Isabella

Acordei um pouco desorientada e aos poucos fui me recordando de tudo. Da morte de minha mãe, de Charlie aparecendo na porta de casa, eu vindo para a sua casa e sendo praticamente expulsa pela sua mulher, dos meus irmãos e como adorei conhecer eles.

Foram tantas emoções para um dia só e ,só de lembrar que tudo isso aconteceu porque minha mãe morreu, meu coração doía, era a pior sensação do mundo saber que não teria mais o abraço dela, que não sentiria mais o cheirinho doce que só ela tinha, da sua voz me acalmando, dos seus carinhos. Se soubesse que aquela manhã seria a última eu não teria ido para a escola, não teria deixado mamãe sair e agarraria ela em um abraço apertado e nunca mais soltaria. Depois de alguns minutos de choro levantei e fui ao banheiro, ao observar no espelho vi enormes orelhas arroxeadas e olhos vermelhos, tomei um banho e tentei dar um jeito em meus cabelos caracolados e disfarçar um pouco das orelhas com corretivo e base. Depois de pronta ,sair do quarto e fui em direção a sala de jantar para tomar café. Encontrei só Charlie sentado lendo um jornal, com cuidado me sentei em umas das cadeiras próximas a ele.

—Bom dia.

O cumprimentei sem esperar ouvir algo em trocar, e assustei quando ouvir sua voz me respondendo.

—Bom dia, teve uma ótima noite?

Ainda surpresa o respondi com um pouco de timidez.

—Sim, o quarto é muito confortável.

—Fico feliz que dormiu bem. Preciso conversar com você e vejo que esse é um ótimo momento para termos essa conversa já que estamos só eu e você em casa.

Nessa hora ele colocou o jornal em um canto da mesa, cruzou as mãos e olhou dentro dos meus olhos, estava um pouco apreensiva por que já imaginava que teríamos essa conversa, ele falaria que não daria pra mim ficar na sua casa, eu teria que juntar as minhas coisas e caçar um lugar para ficar já que não poderia ficar sozinha. Com certo medo devolvi o olhar e respondi confiante ou, pelo menos, achava que estava.

—Sim temos que conversar, estou escutando.

—Bom como você mesmo sabe e não vou esconder isso, eu não teria ido atrás de você se não tivesse acontecido essa fatalidade com sua mãe, porque pelo que devo imaginar você deve saber que eu e ela fizemos um acordo, certo?

—Certo !

—Mas como você ainda é menor de idade e como sou seu pai e perante a lei sou seu único responsável, tenho que ficar com você, mas como minha mulher não aceitou muito bem, você não poderá ficar aqui em minha casa.

—Olha Charlie eu sei muito bem disso e não se sinta obrigado a cuidar de mim só porque estou registrada em seu nome. Tudo bem que você está fazendo tudo isso por causa da lei e blá blá blá, mas eu posso muito bem me virar sozinha, teria dado meu jeito, não precisava ter vindo pra sua casa mesmo que fosse da vontade de minha mãe.

— Isabella sei muito bem que você teria dado seu jeito, dá pra ver que você é uma menina inteligente e daria conta, mas como disse,tive que te trazer aqui e como você não vai poder ficar e eu não posso simplesmente deixar você voltar pra sua casa assim sozinha, arrumei uma solução perfeita e assim pomos um fim nesse problema.

—Que solução seria essa? Perguntei um pouco com medo

—Tenho um amigo e ele está a procura de uma esposa, e como você está sem casa e ele está precisando de uma esposa, e é um grande amigo meu, resolvi juntar o útil ao agradável, conversei com ele ontem a noite e ele aceitou na hora.

—Que? O que você quer dizer com isso Charlie ? Perguntei com o sangue já ficando quente.

