A Rosa escrita por Virants


Capítulo 1
A Rosa




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A Rosa

 

           

             Ao acaso, achei uma bela rosa vermelha jogada ao chão. Suas pétalas estavam um pouco sujas, limpei-as. Não sei o que vi naquela rosa, mas algo me encantou profundamente. Álias, você sabe o que as rosas representam? Há diversas interpretações... Uma para cada cor. A mais comum é a vermelha, que representa o amor. E não é de se espantar. O vermelho é uma cor viva, lembra o fogo, que por sua vez lembra a chama que arde quando se ama.

Muitos são atraídos por sua beleza, todos querem tê-la, tocá-la. Porém, todos se espetam em seus espinhos e desistem de tê-la. Mas eu não sou assim. Mesmo rasgando minhas mãos a cada toque, insisto em segurá-la de forma firme para que não caia e também suave para que não se machuque. É até engraçado, minhas mãos estão bem feridas, isso para não dizer em carne viva. Só que, por mais que estas feridas possam doer, não abro mão da minha rosa, pois ela é você, a garota que sou completamente apaixonado.

Venha quem vier, farei o possível para jamais soltá-la. E não faltam pessoas atrás de você. Pessoas estas que querem arrancar seus espinhos. Muitos se dizem adoradores de belas flores, mas só querem saber de jogá-la num vaso qualquer até murchar.

Mas eu jamais faria tal coisa. Ignorando esta pessoa, continuei meu caminho... Eu como um verdadeiro apreciador de sua beleza, a coloquei num vaso de ouro sobre um pedestal maravilhoso. Lhe dei da água mais cristalina e pura. E, se caso água faltar, em um simples toque as feridas se abrem novamente  e, assim... Lhe darei meu sangue, para que jamais murche.

Alguns foram mais espertos e resolveram tratar de mim, da minha mão ferida. Na distração, iriam te levar. Assim, a ajuda tive que recusar.

Todos dizem “a união faz a força”... Todas essas “pessoas” se uniram contra mim para levá-la. Segurando-a suavemente, afastei-a de toda a ação e, quando preciso, recebia os ataques por você.

Mesmo de mãos feridas, eu a protegi. Mas infelizmente, eram muitos. Agora, me jogaram ao chão, ensangüentado. Mas não a soltei...

Todos riam e pisavam de mim. Vieram tomá-la. Reagi, inutilmente. Tomaram-na de mim. Você fez com que seus espinhos ficassem maiores e mais afiados, na esperança de se proteger. Porém, de nada adiantou. Pois eles usavam luvas da mais pura inveja.

Começaram a brincar com você, minha bela rosa. Jogavam você de um lado para o outro. Várias vezes você caiu no chão. Suas pétalas se rasgaram e você ficou suja... Eu sentia tudo o que você sentia. Estava doendo... Você estava triste... Eu estava triste...

É... A união faz a força. E que força. Mas... Essa união perto do meu amor por você não é nada! A união feita pela inveja e o ódio sempre irá sucumbir diante do verdadeiro amor!

Ouça bem, bela dama! Você é o meu sol, minha estrela, minha alegria, minha esperança, minha cura... Você é a minha rosa!

Você é o meu amor! E desse amor tiro à força necessária para protegê-la e fazê-la feliz!

Com extrema insistência, levantei daquele chão vermelho e me dirigi a cada uma daquelas pessoas. Mesmo com as mãos feridas e vários ossos quebrados, ataquei cada um ali presente. Te jogaram de uma mão para a outra, insistindo naquela brincadeira. Todos sucumbiram, exceto o primeiro... O falso amante... Aquele que dizia adorá-la, apreciá-la.

Ele a apertava e a machucava. Acabou dizendo: “Você é minha. Eu a reguei por diversas vezes e por isso, você é minha!”

Furioso, retruquei: “O que você realmente quer, bela rosa? Quer ir com ele? Quem você prefere? ELE que te machuca para ser DELE ou EU que me sacrifico para ser SEU? Ele que só aprecia suas pétalas e a deixa de lado? Ou eu que valorizo suas pétalas, seu caule, seu aroma e até seus espinhos? Veja... Ele usa luvas para tocá-la, pois se importa mais consigo do que com você. Eu a pego de mãos nuas, não me importando em rasgá-las. Quem você prefere?”

