I Will Be Waiting escrita por JotaBe


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a minha mais "nova" história, como foi pedido das minhas meninas, farei o possível para atualizar IntheDark e I'll be ao mesmo tempo. Vamos ver se eu consigo fazer tudo isso né UAHEUEH Quero pedir de coração pra que todas vocês me ajudem a divulgar minhas histórias. Deixo avisado que só postarei o próximo capítulo se vocês me derem um número razoável de reviews... Por isso, ajudem a JB a divulgar. Obrigada meus amores e boa leitura.



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ADAM CARTER

Los Angeles – Califórnia: 29 de outubro, 2010.


– Senhor Carter? – Melinda bateu na porta e a abriu, estava com muitos papéis na mão.

Melinda tinha em torno dos 35 anos, cabelos ruivos e cacheados. Era eficiente e calma, sem nenhum atrativo extra. Era comum e entediante. Provavelmente casada e devia ter filhos. Jamais tive a vontade de perguntar. Não desperdiço minhas palavras com conversas banais, principalmente quando elas são por mera educação. Ela trabalha comigo desde que eu assumi o controle das empresas Carter há dois anos.

Temos uma base em três diferentes países, uma para cada irmão. Meu irmão mais velho tomou posse da empresa que se localiza na nossa cidade natal Londres – Inglaterra. Meu irmão do meio cuida da base em Tokio – Japão, e eu o mais novo escolhi ficar na Califórnia-Estados Unidos. Sempre achei americanos interessantes. Eles são difíceis de lidar, e se você enxergá-los em massa verá um povo solitário e masoquista. Isso sempre me fez gostar deles. Observando-os me sinto olhando para um espelho.

– Sua mãe está na linha 2.

Suspirei.

– Mamãe que surpresa adorável. A que devo o prazer da sua ligação?

Sarcasmo sempre foi o seu forte, não é? Você é mesmo filho de seu pai.

– Não me espantaria se eu não fosse.

– Adam... Não acha que você já está grandinho demais para ter tanto ódio de sua mãe?

– Ódio não tem idade Mamãe. Vai continuar me fazendo perder tempo ou vai me dizer por que ligou?

– Se você não se lembra, hoje é aniversário de morte de seu pai. Eu realmente ficaria muito feliz de te ver aqui. Não pode tirar um dia fora para vir até Londres?

– Sinto muito. Tenho uma reunião importantíssima hoje, não posso faltar.

– Eu entendo.

– Obrigada por ter ligado.

De forma alguma meu filho. Adeus.

Adeus.

Desliguei o telefone e notei que Melinda ainda estava na porta.

– Mais alguma coisa Melinda? – perguntei rude, por ela não ter se incomodado em sair da sala enquanto eu usava o telefone.

– Sim senhor. Seu pedido de investimento foi aceito. Hoje o senhor de fato tem uma reunião importantíssima com o proprietário do estabelecimento, às 11 horas, um pouco tarde, mas é o horário de funcionamento do local.

Da minha boca senti sair um sorriso venenoso.

– Finalmente foi aceito! Esperei isso por dias! – diminui o sorriso, mas o veneno ainda circulava - Sim Melinda, de fato tenho uma reunião importantíssima. E de fato você não sabe tomar conta da sua própria vida. Minha paciência tem limites.

Ela ignorou.

– O ‘’proprietário’’ fez algumas exigências. Disse que suas ‘’garotas’’ não serão compradas a qualquer custo.

– É o que veremos. Pode se retirar. Não preciso mais de seus serviços, deixe os papéis em minha mesa. Só tome nota, de que não preciso mais de seus serviços por hoje, mas, caso haja mais alguma interferência sua na minha vida pessoal, não precisarei de seus serviços nunca mais.

Melinda engoliu em seco.

– Não acho certo como trata sua família.

– Engraçado, não lembro de ter pedido sua opinião. Cale sua boca e não se esqueça onde é o seu lugar. Você é paga para atender ao telefone, não para dar palpites em minha vida.

Senti seu rosto ferver de raiva.

