Watck - We Are The Cool Kids escrita por Amanda Spats


Capítulo 13
LOUIS E LIAM


Notas iniciais do capítulo

ohmygod. Esses três próximos capítulos (ou episódios kkk) vão ser tão importantes que eu fico olhando pra eles e achando que eles ainda não estão como eu queria e reescrevendo milhões de vezes. Tá na hora de parar com isso e publicar logo.
Ah, alguns recados, importantíssimos:
1-) Oi pras minhas novas leitoras, que eu importunei mandando mensagem, mas que deram uma chance pra WATCK e agora estão aqui, me mandando recados fofos. ♥ Amei cada uma de vocês.
2-) Vamos ter um spoiler! uhu! (spoiler fans!) Só vai ler quem quiser e vai funcionar da seguinte maneira: na segunda feira eu vou postar o spoiler lá no tumblr! (watck . tumblr. com pra quem ainda não salvou). Assim vocês já vão se acostumando com o tumblr e podem deixar recados lá dizendo o que vocês acharam do spoiler! Só digo uma coisa: vai ser TENSO! kkkkk
3-) Meninas, de novo eu vou agradecer por vocês serem lindas e fofas. Eu tenho as leitoras mais dedicadas do mundo. Sério. Vejo as outras fics com recados tão curtinhos e básicos, e vocês sempre vêm aqui e falam tanta coisa legal e esperta, sempre adivinhando, dando opinião, compartilhando o que vocês sentem, recomendando a fic com textos lindos. Nunca poderei agradecer suficiente.
Eu sei, eu sou muito melosa. Vou parar.



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(Trilha sonora - Abertura ♪ Fun ft Janelle Monáe - We Are Young)



(Trilha sonora - Todos fazendo prova ♪ Britney Spears - Baby One More Time)


Zayn olhava para a quarta questão como se, olhando fixamente para as opções, uma delas fosse brilhar indicando ser a correta.

Aquilo era besteira. Ele já estava empacado nela á 10 minutos, não adiantava, não ia saber a resposta. Ele olhou pra Niall do seu lado, apenas pra checar se ele parecia estar indo melhor. E claro que ele não estava.





Niall olhou pra professora, que estava sentada em sua mesa na frente da sala e parecia distraída corrigindo provas de outra turma. Então mais que depressa, ele cutucou Hanima, que estava na sua frente.

–Me passa a resposta da sete.

Ela olhou pra professora e suspirou. Tinha vontade de fazer de conta que não escutava Niall. Não era justo que ele sempre fizesse de conta que ela não existia, mesmo quando ela estava com Kat e agora pedisse uma cola pra ela. Mas Niall continuava a cutucar suas costas e repetir que queria a resposta da questão sete.





Every olhou pro lado, vendo Niall se remexer na cadeira e cutucar a pobre coitada da menina a sua frente, cada vez mais impaciente. Every olhou pra professora, preocupada se ela ia ver algo. Ela ainda parecia distraída, mas era apenas uma questão de tempo pra ela notar Niall pedindo cola pros outros. Every enfiou a mão no bolso e pegou um recibo do cartão de crédito que estava ali, fez uma bolinha e jogou em Niall. Ele olhou pra ela.

Ela fez um sinal indicando a prova, como se perguntasse qual ele queria saber.

Ele ergueu sete dedos no ar.

Ela então fez um sinal indicando a letra C, e ele fez uma cara como se ainda estivesse analisando pra ver se aquela resposta parecia mesmo correta, o que fez Every sentir vontade de ir até ele e dar um peteleco em sua cabeça, mas então ele fez um sinal positivo com a cabeça e voltou a escrever na sua prova. Every olhou de novo pra professora. Ela nem tinha percebido.

Suspirou, olhando de novo pra Niall, que agora parecia mais tranquilo, e voltou a se concentrar em sua prova. Leu a próxima questão e viu que não sabia a resposta.

E diferente de Niall, ela não tinha pra quem pedir ajuda.

Naquele momento, desejou estar na classe de Liam.





Liam riscou a primeira opção na questão cinco. Passou pra seis. Resposta C, com certeza. Começou a ler a sete e pensou que aquela prova estava bem fácil. Em alguns minutos tinha preenchido todas as opções e foi o primeiro a se levantar.

Era normal ele ser o primeiro a entregar a prova. Ele não era daqueles nerds que mesmo sabendo todas respostas são os últimos a deixar a sala. Não. Ele sabia, ele escolhia a resposta, e pronto.

Ele queria que a vida fosse tão simples como as provas.

A professora apenas pegou a prova sem prestar muita atenção. Liam se virou pra sair da sala, e deu uma olhada em Ana sentada na fileira de cadeiras encostada na parede, só pra checar se ela parecia estar indo bem.





B ou C? Ela tinha lido alguma porcaria sobre aquilo, mas não lembrava direito. Não lembrava por que eles decidiram estudar Ciências Sociais apenas na tarde anterior, achando que a matéria era fácil. Harry tinha se juntado a eles, apesar dele não ter estudado junto com o grupo quase nenhum dia naquela semana, sempre com uma desculpa diferente. De repente, ele apenas apareceu ali na biblioteca.

E ele estava lindo, com aquela camiseta clara e a touca cinza enfiada na cabeça.

Ela olhou pra ela várias vezes enquanto eles estudavam, mas ele não olhou pra ela por nenhuma vez durante toda a tarde, sempre conversando com Louis ou com Liam, se mantendo distante.

Ótimo. Ela podia dizer exatamente a roupa que Harry estava vestindo, o jeito como ele ficou sentado na cadeira, parecendo entediado, cada pequeno gesto dele, mas não podia se lembrar qual era o texto que tinha lido no livro que falava sobre aquela pergunta.

Ana olhou pra Harry, sentado a duas carteiras a sua direita, como se o culpasse por aquilo. Ele estava apenas olhando pra prova, o rosto apoiado na mão, os cabelos cacheados apontando pra todas as direções, enquanto mordia a ponta do lápis.





Harry leu pela quarta vez a mesma questão. Não conseguia se concentrar. Lia as coisas, mas quando chegava no fim, parecia que não tinha lido nada e tinha que começar de novo. Ele deu um suspiro desanimado.

Virou o rosto e olhou pra Ana, algumas carteiras a sua esquerda.

Ela estava com a testa franzida, como se fizesse força pra ler. Sua boca se movia sem fazer som nenhum. Ela estava lendo as questões em silêncio, parecendo tentar entender elas melhor.

O barulho da professora andando ao seu lado fez Harry desviar os olhos de Ana e voltar a olhar pra sua prova. Mas ele ainda não conseguia se concentrar.

