From The Scarecrow. escrita por odinsons


Capítulo 2
Juliet


Notas iniciais do capítulo

Até que tô conseguindo escrever rápido!
Se bem que amanhã eu volto às aulas e, consequentemente, à lentidão...
Aliás, já deixa eu esclarecer: a maioria dos capítulos serão nomeados com músicas da Emilie Autumn, porque eu acho que se encaixam bem à situação de asilo psiquiátrico.
Enjoy guys!



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The consequence is hanging there

The sky will fall but I don't care.

Na segunda-feira seguinte à publicação do anúncio, Jonathan chegou à sua sala e encontrou uma pasta plástica transparente contendo alguns papéis dentro. Havia uma etiqueta colada, descrevendo aquilo como os currículos enviados para o mais novo cargo no Arkham Asylum. Crane esboçou um sorriso e depositou sua pasta sobre um canto de sua mesa. Pegou a pasta e começou a ler os currículos, um a um, separando-os em duas pilhas. Levou o dia todo fazendo isso.

A escolha tinha de ser perfeita. Ele não podia arriscar escolher a mulher errada, visto que, uma vez que ela estivesse dentro do Arkham Asylum, não poderia sair. Uma vez dentro dos esquemas, dentro dos experimentos e dos estudos, ela não poderia simplesmente ser demitida, caso não fosse afetuosa o suficiente. A escolha devia ser exata, erros não podiam ser admitidos em nenhum processo seletivo para ingresso no Arkham.

Ao final do dia, Crana havia separado 8 currículos satisfatórios. Entregou-os para a secretária e disse-lhe para marcar entrevistas com aquelas garotas para o dia seguinte. Ela lhe perguntou o porque de tanta urgência na contratação de um novo membro da equipe.

–Acredite em mim, srta. Pfeiffer: é urgente o suficiente.

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Logo que chegou, no dia seguinte, o dr. Crane já encontrou uma das candidatas conversando com Pfeiffer. Era bonita. Loira, de cabelos na altura do ombro, e de estatura baixa, com sorrisos surgindo fácil nos lábios. Seus olhos eram cinzentos, dando-lhe uma beleza certamente exótica. Mãos delicadas, com unhas curtas e esmalte claro. Usava uma calça jeans, uma blusa simples, porém bonita, e um sobretudo que ia até os joelhos, tudo branco, como uma psiquiatra deveria se vestir. Em seus pés, uma delicada sapatilha.

Eu gostei, pensou Crane, delineando um sorriso no rosto.

Ele chamou a atenção das duas mulheres desejando-lhes bom dia. Pfeiffer retribuíra o cumprimento e apresentara:

–Esta é a srta. Juliet Ferio, dr. Crane.

Juliet se levantou e estendeu a mão para Jonathan, sorrindo. Ele apertou sua mão.

–É um prazer conhecê-lo, dr. Crane. Devo dizer que seus estudos são extremamente fascinantes.

Crane soltou sua mão e arqueou as sobrancelhas. Era a primeira vez que via alguém falando de seu trabalho, sem ser professores da faculdade que estudara ou alunos que leram sua tese.

–Você... já leu minhas teses? -perguntou ele, nitidamente impressionado.

–Como não poderia? São admiráveis! -ela falava de um modo sério e contido, porém ele conseguia sentir a excitação em sua voz- Eu realmente me surpreendi com todos os seus estudos sobre o medo no psicológico humano. São inusitados e... -ela parou por um instante e respirou fundo- Eu sei, estou parecendo uma fangirl maluca.

Crane riu.

–Realmente, está. Mas fico muito contente com o fato de você se interessar pelas minhas pesquisas. São poucas as pessoas que as procuram e, pior, que as entendem.

–É uma pena que ninguém reconheça o quão genial você e seus estudos são.

–As pessoas inteligentes reconhecem.

Ela ficou sem palavras. Abriu a boca, como se fosse falar algo, mas a fechou um instante depois, corando ligeiramente e lhe dando um sorriso singelo.

–Srta. Ferio, irei atendê-la em um instante. Deixe-me só dar uma arrumada no meu escritório, certo?

–Sem problemas, dr. Crane.

Ele entrou em sua sala e deu uma ordenada nos papéis, jogando vários no lixo e arquivando pilhas e pilhas de relatórios e fichas. Tirou as várias pastas de cima das poltronas e voltou-as todas no armário. Arrumou canetas, clipes, bloquinhos de nota, livros e o computador. Com um espanador que mantinha dentro de uma das gavetas da mesinha de centro, tirou o pó do sofá pouco usado. Quando terminou, deu uma olhada geral para ver se não deixara nenhuma bagunça aparente. É só eu não precisar abrir o armário que está tudo certo.

Foi até a porta do escritório e pediu para que Juliet entrasse. Assim que ela o fez, ele ajudou-a a tirar o sobretudo e o pendurou no mancebo perto da porta. Fez um gesto para que ela se sentasse no sofá e pediu para que ela ficasse a vontade. Foi até sua mesa e pegou o currículo com o título “Juliet Celarent Ferio” e sentou-se também no sofá, defronte à médica.