– Sim senhor – ela fechou a porta devagar e se retirou.

Empregados, a única coisa que sabem fazer é me aborrecer.

Olhei com orgulho para o contrato, todas as cláusulas impressas, o próximo passo para a realização de um sonho seria um simples: ‘’Negócio Fechado.’’ Transformar um boteco em um ‘’Strip Club’’ de luxo não é qualquer babaca que tem capacidade para tanto. Eu vou ter a chance de transformar um dos lugares mais quentes da cidade, um dos lugares que mais me oferece conforto em algo que tenha meu nome, minhas mãos, e meu dinheiro. E futuramente, minhas meninas.

Olhei para o telefone, esperando, pacientemente ele tocar. Já que meu pedido tinha sido aceito, já devia estar no sistema e daqui alguns segundos um de meus irmãos iriam ligar para gritar comigo e perguntar por que eu quero destruir o nome da família com um investimento tão vulgar.

Virei meu copo de uísque em um único gole e contei mentalmente.

3... 2... 1.

‘’Senhor Carter’’. A voz de Melinda estava abafada, através do interfone. ‘’Seu irmão está na linha’’.

Sorri comigo mesmo.

– Não teve coragem de entrar aqui pra me importunar dessa vez Melinda? – indaguei.

Ela não respondeu.

– Pode passar, vou atender essa.

‘’Adam! Enlouqueceu?’’

– Ethan! Eu sabia que você seria o primeiro.

‘’Uma boate? Perdeu a cabeça? Quer destruir o nome da empresa? Da família? Quer trepar com privacidade e luxo não é? Você tem dinheiro o suficiente para isso! O que está querendo criar? Uma espécie de assistência privada para prostitutas? Qual seria o retorno dessa porcaria? Diga-me!’’

Você costumava ser mais divertido irmão. Qual seria o retorno? Ethan, eu vou criar um clube privado! De pôquer, bebida e pole dance a noite toda. Para todos os donos de empresas e multinacionais frustrados com seus casamentos e cansados de não poderem ir a botecos por ser público demais. Estou beneficiando uma raça!

‘’A sua raça!’’

– Tente entender. Aqui na Califórnia, existem pessoas que pedem por algo desse tipo. Se você só se importa com números, os terá. Excelentes retornos. Eu juro.

‘’Vai pagar faculdade para as prostitutas também?’’

– Só para as minhas favoritas.

‘’Não quero que declare no imposto de renda o ganho mensal desse lugar. Jamais, entendeu? A empresa já passou vergonha o suficiente com o adultério do papai. Não queremos mais problemas. Estabelecimento privado e restrito a imprensa! Evite propaganda. ’’

– Como evitar a propaganda irmão? É a alma do negócio.

‘’Seu problema. Não me meta nisso. ’’

– Você ainda vai se arrepender. Um dia vai implorar para fazer parte disso.

‘’Eu espero que não’’ e desligou.

Apoio familiar, o que seria de mim sem ele?

Sempre foi típico do Ethan esse tipo de comportamento. O irmão mais velho, sempre o perfeito. Casamento perfeito, sempre perto da mamãe, ótima casa, ótimo reinado na empresa, orgulhando os pais desde 1977. Tanta perfeição para mim é patético. Pessoas realmente respeitáveis são pessoas erradas, errantes, que assumem quem são e lidam com isso, cada qual com sua maneira. Ethan está longe de assumir o que é. Sempre teve seu jeito arrogante, frio e manipulador. Idêntico a minha mãe.

Problemas familiares a parte, ainda tenho muito que fazer. Ler o contrato, estipular minhas próprias exceções e fazer o orçamento. E se hoje eu não estivesse de tão bom humor, provavelmente me animaria tirar o emprego de Melinda. Mas isso gastaria meu tempo, pois eu teria de lidar com mais algumas ligações da família.