Com um suspiro, escolheu qualquer resposta e foi pra próxima pergunta.





Louis tentava se lembrar das respostas. Ficava vendo os cachos de Harry, que se sentava em uma das carteiras mais a frente, e tentando pensar na resposta das questões. E de repente, se lembrava de algo, e fazia uma cara orgulhosa, riscando a opção que ele tinha quase certeza que estava certa.

Uma coisa Louis tinha sorte: ele tinha uma ótima memória.









–Até que estava fácil.

–Não amola Liam. Você acha que todas as provas são fáceis. –Every bufou, encostada na parede ao seu lado. Eles estavam sentados no corredor do colégio, esperando o resto do pessoal sair para eles poderem ir para a biblioteca estudar para a segunda prova do dia. Eles já estavam na segunda semana de provas e finalmente, estava chegando ao fim. Só mais dois dias e finalmente, a liberdade. Mesmo que fosse uma liberdade só por um espaço de tempo, até começar a tensão da entrega das provas e do fechamento das médias do semestre.

–Não é verdade. –Liam respondeu com um resmungo.

–É sim. –Louis disse, sem nem olhar pra eles. Ele dava uma olhada no livro de química no seu colo, folheando as páginas.

Niall se aproximou. Vinha se arrastando pelo corredor, com a cara mais desanimada do mundo, e desabou do lado de Louis.

–Que foi? Não se deu bem? –Liam perguntou.

–Não. Mas obrigada pela ajuda Every –Ele disse desanimado.

–Eu só não queria que você fosse pego. Tente ser um pouco mais discreto da próxima vez, a pobre garota na sua frente estava incomodada.

–Ei, eu estava desesperado ok? Não sabia a resposta de nenhuma!

–Você devia ter vindo estudar com a gente mais vezes. –Liam o repreendeu.

–Mas eu vim! Vocês me arrastaram quase todos os dias para aquela biblioteca e aquela monitoria!

–Mas todos os dias você chegou as quatro e meia da tarde, quando estávamos quase indo embora. –Louis respondeu com um tom impaciente.

Niall não retrucou nada, apenas bufou.

–Qual sua próxima prova? –Liam perguntou.

–Literatura. –Niall arrastou as palavras, como se elas fossem um peso.

Liam então se levantou num pulo, colocando a mochila nas costas.

–Anda, vamos pra biblioteca estudar. Quem sabe conseguimos salvar alguma coisa.

Niall deu um suspiro desanimado e levantou-se como se alguém o estivesse forçando a fazer aquilo. Liam passou a mão por seu ombro e os dois saíram pelo corredor.

–Nos vemos na biblioteca! –Liam disse, já no meio do caminho.

Então sobraram Every e Louis ali, sozinhos.

Louis estava ainda entretido no livro de química e Every, como sempre, se perdeu e quando percebeu, estava olhando para Louis fixamente. Ela tinha que parar com aquilo antes que alguém visse e achasse que ela estava a fim de Louis ou tinha virado uma louca como aquelas garotas da classe dela que sempre estavam por perto olhando pra eles.

–E ai, como vocês foram? –Zayn apareceu depois de alguns minutos e se sentou do lado de Every cruzando as pernas, fazendo ela parar de olhar Louis.

–Ahn...fomos bem. Eu acho. –Ela respondeu, um pouco distraída.

–Eu fui bem. –Louis respondeu, com a voz segura.

Zayn abriu sua mochila, olhando pra Every.

–E então, vamos estudar um pouco de literatura?

–O Liam e o Niall já estão na biblioteca estudando, se você quiser ir...

–Hum... Vou só esperar os outros, assim podemos ir juntos. –Zayn disse despreocupadamente, abrindo o livro no seu colo.

Louis finalmente levantou seu rosto do livro e olhou pra Zayn, que olhava pro livro e nem viu e depois pra Every e levantou as sobrancelhas sugestivamente, como quem diz “Esperar os outros, sei”. Every sabia o que ele queria dizer com aquele olhar. Zayn estava esperando Ana.

–Sabe o que eu acho? Que a gente devia ir indo! Eu acabei de lembrar que quero que você me explique uma coisa de literatura que eu não entendi... –Every disse, um pouco alto demais, se levantando.

–Mas... você disse que o Liam está lá! Ele provavelmente pode te ajudar mais que eu!

–O Liam não é da nossa sala. Anda, vem! –Every respondeu, com seu jeito mandão, estendendo a mão pra Zayn, como se aquilo não fosse um convite, mas sim uma intimação.

Zayn abriu a boca para responder algo, mas desistiu no meio. Suspirou e estendeu a mão pra Every, que ajudou ele a se levantar.

–E você vai com a gente Louis.

–Eu?!

Every apenas olhou pra ele, fazendo uma careta.

Louis não ia se dar ao trabalho de argumentar. Tanto fazia estar ali, sentado no corredor como na biblioteca. Por isso suspirou e se levantou, seguindo Every e Zayn pelo corredor.









Ana saiu da prova um pouco desorientada. Achou que ia bem, mas não tinha conseguido se concentrar nem se lembrar da matéria no final das contas. E ficou tentando, achando que era só por que não estava se concentrando o suficiente, mas a verdade é que não se lembrava das respostas. Ela podia ficar ali por horas que isso não ia mudar.

Ela deu um suspiro desanimado, colocando os cabelos pra trás das orelhas e começando a andar pelo corredor, enquanto imaginava a bronca que ia tomar da mãe se pegasse uma recuperação no verão.

Agora precisava achar os outros e estudar pra prova de química, que também ia ser pesada. Não queria repetir o mesmo fiasco, já que ela tinha estudado muito pra química. Não podia simplesmente esquecer das coisas naquela prova.

–Ana?

Ana parou, demorando um segundo pra reconhecer aquela voz. E então ela se culpou. Fazia tanto tempo assim que ela não escutava ele chamar seu nome?

Se virou e viu Harry. Ele estava conversando com dois garotos da sala deles, mas se despediu e correu em sua direção pelo corredor.

–E ai? Foi bem na prova?

Ana suspirou.

–Não. Acho que não. Eu não consegui me concentrar nem me lembrar das respostas.

–Nem eu – Ele disse, os olhos verdes em cima dos dela, a voz mais rouca e baixa que de costume. Por um momento ela ficou um pouco desorientada de novo. O que Harry queria?

–Ahn... acho que eu tenho que ir... estudar pra química. Não quero me dar mal de novo –Ela tentou falar, se culpando por estar gaguejando. Não gaguejando tipo “você é tão bonito que mal consigo formar uma frase enquanto você olha pra mim”, mas sim do tipo “eu era sua amiga e você não fala comigo faz quase um mês e aparece assim, como se nada estivesse acontecendo e me deixa confusa”.