—Isso mesmo que você entendeu Isabella, eu dei a sua mão para Edward. Você ira casar com ele, entrei com os processos da papelada e ele será o seu responsável, o seu marido. Ele é um ótimo partido não poderia ter feito coisa melhor, ele vem te buscar as 10:00,achei melhor você já ir morar com ele, porque é bom que vocês já vão se acostumando um com o outro. E fora que você já não pode mais ficar aqui.

— Você é louco, é um cretino Charlie, como você pode fazer isso comigo? Tudo bem que você não me criou, mas você continua sendo meu pai, e teve coragem de entregar sua filha menor de idade pra um cara que eu nunca vi na vida, pra simplesmente casar com ele, como se fosse fácil assim?

—Sei que é difícil pra você aceita isso, mas não temos outra solução. Edward é um cara legal, vocês vão acabar se gostando de verdade. Agora por favor termine o seu café e suba para arrumar suas coisas, ele logo vem te buscar.

—Inacreditável isso, agora vejo o bem que minha mãe fez ao ter me criado longe de um ser desprezível como você!, perdi a fome, com licença.

Levantei arrastando a cadeira e subir as escadas batendo o pé. Entrei no quarto e fui me escorando na porta ate sentar no chão, lágrimas brotaram em meus olhos e foram escorrendo pelo rosto.

—Deixa de ser idiota Isabella, para de chorar, a única pessoa que merece as suas lágrimas já não está mais aqui, o resto são pessoas que não merece nada de você. Limpei as lágrimas com raiva

Levantei e comecei a juntar o que estava fora da bolsa. Fui no banheiro e ajeitei meu cabelo, escorrei na pia e fiquei olhando no espelho.

— Você consegue suportar isso, Você é forte! Vai que ele é legal? Qualquer pessoa deve ser melhor do que o Charlie.

Peguei as bolsas e desci as escadas, sentei no sofá e fiquei mexendo no celular. 9:40,daqui a pouco ele chega. Acabei de distraindo no Facebook e quando percebi a campainha tava tocando, a governanta da casa foi abrir a porta e Charlie logo estava na sala.

Meu coração começou a pular igual um louco no meu peito, e olhando pra baixo, vi os pés dele em um belíssimo sapato social preto de couro, fui subindo o olhar devagar, ele estava com uma calça jeans azul, suas coxas eram bem torneadas. Sua blusa de algodão preta dava um contraste com a sua pele seu corpo era forte, os músculos bem definido e já dava pra imaginar como a barriga dele devia ser cheia de gominhos. Finalmente cheguei em seu rosto e arfei baixinho, ele parecia uma miragem de um anjo. Sua boca carnuda meio rosada, seus olhos em um tom de verde-esmeralda, seu cabelo era cor de cobre e era todo rebelde apontado para todos os lados. Ele era perfeito, percebendo o meu olhar nele, ele sorriu, e nossa que sorriso lindo.

—Isabella esse é Edward Cullen, e Edward essa é a minha filha Isabela. Charlie fez as apresentações, não consegui esboçar nenhuma reação.

—Devo admitir que você domina a arte de fazer filhos bonitos em Charlie.

—Isso devo admitir.

Estava de cara, eles estavam falando de mim como se eu não estivesse ali. Calma Isabella, sem ataques histéricos de menina mimada. Repetia isso mentalmente pra mim.

—Edward como disse na ligação, já está tudo encaminhado. Por ela ser de menor, já fiz com que você fosse o responsável dela, então você não tera nenhum problema, e assim que esses papéis sair, você estará autorizado para casar com ela.

—Ótimo fico satisfeito de ouvir isso, preciso mesmo casar rápido. Sabe bem como meu pai está no meu pé por causa disso.

—Sei sim, seu pai não te da trégua. A gargalhada do Charlie me dava arrepios, estava odiando ele mais ainda, a cada segundo que se passava do seu lado.

Intrometi na conversa, se era pra mim ir morar com ele era melhor a gente já ir de uma vez, já que ficar na presença de Charlie me dava nos nervos.

