Waking Up In Vegas escrita por Hayley


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capítulo 7

- Você tem certeza disso!?

- Pra falar a verdade.. Na vida, a única certeza que se tem é de que, no fim, vamos... Hm, bater as botas. - respondi.

- Isso quer dizer que...que... Você está usando uma linguagem figurada para dizer que nosso fim é numa cova!? Isso traumatiza as pessoas, sabia? - Melli até tentava bater o pé no asfalto com força, pra demonstrar sua real indignação. Só não conseguira por causa de todas as cordas que a amarravam.

- Nãao, criaturinha alada. Eu quis dizer que, independente do que você escolher ser, desde médico até mesmo professor, o seu fim é certo. Não somos eternos. Entendeeeu o motivo agora de ser a única certeza que se tem na vida?

Nós fechamos um acordo. Digo, não eu e Melli, mas sim eu, Melli e Castiel. Quem era esse último aí? O cobrador de impostos. Brincadeira. Castiel é o nome do atual proprietário da loja de artigos desportivos, Kébreas Fussah. Explicamos nossa situação, e ele se compadeceu de nós.  No final deste mês de setembro, haveria uma espécie de Rally de Jeep's, num festival. Aconteceria na Praia de K. H. Neei rah, e competiríamos em duplas. O trato foi o seguinte: Se eu e Melli comparecessemos a este festival levando mais gente, os skates estariam pagos. Pois bem, QUE skates? Aí, as coisas começam a se encaixar.

Precisávamos ir até Las Vegas, e não tínhamos carro. Cerca de 720 quilômetros a pé e chegaríamos no dia de São Nunca. Eu não sabia andar direito de bicicleta, quanto mais de patins. A única coisa que a loja da frente vendia, fora isso, era skate. Carregaríamos junto aquele protótipo já velho e amassado de Mc lânchelo feliz, que pegamos, caham... "emprestado" no avião. 

Para isso, contávamos com uma caixa de papelão. Na frente, unimos dois skates na parte de trás de outro, com ligas metálicas resistentes.  Um ferro velho localizava-se por perto, onde conseguimos esse trambolho e uns pneus. Não, os pneus não eram para substituírem as rodinhas, e sim para sentarmos quando cansássemos. A caixa de papelão ficava presa atrás dos dois skates, como se fosse uma caçamba. Daquelas que ficam atrás dos carros, se é que me entende. Não tínhamos muita prática, então pegamos umas estacas de madeira para ir empurrado contra o asfalto, dando impulso. Castiel iria no primeiro skate, nos guiando até Vegas. Ele colocou um guidão de bicicleta para que pudesse virar nas curvas. Deu pra sacar? Resumindo, iríamos numa geringonça. Fisicamente falando, eu nem sei se isso é possível!

O relevo da cidade de Reno contribuiria - e muito - em nossa "deliciosa" viagem. Tudo em volta era montanhoso.  As árvores bem podadas, flores exalando uma suave fragrância - o que seria raro de se ver por agora, já que plantas são modificadas geneticamente, perdendo características originais - e algumas estradinhas, que davam em vilas . Apesar disso, fazia calor, provavelmente vindo de uma massa de ar quente. Em Las Vegas seria pior, onde tudo é quase deserto.

- Tem idéia do que possa estar faltando? - perguntou Melli.

- Está faltando a gente subir nessa gambiarra e seguirmos em frente!

Todos já presos nos skates - por cordas - , tomamos nossos rumos. Eu e Melli parecíamos remar no asfalto, com as estacas de madeira para ganhar impulso, enquanto Castiel fazia o mesmo, só que com o pé.

Às vezes, parávamos para descançar. O relógio marcava 19:55 quando recuperamos o fôlego e continuamos. Quando olhamos novamente, eram 22:10.

Bom demais para ser verdade. À nossa vista, havia uma pequena lombada. Pequena porque não conseguíamos ver o que vinha logo em seguida: Algo parecido com um barranco, coberto de grama.

- Será que falta alguma coisa? Não me sinto segura.. - falou Melli, realmente intrigada, quase esquecendo de voltar a dar impulso a seu skate.