–Tudo bem, eu vou com você. O Louis me mandou uma mensagem dizendo que eles estão na biblioteca.

O que ela podia fazer? Logo os dois estavam andando pelos corredores da escola em silêncio. Não um tipo de silêncio natural, mas um tipo de silêncio que incomoda e que você fica pensando sobre o que vai falar.

–Eu achei.... –Ela falou, mas ele falou por cima dela, ao mesmo tempo.

–Ei, outro dia eu....

Os dois pararam, e deram uma risada nervosa. Harry passou a mão pelos cabelos. Cara, por que aquilo era tão difícil? Era Ana, sua amiga desde que ele tinha 11 anos! Não devia ser tão difícil assim falar com ela.

–Pode falar – Ela disse, parecendo meio envergonhada.

–Eu...

Então o grupo do comitê social da escola parou na frente deles. Um garoto japonês, uma menina de cabelos vermelhos berrantes (Ana sempre gostou do cabelo dela) e outra garota morena, com brincos coloridos, que sempre carregava uma câmera fotográfica no peito como se fosse um colar.

–Ei, festa, amanhã á noite, na quadra da escola. –O garoto japonês estendeu um folheto laranja berrante pra eles.

Harry franziu a testa e pegou o folheto.

Ana observou por cima do ombro dele.

“VENHAM FESTEJAR O FIM DAS PROVAS NA QUADRA COBERTA DO COLÉGIO! Sexta feira, a partir das 21 horas. Bebidas, comida e DJ.”

Harry olhou pra Ana, que olhou pra ele e deu os ombros.

–Esperamos vocês lá! –A garota morena falou, animada demais, como se aquela fosse a festa do ano.

O grupo se afastou, entregando mais folhetos para os alunos que passavam. Logo, todo mundo carregava uma daquelas folhinhas laranjas.







–O que é isso? –Louis perguntou, arrancando a folha laranja do meio do caderno de Harry enquanto ele puxava uma cadeira pra se sentar com os outros na mesa da biblioteca.

–É a festa de fim de provas. – Ana respondeu, sentando na cadeira vaga ao lado de Harry – Entregaram enquanto estávamos vindo pra cá. Estão entregando pra todo mundo.

–Por que eu não recebi uma? –Every puxou a folha da mão de Louis para ler, sem nem esperar ele terminar.

–Talvez por que você não seja tão popular como eu – Harry fez uma cara séria que fez Every rodar os olhos. Liam, Zayn e Niall, que estavam concentrados estudando, levantaram os olhos pra ver do que eles estavam falando. Every passou o papel pra Liam, e Niall e Zayn se espremeram tentando ler também.

–Não acredito que eles ainda não desistiram dessa babaquice. –Niall disse quando finalmente Liam passou o papel pra ele ler direito. –Essa festa parece uma festa de igreja. Ninguém nunca aparece.

–Lógico que não. Quem vai aparecer numa festa que não tem nem bebida alcoólica? –Zayn respondeu, com a voz entediada.

–Quem vai aparecer numa festa quando seus professores estão nessa festa? –Harry completou.

–Não sei por que eles insistem nisso. –Every bufou, cruzando os braços em cima dos cadernos e deitando sua cabeça ali. –É deprimente. Depois não sabemos por que os outros colégios olham pra gente com pena.

_Por que nosso colégio tem que dar as piores festas enquanto o COB fecha uma balada no sábado pros alunos?

Louis estava observando tudo calado.

O assunto pareceu acabar. Liam retomou a explicação da matéria para Niall e Zayn, enquanto Harry começou a abrir seu caderno e Ana folheava seu fichário buscando as anotações de química que tinha colocado por ali naquela manhã.

– Ao menos que a gente mude isso... –Louis de repente falou, com uma cara que indicava que algum plano estava se formando na sua cabeça.

Ana olhou pra Every, que virou os olhos como se aquilo não fosse muito digno de atenção.

–Como assim? –Zayn perguntou, já que ninguém parecia querer tomar o primeiro passo.

–É uma festa no colégio! Nunca pensamos no potencial que isso pode ter...

–Louis, vamos repetir. Não-tem-nem-bebida. –Niall respondeu pausadamente, como se Louis tivesse algum problema para entender as coisas.

–E ninguém aparece. –Zayn completou.

–Só os nerds do clube do comitê social. Isso só por que eles são obrigados a ir nessas festas. –Harry disse, lembrando do pessoal que tinha entregue o folheto pra ele.

–Eu acho eles legais... –Ana murmurou e Harry olhou pra ela franzindo a sobrancelha como quem diz “Como assim?”. Ela sorriu encolhendo os ombros, como quem responde “Eu acho ué!”

–Tudo isso não importa, por que podemos reconvidar todo mundo e, se prometemos bebida e algumas coisas a mais, todo mundo vai aparecer...–Louis respondeu com sua voz prepotente, como se tudo aquilo que os outros tivessem falando fosse bobagem.

–Louis, os professores organizam a festa! –Harry bateu a mão no caderno, fazendo sua voz fofa-e-brava. Louis não estava entendendo que aquela era uma festa sem salvação? Eles nunca tinham sequer tinham cogitado a possibilidade de aparecer naquela festa nos anos anteriores, por que iam fazer isso agora, no último ano de colégio?

Será que eles iam chegar no fundo do poço assim?

–Sua descrença só me faz querer fazer dessa a melhor festa do ano. – Louis imitou Harry, batendo no seu caderno e o encarando. Harry deu um sorriso, e Louis sorriu também.

–Que seja... –Every suspirou. – Mas fique sabendo, meu querido amigo, que ninguém vai aparecer e vai ser um fracasso, como sempre é e sempre foi.

–Olha, dá pra parar de ser pessimista e me ajudar aqui?

–Só por curiosidade, o que você está pensando em fazer pra salvar essa festa? –Zayn perguntou, do outro lado da mesa, enquanto jogava seu corpo pra trás, brincando de balançar com a cadeira, se equilibrando apernas nos pés de trás dela, com sua voz descrente.

–Bom. Existe três coisas que somos muito bons. Primeiro, em convencer as pessoas a fazer algo.

–Se eu fosse bom nisso, eu estaria transando mais – Niall murmurou, riscando o caderno com o queixo apoiado no braço. Zayn deu risada ao seu lado.

–SEGUNDO – Louis levantou a voz, indicando que não queria ser interrompido, sem ligar pro comentário de Niall. – Somos bons em conseguir bebidas. E outras coisas. E finalmente, em terceiro, somos bons em deixar nossa marca.