—Bom já foi feito as apresentações, agora seria possível a gente ir ? Não quero ficar mais nessa casa um segundo se quer.

Edward e Charlie me olharam surpresos. Charlie como sempre me olhou com ar de reprovação pela minha atitude.

—Isabella tenha modos.

— A Charlie por favor não comece com os seus sermões de falso pai.

—Você é muito malcriada em menina, Renée soube te dar educação não ?

—Olha aqui já falei pra você nunca mais insinuar que minha mãe não me deu educação. Porque ela me deu sim e sozinha, já que você não foi capaz de assumir seus erros. Você é um verme Charlie. Sua mulher fala e você enfia os rabinhos entre as pernas, agora quando tá longe dela você fica querendo pagar de marchão, me poupe.

Já ia me virar em direção a porta, quando Charlie me agarrou pelo braço e me sacudiu com força, seu aperto no meu braço estava me machucando.

—Me solta, você está me machucando. Falei tentando me soltar do seu aperto

— Agora você quer que eu te solte? Ah menina vou te ensinar a nunca mais falar assim com seu pai.

Comecei a me encolher de medo já que seu aperto estava doendo muito, estava realmente com muito medo do que esse homem louco seria capaz de fazer. Edward que estava esse tempo todo no seu canto entrou no meio.

—Charlie acho melhor você soltar ela, afinal vai ser minha esposa, e por mais que somos amigos não vou gostar nada de ver você machucando a minha preciosa.

Fiquei olhando pra ele chocada e ele era muito mais alto o que intimidou Charlie que logo enfiou os rabinhos entre as pernas.

—Desculpe por essa situação, eu realmente perdi a cabeça, isso não vai mais se repetir.

—Não você tem que pedi desculpas é pra ela, não pra mim.

—Me desculpe Isabella!

Ele me soltou e deu alguns passos para trás. Eu peguei minhas bolsas e sair da sala batendo a porta, fiquei esperando do lado de fora e alguns segundos depois Edward apareceu, pegou as bolsas e foi em direção ao seu carro que estava estacionando perto da porta, e as guardou no porta malas. Entrei no seu carro que era um Jeep Renegade preto e esperei, logo ele entrou e começou a dirigir pra fora da enorme mansão. Encostei minha cabeça na janela e fiquei olhando o caminho. Um tempo depois de silêncio ele puxou assunto.

—Está tudo bem?

Olhei pra ele meio sem entender.

—Digo, pelo que aconteceu agora a pouco com seu pai?

—Edward sem querer ser grossa, por favor não fale mais que ele é meu pai. E sim estou bem, isso foi bom pra poder ver o quanto cruel e desprezível esse homem pode ser.

—Realmente não deve ser fácil essa situação. Meus sentimentos pela morte de sua mãe.

Eu estava bastante sensibilizada pelo carinho que estava tendo comigo.

—Obrigada. Falei olhando nos seus olhos

—Prometo cuidar de você viu Isabella?

—É Bella. Disse o cortando

— O que ?

—me chame de Bella,Isabella é muito sério.

—Pode deixar Bella, alias o apelido faz jus a dona. Ele deu um sorriso de lado “OH My Good” nessa hora meu coração acelerou.

—Obrigada eu acho. Dei uma risadinha sem graça e olhei pra janela do carro.

Quando ele foi trocar a marcha do carro esbarrou na minha perna. Na hora foi como se uma corrente elétrica passa-se por nós dois.

Olhei pra ele pra ver se foi só eu que tinha sentido isso e ao olhar nos seus olhos percebi que não foi só comigo. Seus olhos verdes me hipnotizava, mergulhei naquele mar verde, ate que um barulho de buzina me despertou. Finalmente percebi que tínhamos parado em um sinal e que ele já tinha ficado verde. Edward deu uma risadinha e colocou o carro em movimento.

Nessa hora pensei,é Pode ser que Edward e Bella seja real.