Cap. 12 – A familia Mustang
Riza voltou somente algum tempo depois e com uma cara de poucos amigos que deixou os dois com um pouquinho de medo de levar um tiro.
- O que tem de tão interessante nessa paisagem?
- Não vejo nenhum de vocês.
- Ai! Essa doeu!
- Desculpa, a gente não queria te deixar tão brava, não é?
- É! Foi só uma brincadeirinha.
- Oh... Certo, mas eu não garanto a integridade física de vocês em caso de reincidência.
A loira colocou a palma de mão direita sobre a testa e fechou os olhos.
- O que foi, Riza?
- Enxaqueca.
- Você ainda tem isso, maninha?
- Não com freqüência, só quando fico nervosa.
- Que isso, Riz, foi só uma brincadeirinha...
- Não foi por causa de vocês. Eu estava no vagão restaurante e tinha umas pessoas que comentaram sobre Ishival...
- Vem cá.
Rick puxou a puxou pelo braço.
- Eu não tenho mais cinco anos, Rick!
- Mas ainda é minha irmãzinha!
O loiro colocou a loira em seu colo com a cabeça em seu ombro e as pernas esticadas.
- Dorme. Ainda temos duas horas de viagem.
- Ok.
Roy ficou observando a cena e sentiu um pouco de inveja de Rick, queria estar no lugar dele.
Ishival fora um inferno.
A pior guerra que aquele país já viu...
Se não fosse por Riza e Maes não tinha certeza de que teria superado.
-
-
Minutos antes do trem parar, Rick acordou a irmã que parecia bem melhor.
- Já? Nossa!
- Você apagou, está melhor?
- Sim, sem enxaqueca.
Ela tirou uma escova de cabelo da bolsa e um fashion óculos escuros.
- O que foi? Não estou a fim de aparecer com cara de quem está de ressaca.
- Vamos?
- Na verdade eu queria comer primeiro.
- Tem um restaurante muito charmoso aqui perto.
- Uma gracinha, nós três aparecermos carregando malas.
- O que tem? Não devemos nada para ninguém!
- Certo...
Caminharam pela cidadezinha que estava coberta de neve. De todos os lados haviam pessoas agasalhadas conversando, crianças brincando com a neve. Um ar de cidadezinha de interior, tão diferente do da cidade Central.
- Lembra Brokemontain City, né Riz?
- Com certeza.
- Que cidade é essa?
- Nosso avô tem uma casa lá, todas as férias ele tirava licença e levava a gente para lá.
- Bons tempos!
- É aqui!
O restaurante era um lugar bem rústico com cara de interior. Tinha uma varandinha onde ficavam algumas mesas que tinham vista para a praça de cidade.
- Eu adoro esse tipo de lugar...
- ROY!!
Uma voz aguda veio do outro lado da rua.
A dona era uma moça que devia ter um metro e setenta, loira platinada de olhos cor de mel. Os cabelos ostentavam um corte reto até o queixo e o rosto possuía traços finos.
Era muito bonita.
- Minha nossa! Quanto tempo, em?
O moreno não fazia a menor idéia de quem era a mulher.
- Não me fala que você se esqueceu de mim... Luciana, a gente estudou juntos!
- Luciana Martins?
- Isso!
Ela abraça Roy e lhe dá um beijo no rosto.
- O que faz por aqui?
- Vim passar o natal com meus pais, mas e você o que anda fazendo? Casou?
- Eu? Que isso, não tenho vocação para isso, pelo menos ainda não. Quem são seus amigos?
- Desculpe, esses são Ricardo e Riza Hawkeye, meus amigos.
- Prazer.
Ela estende a mão e os dois atendem o cumprimento.
- O prazer foi nosso.
- Com certeza.
Riza não havia gostado nem um pouco da mulher.
- Bem, não quero atrapalhar, aproveitem o café e Roy depois dá uma passadinha lá em casa ainda moro no mesmo lugar.
Ela lança um sorrisinho que quase mata Riza de raiva.
- “Um tipinho desse não ia fazer falta para a humanidade!”
- Riz...
- Hum?
- Vamos sentar...
- Ah ta!
Os três se sentam.
- Um café sem açúcar e vocês?
- Um café com creme... Riz?
- Um capuccino com doce de leite.
- Hai. Já trago os pedidos.
- Então, velha amiga?
Rick perguntou.
- É... Pode se dizer que sim. Estudamos juntos, fizemos crisma... Sabe como é.
Luciana havia acabado de entrar para a lista negra de Riza. Mais uma que dormiu com Roy e queria um segundo hound.
- Eu imagino. Velha amiga.
- Que não faria falta nenhuma para a humanidade.
Resmungou Riza.
- Disse alguma coisa Riza?
- Não, estava olhando a praça.
- Ah.
- Aqui está. Espero que gostem! Mais alguma coisa?