Todos ficaram em silêncio, cada um olhando para Louis com cara de quem não entendeu absolutamente nada e está tentando processar alguma coisa.

Só Every que mantinha a mesma expressão desde o começo daquela conversa, como se não visse a hora daquele assunto morrer.

–Tem outra coisa que você esqueceu Lou –Every descruzou os braços –Somos bons em nos meter sempre em confusão! E não de um jeito bom! Eu não quero me ferrar nessa.

–Olha, pelo menos me escutem! Eu tenho um plano, e ele é muito bom. Não vamos nos ferrar.

–Não? –Liam cruzou os braços do lado de Louis, parecendo Every. –Ok, primeiro me diga, como vamos entrar com drogas e álcool na escola, numa festa do colégio, com professores em todo lugar?

–Eles não vão estar em todo lugar! –Louis disse, com sua voz tipo “não exagera!” – E pílulas são muito fáceis de esconder. Podemos encher nossos bolsos e as bolsas das meninas com elas.

Every apenas levantou uma sobrancelha.

–Só lembrando que pílulas não são drogas! –Niall defendeu seu território.

–Ótimo. O Niall já se ofereceu para ajudar nisso! –Louis jogou sua cadeira pra trás, e bateu nas costas de Niall.

–EU? –Sua voz saiu esganiçada, e ele arregalou os olhos. –Eu não prometi nada! Não posso ser expulso do colégio agora! Meu pai me mata se eu for expulso!

–Que seja. –Every interrompeu Niall. Ela não queria perder tempo discutindo detalhes de uma coisa tão absurda. Queria que Louis terminasse logo de contar aquele plano pra todos poderem dizer “Não” e voltar a estudar. –E a bebida Louis? Por que não dá pra trazer vinte garrafas escondidas na nossa bolsa, e duas não vão dar pra todo mundo.

–E você realmente vai ser expulso se alguém te pegar com bebida no colégio. –Harry murmurou.

–Ninguém vai ser expulso. Primeiro, por que a bebida não vai estar no colégio. Vai estar na rua, que é um local público.

–Mas eles vão ver a gente! –Every suspirou. – Eles não vão ligar e vão nos expulsar do mesmo jeito.

–Aooo menosss que....–Louis cantou – Não seja um aluno desse colégio que traga as bebidas...

Todo mundo ficou em silêncio, olhando um pro outro e tentando entender o que se passava na cabeça de Louis. Louis se virou para Every, ao seu lado esquerdo.

–O Max pode trazer pra gente.

Zayn deu uma risada, Harry também. Uma risada tipo “Não tinha pensado nisso!” Era uma boa ideia, eles não podiam negar.

–Eu não sei... –Every respondeu. Aquilo estava indo longe demais.

–Sabe sim. Ele faz isso pra gente – Louis falou de um jeito decidido, que passou despercebido pros outros, mas que incomodou um pouco Every – A bebida vamos resolver, e você – Ele olhou pro Niall – veja as pílulas.

–Vamos precisar de muitas se quisermos que seja pra todo mundo. – Harry disse, com sua voz arrastada, batendo o lápis no caderno.

–Podemos comprar daquele cara da sua rua e vender na festa. – Louis deu a resposta, olhando pra Niall. –Fiquei sabendo que ele tem muita coisa pra vender.

Louis. Sempre inconsequente, pra tudo tinha uma resposta simples.

–No Spencer? Ah não, eu não vou não vou no Spencer sozinho –Niall reclamou. – Ele não tem uma fama muito boa no meu bairro...

–O Harry vai com você – Louis olhou pra Harry, que abriu a boca para reclamar, mas Zayn foi mais rápido e falou antes dele.

–Tá, mas com que dinheiro vamos pagar isso?

Louis passou a mão pelo encosto da cadeira de Every, olhando pra ela, como se aquela fosse a resposta.

–Então a Every vai com a gente! – Harry falou depressa.

–EU?

–Sim, você é a mais durona de nós – Harry murmurou, e aquilo fez Liam dar risada.

–Olha, tá tudo muito bem, mas e a parte do “deixar nossa marca”? –Ana interrompeu a conversa. –O que você quis dizer com isso?– Todos ficaram quietos novamente e olharam de novo pra Louis.

Ele apenas sorriu.

–Pra que íamos ter todo esse trabalho pra uma festa no colégio se não podemos bagunçar as coisas um pouquinho? –Ele tinha aquela expressão prepotente de sempre, como se ele soubesse algo que ninguém mais sabia.

Todos continuaram quietos, esperando.

–Bom... vamos dizer que vai ser uma pequena surpresa. Quem vier, vai ver.

Aquilo não significava muita coisa, mas Louis sempre tinha uma saída pra tudo, e se ele estava falando aquilo, é por que ele também tinha um bom plano.

–E então.... quem está dentro? _Louis concluiu, olhando pra todos.

Todos ficaram um pouco em silêncio, olhando para baixo.

–Que seja! Vamos nessa! –Zayn bateu o lápis na mesa sorrindo.

Liam e Niall se olharam e encolheram os ombros.

Harry olhou pra Ana, que suspirou.

–Se todo mundo está dentro, eu estou.

Louis olhou pra Every, a única que ainda continuava quieta.

O sinal tocou naquele instante, indicando que o intervalo tinha acabado. Eles tinham que voltar pra sala, mas nenhum deles se moveu.

Every bufou, e deu um sorriso como se não quisesse sorrir e tivesse se segurando muito pra não fazer aquilo, mas acabou escapando.

–Vocês são todos loucos.

Louis sorriu e apertou os ombros dela, enquanto os outros começaram a levantar e recolher o material.

–E você pensou em tudo isso assim tão rápido? –Harry fez uma caretinha como quem diz “Puxa, você é um ninja”, enquanto se levantava e olhava pra Louis.

–Eu sei. Eu devia ganhar um prêmio – Louis respondeu de uma maneira orgulhosa.

–Sim. O prêmio de quem mais mete a gente em roubadas. – Liam concluiu.

–Ah Liam, o que seria da vida se não vivêssemos enquanto somos jovens? –Louis disse, de um jeito que parecia um pai dando um conselho ao filho.







(Trilha sonora - Pré-festa ♪ Rita Ora - How we do)

–Ei Harry, você vai na festa amanhã?

Harry olhou pra Paul, um colega de sua classe, que passou do seu lado do corredor. Ele estava com aquela garota que era namorada dele, e os dois olharam pra Harry esperando a resposta. Harry tinha acabado de sair de uma prova maldosa de química, então ainda estava meio perdido.

–Eu...ahn. Você quer dizer a festa do colégio?