- Lembrei! Os freios!! - berrei, tapando os olhos. Acabávamos de passar pelo ponto mais alto da lombada. Fomos ganhando velocidade, ganhando velocidade e... SOCORRO! 

- Aaaah! - não conseguia me equilibrar, quando a caixa de papelão voou na minha cabeça e os salgadinhos saíram rolando.

- Não! Voltem aqui! Caitana, nosso café da manhã está indo embora! - Melli apontava para os salgadinhos. Digo, suponho que ela tenha feito isso, pois não enxergava nada. Nos agarramos aos cabelos de Castiel, como se fossem rédeas. Seu cabelo era  vermelho como um diamante de sangue sob o sol, irradiando luz. Ia até o ombro, repicado. Seus olhar se assemelhava a um lago negro, onde muitas garotas indefesas algum dia imergiriam.

Achei que tinha batido num poste, mas não. Era o pescoço de Castiel. Estávamos todos no chão, um por cima do outro. Me apoiei nos cotuvelos e percorri o cenário com os olhos: Uma grande placa, escrito "Welcome to Las Vegas!", enfeitada com pisca-piscas.

- Chegamos! Nós... chegamos! - Ergui o braço, pronta a fazer um discurso de superação e sobre ser persistente. Comemoraríamos muito - se não tivéssemos dormido antes.

Dormíamos tranquilamente. Ai! Meu joelho! Devo ter caminhado muito. Ou foi por causa da viagem de skate? Puxei a perna para cima, com a intenção de alongá-la. Abrindo os olhos, percebi a presença de uma pessoa. Tinha traços de mulher, e usava uma blusa de basquete em azul neon.

- Hã...O que foi? - Perguntei.

- Já vi que você não é da área! Vamos, circulando, se não quiserem ser pegos! - do que ela falava? - Caso não saiba ou tenha esquecido, a polícia faz uma ronda por aqui. Sempre às duas da manhã. Se virem você e esses capangas aí - apontando para Melli e Castiel - já era. - passara a mão pelo pescoço, como se quisesse dizer: degolados!

Os "pimpolhos" acordaram. A garota se chamava Antoinette, sendo dois anos mais velha do que nós. Usava um óculos em formato de coração, com a armação rosa. Cabelos loiros escorridos, com as pontas viradas para fora. E, como já era de costume, teríamos que contar tudo que aconteceu até aqui. Era melhor ter ido ver o filme do Pelé! Digo, seria melhor ter comprado um gravador! 

Terminamos um breve resumo da nossa "linha do tempo", e Antoinette riu. 

- Gostei do estilo de vocês. Arrasaram, monetes. Podemos ser amiguinhas e criar um clube de papel higiênico e pôneis coloridos! - disse, entusiasmada. - Estou brincando, os pôneis vão ser em preto e branco mesmo. Então, sei onde fica essa pensão pra onde vocês vão. É a mais famosa por aqui, também fico por lá. Só paro pra dormir, comer ou tomar banho, isso é fato. Sacomé, eu tenho um lugar pra ir toda vez que as luzes por aqui estão acesas. Ou seja, o tempo inteiro. 

- Entendo.. e você já tem os nomes dos pôneis? Zoa, eu queria saber mesmo se tem como você nos levar lá. Tem? Obrigada! - Isso era quase um truque: Primeiro, eu pedia um favor, e em segundo agradecia bem rápido. Assim, a pessoa não teria tempo de dizer "não". Geralmente, eu fazia isso na escola, em trabalhos. Depois, eu sumia, sem dar chance de a pessoa vir até mim e se explicar, recusando o favor. 

Vi porque Antoinette perambulava até essa hora: estava com algumas pessoas, supostamente amigos dela, andando  - olha só, que coincidência - de skate. Ela pediu alguns minutos para se despedir, e assentimos.

Antoinette era outra doida varrida. Mal a conhecemos, e já estávamos até tirando uma com a cara dela! Reparei que ela possuía uma pequena tatuagem no pescoço. Estava cansada, e não reconhecia o que era. Talvez, na manhã seguinte, perguntaria à mesma se possuía algum significado em especial. Quem sabe não me indicava o tatuador também? Nunca tinha visto alguém seguir esta carreira em Chernobyl, então, nunca pude apreciar esta arte. 


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi bem grandinho u.u



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