Alice POV

E aqui estou eu, sendo beijada por um completo estranho e apreciando isso. O toque de Layne é gentil, e toda vez que nos separamos para respirar ou para dizer algo ele me olha nos olhos.

O arranho como uma pequena vingança por ele ter me mordido e então ouço um gemido que não parece ser de protesto ou dor.

–Se você continuar fazendo isso vai ter que arcar com as consequências. –Ele diz me encarando. E cara... Que expressão tão sexy.

Como adoro provocar o arranho novamente, e dessa vez mostro a língua. Um novo gemido sai por seus lábios e então dá uma risada, voltando a me beijar. Agora sua mão está dentro de minha camiseta, alisando minha barriga e subindo. Isso tá indo rápido demais, e está fora de controle.

Sinto sua mão brincando com o lacinho de meu sutiã e me pergunto o que posso fazer para parar isso quando na verdade quero continuar.

A mão de Layne desce para minha coxa e sinto-o dar um leve aperto nela enquanto aproxima seu corpo ainda mais do meu.

Quente de-ma-is, perigoso demais.

E então me celular toca. A dúvida entre atendê-lo ou joga-lo na piscina é grande, mas termino me decidindo pela primeira, afinal essa porcaria me custou caro.

Layne continua me beijando, e francamente é difícil criar coragem de parar ele. Droga de celular! Dou um leve empurrão em Layne e ele quase cai dentro da piscina. Ele se recupera do quase tombo e se senta a meu lado resmungando.

–Alô?

–Alice onde você tá? Fiz o maior sacrifício para achar a Ju e você me some. –Jerry diz fingindo estar ofendido.

–Aff Jerry, deixa de ser chorão. Eu tava... Eu to... Tava... Eu...

–Você não estaria se pegando com aquele carinha, né?

–Que carinha?–Ouço a Julie interrogar, provavelmente ela está quase engolindo o Jerry pra ouvir a conversa.

–Depois explico Ju, agora tenho uma bronca para dar. Você não ia fazer uma ligação?

Ouço Julie xingar Jerry de alguns nomes nada bonitos e então o silencio reina por alguns segundos.

–E então, senhorita Alice, o que andou aprontando?

–Eu? Imagine. –Dou uma risadinha e ponho a ligação no viva voz para que Layne (que está com uma expressão confusa) ouça.

–Até que enfim você acordou pra vida. Manda esse loiro aguado nem ao menos pensar em ficar te apalpando.

_Jerry! –Sinto meu rosto queimar enquanto Layne dá uma risada baixinha. E então o celular dele toca e ele se afasta.

–Você precisa de mais tempo?

–Ah não, melhor não. Foi bom você ter ligado, a coisa tava ficando meio perigosa.

–Perigosa né? Vou me lembrar de repetir essas palavras pro seu irmão, ok?

–Seu bobo. Onde vocês estão?

–Perto da mesa das bebidas que fica no quintal.

–Certo. Vou me despedir de Layne e em dois minutos estarei aí.

Logo Layne se aproxima, ele parece meio chateado.

–Layne eu vou ter que ir.

–Você também? Ahh isso é injusto.

Ele sorri novamente e... Cara, como alguém pode ter um sorriso tão lindo e... Foco, foco Alice. Ele tá falando algo.

–E não tinha hora pior pra ela ligar. –Ok, perdi boa parte da frase, mas pelo que deu pra entender ele tem que ir também.

–Realmente uma péssima hora para ligarem. Bem, foi legal te conhecer.

Aproximo-me de Layne para beijar seu rosto, mas sinto seus braços me puxando para bem perto dele.

–Foi um prazer te conhecer. –Ele volta a abrir o sorrisinho de lado meio malicioso... Oh why? ¹. E então sinto seus lábios tocando os meus. Sério, eu poderia passar a noite fazendo isso.

Logo o ar me falta e então me separo dele com um sorriso no rosto, dou um “tchau” e saio andando. O que? Não posso fazer mais nada. O cara tem namorada e já me sinto canalha o suficiente por ter ficado com ele.

–Tem alguma chance da gente voltar a se ver? –Ouço Layne interrogar quando já estou a alguns passos de distância dele.

–Hã? Eu... –Me viro e volto alguns passos, parando á uma distancia segura, se bem que de nada adianta, já fiz a besteira mesmo. –Bem, não seria certo com-

–Então você aparece do nada, me faz ficar interessado, joga esse seu charminho, me beija, arranha. –Ele faz uma cara de choro e aponta as costas por cima do ombro. –Aliás, ainda tá doendo e queima também, tá sua sádica.

–Mas eu-

–Xiu, não terminei. –Ele faz uma carinha de cachorro que caiu da mudança em um dia de chuva e recomeça. –Me arranha, me cativa e puff, some para sempre. Eu me sinto usado. –Layne finaliza simulando um choro. Não consigo evitar o riso.

–Como você é dramático. –Pego uma caneta em minha bolsa e pego sua mão direita desajeitadamente, levanto a manga de sua jaqueta e anoto o número do meu celular. –Beeem, você pode... Você sabe...  Me ligar um dia desses.

Layne apenas sorri e então me dá um selinho.

–Você é uma garota realmente fantástica, sério. Pode parecer viagem minha, mas esses quarenta minutos foram simplesmente... –Seus olhos que estavam focados em meus lábios agora olham dentro dos meus. –Seria idiota de minha parte me perguntar por onde você esteve durante toda minha vida?