Olhando os papéis vi que o lugar tinha um site. Joguei na barra de pesquisa e o estudei com afinco. No site disponibilizaram fotos, de toda a equipe. Eu teria que me livrar de todos os homens. Um pequeno detalhe do qual eu não havia me certificado. Enquanto as mulheres eram... Maravilhosas. Todas em torno dos 25 anos, nem muito novas, nem muito velhas, maduras. Seus nomes não apareciam, mas ali dizia que eram registradas. E cada uma tinha seu cadastro. Estavam cadastradas como, Karamell, Moranguinho, Jujuba... Excelente analogia com comida. Senti vontade de rir, talvez a analogia não seja tão excelente assim.

’Senhor Carter. ’’

Você não cansa de me chamar? Não é capaz de ficar um segundo sequer sem ter que apertar esse botão na sua mesa Melinda?

‘’O senhor tem visita. ’’

– Sou mais novo que você, pare de me chamar de senhor, me dá calafrios. Mande entrar.

‘’Sim. ’’

A porta abriu e o barulho de salto alto ecoou por toda minha sala. Uma mulher de cabelos longos, ondulados, preto feito abismo, muito alta e magra, com uma expressão provocante e sexy. Parecia-me familiar, provavelmente eu já tinha visto-a em alguma revista, ou algum desfile. Estava muito irritada.

– Adam Carter! Eu jurava que você tinha morrido! – ela gesticulou os braços no ar de uma maneira estranha e colocou as mãos na cintura.

– Morrer? – sorri nervoso – Não, não.

– É. Mas devia! Quantas ligações minhas você rejeitou? Perdeu a conta não é? Você prometeu que iria ligar!

Foi ai que me dei conta que ela era um dos meus affaires desconhecidos.

– É... Isso foi recente? – perguntei com cautela.

Ela riu alto.

– Você não faz idéia nem de quando foi. Isso é óbvio! Sabe pelo menos meu nome?

Esforcei-me ao máximo para lembrar.

– Ma-rry, Ma-lly, Me...

– Megan! É Megan! – ela gritou.

– Por favor, se acalme. Prometo te recompensar. Qual a quantia que deseja? – puxei o cheque da minha gaveta.

– Quantia? Você acha que eu quero dinheiro? – ela perguntou com a respiração alterada.

– Eu não acho querida, tenho certeza.

Ela me fuzilou com os olhos e viu que não tinha mais porque mentir.

– É o máximo que pode fazer por mim. Quero cinco mil.

– Só isso? – ela sentiu meu ceticismo.

– Só isso. Eu ganho bem Carter.

– É tenho certeza que ganha. Mas não perde uma oportunidade de ganhar mais, não é mesmo? E você também já está tão acostumada com a humilhação e com ser usada que já não se incomoda mais em se rebaixar dessa maneira.

– É você entende do assunto. Afinal de contas, mesmo eu sendo tão baixa, você não perdeu a oportunidade de dormir comigo – ela se aproximou e tirou o cheque da minha mão – Você não se da o valor tanto quanto eu. Tenha um bom dia Adam.

Observei-a até entrar no elevador. Levantei-me e enchi meu copo de uísque novamente.

Qual o sentido de um homem se dar o valor? Homens não têm nada a perder. É só ser capaz de se afastar emocionalmente de todo e qualquer relacionamento, e isso, eu fui ensinado muito bem a fazer.

Deixei meu copo na mesa e tratei de me levantar. Tinha muitas coisas pra fazer e a mais importante delas era me preparar para a reunião com Jeff Smith, o cafetão mais barra pesada da cidade. Não tinha tempo pra perder com meus demônios, meu s fracassos, muito menos para tentar entender quem eu sou.


