Suddenly escrita por Lara


Capítulo 14
14. Agonia


Notas iniciais do capítulo

OLÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, VOLTEI! - sei que ninguém sentiu minha falta mas né kk -

E por favor, comentem! É muito importante para a história.
Obrigado por não me abandonarem :')

Ok, vou parar de tagarelar, podem ler :D Bom proveito, espero que gostem.



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– Bom dia queridos amiguinhos! - gritou Chaz feliz.

– Bom dia - dissemos eu e Emma com voz de sono.

– Lá vem - Justin revirou os olhos.

– Sabe porque eu estou tão animado? - perguntou Chaz comendo um pedaço de sua torrada.

– Porque você percebeu que é retardado, e que sendo retardado você pode ser idiota aonde quiser sem que as pessoas julguem você? - sugeriu Justin dando um sorrisinho falso. Eu e Emma rimos.

– Não, caro colega-que-se-acha-engraçado. Porque eu já tenho a nossa programação para hoje! - ele disse animado.

– Porque a gente tem que fazer algo todo dia? Tínhamos que tirar um dia para relaxar, essas coisas... - implorou Emma.

– Porque a gente tem que aproveitar as férias, se pensarmos não temos tanto tempo assim... - ele começou a dizer. Se bem que o retardado ambulante até tinha razão. Pensar que teríamos que ir embora logo era ruim.

– Pensei que as férias serviam para relaxar sabe. - Justin revirou os olhos.

– Não comigo aqui - Chaz disse num tom de "conversa encerrada".

– Mas enfim, qual é a tal programação? - perguntei curiosa.

– Trilha - ele apenas respondeu animado.

***

– Emma, você não pode andar de sapatilha na trilha amor! - disse Chaz carinhosamente, ao ver as sapatilhas amarelas de Emma, que fez cara de dor ao ir trocar os sapatos, fazendo eu e Justin rirmos.

Segundos depois, Emma veio desfilando como se fosse uma top model, num par de rasteirinhas azuis. Justin e eu rimos ainda mais.

– Emma - começou Chaz tentando colocar uma fingida voz doce nas palavras -, rasteirinha também não!

Emma abriu a boca, mas não conseguiu expressar toda sua frustração, então mostrou o dedo do meio para Chaz e voltou para o quarto. Chaz fez uma careta de surpreso/indignado e eu e Justin já estávamos vermelhos de tanto rir.

Depois de longos minutos, Emma saiu do quarto com um tênis pink, digno de uma loja de patricinhas. Nós caímos na gargalhada e Emma nos mostrou a língua.

– Pelo menos esse tênis espantam os animais venenosos. - Disse Chaz rindo.

– Vai ter animais venenosos? - perguntamos eu e Emma ao mesmo tempo.

Chaz e Justin trocaram um olhar significativo.

- É brincadeira dele - Justin nos tranquilizou, mas sua voz era um tanto duvidosa.

Quando chegamos na praia, avistamos o morro ao longe. Eu nunca tinha notado, mas era realmente muito grande e bonito. Seu verde chamativo das copas de árvores e campos contrastava com o mar. Percebi que meus amigos também admiravam ele.

Chaz começou a andar, como se fosse nosso líder, e disse: "Avante!" - Isso não se fala em guerras? - Quando estávamos chegando na ponta da praia, avistei Amy e Nick, sentados em algumas pedras, conversando. Meu rosto se abriu num sorriso.

Será que finalmente estavam juntos? Amy reparou que eu a olhava, e disfarçadamente sorriu para mim. Aquilo deu a entender que aquilo era só o começo de algo que estava por vir. Me surpreendi ao perceber que estava muito feliz por ela.

Justin reparou no meu silencioso momento feliz e fez uma expressão de interrogação também silenciosa. Eu balancei a cabeça rindo, como quem diz "você não precisa saber disso". Ele sorriu, fazendo uma carinha fofa de persuasão, o que me fez rir ainda mais. Justin deu um sorriso sem dentes, agora com outra expressão. Seus olhos brilhavam para mim, como se quisessem gritar algum segredo, alguma confissão. Fui tomada, por um intenso desejo de chegar mais perto e olhar ainda mais fundo em seus olhos, e também em sua boca...

Mas um não-disfarçado pigarro me tirou do "momento de desejo secreto da Pamy". Eu e Justin rapidamente viramos a cabeça, saindo de uma densa bolha, que tínhamos criado em apenas segundos.