–É! O Louis disse que vai ser ótima. –Paul se aproximou um pouco dele, falando um pouco mais baixo – E ele disse que vai ter uma diversão “extra”, se é que você me entende –Paul levantou a sobrancelha.

–Ahn....acho que sim... –Harry tentou dar um sorriso, mas ainda estava meio confuso. Quer dizer, seus amigos tinham combinado aquilo no intervalo, depois entraram para fazer as provas. Louis foi o primeiro a deixar a sala, mas isso fazia tipo, cinco minutos! Como ele podia...?

–Legal. Nos vemos lá então! –Paul sorriu e abraçou a namorada, saindo pelo corredor.

–Foi bem na sua prova? – Every apareceu atrás dele, colocando a bolsa no ombro e guardando algo dentro dela enquanto caminhava pelo corredor. Pelo visto tinha acabado de sair da sua sala também.

–Ahn...acho que sim. Ei, esse garoto acabou de vir me perguntar da festa.

Every olhou pra Harry com a mesma careta que ele tinha feito minutos atrás, quando Paul veio falando da festa, ou seja, como se não tivesse entendendo sobre o que Harry falava.

–Ele disse que o Louis convidou ele, e prometeu uma diversão “extra” –Harry fez o sinal de aspas com os dedos. –Quer dizer, nós ainda nem combinamos isso direito. Vamos mesmo fazer isso? Isso tem chance de dar certo?

Every suspirou, por que pra aquela pergunta ela não tinha uma resposta.

–Droga... ele está mesmo levando a sério essa ideia.

–Acho que sim – Harry passou a mão pelos cabelos, com aquele tique que ele tinha de empurrar a franja de lado.

–E você sabe que quando o Louis tem um objetivo, ninguém consegue convencer ele a simplesmente desistir... –Every murmurou.

Harry concordou, enquanto os dois atravessaram os corredores e saíam do colégio. O gramado estava cheio de pequenos grupinhos se encontrando depois da última prova do dia, comparando respostas e verificando os livros.

E Louis estava lá, sentado na muretinha, digitando algo em seu celular.

Every apontou Louis ali sentado, e ela e Harry caminharam em direção dele.

–Ei!

Louis levantou os olhos azuis pra Every, parada na frente dela e franziu os olhos. Fazia um pouco de sol, um sinal que o verão estava próximo, e o dia estava bem claro.

–Fala. –Ele voltou a digitar algo no celular.

–Louis, você está mesmo convidando o pessoal pra essa festa? –Harry perguntou, tomando um pequeno impulso e sentando sobre a muretinha, do lado de Louis.

–Ué. Pensei que tínhamos combinado uma coisa. Somos bom em convencer as pessoas lembram? Droga... meus créditos do celular vão acabar....–ele resmungou –Me empresta o seu Evy. –Aquilo não era uma pergunta.

–Pra que?

–Pra eu continuar mandando mensagem chamando todo mundo pra festa!

–Mas...

Louis apenas fez uma careta e um sinal com as mãos pra ela andar logo. Every bufou e colocou o celular na mão de Louis com um pouco mais de força do que precisava.

–Eu já estou fazendo minha parte – Louis falou, com os olhos pregados na tela do celular – e acho que vocês podiam ir fazendo a de vocês. Vocês dois tem que ir com o Niall comprar as paradinhas.

–Louis! Por que temos que ir fazer isso? – Every resmungou, com uma voz manhosa.

–Ué, você tem que ir por que alguém tem que pagar, e sem você, a florzinha aqui não vai – Ele apontou pra Harry do lado dele. –E você –Ele olhou pra Harry –tem que ir por que tem essa carinha bonitinha e ninguém te faria mal. – Ele apertou as bochechas de Harry que reclamou com um “ai”, e depois ficou passando a mão no lugar onde Louis tinha apertado.

–Ei, umas cinco pessoas vieram me perguntar da festa! Vocês já estão falando com as pessoas? –Liam chegou perto deles, parecendo perdido.

Louis apenas virou os olhos.

–Bom, quando me comprometo a fazer algo – Ele se levantou do murinho, e devolveu o telefone pra Every – eu FAÇO. Agora resta vocês fazerem a parte de vocês.

Every abriu a boca pra responder algo, mas Louis fechou os olhos e respondeu, a voz alta, como quem diz “Não quero escutar”.

–FAÇAM A PARTE DE VOCÊS!

Louis então virou as costas.

–Vai valer a pena! – Ele gritou, andando pelo gramado. Um grupo de garotos passou por ele e ele os chamou.

–Droga, ninguém pode parar o Louis. Ele é um caminhão descontrolado quando quer algo – Every suspirou, ainda olhando pra ele no gramado. –Melhor a gente fazer isso de uma vez.

Ela se virou, vendo Liam ainda do seu lado.

–Você quer ir com a gente?

–Eu? Eu não. Eu tenho treino e ainda tenho que estudar pras duas últimas provas de amanhã. E mesmo que não tivesse nada disso, eu ia inventar algo pra não ter que ir com vocês. –Ele sorriu, e Every deu um soquinho na barriga dele, que dobrou o corpo antes que ela encostasse.

–Não vamos te dar nenhuma das pílulas que a gente conseguir.

–Eu nem queria mesmo. –Ele abraçou Every e lhe deu um beijo na testa – Agora deixa eu ir. Boa sorte pra vocês.

Every ficou vendo Liam cruzando o gramado, e quando ele já estava distante, ela se virou pra Harry.

–Anda, vamos esperar Niall na porta da sala e vamos logo buscar essa porcaria.








Harry, Niall e Every estavam parados na porta da frente da casa de Spencer. Every tinha acabado de tocar a campainha, que tinha um som de passarinhos, como a casa de uma avó. A casa era amarelinha, com grades brancas e um jardim na frente.

Aquilo não parecia a casa de um fornecedor de drogas.

Harry se movia ao seu lado como se tivesse com vontade de ir no banheiro, e parecia querer sair dali tanto quanto ela. Niall então, parecia que ia cair no choro a qualquer momento. Mas antes que algum deles falasse algo e desistisse de fazer aquilo, a porta se abriu e uma garota apareceu ali.

Ela vestia um roupão preto e bem curto de cetim e saltos altos. Ela tinha o rosto maquiado demais e os cabelos castanhos num coque alto. Ela olhou primeiro pros lados, como se tivesse checando se havia alguém espiando pela rua, até que olhou pros três ali parados e pareceu meio surpresa.

–Hum. Vocês não estão pensando em ir todos juntos não é?

Os três trocaram um olhar. Do que ela estava falando?