CATHERINE JANE SCOTT

Los Angeles - Califórnia: 29 de outubro, 2010


Olhei no espelho e tudo que conseguia ver era uma imagem odiosa de mim mesma. Eu tinha perdido todo meu respeito, minha esperança e já não gostava de mim mesma o suficiente para tentar me salvar. O cheiro repugnante do quarto em que fui criada entrou em mim e me deixou atordoada. As lágrimas desciam ácidas pelo meu rosto, doíam como sempre, mas já não tinha o mesmo efeito em mim. A música da boate soava abafada da onde eu estava. Eram exatamente 11 horas. As vozes que eu ouvia do lado de fora não eram nada agradáveis, mal aberto o lugar já se lotava de bêbados, pessoas desrespeitáveis, homens com muito dinheiro, ou nenhum centavo no bolso, alguns com esposas e filhos em casa, outros sem família alguma. Os piores casos eram os que tinham família, mas viviam como se estivessem completamente sós. E eu faço parte desse mundo vil e nojento.

Traguei mais uma vez meu cigarro, tentando me acalmar. Limpei com ódio as lágrimas que escorriam de meu rosto,e tratei de colocar meu salto.

Legalmente não seria aceitável eu estar aqui, mas já sucumbi há tanto tempo aos demônios em minha cabeça que me acostumei com o abuso, o hálito de álcool dos homens, suas mãos grossas, frias e ásperas passando por todo meu corpo, as risadas e as piadas infames. Ouvindo a música alta em meus ouvidos e todos os olhos em mim, enquanto meu corpo é obrigado a se movimentar sensual e maliciosamente. Também me acostumei com o dinheiro que recebo todo mês, é pouco, mas é o suficiente. Eu não tenho para onde ir. Ou opto pelo quartinho minúsculo nos fundos desse lugar, ou por um colchão em baixo de uma ponte.

Durmo com o cheiro ruim, com os gemidos dos quartos ao lado, os gritos, as brigas, os copos e garrafas se quebrando. Durmo também com pílulas, minhas únicas amigas, que são capazes de me tirar desse lugar por algumas horas, anfetaminas, benzodiazepinas, ecstasy...

E nesses últimos meses nada disso tem me incomodado tanto quanto o medo que eu tenho de que chegue a data do meu aniversário. E quando essa hora chegar, eu juro a mim mesma que aqui eu não vou estar mais. Se eu estiver, que seja morta.

Morte. Quantas vezes já não considerei essa idéia. E para ser sincera, eu não faço idéia do que me prende aqui nesse mundo. Ainda não consigo entender por que eu não consigo me refugiar somente nas minhas próprias lembranças e puxar o gatilho. Talvez, eu não seja forte o suficiente pra tanto. Mas a real pergunta é, sou eu forte o suficiente para continuar aqui? Eu vou me testando, cada dia que passa eu atravesso meus limites, faço coisas que jamais pensei que seria capaz, a esse ponto nada mais me surpreende.
Dia 20 de dezembro, o dia em que eu faço 18 anos, o dia em que Jeff vai ser liberado para me tirar do palco,e realizar seu sonho de me transformar em um objeto sexual.

– Jane! – pulei com o estrondo que a porta fez ao ser aberta com tanta força – O que você pensa que esta fazendo sentada ai? Já abrimos há vinte minutos, se você não aparecer lá agora, você sabe o que pode te acontecer – Diana, minha colega de trabalho, a única que não me via como uma ameaça ou concorrência profissional, que cuidava de mim como uma mãe. Protege-me das piores coisas que podem acontecer comigo. Bem...Ela ao menos tenta. Falhando quase toda vez.

Diana tem seus 30 anos, ombros largos e pernas longas. Olhos castanhos e um cabelo tingido com vermelho fogo. Tem o rosto quadrado e expressões fortes. Desde que estou aqui tem a mesma situação que a minha. Sem pais, marido, filhos, nem uma casa para morar. Eu sou o que ela tem mais próximo de uma família, e vice-versa.

– Me de mais cinco minutos – murmurei.

– Jane! Por favor, vamos, agora! Você é suicida? Jeff vai perceber que você não está onde devia!

– Eu já vou! Me de mais cinco minutos – repeti com calma.

– Jane...

– Eu preciso de mais cinco minutos – minha voz saiu trêmula.

Ela suspirou.

– Vou cobrir para você e tentar distrair todo mundo. Você tem exatamente cinco minutos e eu não volto pra te chamar! Seja responsável garota – ela tinha um tom nervoso.