Justin e eu haviamos parado no meio do caminho, sem perceber, e ficamos nos olhando. Minhas bochechas queimaram de vergonha.

– Podemos interromper o clima silencioso de vocês? Temos um morro para subir - disse Chaz impaciente. Emma olhou de cara feia para ele e lhe deu uma cotovelada.

– Hãm... - eu tentei responder, mas nada saiu. Chaz e Emma riram e começaram a subir o morro. Tentei não me concentrar muito em Justin no resto da subida, para, sabe... não causar acidentes.

Só que acontece que não era uma subida. Era uma HIPER SUPER MEGA ULTRA POWER subida. Na metade do caminho eu não tinha mais folêgo.

– Chega - soltei num suspiro - podem continuar sem mim, me deixem morrer aqui - falei e sentei no chão. Emma parecia que realmente ia morrer. Ela estava com a cara roxa, sem ar, e não falava nada há um tempão. Justin também já estava mal. Chaz era o único que continuava com um sorriso no rosto.

– Vamos loirinha - ele disse dando um leve beijo em Emma - você consegue.

– Sério, gente, não quero mais ir, estou cansada e já está escurecendo. - eu disse balançando o rosto.

– Mas eu quero chegar no topo. - disse Chaz triste. Dava para perceber como ele realmente queria aquilo.

– Mas vá - eu disse com afeto - é só que eu vou voltar, ok?

– Eu vou com você. - falou Justin cansado.

– Eu fico, Chaz - Emma falou com esforço.

– Mesmo? Tem certeza? - Chaz disse duvidoso.

– Sim - disse Emma decidida, suspirando longamente. É, ela realmente ama esse retardado. Lindo, o amor.

– Voltem antes do escurecer e não façam coisas proibidas na floresta - eu ordenei como uma mãe protetora.

– Haha - disse Chaz sem achar graça e Emma corou. Nos despedimos, e eu e Justin começamos a voltar vagarosamente.

– Acho que Emma realmente ama o Chaz - eu disse, enquanto caminhávamos.

– Por que? - ele disse rindo.

– Ela relutaria em aceitar andar por uma trilha, ainda mais por tanto tempo - falei dando risada.

– É verdade - ele disse meio sonhador, como se isso lhe desse o que pensar.

– O que? - perguntei vendo sua expressão. Ele sorriu.

– Acho que eles meio que... se completam. Sabe - seu tom de voz confessou que ele já tinha pensado nisso antes, o que me surpreendeu.

– Sim. Um entende o outro - concordei - Emma sempre vai ser a companheira de Chaz e Chaz sempre vai ser o porto seguro de Emma.

Justin me olhou como se eu tirasse as palavras de sua boca.

– Será que... será que um dia eles vão se casar? - ele perguntou receoso.

– Talvez. Acho que não existem outras pessoas que possam completar eles com acontece agora. - eu sugeri. Justin concordou com a cabeça, pensativo. Eu fiquei o observando. Nunca tinha visto esse garoto pensativo, era até engraçado, mas tomei cuidado para não rir e estragar o momento. Apenas minutos depois ele percebeu que eu o olhava.

– O que você está olhando? - perguntou surpreso, rindo.

– Nada - eu ri e abaixei a cabeça. Vi meus tênis todos sujos de terra.

– Eu sei que é porque eu sou gostoso. - ele disse na maior convicção, me fazendo olha de borca aberta para ele e depois cair na gargalhada. Ele me olhou indignado.

– Sim, eu sou gostoso sim - ele disse frustrado. E eu continuei rindo, até que...

– PAMY, CUIDADO! - Justin gritou subitamente. No mesmo milésimo senti algo rasgar minha pele e uma grande região das minhas costas e braço começou a se contorcer em uma dor que ardia e queimava.

– Aaaaaaaah!!!!!!!!! - gritei em agonia. Justin rapidamente me segurou, pois a dor do corte me empedia de se mexer. Ele parecia preocupado e assustado quando olhou o que havia acontecido. Ouvi ele ofegar.

– Pamy... é um corte, hã muito profundo. - ele disse ofegando.

– Me ajuda, está doendo muito. - minha voz saiu sufocada em agonia. Parecia que algo em mim estava cortando mais e querendo abrir meu braço e minhas costas e aquilo queimava. Justin tentou examinar o corte, e seus dedos saíram dali cheios de sangue, o que me fez minha dor piorar ainda mais.