- Um pedaço de torta de morango e um de torta de kiwi, por favor.
- Certo.
- Você vai passar mal se ficar comendo só doces.
- Relaxa, depois eu como um pãozinho de arremate.
- Aff! Mas Roy, como anda Alice?
- Até hoje a Alice namora o mesmo cara, estão noivos, mas sem previsão de casamento.
- Ela dura na queda, e a Mabel não teve mais noticias daquele idiota?
- Que eu saiba não, mas não creio que ela iria querer papo com ele.
- É que da última vez que ela me escreveu há uns meses atrás comentou que o viu na cidade.
- Vocês se correspondem?
- Sim. Ficamos bem amigas.
- Que bom!
Ricardo já estava comendo.
- Gente, isso aqui está muito bom!
- Me dá um pedacinho...
Rick olhou meio torto para a irmã enquanto ela, com o garfo, pegava um pedacinho.
- Larga de ser mala! Eu só peguei um pedacinho!
- Minha comida!
Roy e Riza riram de Rick.
- Ele sempre foi assim?
- Ele seqüestrava a minha sobremesa quando éramos crianças!
- Você nunca comia, fazer esse ser comer era um custo!
- Que criança não tem dificuldade de comer?
- Eu! Nunca tive essa frescura!
- Você não serve de base!
-
-
Depois de mais um tempinho no restaurantezinho e mais alguns encontros com “amigas” de Roy, eles seguiram para a residência da família Mustang.
Ficava um pouco mais afastada da cidade, era cercada por um bosque que atualmente estava coberto de neve. A casa era imponente, grande, deveria ter uns dez quartos. Era estilo colonial do final do século passado.
- Bela casa. Você cresceu ai?
- Sim, meu pai comprou a casa logo após seu casamento. Eu minhas irmãs nascemos aqui.
- Nossa! Eu e a Riz nascemos na mesma casa, mas depois do incêndio nosso pai fechou a casa.
- Nossa! Eu não imagino minha infância em outro lugar...
- Deve ter sido um máximo crescer aqui, você tem mesmo cara de quem adorava subir em árvores.
- Eu deixava minha mãe louca. Mas e vocês?
- Fomos para a Central, a casa era enorme, mas nem de longe era tão boa quanto a casa do Leste.
- Eu não me lembro.
- Uma hora te levo lá, assim que a restauração da casa terminar.
- Eu quero ir também... Se não for incomodar.
- Que nada! Quanto mais gente melhor! Quero dar uma festa!
- Festa?
- Vai ficar pronta perto do meu aniversário.
- Jura? A mamãe ia gostar. Ela adorava festas, não é?
- Sim, muito. Direto ela organizava jantares, reuniões...
- E quem sabe até lá você já não achou um novo amor, Ricardo.
- Tomara. Não gosto da solidão.
- A solidão não é de todo ruim, ás vezes é bom estar sozinho.
- Você precisa de um analista, Riz!
Eles finalmente chegam a casa, o caminho da entrada da propriedade a casa era meio longo.
Roy toca a campainha e logo a porta é aberta.
Uma bela moça de cabelos negros em um corte channel, pele clara e profundos olhos azuis abre a porta. Era Alice, a irmã mais velha de Roy.
Não era muito mais alta que Riza, mas tinha alguns significativos centímetros a mais.
- Leroy!!
Ela abraça o irmão.
- Já estávamos pensando em ir a cidade ver se vocês tinham chegado!
Ela apertava muito forte Roy.
- A... Alice, vo... Você est...
- Oh! Desculpe! Riza!!!
Ela abraça a loirinha e lhe dá um beijo no rosto.
- Que saudades! Você nunca mais voltou e só manteve contato com a Mabel sua tratante!
- Desculpe... É que...
- Depois você inventa uma desculpa e me fala. Agora você deve ser o Ricardo?
- Sim, prazer! – ele estende a mão –
- Prazer. Alice Brandon Mustang. Entrem, está frio.
O pessoal entra e as malas são deixadas no hall, depois cuidariam delas.
- Gente! Olha quem chegou!!
- Meu filho!!
Uma senhora que deveria ter uns cinqüenta e poucos anos, mas aparentava ter bem menos foi abraçar Roy lhe beijando em todos os lugares que encontrava.
Ela tinha cabelos negros até os ombros, olhos azuis, era magra e ainda tinha contornos muito bonitos.
- Para com isso mãe! É constrangedor!
- Por quê? Uma mãe não pode mostrar toda sua afeição por seu filho desnaturado que passa séculos sem dar noticias?
- Não exagere!
- Você fala isso porque ainda não tem filhos! Como você está magrinho! E olha essa cor... Você anda comendo direito? E tomando sol regularmente?
- Mãe!!