– Obrigada.

Diana se importa muito comigo, isso faz de mim uma pessoa um pouco melhor. Saber que ainda existe alguém nesse mundo que te quer bem e que tem fé em você é a melhor experiência que podemos vivenciar. Não tenho muitos momentos felizes por aqui.

Olhei-me no espelho pela última vez. Contemplei meus longos cabelos dourados que tinham ondas delicadas, meus olhos verdes, frios, calculistas que escondiam minha tristeza e qualquer outra emoção, minha pele clara e meus lábios pálidos. Ao tirar meu roupão observei meu corpo; delineado, desenhado com perfeição, a lingerie preta delicadamente encaixava com cada parte de meu corpo, esbanjando sensualidade. E por fim o detalhe que mais chamava a atenção, minha pele lisa e meu corpo magro e jovial.

Ao me observar percebi o quão agradável era a minha imagem.

Cada vez mais, eu sinto que aqui não é o meu lugar, ou não deveria ser.

Fiquei atrás da porta por alguns segundos, respirando com calma, tentando me preparar, tentando ser forte para agüentar mais uma noite sem pensar nas muitas outras que virão. Com muito esforço procurei limpar minha mente para ter alguma imagem ou um pensamento nítido em minha cabeça. Eu já fiz de tudo, experimentei de tudo, fui forçada a fazer muitas coisas, já chorei tanto que ainda não sei como meu corpo ainda tem lágrimas para derramar, já fui abusada sexualmente, agredida fisicamente, cresci com tudo isso, sozinha. E além de tudo, não tenho nada nem ninguém que seja capaz de me tirar daqui.
Fitei-me no espelho, tentando ter uma conversa mental comigo mesma. ''Mais uma noite? Não fará diferença alguma. Não é como se eu tivesse salvação''. Com a mente clareada a única coisa que veio a minha cabeça foi: Eu não me importo.

– Ai está ela! A mina de ouro do Jeff, finalmente! Nós temos clientes esperando. Loucos para enfiar algumas notas em nós. Gostaria de me acompanhar? – Claire disse apontando para o palco, onde as luzes piscavam tão forte que mal se podia notar os homens sentados em frente a ele.

– Vá você primeiro. Escolha outra pessoa para te acompanhar. Estou na fila me chamem quando terminarem – respondi indiferente.

– Fugindo do trabalho Jane? – Claire perguntou com tom de ameaça.

– Eu já disse, vou depois de você!

–Você sabe que se não fizer direito, Jeff vai dar a você algo que você não ganha há muito tempo... Mas que como sempre, tem milhões de motivos que há fazem merecer.

Eu estava cansada de ouvir merda de cada uma delas, todos os dias. Diana sempre me diz, ignore, se acalme, tampe os ouvidos, a única quem perde com isso é você. Mas eu não sou calma e não sou obrigada a agüentar implicância de pessoas que são piores do que eu. Claire tem 27 anos, é loira, magra, com um rosto muito bonito, delicado, tem olhos claros e calmos. Seu corpo, seu rosto, sua voz, eram semelhantes a de um anjo. Em compensação é insuportável, doentia e tem a mentalidade de uma garota de 7 anos. As aparências enganam. Entre todas aqui é a mais venenosa, que tem inveja de qualquer outro ser que respire o mesmo ar que ela.

– Quais são os motivos Claire? Porque eu sou muito mais atraente? Porque todos aqui trocariam você por mim sem nem pensar duas vezes? Ou porque eu faço muito mais sucesso aos 17 anos? Ou porque não sou uma prostituta de tão baixo nível como você?

– Olha o jeito que você fala comigo sua piranha! – Claire avançou em mim, apertando meu braço com força. Como eu esperava. Tentei me desviar, mas quando vi, todos já estavam em cima tentando apartar. a briga. Quando ela levantou o braço para levá-lo até meu rosto a chutei no estomago para que me largasse e cai sentada aos pés de alguém.

Senti um braço puxar-me pelo cotovelo com mais força ainda, forçando-me a ficar de pé.

