Eu não era o que pode ser chamado de experiente, mas já havia beijado outras pessoas. Tanto garotas quanto garotos. Ele não. Seus lábios, que eram maravilhosamente lindos, diga-se de passagem, nunca haviam sido violados por língua alguma, e eu estava prestes a mudar isso. Eu vinha pensando e esperando por isso há meses. Desde o dia em que ele disse querer ter seu primeiro beijo dado por mim, mais especificadamente.

Minhas pernas tremiam, talvez até mais que as dele, por mais estranho que isso possa parecer. Eu sentia medo. Medo de não ser bom o suficiente para ele, afinal, dizem que o primeiro beijo a gente nunca esquece, mas eu já não me lembrava do meu, e queria que o dele fosse inesquecível... Especial.

– Eu nem acredito que você disse isso. Você tem certeza? Quer mesmo que seja comigo?

– Sim. Quero que seja especial, e só vai ser especial se for com você.

– Eu... Eu prometo que eu vou fazer de tudo para que seja perfeito, meu pequeno.

Eu não podia falhar com ele. Eu precisava cumprir minha promessa.

E continuamos parados, nos encarando estáticos no centro da sala. Seus olhos brilharam em expectativa quando me aproximei o suficiente para sentir seu calor em mim. Juntei uma de minhas mãos na dele, sentindo sua palma tão suada quanto a minha. Sorri, recebendo em troca aquele sorriso infantil que conseguia curar qualquer medo meu.

Usei a mão livre para afastar de seu rosto a franja comprida. Voltei a sorrir ao vê-lo prender o lábio inferior entre os dentes, uma prova de seu nervosismo. Sentindo minhas mãos e minhas pernas reforçarem os tremores, aproximei meu rosto até que nossos narizes se tocassem e eu pude sentir sua, já descompassada, respiração. Tudo que aconteceu em seguida pareceu em câmera lenta.

Senti o aperto de sua mão ainda mais forte contra a minha, e a ultima coisa que vi foram seus olhos se fecharem, antes de deixar minhas pálpebras caírem sob os meus. E, finalmente, depois de tanta espera, meus lábios tocaram os dele. Quando senti o frio do piercing contra meus lábios, meu estômago deu voltas, e as habituais borboletas que costumavam fazer cócegas lá dentro, foram substituídas por fogos de artifício. Fora a sensação tão clichê de perder completamente o chão.

Ficamos assim, em apenas um selar de lábios por sei lá quanto tempo, até que sua mão subiu por meu pescoço, pousando em minha bochecha e me encorajando a continuar. Inclinei milimetricamente a cabeça para o lado, o sentido fazer o mesmo para o lado contrário. Deixei que minha boca se abrisse, logo ele repetiu meus movimentos, e então minha língua passou a fazer parte do beijo de forma calma, sutil.

As sensações triplicaram quando sua língua se uniu a minha, curiosa e cautelosa. Ele tentava, de forma desajeitada, mas mesmo assim maravilhosa, acompanhar meus movimentos, que eram lentos e pacientes. Os fogos de artifício sendo substituídos por bombas atômicas.

O beijo continuou, e ao menos para mim foi perfeito. Aconteceu como se fosse o meu primeiro também. E de certa forma foi. Aquele havia sido o meu primeiro beijo dado com sentimentos sinceros, com uma pessoa realmente especial.

O beijo acabou como ele, um dia, havia dito que queria que terminasse: deixei que ele mordesse e em seguida sugasse meu lábio inferior. Abri os olhos, encontrando os dele ainda fechados. Quando ele os abriu, o brilho entre o verde me dizia que seria inesquecível para ele também.

Nos olhamos e sorrimos cúmplices. Cinco segundos depois estávamos repetindo o beijo. E depois de novo, de novo e de novo... E então, qualquer duvida que eu pudesse ter desapareceu. Eu realmente amava Frank Iero.