–JUDITE! Seus clientes estão aqui!– Ela gritou para dentro da casa, chamando alguém –E acho que a namorada de um deles veio junto. Ou o namorado dele. Eu não sei... –Ela fez uma caretinha confusa.

–Não, eu não sou namorada de ninguém! –Every falou, com Harry e Niall falando ao mesmo tempo que ela.

–Nem eu, não somos namorados. Nem dele, nem dela! –Harry completou.

–Nós nunca nem nos beijamos. Eu juro! –Niall falou, como se alguém o estivesse culpando por algo.

–Não? Eu não estou entendendo então... –A garota continuou com aquela cara confusa, parecendo mais tapada que perigosa. Outra garota surgiu atrás dela, e usava apenas um conjunto de calcinha vermelha e um sutiã.

Harry e Niall congelaram, arregalando os olhos.

–Eles estão dizendo que não são seus clientes... –A garota tapada falou pra outra, que olhava pra eles como se também não entendesse.

–Nós só viemos falar com o Spencer – Every disse, já impaciente com aquela confusão. Não sabia o que estava acontecendo ali, só sabia que queria pegar logo aquelas pílulas e sair dali o mais rápido que podia.

–Ah! Vocês são do Spencer? –A garota pareceu aliviada em finalmente entender. –Andem, entrem, entrem antes que alguém veja vocês ai parados na porta!







Harry e Niall tentavam parecer normais, mas estavam suando frio. A garota de calcinha vermelha estava ali, sentada entre eles no sofá, com o pé apoiado na mesinha de centro da sala, enquanto retocava o esmalte dos pés.

Every estava sentada do lado de Harry e observava a garota pintando a unha com um interesse verdadeiro enquanto eles esperavam Spencer chamar por eles.

Que raios de lugar era aquele? Ali dentro, aquilo continuava parecendo a casa da tia de alguém. Eles estavam numa sala iluminada, com uma grande porta de vidro que dava para um pequeno jardim aos fundos, uma TV grande na parede, toalhinhas com vasos em cima da prateleira e dois quadros com paisagens pendurados na parede creme.

O sofá também era creme e atrás deles tinha uma escada pro andar de cima.

Porém, a garota semi nua ao seu lado lembrava Every que aquela casa era tudo, menos normal.

Every observou Niall olhar pra Harry e mover a boca, perguntando “Que p* é essa?” e olhar pra garota e Harry encolher os ombros, com os olhos meio arregalados e as bochechas vermelhas. “Eu não sei!”, ele respondeu, apenas movendo os lábios como Niall tinha feito. Não que eles nunca tivessem visto uma garota de sutiã e calcinha. Mas eram garotas do colégio e não uma garota igual aquela, mais velha e com tanta ...naturalidade?

–Qual de vocês é o Niall? –Eles escutaram a voz de uma mulher entediada perguntar. E quando olharam pra frente, ali estava uma garota, até que bonita mas parecendo muito mal encarada, usando apenas uma pequena saia transparente e uma calcinha preta minúscula. E sem sutiã. Seus peitos eram duas bolas de silicone.

Harry e Niall ficaram mudos na hora.

–É o loiro – Every suspirou. –Niall, anda!

–O Spencer vai falar com você agora, pode subir. Judite, você não devia estar se preparando pro seu turno na webcam?

A garota de lingerie vermelha levantou, bufando e sumindo pela porta da sala. E enquanto isso, Niall nem havia se movido. Continuava sentado, paralisado como uma estátua.

–Anda Niall, ele está esperando! –Every disse baixinho, empurrando seu joelho.

–Eu...eu preciso de um tempo antes de levantar! –Niall gaguejou, o rosto ficando tão vermelho que parecia que ia pegar fogo.

–Como assim? –Every reclamou com ele.

–Every! –Niall parecia nervoso, sua voz saiu em um gemido. –Eu preciso de um tempo!

Every não entendeu. Olhou pra garota com os peitos de fora na sua frente. Ela parecia ter entendido e só virou os olhos como se achasse aquilo uma perda de tempo. Pegou uma almofada de uma poltrona ali do lado e colocou no colo de Niall, com um gesto impaciente e um pouco menos de delicadeza que devia.

–Pronto, agora você já pode levantar. O Spencer não gosta de esperar.

Niall olhou pra Harry, o único que entendia ele ali. Harry fez um sinal com a cabeça pra ele ir, e então ele levantou, devagar, como se tivesse feito xixi nas calças, e começou a andar com aquele jeito estranho, mantendo a almofada na frente da virilha.

Every ficou vendo ele andar com passinhos estranhos e então sua ficha caiu.

–Niall...você não está exi...

–CALAABOAEVERY!

Ela colocou a mão na boca, tentando não rir. Harry olhou pra ela, e também teve que engolir seu riso, enquanto Niall subia as escadas devagar.







–Eu gosto do seu batom.

A garota dos peitos pra fora levantou os olhos da revista de moda que estava folheando e olhou pra Every sentada no sofá, com Harry ao seu lado. Harry agora tentava não olhar pra garota e mantinha seus olhos em outra direção, pra não acabar como Niall.

Ele tentava pensar em bichinhos no zoológico, naquela garota estranha do colégio e em qualquer coisa que fosse oposto a sexo, peito e tudo mais. Já estava fazendo efeito, por isso ele continuou olhando pra um dos quadros da parede enquanto a garota dava um meio sorriso para Every.

–É da Nars.

Every agora já estava mais a vontade. Afinal, ela estava esperando que o lugar fosse uma boca, uma casa toda quebrada em algum bairro perigoso, com polícia passando a toda hora e pessoas mal encaradas. Ela tinha que ver o lado bom, ali só tinham garotas peladas e se não fosse por isso, pareceria uma casa normal.

Não havia nada pra ter medo.

–Ei, ele quer falar com nós três.

Every virou o rosto, escutando a voz de Niall no topo da escada.

Harry fez a mesma coisa, e viu o amigo lá, olhando pros dois.

–Como assim?

–Eu não sei! Anda! –Ele fez um sinal com a mão para eles subirem.

Os dois se levantaram e foram para a escada, subindo em direção a Niall, e então seguiram ele por um corredor estreito e um pouco escuro, onde todas as portas estavam fechadas. No fundo, havia uma porta encostada, com um filete de luz refletindo no carpete cinzento do chão.

Niall abriu a porta e eles entraram.

O sol batia em cheio naquele lugar, e a sala tinha uma iluminação que fazia tudo parecer confortável e bonito, aquela luz que dá vontade de se aninhar no sofá e dormir no quentinho. Havia uma mesa de madeira, com um computador e papéis sobre ela, de uma maneira organizada, um sofá próximo a parede, com estampa de flores e duas poltronas com as mesmas estampas.