– O que diabos você pensa que está fazendo? – Jeff me chacoalhou com força, tive que segurar ao máximo para não chorar. Não pela dor, mas de nervoso. Porque eu sabia que as conseqüências seriam desastrosas e como sempre a culpa seria minha.

Evitei olhar ele nos olhos e me foquei aos homens que se encontravam atrás dele. Eram três. Dois deles freqüentavam o bar, eram clientes ricos e importantes. O terceiro... Parecia ser mais rico do que todos os milionários juntos que já passaram por esse lugar. Não parecia ser muito mais velho, na verdade, parecia ter a minha idade. Rosto de um adolescente. Tinha uma expressão serena, seus olhos azuis brilhavam e me encaravam com certa curiosidade. Com traços delicados que davam a ele um ar de inocência e superioridade. Estava com uma roupa informal, a camisa branca destacava seus cabelos castanhos claros, que de longe refletiam as luzes do clube. Se eu fosse um pouco mais impulsiva, tocaria seus cabelos para ver se eram tão macios como pareciam. Tocaria sua pele para ver se era tão sedosa como parecia e beijaria seus lábios para ter certeza que sentir seu gosto seria tão maravilhoso como olhar pra ele. Em outras palavras, com toda a sinceridade de minha alma ele era o homem mais lindo que a vida já tinha se dado ao luxo de me mostrar.

– Me diz! – Jeff me chacoalhou mais uma vez, com muito mais força, tirando minha atenção do milionário.

– Você está me machucando! – sussurrei, com medo de que minha voz não saísse.

– Essa é a intenção! – ele gritou.

– Se me da licença... – ele interrompeu. Meu coração parou de bater no mesmo segundo – Voce trabalha aqui? – perguntou para mim.

Sua voz era suave, rouca e sedutora. O sotaque britânico - devo admitir era um pouco irritante.

– Trabalho.

Ele sorriu e quando o fez descobri em seu rosto,apenas no lado direito uma covinha, que o dava um ar misterioso, ela acompanhava do canto da bochecha até perto do olho.

Olhei pra ele assustada.

– Engraçado, não me lembro de ter te visto na lista de funcionários no site – ele me olhou dos pés a cabeça discretamente e se demorou em meu rosto. Segundos depois se virou para Jeff. - Algo que não tenha mencionado Jeff? – ele perguntou com um tom exigente.

– Não é algo para ser discutido agora Carter. Perdoe-me essas biscates, nunca sabem seus limites. Essa aqui tem o demônio dentro! Além de muita ingratidão!

– Ingratidão? – perguntei perdendo meu controle – Pelo o que eu devia ser grata a você?

Jeff levantou a mão e esbofeteou meu rosto. Tudo aconteceu rápido demais mas juro que percebi Carter hesitar em dar um passo a frente quando viu que eu seria agredida.

– Cale sua boca! Vá trabalhar! Não vou perder meu tempo com voce agora! Eu cuido de voce depois - disse ele largando meu braço, que quando olhei estava com a marca de sua mão.

Ele passou por mim com os outros dois na frente indo em direção a sua sala. Carter parou e olhou pra mim, eu ainda estava tentando controlar minha respiração e segurar o choro.

– Eu creio que não fomos apresentados. Adam Carter – ele estendeu a mão.

Olhei pra ele indignada. Ele abaixou a mão.

– Perdeu a noção do apropriado? – perguntei.

– Sinto muito não ter feito nada. Vou tratar de negócios com Jeff, cá entre nós ele não é muito agradável. Se eu o agredisse seria pior ainda.

– Obrigada. – eu disse sarcástica.

– Quantos anos você tem? – ele perguntou curioso.

– Não interessa. – dei-lhe as costas e fui direto para o bar. Tive meus segundos de admiração por esse homem, que acabaram de ser perdidos quando descobri que era igual a todos os outros. Rico, fútil, egoísta e mulherengo.

Sentei o mais longe possível de todo o movimento.

– Jack, vodka. – pedi.

