Valfria - Apocalipse escrita por Napalm


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

O começo da trama se inicia num passado longínquo, anterior até mesmo à vida.
Cada segmento da história se torna consequências as quais desbravam novas crônicas: que por sua vez se perdem com o passar do tempo...
E evoluem para lendas.



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PRÓLOGO

 

Quando o vazio e a escuridão se chocaram com o espaço e o tempo, Gaev nasceu. A sabedoria de infinitos milênios que o precederam e que o sucederiam, bem como o ilimitado alcance de todos os pontos do universo, concedera a Gaev o poder supremo da Criação.

Primeiramente, o criador fez surgir as entidades do equilíbrio: Sherus, que contrapunha a Teodius. E delas, Valfria nasceu. Sherus deu calor a sua filha e Teodius a saciava com a água.

Com o passar do tempo, Valfria se resplendeceu com vulcões e mares, logo desertos e florestas. Os primeiros animais surgiam e se adaptavam ao breve sopro de vida que lhes era permitido. Aos poucos a criação por si só seguia em evolução e os primeiros seres suprarracionais, os Tandros, apareceram sobre Valfria.

Os Tandros ao atingir a idade adulta não mais envelheciam. Possuíam de nascença grande sabedoria e inteligência, além de conhecimento completo sobre o mundo.

Assim como seus criadores, os Tandros também tinham o dom da Criação. Num ambiente que lhes permitia uma consciência tão plena, atrair-se-ia inevitavelmente um contraponto. Os filhos da natureza racional criavam, mas também destruíam. A ambição pela própria terra, fadada ao partilho, a ciência de sua própria vida e morte e a busca inexplicável por destruição, levaram os Tandros a beirar a extinção. Mas Gaev, em compaixão por sua criação, interferiu.

A humanidade começava neste ponto.

Os Tandros não mais seriam criados pela natureza-mãe, mas também não foram extintos. Uma nova raça mortal, privada dos dons dos criadores e da sabedoria absoluta, povoaria Valfria. Embora desprovidos de tais privilégios, na aparência eram idênticos aos seus precedentes. Eles se intitularam Humanos, se multiplicaram e cobriram todo o espaço uma vez ocupado pelos semi-extintos Tandros.

Desprovidos do conhecimento antigo, denominaram Valfria de Terra, Sherus de Sol e Teodius de Lua. Gaev jamais teria sido visto por qualquer Humano e tudo que souberam sobre o Grande Criador, eram os boatos de sua provável existência.

A ausência de Gaev acarretou no fortalecimento dos Tandros uma vez abatidos, fazendo-lhes ressurgir das sombras como monstros repugnantes, preenchidos com rancor e sede de vingança. Os Tandros restantes não tiveram opção, senão fugir da vergonha que os assolava.

O tempo passou e muito do conhecimento antigo se perdeu. Humanos e Tandros, agora chamados pelos primeiros de Magos, se estabeleceram sobre todos os confins da Terra, criando seus reinos. Os Tandros Caídos, seres das sombras, também se juntaram e se refugiaram, assolados pela guerra eterna contra os dois outros povos, que os repudiavam pela sua natureza negra. Fora dado a eles o título de Sombrios. Embora a raça ainda fosse numerosa, sua extinção era eminente ao tempo, pois era caçada brutalmente desde as épocas remotas.

Então Sineel, descendente da curiosa linhagem dos Zawird, Sombrios idênticos aos Humanos, salvo os olhos de pupilas vermelhas, planejara a conquista dos reinos que faziam seu povo submisso. Caçou e matou cem Magos Ancestrais, Tandros que eram vivos desde a era que precedera a criação da humanidade, aprisionando as almas dos mesmos numa relíquia mística que ele mesmo criara: uma esfera vítrea de brilho negro, a Lágrima da Morte, que provera a Sineel uma arma sem igual.

Com o poder dos Cem e o Exército Sombrio, Sineel dominou os reinos inimigos e reinou soberano sobre a Terra durante séculos. Do terror e sofrimento que tomara conta do mundo, nascera uma besta-fera que os profetas diziam ser a Entidade do Apocalipse. Esta teria sido enviada pelo Criador, eles diziam, para varrer o mundo completamente, reiniciando-o numa nova era de luz.

A besta-fera, uma enorme quimera cujas lendas atuais as descrevem cada qual de formas diferentes, destruiu grande parte do Reino de Sineel. O Rei Sombrio tentara contra-atacar com seus exércitos, mas estes eram ridiculamente dizimados. Nem mesmo sua arma suprema, a Lágrima da Morte, era capaz de deter a Entidade.

Parecia ser o fim de toda a existência. Mas a mente genial e maligna do Rei Sombrio permitiu que Sineel encontrasse um modo de derrotar a besta. Com o poder que tinha, juntamente com o poder dos Cem Magos Ancestrais, criou um ritual de sacrifícios que aprisionaria a fera numa adaga, um objeto simbólico que representava a última cartada contra o fim dos tempos. Sineel obteve sucesso e aprisionou a Entidade numa dimensão paralela, criada dentro daquela adaga. Esta ficou conhecida como Adaga do Apocalipse. Os ritos usados contra a besta-fera foram escondidos e jamais revelados.