– Calma, calma. - ele murmurou para si mesmo - Eu vou... eu vou limpar o corte. Fica parada. - ele ordenou tentando me acalmar enquanto eu grunia de dor.

Com uma mão, ele conseguiu alcançar dentro de sua mochila uma garrafinha de água, e usou para limpar todo o corte, o que fez eu me curvar de dor, tornando ainda mais insuportável a agonia. Lágrimas já saíam dos meus olhos e eu estava meio zonza.

Justin fez o que pode para tampar o corte nas costas. Para o braço, ele arrancou um pedaço da minha blusa que havia sido rasgado com o corte, e amarrou com firmeza. No momento eu não entedi porque ele estava fazendo aquilo. A agonia me queimava, o sol derretia sobre minha pele e eu estava com um terrível enjoo e cansaço. Minha pressão havia baixado muito, com o sol forte.

A última coisa que realmente vi foi um um galho pontudo da árvore ao meu lado, todo ensanguentado. As próximas horas foram um tanto agonizantes. Eu não tive certeza do que realmente vi, ou não vi. Sei que tudo o que eu olhava estava desfocado, e meu corpo fraco era arrastado por Justin, e suas palavras de incentivo se perdiam nos seus lábios, sem eu saber o que significavam.

Depois, apenas recordei de estar em uma cama quente, as costas ardiam um pouco e o teto era cor de creme. Um vulto ao meu lado chamava o meu nome, mas eu não conseguia responder, e apaguei.

Acordei depois do que achei ser um longo tempo, tremendo as pestanas. O lugar demorou um pouco para se focalizar, mas finalmente aconteceu. O teto cor de creme havia sumido. Então percebi que eu estava no meu quarto.

– Justin? - chamei nervosa.

– Hã? - disse uma voz sonolenta e assustada ao meu lado. Me levantei com cuidado, sentando na cama. Justin estava deitado ao meu lado na cama, e aparentemente estivera dormindo. Suas vestes estavam todas sujas de terras como as minhas.

– Como você está? - ele perguntou preocupado.

– Eu estou bem melhor - falei. Minhas costas não estavam mais doendo, havia apenas um formigamento nos lugares cortados. Olhei e havias curativos limpos e brancos colocados com cuidado no meu braço e provavelmente nas costas também. - O que aconteceu?

– Você estava... muito mal. Consegui trazer você até a enfermaria, e a médica cuidou de você. Disse que sua pressão havia baixado muito e havia perdido bastante sangue. Seu corte era mesmo bem profundo. Ela fez curativos decentes e depois você apagou. Carreguei você devolta para cá, achei que você ia querer. - ele disse sem parar. Seu rosto parecia muito cansado e definitivamente ele estivera preocupado e agoniado.

– Sim, eu queria mesmo - dei um sorriso fraco. Como ele podia me conhecer assim?

– Estou com sede - reclamei e me levantei. Justin veio para cima de mim como se quisesse me segurar.

– Não está doendo - eu o tranquilizei, mas ele continuou me seguindo.

Fui até a cozinha e peguei um copo d'água. Só depois de toma-la, vi o quanto eu estava sedenta. Um pingo d'água caiu na minha barriga, o que achei estranho. Surpresa, percebi que minha blusa havia virado um top e minha barriga estava descoberta. Justin havia rasgado a maior parte da blusa para estancar o sangue.

Ele percebeu que eu olhava a blusa e pareceu envergonhado, corando. Eu comecei a rir e parei quando vi que ele me observava demais. O top/blusa realmente estava MUITO curto. Ele me olhava descaradamente e em um transe quando joguei o resto de água na cara dele, que pulou assustado.

– Você mereceu - eu disse rindo, o fazendo rir também. De repente, algo importante me veio á mente.

– Justin, onde estão o Chaz e a Emma? - questionei. Seus olhos se arregalaram, ele também só havia pensado nisso agora. Lá fora estava uma completa escuridão, e já haviam se passado horas desde que deixamos eles.

– Será que eles estão bem? - ele perguntou preocupado. Aquilo era muito estranho.

– Vamos esperar mais uma meia-hora, se eles não aparecerem, vamos informar a pousada, está bem? - falei nervosa, rezando para que eles chegassem.