– Baby! O que deu em você? – Jack, um travesti negro, musculoso que tinha de tudo para ser homem. – Você sai aos tapas com a prostituta e não é capaz de revidar o chefão? Já vi voce fazer melhor que isso.

– Eu cansei de revidar Jack – murmurei.

Ele me olhou entediado e foi atender outro cliente que havia acabado de se sentar. Jack tem um espírito sádico. Tem em mente a filosofia de matar ou morrer e leva como diversão viver em ambientes onde o mais forte sobrevive. Aqui é exatamente assim. Você deve aprender a escolher você ao invés dos outros. Porque muitas vezes, na realidade, todas às vezes que você se sacrifica por alguém, no final ela mostra que não da à mínima para o seu sacrifício e prova que não merecia nem metade da importância que você a dava.

Levei o copo até minha boca, percebi que minha mão tremia incontrolavelmente, despejando toda a vodka, larguei o copo com raiva e segurei minha mão. Meu corpo tendia a ter espasmos de acordo com meu nível de nervosismo, eu sabia que assim que Jeff terminasse aquela reunião, algo iria me acontecer, algo ruim. E como sempre, eu não poderia fugir. Não agora.

Inconscientemente a face de Adam veio a minha mente. Foi assim que me dei conta de que eu ainda não sabia o por quê de ele estar aqui.

‘’Sinto muito não ter feito nada. Vou tratar de negócios com Jeff, cá entre nós ele não é muito agradável. ’’

Que tipo de negócios? Não pude controlar minha curiosidade.

– Jack – chamei-o – Por um acaso você não sabe em que tipo de reunião o Jeff está, sabe?

– E se eu disser que sei?

– Então você vai me contar tudo, porque me conhece e tem total segurança de que pode confiar em mim. Eu sei guardar segredos, principalmente quando eles me interessam – o chantageei.

Jack se certificou que não havia ninguém por perto.

– Pelo que eu ouvi – sussurrou ele – Adam Carter quer comprar a boate.

– Comprar? – saiu um pouco mais alto do que eu esperava.

– Shh! – pediu silencio – Sim, comprar. Jeff está quase cedendo, porque acredita que com o dinheiro do bofe vai poder levantar este lugar e pagar todas as nossas dividas! Mas Adam não quer só a boate, ele nos quer também.

Olhei pra ele sem entender.

– Nós vamos deixar de trabalhar para Jeff e começar a trabalhar para o cara que é dono de uma empresa multimilionária. Imagine nosso salário? – ele riu.

Se eu não estivesse sentada eu cairia. Tentei entender o que isso significava, era muita informação para uma única sentença. Talvez significasse que eu já não sofreria mais como sofro nas mãos de Jeff, mas não significa que eu consiga sair por completo desse lugar e também não garante que ele não me use para os mesmos propósitos. Isso não me dava certeza alguma, tudo pode acabar ou permanecer exatamente do jeito que está. Tentei não entrar em pânico, tentei não ter esperanças, mas era tarde demais. Por menor que fosse, era uma saída que eu estava procurando há muito tempo.

Jack olhou pra mim, percebendo minha ansiedade.

– Jane, por favor, desista. Jeff não vai nos entregar assim – ele disse sério.

– Mas você acabou de dizer...

– Sonhar não é pecado.

Ouvi vozes vindas da sala de Jeff, a reunião havia acabado.

‘’Foi um prazer fazer negócio com você Carter. ’’

‘’Igualmente’’

‘’Aproveite a estadia, passe a noite. ’’

‘’Farei isso. Nesse tempo, considere minha proposta’’ Carter pediu.

‘’Verei o que posso fazer. ’’ Jeff disse com arrogância.

Virei meu rosto rápido quando percebi que Jeff olhava pra mim. Levantei-me com urgência, não podia lhe dar mais motivos para descontar a raiva em mim, eu precisava trabalhar. Antes mesmo que eu pudesse dar o primeiro passo, senti alguém puxar meu braço, virei devagar, temerosa.