Ele dá um sorriso, mas esse é diferente dos outros, sem malícia nem ironia. Maldade da tia vida fazer esse cara ser tão perfeito.

Meu celular volta a tocar. Sério, hoje taco essa porcaria na parede.

–Deve ser seus amigos.

–É, é melhor eu ir.

–Certo.

Layne me dá outro selinho e um beijo na testa. E então saio andando. É melhor assim senão depois não vou ter coragem de ir.

–Caramba Jerry, o que foi? –Interrogo atendendo o celular quando ele volta a tocar, de onde estou já consigo ver Jerry e Julie.

–Você disse dois minutos. –Ele diz indignado. –Sean mandou eu cuidar bem de você.

Desligo o celular na cara dele e em menos de cinco minutos já estou á seu lado.

–Eu te odeio Jer.

–Também te amo.

–Ahhhhhh Aliceeee. O Jerry disse que você estava ficando com alguém, cadê o cara? –Julie dá uns pulinhos e seu cabelo ruivo se agita pra lá e pra cá enquanto ela dá um sorrisinho delicado. Ela é tão delicada e meiga, perto dela eu pareço um garoto.

–Ele tem... –Ok, vergonha. Mas nunca que vou assumir pra alguém que fiquei com um cara que tem namorada. -Então, ele tinha um compromisso.

–Ah, que pena. Espero que vocês voltem a se ver.

–Dei meu número pra ele, mas sei não.

–Pra namorar você esse cara vai ter que conseguir permissão minha, do seu irmão e até mesmo do Mike.

–Jerry fica quietinho. –Me viro de frente com meu amigo e dou um tapa em sua testa. –Seja um bom menininho.

–Gente, eu to vendo meu boy, vou lá buscar ele. –Julie diz e então sai correndo animada. O que me falta de energia sobre nela.

–Cara, você não podia ter esperado um tempinho a mais antes de ligar não?

Jerry abre a boca para responder, mas logo seus olhos se arreganham, seu queixo caí e ele fica meio pálido.

–Jerry... –Cê tá legal?

–Agá... A... O... Blargh muuuuck. –Ele responde com esses grunhidos enquanto agita os braços de um jeito engraçado, ele aprendeu esse tipo de coisa comigo. Agora me pergunto se pareço tão idiota assim quando faço o mesmo.

–Seu doido, deixa de enrolar e fala logo.

Jerry abre a boca novamente, mas o som não sai. Então ele me vira de costas para ele e de frente para onde Julie foi.

–Oh... Fuckfuckfuckfuckfuckfuck. –Bem á minha frente, a uns vinte passos de distância estão Julie e... Layne? E ela tá abraçada nele e sorrindo e... Ai caramba. Minha cabeça tá doendo e eu me pergunto se devo enfiar ela em um buraco, se me mato, se me indigno com todas as divindades existentes ou se me jogo de joelhos aos pés da minha amiga implorando perdão.

–Cara... E eu achava que você zoava quando dizia que era azarada. –Jerry finalmente diz algo, e eu preferiria que ele ficasse quieto.

–Ai caramba, ai caramba, ai caramba. Jerry eu sou uma idiota, uma anta. E eu juro que se fizer alguma piada eu te mato e... Ai caramba.

Preparo um discurso sobre como Jerry está falhando nesse negócio de amizade, mas quando vou começar a pronuncia-lo sinto as mãos dele tapando minha boca.

–Jerry, o que você tá fazendo? Julie interroga confusa enquanto sua mão direita segura a mão de um Layne com olhos tão esbugalhados quanto os meus. Awn, assim ele fica com aquela carinha de menininho e... Caramba.

–Ah, você sabe como a Alice é, quando não tá fazendo alguma bobagem tá falando demais. –Ele se encosta perto do meu pescoço ainda segurando minha boca e então me olha nos olhos. Acho que ele acha melhor eu não fazer nada por hora.

–Sei... Layne ignore as insanidades deles, eu te avisei que meus amigos eram tão doidinhos quanto você. Julie se vira para Layne e faz uma cara de interrogação. –Amor, você está bem? Tá meio pálido e esquisito.

–B-Bem, sim, hã, bem.

Nossa não sei quem é pior em disfarçar algo. Jerry dá uma risada baixa perto do meu ouvido e então solta minha boca.

–Gente deixem me fazer as apresentações.  Layne esses são dois dos meus melhores amigos, Jerry e Alice. -Julie então sorri e dá um abracinho em Layne. Isso meio que me incomoda. –Esse é Layne gente. Meu namorado.

–Prazer em te conhecer, Layne. Acho que eu te vi rodeando por aí, né? Se não me engano até achei que você era algum tipo de pervertido. Desculpa aí pelo pensamento cara. Como eu ia saber que você é o cara que fica beijando minha amiga e bolinando ela e... Enfim. -Jerry diz com um sorrisão no rosto e então vejo ele dar a mão a Layne e começar a apertar a mão do cara... Homicídio ainda dá cadeia? Sério, o Jerry tá pedindo pra morrer e eu estou procurando a arma ideal para mata-lo. Até imagino o policial no dia seguinte “Então quer dizer que seu amigo simplesmente se jogou contra uma faquinha de plástico, senhorita?”.

Mas o melhor é ver Layne me olhando com uma cara de “você não tinha dito que ele era só seu amigo? Então porque ele tá dando piti?” Enquanto retribui o aperto com a mesma força que Jerry.

É... A noite vai ser longa. Muito, muito longa.