–Muito bem, srta. Ferio. Universidade de Psicologia de Gotham. Não preciso nem discutir isso. Sei muito bem o quão boa é a universidade de nossa cidade -ele pegou os óculos que estavam pendurados no colarinho do suéter que usava e os colocou- Antes de mais nada, a pergunta clássica: por que quer esse cargo, senhorita?

–Vocês disseram que precisavam de atenção e gentileza. E de sorrisos. Penso que esses três requisitos querem dizer, mais precisamente, afeto. E, visto que trabalhei durante 3 anos auxiliando crianças no principal hospital de Gotham City, acho que sou o suficiente afetuosa para ser colocada no cargo.

Jonathan se impressionou, tanto com sua articulação ao falar quanto à conclusão que ela chegara sobre o afeto.

–Como chegou à conclusão sobre o afeto, srta. Ferio?

Ela deu de ombros.

–Intuição feminina.

Crane sorriu. Ela é esperta.

–Eu disse que era inteligente -ele tirou o óculos e deixou o currículo dela sobre a mesa de centro. A entrevista com Juliet iria muito além do que perguntar sobre a experiência profissional e as clássicas indagações sobre pontos positivos e negativos de sua personalidade- É exatamente isso que estamos procurando, afeto para determinados internos. Muitos estão, como eu posso dizer...

–Enlouquecendo? -ela sugeriu, em uma voz doce. Crane até chegou a pensar que havia um certo tom de perigo ali.

Ele franziu as sobrancelhas.

–Exatamente. Enlouquecendo. Você deve ter tido aula sobre demência, logo deve saber que é comum em asilos psiquiátricos destinados a criminosos.

–Eu sei. E também sei que afeto e carinho são como remédios, adiando o enlouquecimento de pacientes.

–Ah, sabe?

–Meu projeto de conclusão de curso foi sobre isso -ela sorriu, orgulhosa.

Crane voltou a se recostar no sofá.

–Ótimo. Também deve saber que o afeto e carinho podem combater ligeiramente o medo, que tanto entorpece a mente humana, fazendo com que retarde os sintomas dessa intoxicação.

–Sim, eu sei.

–Sabe?

–Estava no seu projeto de conclusão de curso.

Jonathan tinha quase certeza de que nunca soltara um sorriso daquele antes. Aquela garota era perfeita. Era esperta, inteligente e demonstrava dominar todo o conteúdo que declamava. Se não tivesse mais 7 médicas pela frente, teria contratado-a naquele exato instante. Porém, havia a pequena possibilidade de haver alguém melhor do que ela. Achou melhor não demonstrar toda a sua satisfação.

–Muito bem, srta. Ferio, acho que nossa entrevista acaba aqui. Tenho material o suficiente sobre você para decidir sobre a sua contratação, caso você seja a médica que mais tenha se destacado.

–Obrigada pela oportunidade, sr. Crane -disse ela, pegando a bolsa, se levantando e estendendo-lhe a mão.

Ele se levantou também e retribuiu o cumprimento.

–Independente do resultado, pode me chamar de Jonathan, srta. Ferio.

Ela sorriu novamente, exibindo a perfeita dentição. Crane a ajudou a vestir o sobretudo e abriu a porta para ela.

–A propósito -disse ela, antes de sair- Juliet, ok?

–Como preferir -ele respondeu, de maneira amável.

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O dia seguiu com as outras sete entrevistas. Todas elas fracas. Sem nenhuma exceção. Cada vez que uma das candidatas abria a boca para dizer qualquer coisa, Crane desejava ter Juliet naquele sofá. Todas elas eram entediantes. Só sabiam numerar os diversos estágios, empregos, pós-graduações, menções honrosas, livros. Nenhuma tinha tido a sagacidade de Juliet, o atrevimento. Quando a última entrevistada saiu, Crane pegou todos os currículos e os rasgou, jogando-os no lixo. O único que não iria para o aterro sanitário seria o de Juliet Ferio. Ele já fez questão de colocar uma nova pasta no arquivo de funcionários. Ligou para Pfeiffer e disse para que ela arrumasse uma das salas do terceiro andar para a srta. Ferio. Depois, pegou o telefone e discou o número residencial da primeira entrevistada.

–Alô?!
–Parabéns.

–Dr. Crane?

–Jonathan.

–Ah, me desculpe. Eu vou demorar para me acostumar a chamá-lo pelo primeiro nome.

Ele riu.

–Por favor, acostume-se rápido. Aliás, tem outra coisa que você precisa fazer o mais urgente possível: trazer suas coisas para cá.

–Sério?

–Sim, senhorita.

–Ah meu Deus! Muito obrigada, sen... Jonathan! Amanhã mesmo já estarei aí para começar!

–Obrigada, Juliet. Só Deus sabe o quanto precisamos de você aqui.

–Prometo que farei um bom trabalho.

–Perfeito. Até amanhã, minha cara Juliet.

–Até amanhã, Jonathan.

Ele se recostou na cadeira e pôs os pés sobre a mesa, sorrindo para o nada. A partir de agora, as coisas no Arkham Asylum começariam a mudar.



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Notas finais do capítulo

É isso ♥



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