– Jane, não é mesmo? – ele sorriu pra mim.

– Carter – eu disse sem expressão.

–Se importa se eu tomar cinco minutos de seu tempo?

– Jeff pediu para que você fizesse isso? – perguntei.

– Não, na verdade ele não pode ficar sabendo. Isso o deixaria muito irritado – o sotaque britânico ficava cada vez mais forte.

Minha curiosidade foi aumentando exponencialmente.

– Apenas cinco minutos.

Ele sorriu e me acompanhou até a mesa mais distante.

– Sente-se.

Eu estava nervosa, cada célula de meu corpo dizia para não confiar nele, mas era a luz no fim do túnel. Talvez minha última luz. Permaneci quieta. Ele me olhava distraído. O lugar onde sentávamos estava escuro, tudo que eu via era apenas um lado de seu rosto que era iluminado fracionalmente conforme as luzes piscavam.

– Vou direto ao ponto – ele disse.

– Finalmente.

– Eu sei que você está aqui ilegalmente. Só não sei o por que. Mas sei que Jeff tem que ter todo o cuidado para que não descubram que você faz... O que faz. E principalmente tomar cuidado para que ninguém saiba que ele é o responsável por você, e que você leva... A vida que leva – ele era cuidadoso com as palavras.

Estou te acompanhando.

– Jeff se recusa a me entregar seus funcionários, mas, você é a única aqui que não é formalmente registrada, então de certa forma você não o pertence. E eu vim aqui humildemente pedir para que eu possa te fazer uma oferta.

– Que oferta?

– Passe a noite comigo.

Olhei pra ele pasma e desnorteada, sem acreditar no que ouvira.

– Passe a noite comigo. – ele repetiu. – Te dou 35 mil dólares, para passar apenas uma única noite comigo.

– É assim que consegue as garotas que gosta? – perguntei cética.

– Eu não gosto de você.

– Então eu realmente devo me surpreender. Pagar um preço tão alto para dormir com alguém que você não tem interesse algum.

– Eu tenho interesse. Tirar você de Jeff seria o suficiente para eu conseguir que ele me entregasse todos seus funcionários – ele falava como se tudo fosse muito simples.

– 35 mil dólares? – olhei pra ele com nojo. - Não!

– 50 mil!

– Não!

– 200 mil!

– Como você passou de 50 para duzentos mil dólares tão rápido? Seu desespero é tão grande assim?

– Ok! Você pediu! 300 mil!

Revirei meus olhos.

– Acho que preciso ser mais clara. Eu não dormiria com você, nem por todo dinheiro do mundo! – levantei-me da mesa.

– 1 milhão!

Parei no meio do caminho. Um milhão de dólares seria o suficiente para fugir daqui e nunca mais voltar. Mas se eu transasse com ele por dinheiro, eu estaria fazendo exatamente o que cada mulher desse lugar faz. Eu estaria fazendo exatamente o que Jeff sonha que eu faça. Eu estaria me tornando a ultima coisa que eu desejo ser nesse mundo. Uma prostituta. Meu corpo vale muito mais que isso. Eu gosto de acreditar que vale.

– Esqueça Carter! Vá embora, já perdeu tempo demais aqui. Não vai conseguir nada comigo – sai sem olhar pra ele, com minha cabeça girando. Eu tinha o desejo de machucar terrivelmente todo meu corpo, eu queria me mutilar, por ser tão fraca, por não ter aceitado essa quantia enorme de dinheiro, queria voltar atrás... Mas além do meu orgulho, descobri que ainda tenho o pouco que me resta de respeito a mim mesma.

No caminho, com pressa, trombei com um dos homens de Jeff.

– Jane! Jeff quer te ver na sala dele. Agora.

Senti todo meu corpo estremecer. Pelo menos, eu poderia evitar o trabalho de me mutilar. Jeff faria isso por mim.



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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? I'll be waiting Merece um capitulo dois? Merece uma continuação? REVIEWSSS MINHA GENTE! Muitos reviews! Amo vocês, JB.



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