Ele a apertou mais. Como um sussurro de dor, senti que você me chamava...

Meu corpo doía demais. Cada vez ele a pressionava de forma mais forte. Sentindo sua dor, me ajoelhei. Ele aproveitou o tempo para destruir seu lindo pedestal. O qual tinha a água mais pura.

Dessa vez, foi insuportável. Com lágrimas escorrendo pelo rosto, urrei de dor. Ele havia arrancado uma de suas pétalas... E depois, arrancou outra, sendo seguido de outro grito. Era triste... Eu ouvia seu pedido de socorro...

Apesar de meu corpo não aguentar, levantei e reuni o que restava de minha força. A todo momento ele ria do seu sofrimento. Eu não aguentava mais, eu o faria pagar por tê-la feito sofrer!

Por você descarreguei um único soco naquela figura maldita. Tamanha foi a força usada que meu punho e o rosto dele esmigalharam no impacto. Tomei você das mãos pútridas e cheias de inveja daquela pobre criatura. Lembra que seus espinhos estavam mais afiados e eu sem luvas? Pois é... Seus espinhos atravessaram minha mão assim como a faca fatia a carne.

Você estava sofrendo... Precisava da água do seu pedestal, mas o mesmo estava destruído. Se nada fizesse, você murcharia e morreria... Apertei brutalmente seu caule, para que os espinhos rasgassem minha mão por completo. Você tomou um banho de sangue. Lembra que eu daria meu sangue para que não murchasse?

Porém, não adiantou. Suas feridas e seu sofrimento eram imensos e nem mesmo meu sangue estava bastando.

Mas espere... Ainda havia uma última coisa a ser feita. Sabe o que era? Possivelmente, nem passou pela sua cabeça. Coloquei a ponta de seu caule no meu peito, rente ao coração, distanciei alguns centímetros. Tomei o último fôlego e cravei seu caule em meu coração. Malditos espinhos... Eram muito grandes e afiados. Rasgaram meu peito por completo e impediram o caule de penetrar o coração. A dor era imensa, não conseguia mais suportar. No que restava do meu fôlego, proferi: “Eu te amo e, se for preciso, eu morrerei para que você viva!”

Seu caule penetrou meu coração. Meu sangue esguichou pela suja rua. Me ajoelhei, pálido, fraco, acabado... Apaixonado. Meu sangue estava repleto do meu amor por você. Suas pétalas voltaram, você ficou limpa e os espinhos diminuíram. Você voltou a seu estado natural. Não mais sofria, não mais chorava. Me deitei. Na certa, morreria.

Um estranho brilho a envolveu e suas pétalas ficaram douradas. Houve um flash fortíssimo e você não era mais uma rosa. Você era o que eu vejo agora. A garota mais linda que já vi. Foi uma visão perfeita. Você se aproximou do meu rosto e o acariciou com suas mãos angelicais. Num último sussurro, lhe disse:

 

Vejo em você o sol de meu dia de verão.

Vejo em seus olhos  as estrelas da minha noite.

Vejo em você a motivação para jamais desistir.

Você é minha esperança, meu amor... minha força...

Minha amada,você é a minha cura! Cabe a você decidir se vai me deixar jogado ao chão para morrer ou se irá me salvar!

Belíssima dama, minhas mãos estão esmigalhadas e perfuradas... Um aperto de mão não serve.

Meu corpo está completamente quebrado... Um abraço não serve.

Meu amor... Me faça chegar ao Céu com seus lábios de mel, em um beijo apaixonado. Só seu beijo pode me salvar!

Meu amor... Você quer me salvar? Você vai me salvar? Pois saiba que... Eu te amo...

 

Minha visão começou a escurecer... Qual seria a escolha de minha amada?

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Que final você escolheu para a história? Um final feliz? Onde "A Rosa" o curou? Ou um drama onde ela o abandonou e o deixou morrer?

O amor é exatamente isso... Uma rosa espinhenta. Você sempre irá se machucar nestes espinhos, mas se amá-la, nao se importará. Enquanto que os outros só querem fazer a pobre rosa sofrer arrancando sua única proteção...

Pessoas que valorizam o amor sofrem como o amante da rosa, fazendo de tudo para vê-la feliz.
Mas as coisas estão muito distorcidas hoje em dia... Boa parte dessas pessoas são desprezadas... Mas por quê?