Mas esperamos. Andamos de um lado para o outro. Esperamos mais. Nos olhamos várias vezes, aflitos. Esperamos mais. Mas eles não apareceram.

– Está bem, vamos falar com a agência - Justin disse decidido. Ele saiu pela porta e eu o segui, com dificuldade. Caminhamos até a central de informações, onde para minha raiva, a tia encalhada tomava um café e lia uma revista de moda, como se fosse muito estilosa. Justin pigarreou.

– Como posso ajudar, queridos? - ela disse com a voz mais falsa do mundo.

– Achamos que nossos amigos estão perdidos na trilha do morro da praia, você poderia mandar uma equipe de busca? - Justin tentou ser o mais simpático possível.

– Acham? - ela fez cara de desdém. Eu realmente queria socar a cara dela, e Justin talvez percebeu isso, porque recomeçou a falar rapidamente.

– Sim, e não podemos arriscar. Por favor, chame a equipe - ele disse num tom não mais amigável. Ela fez uma cara indignada, mas levantou vagarosamente e saiu resmungando.

– Quero bater na cara dela - falei entre os dentes.

– Quando isso tudo terminar, nós vamos arranjar um jeito de colocar mais algum bicho no quarto dela. - ele prometeu.

– É por isso que eu te amo - eu disse sem pensar, rindo. As palavras soaram estranhas nos meus lábios. Justin me olhou surpreso, mas sorriu.

A equipe de busca chegou rapidamente, e eles eram atenciosos e legais. Quando eles estavam prontos para irem para o morro, Justin virou e disse: "eu vou junto".

– Eu também - respondi e comecei a andar, mas ele me impediu de continuar - o que? - perguntei.

– Você não pode Pamy, você está com dois enormes curativos com cortes profundos, você acha que vou deixar você ir? - ele perguntou cético.

– E quem disse que você manda em mim? - respondi irritada - são os meus amigos também.

– Eu só quero ver quando você se machucar de novo lá, e vai atrapalhar a busca! - ele disse e começou a me carregar a força para o quarto 5. Tentei protestar, mas nada adiantou.- Fica quietinha aí Pamy, que logo vou voltar com eles. - ele me assegurou. Eu estava brava e irritada e mostrei o dedo do meio para ele, que riu.

O tempo que passou foi o mais longo da minha vida. Eu imaginei mil situações que o casal Cemma poderia ter se metido, algumas engraçadas, outras trágicas e preocupantes. Meu pé batia tão impaciente no chão que poderia formar um buraco a qualquer hora. Eu me sentia cansada, fisicamente e mentalmente. Estava toda suja de terra, com cortes e curativos, que estavam ardendo mais agora que os efeitos dos analgésicos que eu havia tomado estavam passando.

Depois de mais instantes agonizantes, finalmente a porta do quarto 5 se abriu. Justin adentrou primeiro, ofegante. Logo atrás vinha Chaz quase imperceptível de tanta terra que tinha no rosto e nas roupas, segurando Emma, que dormia e andava ao mesmo tempo, e estava tão suja quanto Chaz. Os dois aparentavam estarem exaustos, então apenas se dirigiram aos quartos, para tomar banho e dormir, achava eu.

– O que aconteceu? - perguntei quando eu e Justin ficamos sozinhos na sala.

– Eles se perderam na trilha, e passaram por várias outras coisas, amanhã explicamos tudo direito. - Justin parecia extremamente cansado, mas estava sorrindo. Eu também sorri. Nada como ter seus amigos vivos e sujos de terra!

Justin se encaminhou até a porta do seu quarto, mas eu o impedi com um toque.

– Hey... - eu fiz ele se virar e olhei no fundo de seus olhos - muito obrigada... por tudo - tentei dizer o mais sinceramente possível, o que ele entendeu e balançou a cabeça, sorrindo. Eu me inclinei e beijei levemente seus lábios. Nós dois sabíamos que bastava por enquanto. E também sabíamos que ia bastar só por hoje.

E lentamente, eu me dirigi até o meu quarto, pensando que talvez o dia não tivesse sido tão agonizante assim, não com ele ao meu lado.


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Notas finais do capítulo

ENTÃO, O QUE ACHARAM?

COMENTEM!

É IMPORTANTE PARA MIM SABER SE VOCÊS ESTÃO GOSTANDO!