E era ali que estava o homem segurando um gato branco.

Um homem bem esquisito. Ele era baixo, era magrelo e tinha um bigode num formato engraçado e bizarro, como Salvador Dali, puxado pra cima.

–Intã sã vocisquequierem compmi mercadoria?

Harry e Every arregalaram os olhos e se olharam, totalmente assustados. Não tinham entendido uma palavra do que aquele cara falava, com um sotaque impossível de adivinhar.

–Ele perguntou se nós que vamos comprar a mercadoria dele – Niall disse baixinho.

–Ahn...ah sim!

–Sim senhor –Harry respondeu, e Every olhou pra ele, franzindo um pouco o rosto como quem pergunta “Por que você está chamando ele de senhor?” Harry contraiu os ombros e arregalou os olhos um pouco, como quem diz “Que você quer que eu faça?”

Parecia a coisa certa chamar alguém de “senhor” quando aquela pessoa parecia que podia pular em você e te cortar em pedacinhos.

Enã custumvendê prapessoadaidadhi de vocs. Afinel, a polic podch mipegá.

Os três ficaram em silêncio, olhando pra ele, até que ele explodiu em gargalhadas.

Niall arregalou os olhos assustado. Harry e Every trocaram um olhar.

Num instante o homem esquisito parou de rir e olhou pra eles, fechando a cara.

Vocs nãvão rir?

–Ah sim! Foi boa a piada! –Niall disse depressa. Harry começou a tentar rir, mas estava assustado demais pra aquilo, então o som saiu meio engasgado. O homem começou a rir de novo e eles fizeram um esforço para parecerem que estavam rindo.

Vamsaosnegócis. – O homem parou de rir e se levantou, deixando o gato no chão e indo até a mesa, onde ele se sentou e começou a mexer nos papéis.

Ana, Harry e Niall aproveitaram para trocar olhares. Todos eles pareciam perdidos e assustados e patéticos. Aquela sem dúvida tinha sido a pior ideia do ano, do século. A pior ideia da vida deles.

–Aquidiz qvicêspidiraoquarenta píluls.

Every, Harry e Niall continuaram em silêncio, e o homem levantou a cabeça de repente, olhando pra eles com aquela expressão de quem podia arrancar a cabeça deles só pra se divertir.

–ÉISSO?

Niall se encolheu quando o homem gritou, e Harry respondeu com uma voz desengonçada, um pouco alto demais.

–Isso mesmo senhor!

Every daria risada se não tivesse tão assustada.

–Entãovoudizer. Eu gostodajuventudi. A juventudiéofutur. Vicisvãmsermeuspróximsconsumidoris. Meusproximscompradoris. Quemsabe, meusproxims distribuidoris. Eu gosto de gentsdiferentchi. E eufuicom acaradevocis.

O homem voltou a mexer nos papéis, pegando uma caneta e começou a falar mais baixo, como se tivesse falando consigo mesmo.

–Vamsfazeroseguinch. Vou dar pravicis duzents pílulis.

Every, Harry e Niall levantaram a cabeça ao mesmo tempo, assustados.

–Não, não! Só precisamos de quarenta! –Every respondeu. –Vamos vender só nessa festa do nosso colégio.

–Nem vai ser uma festa tão grande. _Niall tentou fazer uma voz firme, mas ela insistia em sair aos trancos.

–É, vai ser uma festa bem ruim na verdade – Harry tentou ajudar, mas o homem franzia a testa como se tivesse analisando eles, e aquilo não era bom. Eles então pararam de falar, e o homem continuou olhando pra eles em silêncio.

Harry podia sentir sua camiseta grudar nas suas costas. Só pensava em sair dali logo e cancelar toda aquela maldita ideia de festa e socar Louis.

–Vocs levamas duzents.

E ele voltou a baixar a cabeça.

–Não podemos! –Niall voltou a protestar.

–Queremos apenas quarenta, quarenta está bom – Every completou, tentando soar simpática.

Issoeudecido – O homem manteve sua voz baixa.– Eeu deciduzentos. Agorpodemsair.

–Senhor Spencer – Niall se adiantou e aproximou-se da mesa, meio sem pensar. O homem olhou pra ele de uma maneira que fez ele dar dois passos pra trás.

–EunãosouSenhor. Senhorehmeupai. Tenhocaradomeupai?

–Ahn...não, não! –Niall balançou as mãos na sua frente.

–Definitivamente não! –Harry completou.

–Eu só...nós não podemos pagar por duzentas pílulas. Temos apenas dinheiro para as quarenta pílulas.

Nãprecispagaragora. –Ele disse simplesmente, voltando a riscar os papéis.

Niall olhou pra Every, meio sem saber o que fazer. Harry também parecia perdido.

Euseidevoces –Spencer continuou falando, sem olhar pra eles. O gato pulou em cima da mesa nesse instante e deu um miado, olhando pros três como se estivesse tirando uma da cara deles. –Você moranaruadebaixo –Ele apontou pra Niall sem olhar pra ele, ainda olhando para os papéis –Vocêfilhadoprefeit –Ele apontou pra Every, no meio deles –E vocêeunãoconheço, massei quevocêgostdassuasbolas e nãovaiquererperder elas –Harry engoliu a seco– E vicis studanoRoundview.

E então ele ergueu os olhos.

–Se não pagarem, eu mando alguém cobrar de vocês – Ele disse, surpreendentemente claro. Harry, Niall e Every deram um passo pra trás, arregalando os olhos. –Agorpodissair.

Every olhou pra Niall e Harry que pareciam paralisados.

No fim, Harry tinha razão. Ela era a mais durona ali, e ela sabia que com aquele cara não adiantava discutir, ou as coisas podiam ficar pior. Por isso ela virou as costas e empurrou Niall e Harry pra porta.







–Merda, merda, merda! –Harry disse com a voz chorosa, colocando o saco enorme e cheio de pílulas na mochila com as mãos tremendo – Onde vamos esconder isso até a festa?

–NÓS TEMOS DUZENTAS PÍLULAS E UM CARA LOUCO AMEAÇOU A GENTE E VOCÊ ESTÁ PREOCUPADO EM ESCONDER ISSO? COMO SE ISSO FOSSE A COISA MAIS IMPORTANTE A SE PENSAR? –Niall estava histérico.

–Calma. A gente vai pensar em alguma coisa. A gente tem que ter uma ideia – Every suspirou fundo, mas a verdade é que por dentro ela também estava surtando. Os três estavam parados na sala, onde uma das garotas de calcinha tinha acabado de entregar pra eles um saco enorme cheio de comprimidos que Harry agora lutava para enfiar na mochila. Mas não cabia. –Me dá isso aqui! –Ela disse nervosa, arrancando o saco da mão de Harry, que pareceu aliviado. –Anda, tira seu moletom.

