- Alo? – ela repete.
Aperto meus olhos. A acordei no meio da noite. Penso em dizer algo, posso mentir, dizer que estava olhando meu celular e acabei por ligar pra ela por acidente. Quando me dei por mim, já tinha falado:
- Alo?
Jany estava deitada, mas nesse momento se inclina, ao ouvir aquela voz.
- Quem... quem é?
- Ah... – digo, meio encabulado. Nossa estou fazendo isso mesmo! – Jany? É você? – finjo não saber.
- Sim! Bill!
- Ah... Jany!
- Porque esta me ligando agora?
- Desculpe-me Jany! Estava olhando meu celular, e acabei por ligar-te acidentalmente! Perdão por acorda-la.
- Ah! – sorri - Tudo bem! Não estava dormindo!
- Não? Porque? Você esta bem?
- Sim! Estou incrivelmente bem! Nem estou tossindo mais!
- Que bom! Não sabe o quanto isso me deixa feliz!
- Huh! E você não sabe o quanto fico feliz em ouvi-lo dizer isso!
- (suspiro) Bem... Vais para o colégio amanhã?
- Creio eu que sim!
- Espero ver-te lá!
- (suspira) Espero ver-te também! Sabe, Bill quero muito te ver!
Quando ela disse isso, eu arregalei meus olhos. Porque ela quer me ver?
- Bom, então amanhã nos veremos, espero eu.
- Sim! Espero também!
- Desculpe-me novamente, por te ligar assim! Sou um louco mesmo!
- Há, então nós dois somos!
- Há, há...
- Bill... eu... não paro de pensar no que aconteceu àquela hora!
A não! Ela tocou no assunto. Esse era meu medo. O que direi?
- Ah... eu... – comecei a gaguejar, feito um tosco, não sei o que dizer! – Bom... eu, na verdade, eu também!
- Você... também?
- Sim! – me vi dizer, uma coragem incrível pousou em mim agora.
- Bill! Então, nós dois estávamos a pensar na mesma coisa ao mesmo tempo!
- É!
- Bill!
- Jany!
- ...
- ... Bem, acho que vou desligar, já tomei bastante do seu sono!
- Há, há que nada Bill! Você me faz muito bem!
- Até amanhã Jany! Espero mesmo ve-la! Eu... Quero te dizer algo! Quero que continuemos ao que começamos, quando Tom nos atrapalhou!
Nessa hora, Jany se calou, não sabia nem ao menos como respirar veio um frio enorme em sua barriga. Um frio doce. Ficou arrepiada.
- Até amanhã Bill! – foi a única coisa que ela disse quando desligamos.
Solto um suspiro profundo agora.
Agora eu sei. Eu quero a Jany. Quero muito.
Por fim, amanhece o dia. Com muito esforço, me levanto às 6h.
Olho para o lado, Tom estava deitado na outra cama. Como sempre parecendo uma pedra, e o lençol todo no chão.
Vou para o banheiro, tomo banho. Saindo do banheiro, chamo o meu irmão. Estou com ‘medo’, quando Tom dorme assim, quem o acordar, pode ser terrivelmente atacado. Mas mesmo assim, esse cabeça oca terá que acordar.
- Tom! – o chamo, balançando-o. – Tooom? – repito balançando-o mais forte.
- O queee? Vai pro inferno demônio!- ele diz com a voz rouca.
Grrrrrr, que raiva, odeio quando falam assim comigooo!
- Levanta logo seu porra! Vai estudar vagabundo! – digo em tom de voz relativamente agressivo.
- Deixa-me em paaz, vou matar você! – diz ele, sem abrir os olhos.
- Você ta parecendo um zumbi! – digo, saindo do quarto.
Desci as escadas correndo, Georg e Gustav estavam dormindo ainda. Mas Marie tinha feito um café para mim e para o Tom. Como minha mãe!
Sento-me, começo a comer tudo aquilo.
Marie se retira, fico sozinho na sala de jantar.
De repente Tom aparece, de cabeça baixa, uma roupa qualquer, parecia que estava dormindo em pé.
- Tom, você realmente esta parecendo um zumbi!
Ele senta na cadeira a minha frente e diz:
- Eu falei que ia a escola!
- Que horas você chegou?
- Faz uma hora e meia atrás!
- Porra, meu some daqui! - me levanto e o puxo pelo braço.Ele parecia um coitado, o empurro até a escada.
- Para, Bill eu vou ao colégio!
- Você não esta em condições de ir a lugar algum, vai dormir, seu bastardo!
- Não é comigo que você ta dizendo isso!
- Vai pra porra!
- Vai pro inferno! Vou rasgar todas as suas boxers você vai ver!
Aaai, sai daqui Tom! – digo o empurrando para subir logo. Ele acaba por subir. Realmente não tinha como ele ir ao colégio, ele iria dormir lá se ele fosse.