- Certo, depois vemos isso! Vejo que conseguiu trazer a jovem Riza de novo! – ela caminha até Riza e a abraça – Como está bonita! Os anos só te fizeram, menina, mas uns quilinhos a mais não te fariam mal.
- Olá Katherine. Você também está muito bem.
- Não seja gentil. Os anos não são gentis depois que se passa dos quarenta!
- Por favor, você está ótima!
- Sei... E esse rapaz deve ser seu irmão, certo?
- Sim.
- Ricardo Fellipe Monteclaire Hawkeye, prazer, senhora Mustang.
- Nada de senhora, eu não pareço tão velha assim, não é?
- Oh, não! Jamais!
- Você é o único dos três que parece estar bem alimentado e corado!
- Eu faço o que posso! A sen... Você tem uma bela casa.
- Garanto que não chega perto das casas que sua família possui.
- Imagine, está tão bonita. A senhora tem um excelente gosto.
- Gostei desse menino!
- Pai.
Roy abraçou um homem muito parecido com Roy. Cabelos negros, um pouco mais comportados e com alguns fios brancos que lhe davam um ar austero, alto com olhos tão negros como os de Roy.
Era visível a semelhança dos dois.
- Pensei que tivesse se esquecido de nós.
- Eu ando ocupado.
- Não seja mentiroso, eu sei que quem trabalha é a jovem Elizabeth.
- Olá, Adam.
- Quanto tempo, menina. Não voltou mais... Não me diga que o Roy não te convidou?
- Hey! Eu convidei sim!
- Ele convidou, eu é que não quis incomodar.
- Você não incomoda. Seja bem vinda.
- Boa tarde, senhor.
- Boa tarde, Ricardo... Estou certo?
- Sim.
- Vocês são mesmo muito parecidos, até parecem gêmeos.
- Não, não, eu sou quatro anos mais velho.
- É mais velho que o Roy?
- Sim.
- Vamos sentar, eu vou trazer um chá!
- Onde está Mabel?
- Acho que dormindo, ela chegou na hora do almoço... Estava muito cansada.
- Ela trabalha, sabe Leroy!
- Vai plantar fava, Alice!
- Então Riza, o Roy continua uma mala sem alça que não faz o próprio serviço?
- Ele tem melhorado, logicamente que na base da “persuasão”!
- Que feio, irmãozinho!
- Ela exagera!
- Eu? Você chega atrasado, dorme no expediente, excede a hora do almoço e eu estou exagerando?
- Assim você queima meu filme!
- Os anos não te consertaram, Roy!
- Fazemos o que podemos pai!
- Imagino!
- Aqui está o chá e algumas bolachinhas!
A mulher põe uma bandeja sobre a mesa e entrega as xícaras cheias do liquido fumegante.
- Comam, o jantar ainda vai demorar um pouco.
- Não, fico só com o chá, mãe.
- Por isso está magrelo desse jeito! Mas e você, Riza?
- Só o chá.
- Até o final da semana eu conserto vocês! Olhem para o Ricardo, por que não são como ele?
- Muito bom, Katherine!
- Obrigada, pelo menos um para apreciar meu trabalho!
- Como se eu não comesse tudo o que você come, querida.
- Você? Por favor, Adam, quando está naquele escritório as coisas que levam apodrecem na sua mesa!
O homem puxa a esposa para o colo.
- Adam!
- RIIIZA!!!
Uma mulher de cabelos negros até a cintura, franja, pele clara, olhos azuis e um corpo escultural corre até loira. Vestia apenas um shortinho preto e uma camiseta mais larga, estava mesmo com cara de quem havia acabado de acordar.
- Mabel!!
- Quanto tempo amiga!! Você veio mesmo!!
- Fui meio que coagida.
- Pelo menos uma coisa de útil o Roy fez. – ela abraça o irmão – Tchuco, da maninha!!!
- Mabel...
- O que foi, Tchuco? – ela usava uma voz infantil – Você pode ser general, mas ainda é o meu Tchutchuquinho!!
Ela beija a bochecha do irmão e sai do colo dele.
- Eu não estou muito apresentável, mas olá... Ricardo. A Riz fala muito de você.
Ricardo estava meio hipnotizado pelos olhos azuis dela. Ela tinha um rosto tão lindo...
- Er... – ela dá uma risadinha – Legal...
- Oh... Desculpe. Prazer!
Mabel também tinha ficado impressionada pelo loiro. Os olhos vermelhos dele pareciam chamas ardentes.
- Bem, eu vou me tornar apresentável... Vamos comigo, garotas?
- Vamos, maninha!
As três vão para o segundo andar.
- Tchutchuquinho?
- Sem comentários.
Roy estava de cabeça baixa.
- Por que você não instala o Ricardo, em filho?
- Certo. Vamos Rick... No caminho eu te conto o que passei nas mãos daquela malucas.
Continua...