parei ali seus olhos azuis me olharam de cima a baixo.


–Lorena, não?


–Sim. – Estendi a mão. – Muito prazer, e você?


– Jessica. – Anunciou com calma. – Bem-vinda. – Puxou uma das minhas malas. – Vamos as meninas estão nos esperando.


Tentei não me importar com o fato de ter ignorado o meu gesto. Muitas vezes me falaram que os britânicos eram mais ‘frios’. Ou devo dizer que os brasileiros são mais afetuosos? Minha cabeça girava para se adaptar ao novo idioma. Droga, vou sentir falta do bom e velho português. Deixei de lado meus pensamentos tristes, dei um sorriso fraco para parecer agradável.


–Certo.


Andamos em silêncio em direção ao lado de fora. Talvez pudesse me acostumar a isso. Refleti comigo mesmo. Sempre me queixei de não ter tempo para ficar sozinha. Pensei na ironia em minhas palavras. Agora estou realmente sozinha. Ao sairmos pelas portas principais apertei o casaco contra meu corpo. A brisa era completamente gélida. Desejei que o apartamento ou casa, sei lá, não fosse muito longe. No canto do estacionamento encontramos umas garotas apoiadas á um carro.


–Lá vem elas! – Comentou com um tom alegre uma menina de cabelos e olhos pretos.


–Para de gritar sua louca. – Retrucou a outra que tinha os cabelos cacheados e pretos.


Uma menina de altura mediada sorriu fraco, e bateu com a mão na cabeça das duas que tinha falado antes. Seus cabelos eram castanhos e olhos cor de mel. A que estava do lado dela parecia irritada. Seus cabelos eram castanhos cacheados e olhos azuis.


–Oi, sou Beatriz. – Falou ignorando o gesto da amiga quando paramos perto dela.


–Oi, prazer. – Sorri feliz por seu jeito de ser. - Lorena Improta.


Ela sorriu e me abraçou falando baixinho em português.


–Daqui a pouco de acostuma com o jeito das meninas. – Se afastou, mas ainda falou baixo. – Elas são legais.


Assenti um pouco confusa. E foi para perto das outras. Uma delas, de cabelos castanhos cacheados veio em minha direção.


–Oi, sou a Amanda. – Acenou com a mão. – Prazer Lorena.


–Prazer é meu.


–Eu sou a Elizabeth. – Se apresentou de cabelos cacheados pretos.


–E eu sou a Leah. – Completou a de cabelos castanhos.


–Obrigada por terem vindo, mesmo. – Falei um pouco mais segura.


–Não foi nada. – Esclareceu Jessica. – Andem meninas, ela deve estar com fome. – Sua voz ficou um pouco debochada. – Para a alegria da Lizzie.


–Ora, me deixem quieta. – Resmungou passando a mão pela barriga. – Vocês não me deixaram comer.


A expressão no seu rosto era uma mistura entre aborrecimento e diversão. Com o pouco que já vi delas são implicantes, mas bem unidas. Senti um pouco de saudades dos meus amigos. Thalita e Luciana não tinham vindo se despedir por odiar dizer adeus. Querendo impedir de começar a chorar, agi.


–Então vamos comer meninas. – Chamei a atenção delas para impedir mais uma discussão. – Podemos?


Concordaram na mesma hora e Lizzie puxou minha mão para entrarmos o mais rápido possível no carro. Ri disso e deixei ser levada “a força”. Escutei as risadas de todas que estavam mais do que acostumadas pelo jeito que balançavam a cabeça negativamente. Uma vez, todas dentro do carro a conversa voltou e junto com ela as provocações.


–Lola, - Começou Leah. – Cuidado para ela não começar a te puxar por aí.


–Lola?- Perguntei curiosa.


–Sim, Lorena, Lola, sabe?


Assenti rindo.


–É que geralmente me chamam de Lô. – Expliquei.


Antes que notasse já estávamos parando em frente a um tipo de café ou sei lá o quê. O nome estava complicado para ler onde estava sentada. A primeira a abrir a porta correndo foi Lizzie.


–A partir de hoje é seu nome inglês. – Piscou Jessica com um sorriso divertido. – Vamos garotas!


Saí do carro e me juntou a Bia que esperava por mim. Andamos um pouco atrás.


–Então, de onde veio do Brasil? – Perguntei curiosa.


–Rio de Janeiro, e você?


–Também. – Respondi.


–É melhor corrermos. – Apontou as quatro que nos olhavam de cara fechada.


–Pronto! – Soltamos ao mesmo tempo, fazendo com que todas começarmos a rir.


Sentamos em uma mesa grande e a comida era deliciosa. Conversamos muito e pude ver que elas são bem divertidas e animadas. Fui “avisada” que na noite seguinte iríamos a uma boate que simplesmente era perfeita. Concordei sem ter planos melhores. Mas por dentro fiz uma careta por não gostar nem um pouco disso. Passei o resto do dia em meu quarto, ajeitando tudo. Quando estava pronto me joguei na cama, depois de ter tomado um banho demorado e quente.

Uma batida na porta me fez responder um ‘entra’ baixinho. Levantei o rosto, com preguiça sair de onde estava. Encontrei os olhos cor de mel de Leah. Fez um gesto com a mão indicando para entrar, e reuni as forças para sentar direito e bater na cama chamando para ficar ali um pouco.


–Não quero atrapalhar. - Comentou prendendo seu cabelo num rabo de cavalo. – As meninas querem sair. – Anunciou por fim. – Quer ir?


–Ai desculpa, - falei um pouco desanimada – estou morta. – Fiz uma careta. – Não queria sair hoje. – Passei a mão pelo rosto. – Não consigo ir hoje e amanhã.


–Certo, amanhã! – Gritou a voz da Mandy do lado de fora do quarto.


–Até mais tarde, Lô. – Gritou Bia da sala. – Depois vamos fazer umas comprinhas.


–Tudo bem. – Concordei sorrindo, mesmo sabendo que ela não veria.


–Até mais, Lola! –Acenou Lizzie na porta quando escutou os gritos vindos até o corredor dos quartos.


–Até.


–Se sair, - começou Jess com um tom mandão – não se perca! - Ergueu as mãos quando abri a boca para discordar. – E não vá longe.


–Tudo bem, mamãe. – Brinquei recebendo um sorriso.


–Se comporte filha.


Instantes mais tarde, pude escutar o som da porta batendo, estava literalmente sozinha. Pensei por alguns momentos se deveria ficar em casa ou dar uma voltinha. Que mal tem? Pulei da cama, coloquei uma calça jeans, uma blusa azul, e um sobretudo bege por cima com umas botas beges também. Peguei o celular colocando na bolsa com a carteira, os documentos, dinheiro e o que mais tinha ali dentro. Saí do apartamento com a sensação de que algo iria acontecer. Só não tinha noção do quão estava certa. Ou melhor, do quanto isso iria mudar minha vida para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, Lô espero que goste. E quem mais ler. Aguado a opinião.
Beeeeijos mil!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "More Than..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.