–O que? –Harry perguntou, franzindo a testa.

–Seu moletom! Anda!

Harry fez uma careta, mas abriu o zíper do moletom e o tirou, entregando pra Every. Every enrolou o saco de pílulas e segurou ele como se fosse um bebê, ajeitando a bolsa em seu ombro.

–Eu vou ficar com isso. Nós vamos dar um jeito, mas agora, vamos cair fora daqui.






Uma senhorinha olhou para os três sentados no ponto de ônibus. Eles tinham os olhares perdidos no chão, desligados do mundo. A garota segurava um bebê, enroladinho em um tecido grosso que parecia um blusão.

–Quem é o pai? –A velhinha decidiu perguntar. Os três olharam pra ela como se nem tivessem percebido que ela estava ali.

–Ahn?–O garoto loirinho fez uma careta.

–Do bebê – A senhoria apontou para o bolinho no colo da garota.

–Ahn, nós não sabemos. – O garoto de cabelos encaracolados respondeu.

Não era a toa que os três estavam com aquelas caras de perdidos, pensou a velhinha.

Essa juventude de hoje em dia...







Niall estava devorando seu terceiro big hamburger em menos de uma hora e já estava pensando no sexto. Every apenas sugava o milk shake na sua frente, com o olhar perdido, os pensamentos longe. Harry só mexia no pratinho de batata frita a sua frente, sem comer nada.

Eles escutaram o sino da porta fazendo barulho, e a voz de Ana e Zayn invadiu a lanchonete. A voz de Louis vinha logo depois da deles, e quando Harry levantou o rosto, os três estavam ali.

–Ei! E ai, pegaram o bagulho? –Louis perguntou animado, puxando a cadeira na frente de Harry e se sentando, roubando uma batata frita de seu prato e pondo na boca.

–Nossa, o que aconteceu? –Zayn perguntou enquanto sentava, notando que havia algo de errado. Os três pareciam estar vindo de um enterro.

–O que aconteceu? Isso aconteceu! –Niall respondeu, puxando o saco e colocando no meio da mesa.

–Ei! Você está doido!!! –Harry resmungou, jogando seu moletom em cima do saco e puxando pra si, olhando em volta para ver se alguém tinha visto alguma coisa. Por sorte a lanchonete estava praticamente deserta.

–Deixa eu ver isso ai!????? –Louis de repente não tinha a mesma voz animada de antes.

–O combinado não era só umas quarenta pílulas? Ai tem muito mais de quarenta! –Ana perguntou, assustada.

–Não me diga Senhorita-sabe-tudo! –Niall respondeu. Como ele ainda estava nervoso, sua voz saia cínica e dura. –Talvez você devesse ter ido com a gente para se certificar que a quantidade estava correta!

–Ei, peraí – Zayn interviu, a voz séria. –Não precisa falar assim. Conta direito o que aconteceu.

–Deixa que eu conto –Every empurrou Niall de leve, quando ele já se preparava para dar outra resposta atravessada –Olha, nós fomos na casa do cara, o Spencer. Completamente maluco. E o cara disse que íamos levar duzentas pílulas. Simples assim.

–E vocês não disseram nada? –Louis ainda tinha os olhos arregalados, sem acreditar no tamanho do saco ao lado de Harry, coberto pelo moletom.

–Claro que falamos! Nós falamos que não íamos querer, mas então ele ameaçou a gente. Ele era completamente louco Louis! –Every também parecia nervosa, e se Every estava falando aquilo, era por que o negócio era sério.

Todos ficaram em silêncio por alguns minutos, até que Louis suspirou fundo.

–Bom, se está feito está feito.

–Agora vamos ter que arrumar um jeito de conseguir vender tudo e pagar para o Spencer. –Harry completou, perdido. –Ou então ele vem atrás da gente e corta nossas bolas.

–E nem eu tenho dinheiro agora para pagar por isso se a gente não conseguir vender. E acho que o Spencer não vai ficar esperando até que eu invente uma boa desculpa para pedir esse dinheiro pro meu pai. – Every suspirou.

Os seis voltaram a ficar no silêncio, cada um perdido em seus pensamentos.

Eles nem escutaram o sino tocar de novo, e nem perceberam alguém se aproximando da mesa.

–E ai pessoal? Vocês me mandaram uma mensagem?

Os seis levantaram o rosto e viram Liam ali parado, com suas roupas de ginástica, parecendo animadinho. Mas na hora que ele viu a cara dos amigos, ele parou de sorrir instantaneamente.

–Que aconteceu?










Harry passou a toalha com força nos cabelos, tentando secar o máximo que podia antes de ir se deitar. Já estava de pijama e o quarto já estava escuro, apenas a luz do abajur do lado da sua cama ligado.

Aquele tinha sido um longo dia, e depois de um longo e merecido banho quente, ele não via a hora de se enfiar debaixo das cobertas e dormir pesado até o dia seguinte, esquecendo de tudo por pelo menos algumas horas. Mas a cara de Spencer ficava aparecendo na sua cabeça, dizendo que sabia onde ele estudava.

Deixou a toalha molhada na cadeira da escrivaninha e suspirou, se jogando na cama e puxando as cobertas. Nesse instante, o celular tremeu em cima de sua mesa.

Ele estendeu o braço, pegando o aparelho.

“Não se preocupe. Tenho certeza que suas bolas ficarão bem”.

Harry deu um enorme sorriso. A piada era boa, mas a melhor parte era que a mensagem vinha de Ana.

Ele se deitou e ficou olhando pra aquilo de um jeito meio bobo, com o sorriso ainda estampado no seu rosto. De repente, seu dia tinha se tornado o melhor dia das últimas semanas. Quanto tempo fazia que eles não trocavam mensagens de noite?

“Eu espero que sim” ele digitou, e enviou pra ela.

Depois de dois minutos, o celular tremeu de novo.

“Eu sinto muito” ela tinha escrito.

O coração de Harry deu um aperto estranho e todo seu corpo ficou tenso.

Aquela pequena frase e um milhão de significados pra ela.

Ela sentia muito pelo que tinha acontecido, ou ela sentia muito por eles dois?

Era finalmente o pedido de desculpas que Harry estava esperando a quase um mês?

“Eu também” ele digitou em resposta.


(Trilha sonora - Mensagem de Ana ♪ One Direction - Change My Mind)


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Notas finais do capítulo

Eu adorei escrever essa conversa da biblioteca. :)