Tessália’s P.O.V

Beep

Beep

Beep

Abri os olhos com extrema dificuldade, e rapidamente fechei-os novamente ao sentir a claridade do local entrar em contato com meu globo ocular.

Tentei abrir os olhos de novo, dessa vez tendo um pouco mais de sucesso. Pisquei algumas vezes e, depois de algum tempo, pude ver parcialmente o ambiente onde me encontrava.

As quatro paredes do local eram de um branco extremamente claro, chegando até a arder os olhos. Havia uma pequena mesa encostada na parede direita, onde vários utensílios se encontravam, dentre eles aparelho de pressão, termômetro, estetoscópio, e muitos remédios. O ar condicionado estava ligado, e marcava a temperatura de 24°, que deixava o ambiente com uma temperatura estável.

Minha cabeça doía, e meu braço esquerdo latejava. Olhei para o mesmo, e nele se encontrava uma agulha e um pequeno tubo manchado de sangue, por onde passava um líquido transparente - que eu logo deduzi sendo soro.

Meu braço direito estava com alguns poucos curativos machados de um tom vermelho, minha perna esquerda estava intacta e minha perna direita estava engessada.

Ouvi um falatório vindo por trás da porta, e logo um homem de mais ou menos trinta e seis anos, moreno, entrou na sala.

– Ah, bom dia senhorita... – olhou em uma prancheta e completou – Campbell. Vejo que já está acordada, como se sente?

– Bom, - disse e minha voz saiu um pouco estranha, talvez porque eu não a usasse faz algum tempo – meu braço dói, minha perna e minha cabeça também.

– Ah, isso é normal já que quebrou a perna e sofreu alguns arranhões na cabeça, mas não se preocupe que logo nós vamos lhe dar seu remédio e a dor vai aliviar. – disse e no mesmo instante pude enxergar um ser loiro entrar na sala.

– Ana? Ah, graças a Deus! Eu fiquei tão preocupada! – ela disse e me deu um abraço.

– Eu tô bem Elle – disse e sorri fraco.

– Bom, - o médio se pronunciou – se tudo ocorrer bem, amanhã você já terá alta.

– Ah, obrigado doutor, eu estou louca pra voltar para o hotel!

– Hotel? – Elle perguntou – Nós vamos voltar para Stratford!

– Não Elle! Nós vamos ficar aqui em Nova Iorque, e vamos curtir. Eu só quebrei a perna!

– Por mim eu ficaria aqui, mas eu tenho certeza que quando sua mãe chegar, ela vai querer ter levar para Stratford. – Elle disse e se sentou na poltrona.

– O quê? Você chamou minha mãe? – perguntei exaltada.

– Claro que eu chamei! Ana, ela é sua mãe! – ela disse e veio até mim, deu um suspiro e continuou – O rapaz que te atropelou tá lá fora, quer que eu deixe entrar?

– Tudo bem. – disse e sorri fraco.

Elleanor saiu do quarto e o doutor também. Fiquei mexendo na agulha que ainda estava no meu braço até que eu ouço algumas batidas na porta. Murmurei um ‘entre’ e logo a porta foi aberta.

Um homem que aparentava ter os seus trinta e poucos anos, alto, com o cabelo espetado entrou na sala. Ele olhou fixamente para mim por alguns segundos e depois sentou na poltrona onde Elle havia sentado alguns minutos atrás.

Ele entrelaçou as mãos e olhou para mim novamente.

– Como você está? – perguntou.

– Bem. – disse apenas.

– Olha, me desculpe, mesmo, eu fui realmente imprudente em beber e dirigir. Meu nome é Ryan, Ryan Good. – disse e veio até minha cama, estendendo a mão que eu apertei.

– Tudo bem Ryan. – disse e sorri fraco – Meu nome é Tessália, Tessália Campbell.

– Engraçado, - sentou-se na poltrona – eu acho que eu já te vi em algum lugar.

– Me viu? – perguntei espantada.

– É, eu acho que eu já vi uma foto sua em algum canto. – disse e deu de ombros – Mas pode ser que eu esteja enganado.

– É... – dei de ombros.

– Bom, eu já vou indo. Deixei meu telefone com a sua amiga, quando for sair do hospital me ligue, e nós acertamos a conta.

– Ryan, não preci...

– Eu faço questão. – me interrompeu.

– Tudo bem. – dei de ombros – Tchau.

– Tchau. – disse e saiu da sala.

Depois de alguns minutos Elle entrou na sala eufórica.

– Sabe quem acabou de sair dessa sala? – ela perguntou animada.

– O homem que me atropelou? – perguntei fazendo uma cara de ‘dã’.

Elle revirou os olhos e sentou na poltrona.

– Ryan Good! – disse como se ele fosse um famoso.

– Sim, eu sei. Ryan Good, o homem que me atropelou. – disse e revirei os olhos.

– Acontece querida Ana, que Ryan Good é simplesmente o estilista de Justin Johnson!

E eu estou preso, com meus pensamentos em você

E sua memória

E como toda música me lembra

De como costumava ser

Esta é a razão por eu estar

Tão cheio de músicas de amor

Tão cansado de lágrimas

Tão acabado, com o desejo de que você estivesse aqui