Desta vez, Sineel saíra como herói e seu controle sobre a Terra se tornara indiscutível e absoluto. Seu único erro foi deixar que o príncipe Lesav, seu descendente da oitava geração real dos Zawird, adentrasse em seus aposentos e secretamente tomasse posse da Adaga do Apocalipse. Lesav havia descoberto que a adaga mantinha parte do poder da besta aprisionada em si, o que o tornaria imune aos poderes que Sineel detinha.

Uma das explicações que os boatos criaram para a traição de Lesav, fora a ironia de ter se apaixonado pela líder das forças de resistência, o que fez o príncipe se unir aos Magos e Humanos e comandá-los contra seu próprio reino, em favor da liberdade dos povos submissos.

A guerra começara, com Lesav Zawird liderando os exércitos de esquerda contra os exércitos de Sombrios de Sineel Zawird, Senhor da Terra. A destruição perdurou os dias de batalha e quando não havia mais nada para ser arrasado no país da escuridão, Lesav, tendo como escudo a Adaga do Apocalipse, perfurou Sineel com a lâmina, tirando-lhe a vida.

Aparentemente, era o fim da soberania dos Sombrios. Mas a promessa de liberdade de Lesav ao povo que lhe seguiu e apoiou na guerra, estava prestes a sucumbir quando o mais novo Senhor da Lágrima da Morte descobrisse que sua donzela o deixara e não mais seria encontrada no plano dos vivos.

Os anos que se seguiram ainda hoje são envoltos de mistério. Lesav teria governado toda a Terra com um terror absolutista por mais de um século. E então, o príncipe das trevas sumiu para nunca mais ser visto, juntamente com a Lágrima da Morte e a Adaga do Apocalipse.

A Era Negra chegava ao fim.

O poder centralizado nas Terras Sombrias se dissipou e as províncias ressurgiram. Três reinos maiores se ergueram: Mafiza, Riolondel e Sumarsa. Vilas se instauraram, florestas foram replantadas e a era dos Humanos retornara naturalmente. Mas as marcas da submissão ainda os atormentavam. Por um lado, havia os que temiam por sua liberdade e rejeitavam os Sombrios, com medo de que estes levassem a Terra ao caos uma vez mais, e também rejeitavam os Magos, novamente pelo medo, mas principalmente pela inveja de suas habilidades privilegiadas. Por outro lado, havia os que temiam por suas rédeas, desconfiados da própria força e da própria raça. Apoiavam a soberania dos Magos e, em alguns casos, a dos semi-extintos sombrios. Destes conflitos entre pensamentos, que ora em outra evoluía para confrontos, nasceram as organizações de apoio aos reinos: o Conselho dos Magos e a Ordem dos Cavaleiros.

As duas instâncias construíram sedes em partes opostas do Continente Maior, retendo para si através dos tempos grande poder e influência. A adversidade entre elas crescia através dos anos e a guerra entre os povos se via eminente. A Ordem dos Cavaleiros mantinha seus elos fortemente com os reinos de Mafiza e Riolondel. O Conselho dos Magos, por sua vez, contava com o apoio de Sumarsa. Embora o clima de batalha entre estes dois lados da Terra fosse intenso, nunca houve uma grande guerra.

Os Sombrios eram dificilmente encontrados e sua aparência piorava ao passar dos anos. Quando não corriam de medo destes seres, os Humanos e Magos os matavam logo que os avistavam. Daquela Era Negra, que agora se via tão distante, só sobrara o monumental túmulo dos reis, o Templo das Sombras, que se situava distante da civilização atual. Os supersticiosos acreditavam em maldições e pragas que ainda habitavam o grande túmulo dos Zawird, a linhagem que por um milênio dominara a Terra e a transformara completamente. Este cenário continuou distante da atualidade mundial, até que certo grupo pessoas, entre eles Humanos e Magos, ousou entrar no templo infame.

No sexto dia do Ano da Vigésima Quinta Esquadra, uma equipe de exploradores desvendou os sistemas que protegiam a tumba e conseguiu chegar às partes mais profundas daquele labirinto. Um dos exploradores, durante o obscuro trajeto, morrera ao cair numa fenda com lâminas. Outro fora esmagado por um teto que despencou por inteiro. As armadilhas nefastas consumiram um por um, até que só sobrasse o filho Humano Lamond Tartras, o único que chegou a encontrar a última sala, onde repousavam os sarcófagos dos grandes reis da Era Sombria.

Os túmulos foram violados pelo último explorador. Um estava vazio e Lamond por um instante temera por sua sorte. Porém, lá estavam as múmias embalsamadas dos reis antigos nos túmulos posteriores... E num deles continha algo completamente inesperado. Nas mãos do morto Rei Lesav, outrora o mais belo e poderoso Sombrio, segura rente ao peito, havia uma esfera de brilho negro, cuja lenda dizia carregar o poder e sabedoria dos Cem Magos Ancestrais.

Neste momento, a Segunda Era da Lágrima da Morte se iniciava.


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Notas finais do capítulo

Não deixe que a Magia se perca e retorne como Sombra! Poste um review e evite o fim da Era dos Autores!